30.4.20

Sessão comemorativa do 1º de Maio em Portalegre

Amanhã, em todo o país, terão lugar diversas iniciativas organizadas por sindicatos e estruturas intermédias da CGTP-IN, com o objectivo de assinalar o 1º de Maio, dia do trabalhador.
Também em Portalegre se assinalará o 1º de Maio, numa sessão organizada pela União dos Sindicatos do Norte Alentejano/CGTP-IN, pelas 11h, na Avenida Movimento das Forças Armandas, frente ao centro Comercial Fontedeira.
Todas as acções acima descritas cumprirão as normas emitidas pela Direcção-Geral da Saúde, designadamente o distanciamento social e a protecção individual, e respeitarão os condicionamentos que constam do Decreto do Presidente da República nº 20-A/2020 de 17 de Abril.
O Depº de Informação da USNA/cgtp-in

Projeto da Santa Casa da Misericórdia de Sines selecionado no Programa Gulbenkian Cuida

  “Cuidar o Bem-Estar em tempo de isolamento”
O projeto “Cuidar o Bem-Estar em tempo de isolamento”, da Santa Casa da Misericórdia de Sines (SCMS) foi um dos selecionados pelo Programa Gulbenkian Cuida.
A Santa Casa da Misericórdia de Sines (SCMS) candidatou-se a este Programa, promovido no âmbito do Fundo de Emergência Covid-19, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com o Instituto da Segurança Social, destinado a reforçar a capacidade de resposta das instituições da sociedade civil no apoio aos idosos, um dos grupos de maior risco desta pandemia.
De acordo com o Provedor da SCMS, Eduardo Bandeira, “o projeto “Cuidar o Bem-Estar em tempo de isolamento” tem como objetivo principal intensificar as nossas ações para fazer face às principais necessidades da população idosa, melhorar o seu bem-estar e atenuar o consequente isolamento nos seus domicílios que resulta da atual pandemia.”
Eduardo Bandeira esclarece ainda que “Neste âmbito, serão desenvolvidas um conjunto de atividades (apoio psicológico, atividades lúdicas, pequenas reparações no domicílio, apoio no acesso a bens essenciais como alimentação, higiene pessoal, medicação e idas ao correio), reforçando a nossa Equipa de Serviço de Apoio Domiciliário, e, com o apoio de instrumentos de comunicação mais avançados, permitir a interação com familiares e amigos distantes. Pretende-se atenuar a solidão e suprir as necessidades básicas dos nossos idosos, aumentando o seu bem-estar em tempo de isolamento. Serão abrangidos os atuais 113 utentes do Serviço de Apoio Domiciliário da SCMS.”
Este projeto conta com a parceria de entidades locais do concelho, tais como a Câmara Municipal de Sines, a Junta de Freguesia de Sines, a Junta de Freguesia de Porto Covo, a Guarda Nacional Republicana – Sines e o Centro de Saúde de Sines.

UGT- Portalegre distribui viseiras a instituições do distrito


A UGT Portalegre regressou esta semana à distribuição de viseiras de protecção individual por instituições do distrito de Portalegre onde existam trabalhadores particularmente expostos ao risco de contracção do coronavírus, desta feita em Elvas, à APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, e de novo a Portalegre, ao Corpo de Bombeiros da cidade.
A UGT Portalegre considera ser esta uma das principais formas de contribuir para a contenção da transmissão da Covid-19.

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia XXIX

ALENTEJO

Folheia-se o caderno e eis o sul
E o sul é a palavra. E a palavra
Desdobra-se
No espaço com suas letras de
Solstício e de solfejo
Além de ti
Além do Tejo
Verás o rio e talvez o azul
Não o de Mallarmé: soma de branco e de vazio
Mas aquela grande linha onde o abstracto
Começa lentamente a ser o Sul
Outro é o tempo
Outra a medida

Tão grande a página
Tão curta a escrita

Entre o achigã e a perdiz
Entre chaparro e choupo

Tanto país
E tão pouco
Solidão é companheira
E de senhor são seus modos
Rei do céu de todos
E de chão nenhum

À sombra de uma azinheira
Há sempre sombra para mais um
Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia

Todas as aves partem para o sul
Todas as aves: como a poesia
Manuel Alegre
Foto: Armando Gaspar

Covid-19: Município de Ródão e Dignitude apoiam munícipes na aquisição de medicamentos

O Município de Vila Velha de Ródão e a Associação Dignitude assinaram o protocolo “Emergência Abem: Covid-19” de forma a garantir o acesso ao medicamento aos cidadãos que não estão abrangidos pela condição de recurso do Programa Abem, mas se encontram numa situação fragilizada na sequência da pandemia por Covid-19.
Este protocolo pretende alargar os beneficiários do Programa Abem – Rede Solidária do Medicamento, desenvolvido pela Associação Dignitude com o objetivo de garantir o acesso ao medicamento em ambulatório por parte de qualquer cidadão que, em Portugal, se encontre numa situação de carência económica que o impossibilite de adquirir os medicamentos comparticipados que lhe sejam prescritos por receita médica.
A adesão a este protocolo de emergência foi aprovada por unanimidade na reunião do Executivo Municipal realizada a 17 de abril e tem a duração de três meses, podendo ser renovado por igual período de tempo caso seja necessário. 
O Município é responsável pela referenciação e encaminhamento dos beneficiários que podem usufruir do apoio, assim como pelo financiamento em 50% da comparticipação, cabendo ao Fundo Solidário Abem os restantes 50%. A distribuição dos medicamentos estará a cargo da farmácia aderente ao projeto no concelho, neste caso a Farmácia Pinto, em Vila Velha de Ródão.
“O reforço do protocolo com a Rede Solidária do Medicamento visa garantir a continuidade do acesso aos serviços de saúde, particularmente aos medicamentos, por parte dos munícipes em situação de maior vulnerabilidade por causa do Covid-19 . Esta medida vem juntar-se a outras já tomadas pelo Município com o objetivo de minimizar os impactos económicos e sociais provocados por esta pandemia”, explica o presidente do Município de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira.

O 1º DE MAIO EM NIZA EM 1906



Notícia retirada do quinzenário "Notícias de Rodam", jornal que se publicava em Arneiro.
A imagem refere-se à repressão de manifestação do 1º de Maio em Paris no início do século passado.

29.4.20

POLÍTICA: Deputado do PCP no Parlamento Europeu em visita a Nisa e Avis

A deputada eleita pelo PCP no Parlamento Europeu, Sandra Pereira estará amanhã, dia 30, em visita a Nisa e a Avis. Pelas 10 horas, a parlamentar europeia terá um encontro com os Bombeiros Voluntários de Nisa e de tarde, pelas 14,30h visitará a Associação Aderavis, seguindo-se um encontro pelas 16 horas com os Bombeiros Voluntários de Avis.

OPINIÃO: Bolsonaro, ciência e covid-19

Do problema moral do humano como número
Muitas formulações estatísticas levam em consideração aspectos macrossociais em detrimento do microssocial, do sujeito único que, por vezes, tem suas necessidades esquecidas por não contar na estatística.
I
Que a ciência e a técnica dominaram a sociedade não é mais novidade, talvez nem para os mais recônditos dos grupos humanos, onde a etnicidade, outrora instrumento quase privado de identidade e afirmação social, tornou-se também objeto da curiosidade do mercado. Durante algum tempo, mantive um certo preconceito quanto a essa pujança científica toda por reduzir a verdade, infinita, fugidia e muitas vezes relativa, a um conjunto de operações exclusivas de um particular grupo social denominado de cientistas e pesquisadores, os filósofos naturais de antes. Tenho um sentimento e a vontade de que formas alternativas de construção do conhecimento, como as religiões, tradições, coletividades diversas, etc., voltem a ter espaço, sejam respeitadas para além do status de ser ou não ser ciência, valendo, é claro, o mesmo princípio de que também não se tornem absolutas e inquestionáveis. Isso é realmente mais difícil para o que não é científico, mas é preciso lembrar que existem várias formas de conhecimento estrito que não são ciência, vide a polémica sobre a cientificidade das ciências humanas ou da filosofia.

Covid-19 | PCP acusa Câmara de Gavião (PS) de não garantir medidas de segurança a funcionários

O PCP acusou hoje a Câmara de Gavião (PS), no distrito de Portalegre, de não assegurar aos funcionários municipais medidas de segurança e material de proteção individual contra a covid-19, mas o autarca refuta as acusações.
Numa nota enviada à agência Lusa, a Direção Organização Regional de Portalegre (DORPOR) do PCP denuncia que os trabalhadores exercem as suas funções “sem estarem asseguradas” as necessárias medidas de segurança e proteção individual, nomeadamente nas viaturas municipais em que “é visível o desrespeito” pelo distanciamento social.
“Também se verifica que os trabalhadores municipais exercem as suas funções na rua sem utilizarem equipamentos de proteção individual”, denunciam os comunistas.
Para o PCP, o município de Gavião “tem obrigação” de proteger os seus trabalhadores e como entidade pública “tem responsabilidades acrescidas” na proteção civil do território que gere.
“É inaceitável que não cumpra as responsabilidades que lhe incumbem como entidade empregadora”, lamentam os comunistas.
Contactado pela Lusa, o presidente do município de Gavião, o socialista José Pio, refutou as acusações, acusando o PCP de estar a “mentir”.
No entanto, José Pio reconheceu que “há um ou outro” trabalhador do município que não cumpre as diretrizes sanitárias, escusando-se a utilizar os equipamentos de proteção individual.
“Há um funcionário que anda na rua, no lixo, que já veio ter comigo a dizer que se utilizar máscara morre. Eu já lhe disse que é uma responsabilidade exclusivamente dele, nós temos as máscaras, temos os fatos e as luvas em armazém, só tem que requisitar”, disse.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), no Alentejo, há 201 casos de infeção confirmados e registo de um morto associado à covid-19.
Portugal contabiliza 948 mortos associados à covid-19 em 24.322 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da DGS sobre a pandemia divulgado hoje.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Agência Lusa -28 de Abril, 2020

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia XXVIII

MALTÊS (1958)
Nasci do sonho-pousio
E atrás dele corri mundo
Vive em mim um desafio
À sina de vagabundo

Tenho os meus pés calejados
Da vingança dos restolhos
O esbrasido das queimadas
Ainda a guardo nos olhos

Sou maltês, venho dali
Da planície esquecida
Nas horas do Verão
E um gosto de solidão
É o que me traz nesta vida

Destas terras sou o dono
Dormindo à sombra dos montes
Amo, odeio, abandono
Como o sol faz com as fontes

De dia sou barco à vela
A planura é o meu mar
E à noite bebo uma estrela
Nas carícias do luar

Em tardes de nostalgia
Na lembrança vejo a mágoa
Do grito dos chaparrais
Suplicando aos céus por água.

José MoedasPoemas da Vida

COVID-19: Quatro conselhos médicos para doentes com insuficiência cardíaca

As recomendações são do médico Victor Gil, especialista em Cardiologia e presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
Vivemos uma fase especialmente difícil em que ao risco da pandemia COVID-19 se soma o risco do medo. Como é sabido, os doentes cardiovasculares e em especial os que têm insuficiência cardíaca apresentam especial fragilidade e por isso a recomendação de se protegerem deve ser tomada à risca, permanecendo em casa sempre que possível, e adotando cuidados de proteção máxima em caso de saírem.
A falta de cuidado, o incumprimento das recomendações, o achar que “não é bem assim porque me sinto bem” ou que “não estou assim tão mal”, as distrações em relação às medidas de proteção, podem ser muito perigosas. Os mais disciplinados e os mais atentos, provavelmente serão mais facilmente vencedores desta verdadeira guerra contra o vírus. Siga algumas recomendações muito práticas:
1. Não abandone nem suspenda a terapêutica
Os fármacos para a insuficiência cardíaca não devem nunca ser suspensos. Atualmente, já existem sistemas de apoio que levam até casa todos os medicamentos necessários, sem que precise de se deslocar à farmácia.
Outro aspeto que deve ser clarificado é que não há nenhuma evidência científica que comprove que algum fármaco utilizado no tratamento da insuficiência cardíaca, na hipertensão ou em qualquer outra situação cardiovascular aumente o risco de infeção por COVID-19. Além disso, também não está comprovado que o vírus atenua a ação de algum dos fármacos que são utilizados para o tratamento da Insuficiência Cardíaca.
Por isso, tome sempre a medicação sem qualquer receio, até porque a alteração de toma por sua iniciativa poderá levar a um agravamento da doença. 
Há por vezes necessidade de ajustes na medicação, mas esses só podem ser determinados ou validados pelo médico ou equipa de saúde.
2. Vigie o peso
O peso nos doentes com IC é particularmente importante. Um aumento significativo de peso, por exemplo 2kg, em dois ou três dias, pode indicar que a pessoa está fazer retenção de líquidos e isso pode significar o início de descompensação.
Assim, pese-se diariamente sempre nas mesmas circunstâncias, isto é, tentando fazê-lo sempre à mesma hora, com o mesmo tipo de roupa ou sem, mas mantendo sempre esse padrão. Se registar alterações significativas, conforme mencionado acima, deverá entrar em contacto, mesmo à distância, com o seu médico assistente ou com a equipa médica que o acompanha.
3. Não tenha medo nem hesitação em pedir ajuda
A pandemia não interrompe as outras doenças que continuam a manifestar-se. A recomendação de permanecer em casa pode inibir as pessoas de pedir ajuda ou atrasar esse pedido de ajuda e ficar “à espera que passe”. Em caso de sintomas suspeitos de situações cardíacas agudas - dor no peito, falta de ar aguda ou perda da consciência - ligue o 112, com o o faria antes da pandemia. O INEM tem equipas que podem atuar de imediato se surgir uma complicação e o levarão para setores seguros dos serviços de urgência. se sentir que algo não está bem consigo.
Preocupa-nos a diminuição que tem havido de urgências cardíacas porque elas não desapareceram: nalguns casos corre mal e a pessoa descompensa e pode mesmo morrer; noutros a situação pode evoluir para crónica mas com sequelas que podem comprometer a qualidade de vida e mesmo a sobrevivência a médio prazo.
Nas situações crónicas é muito importante manter o contacto com o cardiologia ou equipa de saúde, de forma a avaliar a evolução clínica e evitar agravamentos. Nestas, além da vigência de peso e de tomar rigorosamente os medicamentos prescritos, é muito importante uma alimentação saudável, com pouco sal e tentar fazer algum exercício, mesmo em casa.
4. Siga as recomendações gerais da DGS
Não deve sair de casa, mas se por motivos de força maior tiver que o fazer, é obrigatório que use uma máscara. Deve fazer uma lavagem repetida das mãos com gel alcoólico ou com água e sabão, mesmo estando em casa, e obrigatória ao sair e sempre que vem da rua. Quando receber compras é essencial que também lave os alimentos, bem como as embalagens laváveis.
Por fim, e talvez a mais difícil, é fundamental que evite o contacto físico com os seus familiares ou amigos. As crianças, felizmente são pouco afetadas pelo vírus mas podem ser portadores e transmiti-lo, embora se sintam em perfeita saúde. Não esqueçam!

Contrato local de segurança avança em Monforte após invasão a quartel

O Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou hoje que vai celebrar um contrato local de segurança com o município de Monforte (Portalegre), na sequência da invasão ao quartel dos bombeiros por um grupo de cerca de 40 pessoas.
Esta é uma das medidas acordadas numa reunião realizada hoje no MAI, em Lisboa, entre o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, e o presidente e vice-presidente da Câmara de Monforte, respetivamente, Gonçalo Lagem e Fernando Saião.
Em comunicado enviado à agência Lusa, o MAI explica que foi feita uma "avaliação da situação" de segurança em Monforte, no distrito de Portalegre, tendo ambas as partes "assumido o compromisso de aprofundamento de uma metodologia de trabalho integrada", que conduza a uma "intervenção alargada" ao nível da segurança e da inclusão social no concelho.
O contrato local de segurança, a celebrar em breve entre o MAI e a autarquia, envolverá várias entidades com competências na área da segurança, habitação, segurança social e mediação, bem como representantes das instituições e da comunidade locais.
Os contratos locais de segurança são, segundo o Governo, "um instrumento privilegiado para colocar em prática a cooperação institucional à escala local entre administração central, autarquias e parceiros locais, em interação com a comunidade, com vista à redução de vulnerabilidades sociais, prevenção da delinquência juvenil e eliminação dos fatores criminógenos que contribuem para as taxas de criminalidade identificadas nas áreas de intervenção".
Ambas as partes acordaram também a preparação e instalação de um sistema de videovigilância na localidade, num processo a ser instruído pela GNR e que contará com o apoio da câmara.
A reunião de hoje foi realizada a pedido dos autarcas de Monforte, depois de, no dia 18 deste mês, cerca de 40 pessoas terem invadido as instalações dos bombeiros voluntários, exigindo que uma criança fosse socorrida.
"Com as medidas de contenção [por causa da pandemia], os bombeiros antes de prestarem qualquer tipo de socorro têm de se preparar, com equipamento de proteção individual, e demoram mais um bocado. Deveria ter sido acionado o 112, não pode ser assim, não podem ir ter ao quartel dos bombeiros", afirmou Gonçalo Lagem, na altura, à Lusa.
O autarca garantiu que "nunca esteve em causa" o socorro à criança, que apresenta "problemas congénitos", sendo "normal" a mesma ser socorrida pelos bombeiros.
Segundo o presidente da câmara, em dezembro do ano passado "ocorreu um episódio de idêntica natureza" no quartel dos bombeiros, bem como "há cerca de três semanas" no Centro de Saúde de Monforte.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) também reagiu, considerando que a invasão ao quartel dos bombeiros foi uma "atitude intolerável e abusiva", alertando que estes atos "têm-se repetido" em vários locais do país.
Numa nota enviada à Lusa, a liga fez saber que o seu presidente, Jaime Marta Soares, enviou uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na qual considera como "uma atitude intolerável e abusiva" a invasão ao quartel daquela corporação do distrito de Portalegre, que fez "uso da força e da intimidação".
in notícias ao minuto - 29/4/2020

28.4.20

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia XXVII

POEMA AO CAVADOR 
Das tuas mãos cavador
Sai o pão que vai prá mesa
Que é feito do teu suor
Para ter mais fortaleza
I
Trabalhas a vida inteira
Mesmo "sendos" reformado
Teu companheiro é o cajado
Tua sombra a da azinheira
Dotado de tais maneiras
Não te renegam louvores
Mas não te dão o valor
Que tu tens e que te sobra
Saem as mais belas obras
Das tuas mãos cavador
II
Passas a vida nos montes
E nunca aprendeste a ler
Mas é grande o teu saber
E de rasgados horizontes
O ribeiro é a tua fonte
O sofrer é a tua nobreza
Que és útil tens a certeza
Mesmo com poucos proventos
E dos teus conhecimentos
Sai o pão que vai prá mesa
III
Trabalhas na agricultura
Começaste muito novo
És feito no meio do povo
Nomeio da gente mais pura
Sofres ofensas e agruras
Dos que se julgam superiores
Podes crer que és dos melhores
Porque é bom e tem beleza
O perfume da natureza
Que é feito do teu suor
IV
És tu que guardas o gado
E que semeias o trigo
És sempre o maior amigo
De quem te tem explorado
Todo o campo que é regado
Fica com mais realeza
As tuas mãos com destreza
Fazem um mundo diferente
Mais justo, mais belo e quente
Para ter mais fortaleza

Manuel Luís Ribeiro de Pavia

MUNICÍPIOS E PANDEMIA: Lares e intervenção na área social

É possível fazer um primeiro balanço da intervenção dos municípios nesta época de pandemia  que, mesmo com perspetiva de algum (parcial, progressivo, cauteloso) «desconfinamento», ainda está para ficar e sem garantias de que, a  curto prazo, não venham outras vagas, com novos picos. E se  o próximo  vier na altura apontada por alguns epidemiologistas (outono/inverno) irá juntar se à gripe sazonal o que, à partida, aumentará, em muito, a procura global de cuidados agudos de saúde nos hospitais. Que, agora, no fundamental, deram conta do recado, mas à custa de se dedicaram quase em exclusivo aos doentes a sofrer da Covid-19 e a «fechar» para todas as outras situações de doença. Consequências que virão, com aumento de casos graves que estiveram «escondidos», em breve a encher de novo os corredores de hospitais com pneumonias causadas por outros micróbios (que não emigraram, entretanto), infartos do miocárdio  , insuficiências cardíacas , tromboses cerebrais, novos cancros, onde se  deixou de controlar a tensão arterial , medir o estado da diabetes, avaliar o estado do coração, garantir a estabilidade da doenças crónicas respiratórias, onde se abandonou a medicação, deixou de fazer análises ou outros exames complementares. E muito do que ficou por fazer vai levar meses (anos) a recuperar .E nem tudo se resolve com as «telemedicinas», caso dos milhares (muitos) de cirurgias adiadas para desviar anestesistas para os cuidados intensivos ou prevenir as infeções cruzadas.
 Neste contexto, que cabe aos municípios para ajudar a saúde pública, os serviços sociais, a economia local? Para não parar no APOIO que deram na fase aguda dos dramas que trouxe a pandemia e para dar RESPOSTAS  ESTRUTURAIS  que conduzam a uma «normalidade» que tem necessariamente que ser menos anormal (sem aspas) do que aquela  que (conscientemente ou não) também têm construído ou consentido desde há tantos anos.
Espaço de intervenção fortemente protagonizada pelo poder local neste mês de ( tantos ) dramas, NOS LARES HOUVE DE TUDO - desespero, reclamação, ajuda . Como antes considerámos , com intervenções muito distintas, mas todas visando o melhor, compraram se testes de diagnóstico, material de proteção , etc. .Com uma colaboração com organizações com as quais ,tradicionalmente , em muitos casos, até havia alguma rivalidade na intervenção nos respetivos espaços concelhios e até em termos políticos. . Que sempre se poderá argumentar que poderia ser MAIS  BEM  COORDENADA, evitando duplicações. Com tradução, por exemplo ,nos CUSTOS DAS  ENCOMENDAS ( para quem quiser fazer avaliações comparativas, do lado espanhol um teste PCR andou pelos 25 euros e as máscaras cirúrgicas  por menos de 40 cêntimos) . Ou na garantia mais segura da certificação do que se mandou vir.
   O que é indispensável é que o que se fez (altamente positivo ) não deixe de ter CONTINUIDADE  NA  AÇÃO  FUTURA  conjunta ou conjugada de autarquias e IPSSs. Antecipando, face a encargos seguramente muito acrescidos, a operacionalização de apoios financeiros sob a forma de SUBSÍDIOS habitualmente constantes dos planos e orçamentos municipais. Reavaliando o ESTADO DOS EDIFÍCIOS onde funcionam as residências de idosos , nalguns casos a merecerem obras de remodelação, até para se adaptarem minimamente ao exigido legalmente nas normas de arquitetura e funcionamento de lares .
Iniciativas com a PARTICIPAÇÃO  INDISPENSÁVEL das misericórdias e outras formas de IPSSs ( sem preconceitos ,estender também aos privados) e a ação concertada com os setores da saúde e segurança social . Mas ( sejamos claros ), em função do que tem ( ou não ) sucedido em tantos anos, O  PAPEL  COORDENADOR  TEM  DE  CABER  AOS  MUNICÍPIOS . Sem complexos nem atitudes de menorização dos outros parceiros , a começar pelos que ( IPSSs ) no terreno têm ,em voluntariado impagável pelo estado, dado sempre o melhor de si…
  Neste processo , conforme as circunstâncias, assistimos a tudo ( insistimos , no essencial bem ) na intervenção das câmaras municipais.
Superando as suas competências . Ultrapassando aquilo a que as obrigava o próprio DECRETO  PRESIDENCIAL sobre o estado de emergência que nunca refere a palavra «municípios» e apenas alude ao que se queria das polícias municipais ( que poucos municípios têm na sua estrutura de pessoal). Casos extremos, construíram, adaptando espaços ( especialmente pavilhões desportivos), HOSPITAIS  DE  CAMPANHA, no conjunto com centenas de camas que , como alertaram oportunamente administradores hospitais,  no caso português não tinham justificação face à evolução previsível da pandemia no uso de camas hospitalares.
 O que não pode no futuro, nas saídas mais estruturantes do processo , é um presidente de câmara que ,voluntariamente, até construiu um hospital e testou para o sarscov-2 mais de 5000 dos seus cidadãos , continuar a  proclamar resistência à aceitação de um conjunto de MEDIDAS  DE  DESCENTRALIZAÇÃO  nas áreas dos serviços sociais de base e dos cuidados de saúde primários que o governo propôs há alguns meses .
  Sobre as questões sociais, os municípios não podem continuar a ficar, no essencial, por uma ação assistencial ,quantas vezes pontual e desgarrada . Com respeito pela meritória missão destas organizações , as câmaras não podem ser a Cáritas ou a Cruz Vermelha Portuguesa . Por isso ,como órgãos políticos de poder com tanta proximidade às populações não podem deixar de ter um posicionamento claro e competente nas questões da terceira idade. Se o perspetivassem, não deixariam de reivindicar a revogação da proibição de os idosos manterem em lares  o CONTACTO  MÍNIMO  COM  SEUS  FAMILIARES  e outras pessoas amigas que os apadrinham . Obviamente com respeito pelas normas sanitárias que para todos o estado impôs, mas não os deixando ( reforçadamente) no abandono dos seus , na tristeza , na solidão  . Mais mortíferas para um idoso que o vírus . Mesmo sem grandes assessorias no plano da gerontologia, na sua ação política de reclamar medidas elementarmente justas dos poderes que centralmente legislam . Ainda é tempo de o fazerem. Urgentemente...
 Medidas de restrição discriminatórias em que outros países já fizeram marcha atrás . Num deles, por exemplo, em defesa dos seniores, foi preciso a figura que corresponde ao nosso Provedor de Justiça obrigar a receberem ao menos um familiar (com máscara e salvaguardando contacto próximo, claro), ao menos um quarto de hora e, se o desejarem, no momento antes da morte, receberem a assistência da religião que professam.
 Estamos em crer que não será por uma medida minimamente humana desta natureza que morre mais um idoso que seja. Os (tantos) que tiveram morte foi por outras razões.Que, em muitos casos, podia ser evitada . Com medidas muito simples . Algumas apenas no respeito elementar pelas leis que regulamentam a maneira como os lares funcionam ( ou deviam funcionar ). Mas se, como diz o ditado, «a idade não perdoa»,  OS NOSSOS VELHOS PERDOAM TANTO...    
José Manuel Basso           

1º MAIO de 1974 nas imagens de Gérald Bloncourt (I)




Gérald Bloncourt foi o grande fotógrafo que retratou como poucos, o drama e a odisseia da emigração portuguesa para França nos anos 60. Após a Revolução de Abril veio a Portugal e registou em imagens plenas de força e realismo a grande Manifestação popular do 1º de Maio (a primeira em liberdade).


OPINIÃO: Uma revolta pandémica

Este vírus está a por a nu, um sistema assente em pés de barro; consegue até ombrear com os exploradores, forçando o desemprego, a precariedade e perca de rendimentos dos trabalhadores, também, por inércia de quem governa. A exploração laboral, a desigualdade de género, injustiça social e a precariedade, revelam que ainda temos muito que lutar neste mundo, onde o tráfico de pessoas, trabalho infantil e escravo ainda não foram banidos.
Os trabalhadores estão amordaçados e muitos não se recordam da hecatombe nas leis laborais em 2003, aprovadas por PSD/CDS e agravadas pelo PS em 2009. E os frutos estão aí: precariedade, assédio moral, baixos salários, organização sindical e de CT’s com fortes dificuldades e um código de insolvências (CIRE) criminoso. O processo foi completo com o enfraquecimento da fiscalização da ACT, que tanto se sentiu no início do Estado de Emergência.
A baixa taxa de sindicalizados em Portugal revela a crise no sindicalismo. Muitos apontam o dedo aos sindicatos e esquecem-se da machadada que levaram em 2003: Caducidade dos contratos coletivos de trabalho; desregulamentação das relações laborais, a abertura de uma autoestrada para a precariedade e até, o impedimento da atividade sindical. O sindicalismo tem de evoluir e para garantir a unidade pelos direitos laborais, é obrigatório o fim da ingerência dos partidos políticos. O enfraquecimento da luta sindical é um problema para uma economia que se quer séria, justa e evoluída.
Perante esta pandemia assistimos ao aumento das violações dos direitos laborais. Mas a situação no mundo, antes da pandemia já nos revelava números negros. Segundo a OIT, em 2009, havia no mundo 188 milhões de pessoas desempregadas e os mais atingidos são os jovens. Dos que trabalham, a maior parte são precários, muitos são pagos miseravelmente e até temos os que trabalham sem receber.
Com muitos trabalhadores a serem obrigados a horas extra sem a respetiva retribuição, a situação laboral assenta na precariedade e nos salários baixos, apesar de alguma recuperação com o acordo à esquerda. A situação financeira, apesar da cosmética à base de cativações, também era preocupante, em especial pela insolúvel dívida pública e preocupante dívida privada. O sistema financeiro, nada aprendeu com a crise anterior e a aposta no crédito descontrolado, semeia novas tempestades.
A União Europeia pouco solidária e a passo de cágado ensaiou a sua habitual farsa com os mais ricos a desprezarem os mais pobres. Inflexível a controlar os paraísos fiscais europeus que roubam os contribuintes, só pensam nos grandes grupos, que só pensam em manter os salários milionários dos administradores, enquanto atropelam os trabalhadores. Nesta altura, já são milhares os trabalhadores despedidos ou em situação difícil.
A crise vai ser global e só tem solução com uma resposta global, com um virar de página desta sociedade capitalista injusta e sem sustentabilidade. A U.E. podia dar o exemplo, mas está a adiar, porque esta Europa está enferma e egoísta… O mundo do trabalho pode progredir no sentido de melhor qualidade de vida para as pessoas, até com as novas tecnologias como a robotização, sem que isso signifique desemprego; é preciso vontade política para a exclusão da ganância e da corrupção. Com uma melhor redistribuição da riqueza, é possível pensarmos em emprego digno para todos, com redução efetiva de horas de trabalho e respeito por quem trabalha como se grita no 1.º Maio.
É verdade que o vírus não conhece classes, nem raças, mas percebe-se que há uns que estão mais protegidos do que outros. Sem novas propostas, há quem se preocupe a criar uma petição para impedir que na A.R., que se comemore o 25 de Abril, mas não vi os autores dessa petição a manifestarem-se contra a situação que tem atingido os trabalhadores que em pleno Estado de Emergência, na linha de Sintra, regressam a casa como sardinhas em lata…
Em 2008, percebemos que a crise global de 1929, não foi um acidente, o capitalismo não tem solução e a sociedade precisa de uma mudança radical e não de austeridade, a fórmula estúpida que só agrava a economia e aumenta os problemas sociais. Os governantes não querem admitir que uma sociedade enfraquecida, só nos destina uma economia diminuída. Este vírus pandémico “brinda-nos” ainda com uma crise social pandémica, que associada a movimentos desestabilizadores populistas, podem dar origem a uma revolta pandémica.
Paulo Cardoso -24-04-2020 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre

27.4.20

SAÚDE: Sousel solidário em dádiva de sangue


Em tempos tão estranhos e difíceis como os que estamos a atravessar, felizmente que há também noticias bem agradáveis, como é o caso dos dadores de sangue dizerem presente nas brigadas. Foi o que, em boa hora, aconteceu em Sousel.
Marcaram presença nada mais nada menos do que 49 potenciais dadores, nesta iniciativa da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Portalegre – ADBSP – em parceria com o serviço de ImunoHematologia da ULSNA. A colheita decorreu no centro de saúde local e contou com 16 voluntários do sexo feminino. Dois dos presentes doaram sangue pela primeira vez na vida.
Após a avaliação clínica, 44 foram as pessoas que, em boa hora, se sentaram na cadeira dos dadores  – um número de dádivas bem expressivo.

Montargil a nove de maio
A ADBSP tem colheitas agendadas brevemente para: Montargil (Ponte de Sor), no centro de saúde e em colaboração com os Motards de Montargil, a nove de maio; Santo António das Areias (Marvão), na casa do povo, a 30 de maio. Sábados, de manhã, são quando se realizam as brigadas da associação.
Informamos que o gabinete da ADBSP, no hospital de Portalegre, mudou de local. A partir de agora podem encontrar-nos no piso superior da antiga residência – frente à entrada exterior das consultas externas.
Ajude a engrossar esta onda solidária e mantenha-se informado em: https://www.facebook.com/AssociacaoDadoresBenevolosSanguePortalegre/
JR

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia XXVI


A VILA DE ALVITO 
A vila de Alvito
tem ruas e praças,
homens e mulheres
e muitas desgraças.
A vila de Alvito
tem dois lavradores.
Tem muita riqueza
e raros amores.
A vila de Alvito
tem uma cruz ao lado.
Quem manda na vila
não lhe dá cuidado.
Maltezes, ganhões,
sangue misturado.

Na vila de Alvito
é que eu fui criado.
Raul de Carvalho

25 de Abril - A História em Autocolantes (I)








O Almanaque, em rigoroso confinamento algures nas Terras de Idanha, associa-se às comemorações domésticas do 25 de Abril, revelando mais um pedaço da riquíssima coleção de autocolantes de Vânia Sampaio que agora pertence à Biblioteca Silva. Dado o contexto desta coleção, já contado em post anterior, as três coleções situam-se na esfera política do Partido Comunista Português.
A primeira série, de oito autocolantes, constitui uma sequência desenhada dos acontecimentos, antes, durante e após o 25 de Abril, numa narrativa simples e doutrinária. Editada pelo Centro de Trabalho do PCP de Ramalde, freguesia do concelho do Porto, em data incerta, tem um registo aparentemente naif, mas uma excelente qualidade de composição. O verde cadavérico para opressores e o laranja saudável para oprimidos e libertadores, dão o tom à caraterização cartunesca das personagens e tipos sociais.
* Cortesia de Almanaque Silva

25 de Abril no Coração do Povo - Imagens

Rua da Esperança (Madragoa) - fotografia de Ricky Strandberg. Cortesia de www.ephemerajpp.com

OPINIÃO: Da memória da tragédia de Chernobyl, um reflexo da vida

34 anos se passaram desde o acidente nuclear de Chernobyl. 31 pessoas morrem no primeiro momento. 116.000 pessoas são evacuadas com urgência. Actualmente, os 30 quilómetros de isolamento em torno da usina nuclear permanecem em vigor.
No aniversário da tragédia que mantém a área inabitável, o Movimento Anti-Nuclear Ibérico (MIA) e os Ecologistas em Acção expressam sua rejeição à extensão da operação das usinas nucleares do país.
Desde 3 de abril, a zona de exclusão de radioactividade sofre um incêndio. Informações oficiais reconhecem que a radiação se multiplicou por 16, uma vez que o calor removeu as cinzas radioactivas.
Em 26 de abril de 1986, várias explosões e um grande incêndio descobriram o reactor número 4 da usina nuclear de Chernobyl. Assim começa uma tragédia de dimensões gigantescas. Milhões de partículas radioactivas são ejectadas na atmosfera, uma quantidade 500 vezes maior que a liberada pela bomba atómica de Hiroshima. Com isso, a vida de milhares de pessoas e o meio ambiente são dolorosamente extintos; Uma enorme nuvem radioactiva viaja milhões de quilómetros, ameaçando a saúde e a segurança em vários países europeus. No primeiro momento, 31 pessoas morrem e 116.000 são evacuadas com urgência. Até hoje, cerca de seis milhões de pessoas tiveram sua saúde afectada pela radiação e os 30 quilómetros de isolamento ao redor da usina nuclear ainda estão em vigor.
Para isolar a emissão de radiação do reator nuclear, um primeiro sarcófago de emergência foi construído para cobrir o reator danificado e isolá-lo do lado de fora. Os outros reatores da usina continuaram em operação até 15 de dezembro de 2000. Pouco a pouco, a radiação corrói a estrutura e novamente o perigo se torna aparente. Por esse motivo, em 2010, a empresa francesa Novarka iniciou a construção do segundo sarcófago a um custo de aproximadamente 1.500 milhões de euros, para impedir a libertação de contaminantes radioactivos, proteger o reactor contra influências externas, facilitar a desmontagem e desmontagem do reactor e evitar a intrusão de água, que terminou em 2019, e juntamente com a construção de um armazém radioactivo, representam um investimento total de 2.150 milhões de euros para obter um selo que pode durar cerca de 100 anos.
As últimas notícias são preocupantes. Um grande incêndio ocorreu por várias semanas em torno da usina nuclear fechada, que estava muito perto de alcançá-la, liberando a radioactividade fixada pelas árvores e pelo solo, potencialmente expandindo os efeitos da tragédia de 26 de abril, 1986.
Segundo dados divulgados pelas autoridades oficiais, mais de 100 hectares de terra perto da cidade de Vladímirovka, nas proximidades da usina nuclear, foram destruídos. Segundo estimativas, 34.000 hectares são afectados e um segundo incêndio ocupou uma área de 12.000 hectares. Além das tropas mobilizadas pelo governo, que tentaram impedir o avanço do incêndio com hidroaviões e helicópteros, já foram despejadas 500 toneladas de água nas chamas.
Os níveis de radioactividade se multiplicaram com o fogo. Informações oficiais reconhecem que a radiação se multiplicou por 16, uma vez que o calor removeu as cinzas radioactivas. O apoio de voluntários permitiu cavar trincheiras para servir como quebra de fogo ao redor do sarcófago que cobre o reactor danificado e, assim, impedir que o fogo atinja a usina nuclear. Como aconteceu em 1986, foi necessário que os voluntários fossem expostos à radioactividade liberada pela remoção do solo. (...)
Os ecologistas em acção e o MIA continuam a fazer uma pergunta: era necessário construir usinas nucleares para nos fornecer energia suficiente ou continuar mantendo essas estruturas quando elas já se tornaram obsoletas? Para organizações ambientais, a resposta está se tornando mais óbvia a cada dia. Absolutamente não. Existe uma enorme capacidade de geração de energia com fontes renováveis, além de soluções de engenharia para aumentar a eficiência energética e adaptar o consumo à produção.
O poder económico construído a partir do sistema actual privatizou os benefícios da pilhagem do planeta, carregando o custo e o desperdício na casa comum do ser humano e do resto dos seres. A energia que deve ser boa para todos se tornou uma moeda sem a qual o bem-estar não é possível, mesmo para a satisfação das necessidades mais básicas, como comida, abrigo e roupas. (...)
As gerações de hoje têm duas dívidas, uma com vida na Terra, um evento maravilhoso e excepcional, e a outra com novas gerações que têm o direito de desfrutar de um planeta saudável. Temos a responsabilidade de preservar o legado que recebemos daqueles que nos precederam e a obrigação de legar um planeta habitável às novas gerações.
Os ecologistas em acção, mais um ano, lembram-se do acidente nuclear de Chernobyl exigindo o fim do pesadelo nuclear. Queremos prestar homenagem àqueles que os sacrificaram para que o futuro exista, para salvar o de milhões.
in Ecologistas en Acción - 26/4/2020