28.2.22

COVID-19:Distrito de Portalegre com mais quatro mortes e 172 novos casos nas últimas 24 horas

A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), reportou, este domingo, mais quatro óbitos associados à covid-19 e 172 novos casos no distrito de Portalegre nas últimas 24 horas.
Apesar de indicar a ocorrência de quatro óbitos nas últimas 24 horas, o boletim diário da ULSNA, na discrição por concelho, faz notar apenas três observados em Campo Maior, Fronteira e Nisa.
Os novos casos de covid-19 foram registados nos concelhos de Portalegre (58), Ponte Sor (28), Sousel (19), Elvas (17) e Castelo de Vide (13).
Os outros novos casos verificaram-se nos concelhos de Campo Maior (9), Avis (6), Alter do Chão (5), Gavião (5), Marvão (3), Fronteira (3), Nisa (2), Crato (2), Monforte (1) e Arronches (1).
À data o distrito de Portalegre contabiliza um total de 1.356 casos ativos de covid-19, menos 16 face ao dia anterior, uma vez que no mesmo período 185 pessoas recuperaram da doença.
Portalegre continua a ser o concelho do Alto Alentejo com maior número de casos ativos (404) seguindo-se Elvas (203), Ponte de Sor (167) e Avis (121).
Abaixo dos três dígitos estão os concelhos de Campo Maior (83), Sousel (61), Fronteira (55), Castelo de Vide (54), Gavião (42), Crato (34), Alter do Chão (33), Marvão (28), Nisa (28), Monforte (24) e Arronches (8).
Estão internadas 30 pessoas com covid-19 nos hospitais de Portalegre e de Elvas, menos uma face ao dia anterior.
Nas últimas 24 horas foram efetuados 60 testes de diagnóstico à covid-19 na área de influência da ULSNA.
Gabriel Nunes - Rádio Portalegre- 27-02-2022

POLÍTICA: Catarina quer acolhimento de quem foge da guerra e revogar vistos gold da oligarquia russa

Para a dirigente bloquista o momento é de atacar a oligarquia russa “onde dói”, que é nos seus interesses económicos. O caminho para uma escalada da guerra por parte da Nato “seria irresponsável”, alertou.
À margem de uma reunião com a administração do IPO esta quinta-feira, Catarina Martins expressou “a mais veemente condenação” da invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, o que está em causa é “algo gravíssimo”: um país soberano que está a ser invadido “à margem de qualquer lei internacional”.
A dirigente bloquista sublinha que “uma escalada de guerra não vai proteger o povo ucraniano nem vai proteger a Europa”. Diz mesmo que “não há ninguém que acredite verdadeiramente que um reforço das forças da Nato vá dissuadir seja o que for”, que isso contribuiria para essa escalada de guerra e “seria irresponsável”.
Bloco condena "agressão imperialista da Rússia" e defende "Ucrânia integral e neutral"
Por isso, o Bloco entende que “o reforço das forças da Nato é um erro porque vai provocar escalada e não dissuadir”. Neste momento “é fundamental” uma ação muito forte do ponto de vista económico, que é o que “pode obrigar a Rússia a voltar à via diplomática”.
O partido considera que isso é “o mais eficaz” uma vez que “é atacar a oligarquia russa onde dói”. E tal resposta deve ser feita “do ponto de vista europeu mas também a nível nacional”. Assim, para além de “apoiar as sanções fortes no seio da União Europeia contra os oligarcas russos”, Portugal deve fazer o mesmo internamente. Como “há oligarcas russos com interesses económicos em Portugal” devem existir sanções contra eles e estas devem incluir a revogação de vistos gold. Tudo isto “deve ser feito de imediato”.
Para além disso, será necessário “proteger o povo ucraniano, acolhendo refugiados e apoiando todas as pessoas que fogem da guerra”. O que deve ser feito “sem cinismo e sem desculpas”.
in esquerda.net - 24 de Fevereiro 2022 

Ruínas romanas de Troia vão reabrir ao público esta quinta-feira

As visitas guiadas ao maior complexo de salga de peixe do mundo decorrem até ao dia 31 de outubro.
É oficial: as ruínas romanas de Troia vão reabrir ao público já na próxima quinta-feira, 3 de março. O maior centro industrial de salga de peixe do antigo Império Romano vai estar disponível para visitas até ao dia 31 de outubro, de quarta-feira a sábado, das 10 às 13 horas e das 14h30 às 18 horas. 
O preço normal de uma visita sem guia é de 6€. Estudantes, maiores de 65 anos, caminhantes, ciclistas e grupos pagam 5€. Para os miúdos até aos 12 anos, a entrada é gratuita. Se preferir fazer uma visita guiada e conhecer todos os pormenores da história do complexo, o bilhete custa 7,50€. Pode consultar todas as informações e os contactos para reservas no site do Troia Resort.
As ruínas romanas de Troia, classificadas como Monumento Nacional desde 1910, ficam na margem do rio Sado, na península de Troia. A poucos minutos da zona central de Troia, conhecida como antiga ilha de Ácala, os visitantes são convidados a fazer uma viagem no tempo.
Este monumento nacional já sobreviveu mais de 2000 anos com casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, que identificam a cidadania romana. Na época romana, terá sido um dos maiores complexos fabris de conservas de peixe do Império Romano e do Mediterrâneo Ocidental, com uma extensão de quase dois quilómetros.
Da instalação industrial faziam parte oficinas e tanques de salga (cetárias) de peixe e marisco que se destinavam à produção do garum, um condimento muito apreciado pelo povo romano. Todos os anos são descobertos vestígios, que podem vistos nas exposições arqueológicas, visitas guiadas e eventos temáticos que periodicamente são promovidos.
Carolina Bico in nit.pt

26.2.22

VILA VELHA DE RÓDÃO: Biblioteca celebra o projecto "Vidas e memórias de uma comunidade" com apresentação de novos livros.

A Biblioteca Municipal José Baptista Martins (BMJBM), em Vila Velha de Ródão, celebra o projeto Vidas e Memórias de Uma Comunidade no próximo sábado, 26 de fevereiro, com a apresentação de dois novos títulos e dos livros manuscritos da coleção “Rebuscar o Tempo”.
A iniciativa prolonga-se ao longo do dia e tem início, às 11h00, com a apresentação do livro “Joana Não Vem” pelo seu autor José Manuel Batista, que se lança agora na dramaturgia com esta obra “centrada no território de Ródão, suas paisagens, lendas e história, trazendo até nós vozes de um passado longínquo (Marquês de Pombal, Luís de Sttau Monteiro e outras figuras vindas do além) que interagem com personagens do presente, em cenários ora luminosos ora tétricos, numa linguagem de efeito jocoso e sarcástico”, diz o autor. O momento contará com a leitura expressiva de excertos desta obra de teatro, cuja capa é ilustrada pela artista e poeta Cláudia R. Sampaio.
De tarde, às 14h30, é apresentado o livro “Histórias Verídicas e Outras”, o sexto da coleção “Rebuscar o Tempo”, da autoria de Leonor Inácio e com ilustração da capa de Maria Rosário Maia. “A autora abre-nos as portas do passado que guarda, intacto, na memória, convidando-nos à viagem retemperadora por um imaginário autêntico, numa grande festa do riso e da subversão. Voz livre e arguta e poética”, pode ler-se no prefácio.
Segue-se, às 16h00, a apresentação, pelos seus autores, dos livros manuscritos que estão a ser redigidos no âmbito do projeto Vidas e Memórias de Uma Comunidade, na coleção “Rebuscar o Tempo”, que tem por missão salvaguardar a memória coletiva do concelho.
Os livros criados neste projeto, imaginado e desenvolvido pela BMJBM desde 2009, são editados pelo Município de Vila Velha de Ródão.
A participação nesta iniciativa é gratuita, mas requer inscrição obrigatória, que deve ser feita através do telefone 272 540 308, do e-mail biblioteca@cm-vvrodao.pt ou da página de Facebook da BMJBM.

MONFORTE: 8º Aniversário do Clube de Leitura

O Clube de Leitura de Monforte, um projeto idealizado e dinamizado pela Biblioteca Municipal de Monforte, celebrou o seu 8º aniversário organizando um programa composto por diversas iniciativas preparadas em torno da vida e da obra de José Saramago e que decorreram durante um encontro que teve lugar no passado dia 21 de fevereiro, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal, no qual, para além da respetiva Coordenadora, Vitória Medalhas, e dos seus membros residentes no Concelho, participaram também os seus três membros espanhóis, oriundos de Badajoz, e o Vice-Presidente e a Vereadora do Município, Fernando Saião e Mariana Mota.
Refira-se que os mencionados três membros espanhóis, a Carmen, o Jesús e o Paco, têm feito a ligação do Clube com a Biblioteca Pública de Badajoz "Bartolomé J. Gallardo" promovendo um intercâmbio cultural que se tem mantido regularmente desde a criação do Clube monfortense.
O encontro iniciou-se com a visita a uma exposição temática sobre o prestigiado escritor Nobel da Literatura cedida pela Fundação José Saramago e de uma mostra de exemplares de obras que fazem parte do acervo da Biblioteca e, após as intervenções de Vitória Medalhas e de Mariana Mota, onde foram realçadas as funções cultural e social do Clube, os participantes assistiram à projeção do vídeo da leitura de um conto de Saramago feita pelo aluno do 4º ano, Santiago Marrucho, e que representou o 1º Ciclo do Concelho de Monforte no Concurso Nacional de Leitura 2021, e à projeção de uma retrospetiva fotográfica e documental focando os principais objetivos e diversas atividades mais relevantes desenvolvidas pelo Clube ao longo da sua existência.
O programa incluiu ainda a realização das filmagens das leituras de trechos de obras do escritor por membros do Clube que servirão para efetuar um trabalho audiovisual que será entregue na Fundação José Saramago para utilizar no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do escritor que se assinalam este ano.
Antes de terminar mais este convívio, foi oferecido aos participantes um separador de livros assinalando a data do evento, cantaram-se os parabéns e, claro, partiu-se o bolo.

ALPALHÃO: Caminhada "Pelos caminhos de Alpalhão"

 

SARDOAL: Centro Cultural Gil Vicente recebe concerto “Promenade 21”

 
No âmbito do programa “Promenade 21”, terá lugar no Centro Cultural Gil Vicente, no dia 27 de fevereiro, pelas 15 horas, um concerto que junta em palco Jovens Talentos ao Piano e a Filarmónica União Sardoalense.
A iniciativa, com a designação de “Estações - Inverno com Música: Do Quebra Nozes às Valsas”, tem entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete.
O ciclo de concertos “Promenade 21” é promovido pela Associação António Fragoso e tem direção artística a cargo da Academia Internacional de Música "Aquiles Delle Vigne". A iniciativa é financiada pelo programa Garantir Cultura e tem como parceiro este Município. 

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA

 
Faça as pazes, não a guerra! - Cartoon de Vasco Gargalo

AVIS: Município divulga calendário das Caminhadas no Concelho

Se é fã de Caminhadas este é, sem dúvida, o Calendário que não vai querer perder! Por trilhos e carreiros pedestres, vales e olivais, entre flores e segredos escondidos, os amantes da Natureza ficam, desde já, desafiados a conhecerem as belezas do Concelho de Avis em 12 Caminhadas pelas Freguesias/Uniões de Freguesias que terão lugar, de março a novembro, numa iniciativa promovida pelo Município de Avis. Uma oportunidade para se perderem em pensamentos de tranquilidade e conhecerem melhor alguns dos cantos deste lugar… perfeito, que é nosso!
Inscreva-se na Divisão de Desenvolvimento Sociocultural e Turismo do Município de Avis, nas Juntas de Freguesia ou através do formulário disponível online.
Descubra Avis e encante-se com a sua beleza!

ÉVORA: Exposição “ViGente – a nossa alma, a nossa essência!”

 
Vi, é diferente de olhar, quando vejo, olho, capto, guardo na memoria. Aquela que leva à eternidade.
Gente, coletivo com essência individual que se transforma em povo. Força transformadora, marcas indivisíveis dos territórios.
Aquela a que tudo se deve.
ViGente o presente, , o atual, o corrente, o contemporâneo
Aquela que marca o hoje e transforma o amanhã!
Organização: Associ’ Arte
Apoios: República Portuguesa Cultura/dgartes; Câmara Municipal de Évora, Juntas de Freguesia de Évora; Diário do Sul; Rádio Telefonia do Alentejo; Viral Agenda
3 março 2022 - 3 abril 2022
Horário
segunda a sábado das 09h00 às 13h00 | 14h00 às 17h00
Igreja de São Vicente | largo de São Vicente, évora


25.2.22

Grândola, Vila Jazz arranca com “Bill Shakespear’s, Romeu and Joaoliet”

“Bill Shakespear’s, Romeu and Joaoliet” , projeto constituído por Romeu Tristão no contrabaixo, João Pereira na bateria e Bill Mchenry no saxofone tenor, são os convidados para o espetáculo de abertura do Grândola, Vila Jazz – temporada 2022, agendado para o próximo domingo, dia 27 de fevereiro, às 18h00 no Cineteatro Grandolense.
Este ciclo de concertos, cujo nome faz a analogia entre o titulo do poema, que se tornou senha da revolução de 25 de abril de 1974 – Grândola, vila morena – e este estilo musical, pretende diversificar e aumentar o número de concertos de jazz, tornando a Vila de Grândola num dos locais de referência do jazz em Portugal.
“Grândola, vila jazz” nasce este ano, no âmbito da parceria entre a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG-Música Velha) e o Município de Grândola, para a dinamização do Cineteatro Grandolense através da realização de concertos de Jazz, que remonta a 2014.
O programa completo da temporada 2022 do “Grândola, vila jazz” será divulgado em breve, através de um evento de apresentação da temporada organizado pela SMFOG-Música Velha e Município de Grândola, que contará ainda com presença de músicos e do curador da temporada.
Informações
Data: 27 de fevereiro de 2022
Local: Cineteatro Grandolense, Grândola
Horário: 18h00
Entrada gratuita


Luís Trigacheiro anuncia álbum de estreia

 

Luís Trigacheiro, a voz que surpreendeu e venceu o The Voice 2021, anuncia o seu álbum de estreia para abril de 2022. Intitulado “Fado do Meu Cante”, o primeiro longa-duração do cantor contou com produção de Diogo Clemente e será antecedido de um single ainda em março.
Para apresentar “Fado do Meu Cante” está já agendada a subida ao palco do Tivoli BBVA em Lisboa, no próximo dia 26 de maio. O concerto inaugura a tour Fado do Meu Cante que levará Luís Trigacheiro a muitos palcos pelo país e, assemelhando-se a 2021, muitas salas esgotadas para ouvir a voz que transpira portugalidade. Os bilhetes para Lisboa já estão à venda.
De recordar que a prova cega de Luís Trigacheiro no The Voice, onde interpretou “As Mondadeiras”, foi distinguida a nível mundial como uma das 10 melhores do mundo. Após ter vencido o The Voice, Luís Trigacheiro estreou-se com “O Meu Nome é Saudade” e percorreu Portugal esgotando praticamente todas as salas de espetáculos por onde passou. Seguiu-se o belo “Peixe Fora de Água”, escrito por Joana Espadinha. Ambos os temas farão parte do novo álbum. Mais detalhes serão conhecidos em breve.

24.2.22

ALPALHÃO: Recolha de Sangue no Centro Cultural

Querem ajudar-nos a Salvar Vidas?
Têm essa oportunidade sábado dia 26 de Fevereiro.
Vamos estar no Centro Cultural de Alpalhão, entre as 9 e as 13 horas, para mais uma colheita de Sangue e Registo de Medula Óssea.
A Dádiva de Sangue é um gesto simples e que não tem contra indicações para um adulto saudável. Só o facto de saberem que a vossa dádiva pode salvar vidas, já vale a pena ultrapassar todos os medos que possam ter. Salvar vidas não demora, não magoa e não dói.
Venham compartilhar amor e passar uma manhã animada e solidária. Não faltem há chamada, o vosso gesto vai fazer toda a diferença.
Esta a mensagem da Associação dos Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre. De salientar como exemplo, o facto da Câmara Municipal de Castelo de Vide disponibilizar transporte gratuito a todos os Dadores de Sangue que queiram deslocar-se a Alpalhão, conforme se descreve:
- Transporte para Alpalhão na Praça Valência de Alcântara (Caixa Geral) – 9h30
- Inscrições obrigatórias no Gabinete de Ação Social.

OPINIÃO: O voto anti-austeridade

Nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, o medo de ter ainda menos superou a vontade de ter um pouco mais. Neste país de baixos salários e pensões, em que a pobreza aumenta e a pandemia atormenta, está bem viva a memória dos anos da Troika e da governação da direita coligada. Anos a fio, acordar e informar-se era ficar a saber de mais um corte nos rendimentos, era perder o emprego ou dias de férias e feriados, era emigrar para não desistir. Esses anos não são apenas uma lembrança: são um trauma revivido em tudo o que se perdeu e não voltou a ser como era (rendimentos, poder de compra, contratos de trabalho, relações familiares). A pandemia só veio acrescentar mais dificuldades, riscos e cansaços. Elevou a fasquia do medo, tornando mais presente a doença e a morte, e fê-lo crescer entre pessoas mais isoladas, mais limitadas na socialização e na informação.
Foi neste terreno fértil que se construiu o medo da vitória eleitoral da direita e da extrema-direita. Durante três meses, o espaço público e mediático foi palco da repetição das mesmas ideias, com algumas variantes. Desejando remeter para um parêntesis da história a solução governamental apoiada à esquerda, a narrativa dominante desvalorizou o que ela melhorou nas vidas concretas de muitas pessoas e silenciou o papel específico de cada partido nessas melhorias. Aos partidos políticos à esquerda do Partido Socialista (PS) atribuiu-se o papel de dispensáveis, de modo a retirar do campo dos possíveis as propostas — bem moderadas, convenhamos — que eles não desistiam de fazer. Se tais propostas não haviam sido acolhidas pelo governo em sede de Orçamento do Estado para 2022, mais ainda desagradavam às forças políticas e económicas da direita neoliberal e ultraliberal (aumento de salários e pensões, legislação laboral, tributação dos mais altos rendimentos, investimento público e em particular nos Serviço Nacional de Saúde, etc.).
António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), ilustra bem as pressões exercidas neste sentido. Em 22 de Outubro de 2021, ainda se discutia a proposta de Orçamento, o patrão dos patrões fez questão de mostrar a António Costa — que acabou a pedir desculpas «por uma falha processual» — que o governo não podia aprovar alterações à lei laboral (aumento das compensações por cessação dos contratos a termo, aumento do valor pago por horas extraordinárias…) não contempladas na agenda apresentada à Concertação Social. O presidente da República logo se apressou a receber esta estrutura, mostrando o quanto ela serve de contrapeso ao que possa ser decidido à esquerda no Parlamento. Mais recentemente, António Saraiva, no auge da «disputa acesa» que marca «uma das três eleições mais renhidas do século» (dizia a manchete do Público de 27 de Janeiro), veio aproveitar o balanço de o próximo governo vir a ser mais à direita, para defender, nessa mesma edição, que «“É possível e desejável diminuir” o número de funcionários públicos» (título da entrevista). A seu ver, o próximo governo deveria ter a coragem de o fazer e o presidente da República deveria exigir um acordo aos dois maiores partidos para essas e outras reformas.
Entre um momento e outro, a narrativa mil vezes repetida por jornalistas, comentadores e entrevistados não fugiu ao guião destinado a garantir um governo tão à direita quanto fosse possível: responsabilização das esquerdas, vitimização pelas eleições, pedidos de maiorias estáveis ou absolutas, incentivos ao bloco central, governo com quaisquer direitas. Foi assim que sondagens e a esmagadora maioria da comunicação social foram construindo uma imagem de crescimento da direita, à beira da vitória do Partido Social Democrata, assente numa suposta «vontade de mudança».
A 28 de Janeiro, a manchete do Expresso assegurava estar «tudo empatado», haver um «empate técnico até ao fim», que o «Presidente quer solução ao centro» ou que «Rio acredita que pode governar com liberais». Na capa do Público, a fotografia onde se viam António Costa e Rui Rio mostrava os números da última sondagem: o PS vencia com 36%, o PSD estava agora com 32%. Só que, apesar dos números, o que de imediato se via era que Rio ocupava a dianteira da fotografia e Costa fora posto atrás dele. Apesar do sentido da manchete («Tudo em aberto»), a imagem visual prevalecia — e o texto mais pequeno agigantava o medo nos eleitores de esquerda: «Direita só terá maioria com Chega»… Nas televisões, os espaços noticiosos e de comentário seguiram exactamente o mesmo guião, influenciaram no mesmo sentido, criaram a realidade que quiseram. Fizeram debates com líderes partidários, o pluralismo a que foram obrigados, mas antes e depois destes (para não dizer durante), jornalistas, directores de informação e comentadores trataram de reenquadrar a pluralidade de perspectivas na narrativa conveniente.
Os resultados são conhecidos. A maioria absoluta do Partido Socialista só foi possível com os votos anti-austeridade que foi buscar à sua esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português, muito penalizados) e à abstenção. A derrota do PSD deixou desolada grande parte do sistema mediático. Mesmo num cenário de grande aumento do número dos votantes, o Chega aumentou muito os deputados, o que é deveras preocupante, mas perdeu 111 214 votos em relação às presidenciais de Janeiro de 2021. Chega e Iniciativa Liberal juntos só tiveram mais 0,5% do que os 11,7% obtidos pelo CDS — Partido Popular nas legislativas de 2011.
O novo governo, que agora não precisa de dialogar e muito menos de negociar à sua esquerda, assumirá funções num quadro de radicalização das forças de direita (neoliberais e ultraliberais) e de menor peso parlamentar das forças à sua esquerda. É certo que estas últimas poderão beneficiar em breve, com o alívio da situação pandémica, de melhores condições de mobilização para lutas sindicais ou associativas. Sem isso, nada se conseguirá em termos maior justiça social. Mas, por outro lado, a nova conjuntura europeia e internacional não augura nada de bom. Apesar de declarações recentes de Christine Lagarde, o Banco Central Europeu (BCE) dificilmente deixará de aumentar as taxas de juro, a coberto da inflação, mesmo que não o faça nos moldes anunciados pela Reserva Federal norte-americana. E os juros da dívida portuguesa estão suspensos destas decisões do BCE, face a um governo de António Costa que já mostrou chamar «contas certas» aos desastrosos constrangimentos da União Europeia e do euro. Além disso, a direita acena com um festim (leia-se, «corrupção») na gestão dos «milhões da bazuca europeia», mas a verdade é que virá muito pouco dinheiro para as necessidades de recuperação do país.
Um país que já era dos mais desiguais da Europa e que é crescentemente desigual (5% dos portugueses concentram 42% da riqueza), onde o preço da habitação não pára de aumentar (comprar casa custa 50% mais do que há cinco anos) e onde os salários e as pensões continuam a perder poder de compra. Um país onde as classes médias até podem considerar que o mal maior são novos cortes austeritários mas onde cerca de 20% da população continua a viver na maior penúria e aflição. A 17 de Dezembro de 2021, o Instituto Nacional de Estatística (www.ine.pt) revelava que, no ano anterior, 18,4% da população estava em risco de pobreza (1,9 milhões de pessoas viviam com menos de 554 euros por mês, mais 228 mil do que em 2019), uma subida recorde e que inverte a melhoria verificada a partir de 2015. Mais afectadas são as mulheres, e entre estas as que têm mais de 65 anos. A taxa de risco de pobreza entre quem trabalha também aumentou, sendo agora de 11,2%, o valor mais elevado num década. E a taxa de pobreza e exclusão social atinge 22,4% da população, mais de 2,3 milhões de pessoas. Os segmentos mais desfavorecidos da população são uma parte imensa do povo português e o ano de 2022 começa com piores condições para resolver os seus problemas. As novas ameaças austeritárias serão, outra vez, desculpa para não acabar com estes ciclos de pobreza, privação e desigualdade. Mas o combate pelas condições de vidas destas classes populares vai ser também o combate pela democracia.
* Sandra Monteiro in "Le Monde Diplomatique" (edição portuguesa) - Fevereiro 

SAÚDE: Rastreio do Cancro da Mama - fevereiro e março de 2022 - Nisa

O diagnóstico precoce pode salvar vidas, sempre que receber um convite ou telefonema para participar. Não falte!
No âmbito do Programa de Rastreio do Cancro da Mama da Região Alentejo durante o mês fevereiro e março, às utentes da USF Nisa, Portalegre - USF Portus Alacer e USF Plátano.
O exame é gratuito e é realizado a mulheres inscritas nos referidos centros de saúde, com idades compreendida entre 50 os 69 anos de idade, através de uma mamografia de dupla leitura numa unidade móvel da Liga Portuguesa Contra o Cancro.​

23.2.22

NISA: Conheça os Poetas do Concelho (XII) - Manuel Carita Pestana

 

AS CINCO FONTES 
Ó Nisa, que me estou lembrando
Das tuas ruas e montes.
Versos que estou a escrever
Dedico-os às tuas fontes.

As cinco que aí existem
Por essas calmas estradas
São velhas, mas bem prezadas
Pois alguém olha por elas.
Que as reparam das mazelas
Que os tempos lhes vão dando
Das tuas águas puríssimas
Ó Nisa eu me estou lembrando.

Quem as quiser visitar
Verá lindas raparigas
Que nestas fontes antigas
Lá se vão dessedentar.
A água deve provar
Destas tão saudosas fontes.
Ó Nisa, não mais me esqueço
Das tuas ruas e montes.

Todas elas são antigas
Evocam tempos passados
Encontros de namorados
Que lá passam belos serões.
Cai a água aos borbotões
Para quem quiser beber.
Ai, como levam saudades
Versos que estou a escrever!

Bons tempos que já não voltam
Quando eu ia namorar
Levavam serões a bailar
Rapazes e raparigas
Ao som de lindas cantigas
Que ecoavam pelos montes.
Nisa, os versos que escrevo
Dedico-os às tuas fontes.

Na Fonte do Frade eu estive,
Até alta madrugada
E na Fonte da Aluada
Na antiga Fonte da Pipa
Que em beleza se antecipa
E a todos nós seduz
Sem esquecer a Fonte Nova
E a velha Fonte da Cruz.

Manuel Carita Pestana


NO MUSEU DO ALJUBE: " E se trocássemos umas ideias sobre a Revolução?"

Começamos a desvendar a programação do Museu do Aljube Resistência e Liberdade para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
“E se trocássemos umas ideias sobre a Revolução?” será um ciclo de conversas entre março e novembro, às 18h, aqui no nosso auditório.
 17 MAR – QUI, 18H0
Revolução e Disputas da Memória
Paula Godinho e Manuel Loff
7 ABR – QUI, 18H0
Revolução portuguesa: o povo está na rua!
Isabel do Carmo e Luís Trindade
5 MAI – QUI, 18H0
Revolução de Abril no mundo e no seu tempo
Raquel Ribeiro e Giulia Stripoli
19 MAI – QUI, 18H0
Revolução e lutas. O mundo do trabalho
Manuel Candeias, Joana Dias Pereira e João Madeira
16 JUN – QUI, 18H0
Revolução e a música
Francisco Fanhais e Manuel Pires da Rocha
7 JUL – QUI, 18H00
Revolução e violência política – o Verão Quente.
Miguel Carvalho e Francisco Bairrão Ruivo
15 SET – QUI, 18H00
Revolução e cultura
Sónia Vespeira de Almeida e Mário de Carvalho    
13 OUT – QUI, 18H00
Revolução, géneros e sexualidade
Raquel Afonso e Isabel Freire
10 NOV – QUI, 18H00
Revolução e o que ficou. As conquistas revolucionárias.
Maria Inácia Rezola


ALPALHÃO: O grandioso desfile da Contradança - Carnaval de 2007

 





AMBIENTE: A DORPOR do PCP denuncia o abate de árvores no Gavião e exige a reversão do processo

 
O ministro do Ambiente considerou de "imprescindível utilidade pública" a  central fotovoltaica da Margalha, no Gavião, autorizando o abate de 1079  sobreiros e 4 azinheiras, espécies protegidas, numa área de 14,83 ha de  povoamento daquelas espécies, no concelho de Gavião. 
Esta central fotovoltaica, obra do grupo francês Akuo Energy SAS e que  pretende fazer um investimento de 95 milhões de euros, vai estender-se  por 278 hectares, entrando pelos concelhos vizinhos de Nisa e Abrantes.  
A DORPOR do PCP discorda desta decisão inaceitável.  
O que o ministro do Ambiente, e o governo do PS, consideram  "imprescindível", não faz o mínimo sentido do ponto de vista de ocupação  do território e muito menos do ponto de vista ambiental, porque não é  necessário abater cerca de 15 ha de montado, destruindo, além de árvores  autóctones, o nicho ecológico de várias espécies e um ecossistema  biodiverso e sustentável. 
A DORPOR do PCP defende a suspensão imediata deste processo de modo  a reavaliar todas as alternativas que não impliquem a destruição do  montado. 
Sabendo-se que os interesses do capital não são verdes e que estes fazem  desta necessidade da descarbonização da energia um negócio, é  necessário definir regras que não abram precedentes irreparáveis para o  futuro. 
A DORPOR do PCP defende a preservação dos ecossistemas  mediterrânicos, nomeadamente do montado e áreas florestais com  espécies autóctones, e a regulação das áreas de implantação de painéis  solares, salvaguardando os valores ambientais e patrimoniais, incluindo a  paisagem.  
A DORPOR do PCP compromete-se a acompanhar este processo e a tudo  fazer em defesa do ambiente, dos territórios e das populações.  
Portalegre, 21 de Fevereiro de 2021 
A DORPOR do PCP


ÉVORA: Espectáculo "O Grito das Árvores"

 
Inspirado em ‘A Vida Secreta das Árvores’ de Peter Hohlleben
Juntos desde sempre, num cenário fantasioso, duas criaturas em busca de si mesmas tentam perceber quem são individualmente, sem que essa descoberta signifique abdicar da companhia uma da outra. Neste espetáculo acompanhamos as suas reflexões e inquietações nessa procura, percebendo como se contamiam e deixam contaminar pelo espaço que habitam e onde, simultaneamente, querem ficar e sair.
“As árvores podem crescer em lugares deveras extremos. Podem, não. Têm de. Pois quando a semente cai da árvore, o seu lugar só poderá ser alterado pelo vento ou se for transportada por algum animal. Quando germina na primavera estão lançados os dados. A partir desse momento a plântula fica para sempre ligada a esse pedaço de terreno e terá de aceitar a sorte que lhe couber.” Peter Wohlleben
Ficha Artística
Cenografia e Figurinos CHISSANGUE AFONSO
Texto e Encenação JULIANA FONSECA
Banda Sonora Original BRUNO DOMINGOS
Desenho de Luz DUARTE BANZA
Com DUARTE BANZA e ELSA PINHO
Operação de Luz e Som HENRIQUE MARTINS
Imagem do espetáculo CRISTINA MATOS
Produção ‘a bruxa TEATRO’
De 3 março a 19 março 2022
4ª feira a sábado - 21h30
Sítio; A bruxa teatro - rua do eborim, espaço celeiros, évora
Bilhetes: 8€ (4€ para jovens, estudantes e reformados)
Organização: a bruxa TEATRO
Apoios: Ministério da Cultura – Direção Geral das Artes, Câmara Municipal de Évora, Ministério da Cultura – Direção Regional da Cultura do Alentejo, Diana FM
Observações: RESERVAS: 266 747 047 / abruxateatro@gmail.com

22.2.22

NISA: Conheça os Poetas do Concelho (XI) - Aníbal Goulão


A Vila de Nisa 
És das vilas de Portugal
A mais famosa do Alentejo
És minha terra natal
Assim te estimo, assim te vejo

Fundada por D. Dinis
Há mais de setecentos anos
Este rei fez tudo o que quis
Venceu guerras e enganos

Aonde vieste nascer
Ó Nisa terra famosa
De dia a dia a crescer
És de todas a mais formosa.

Tua gente humilde honesta
Tens largos e ruas bonitas
Gente pacífica e modesta
Mulheres belas de faces catitas.

És de todas a primeira
Em todo o Alto Alentejo
Crescendo assim dessa maneira
Em cidade ainda te vejo.

Tens fama nos rendilhados
Em louça pedrada também
Os teus cantarinhos bordados
Só tu os fazes mais ninguém.

O teu traje encantador
Aonde vai é admirado
Lenços bordados um primor
Em parte alguma imitado.

Em enchidos tiveste fama
Já na fala assim não é
Ouvimos a qualquer dama
Dizer duas, três vezes dé

Ó Nisa minha tão querida
Aonde os primeiros passos dei
Aqui passei a minha vida
Aonde fui amado e amei.

As tuas casas branquinhas
Mesmo de noite ao luar
És um céu com estrelinhas
De dia e noite a brilhar.

O teu ar é puro salutar
Os teus frutos deliciosos
A terra é dura de trabalhar
Tens ruas e largos airosos
(Aníbal Goulão)

PORTALEGRE: Márcia em Concerto no CAEP

 
26 FEV. SÁB. 21.30H
Márcia
Pop | GA | 10€ | M/6 anos
Márcia é seguramente um dos talentos maiores da composição em língua portuguesa.
O início deu-se em 2009, com o EP “A Pele que Há em Mim”, seguindo-se os álbuns “Dá” (2010), “Casulo” (2013), “Quarto Crescente” (2015), gravado no Rio de Janeiro e “Vai e Vem” (2018).
No presente, Márcia apresenta um espetáculo impactante, em que as suas canções são pautadas por uma narrativa de luz muito personalizada.
O seu álbum Vai e Vem” é uma realidade e nunca a palavra consistência teve tanta propriedade como quando aliada ao nome Márcia.

OPINIÃO: Falta-nos futuro

Não há propriamente surpresa nos números, mas o primeiro retrato em larga escala das práticas culturais dos portugueses permite-nos uma análise profunda aos consumos e às clivagens por idade, escolaridade ou nível de rendimentos económicos.
Promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, o estudo mostra que o cinema é o meio que cativa mais público, seguido de festivais e festas locais. Dança ou teatro atraem poucos jovens, e a falta de valorização do livro é transversal: nos 12 meses anteriores ao inquérito, 61% dos portugueses não leram um único livro. Entre os restantes que o fizeram, a maioria leu muito pouco.
Claro que há inúmeros fatores, desde o contexto familiar às condicionantes financeiras, que ajudam a explicar estes números. Mas é inevitável, tanto como trabalhar nas causas e nas ações para a mudança, refletir sobre as consequências. A falta de leitura e de imersão cultural tem implicações no pensamento crítico e na capacidade de intervenção. No limite, na forma como concebemos o mundo e o nosso papel nele, na ação cívica e política.
Lemos e escrevemos em pinceladas, nas redes sociais. E esse imediatismo influencia a forma como estruturamos quase tudo, incluindo o sistema político. Faz falta interromper o ciclo imediato das redes e pensar a longo prazo. Os partidos e os titulares de cargos públicos não gostam de futuro, porque vivem do presente, dos efeitos das suas opções na popularidade e das decisões imediatas dos eleitores. Cabe à sociedade civil, nas suas mil e uma configurações, suscitar e exigir a visão de longo prazo.
É fácil a tentação de nos prendermos à alegada paralisia de um país em duodécimos até junho, com um governo adiado. Quando esse percalço, afinal breve, conta muito pouco para o país. Aliás, o atual Governo está pouco limitado na sua ação até à tomada de posse da Assembleia da República e os dados económicos mostram que a crise política não é, só por si, um risco. Este é o tempo de pensar em profundidade nos caminhos que deve seguir um governo com a estabilidade que tanto pediu. Um governo que nos dê o futuro que tem faltado.
Inês Cardoso - Jornal de Notícias - 20/2/2022

VIDAS COM HISTÓRIA(S): Pedro Mourato

"Doar sangue é a forma mais nobre de ajuda ao próximo"
O mundo só pode ser
Melhor que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!
Há homens e mulheres cujas vidas são exemplos de dádiva e de serviço a favor das comunidades a que pertencem. Não se reconhecem pela quantidade de medalhas e condecorações que garbosamente ostentam em dias solenes ou de festa. Primam pela humildade e descrição, e as suas histórias de vida, desconhecidas de grande parte da população. Merecem divulgação pública, forma de homenagem colectiva, prestada por uma sociedade cada vez mais avessa aos valores do reconhecimento e da gratidão.
Hoje, trazemos às páginas do jornal, a história de vida de Pedro da Piedade Mendes Mourato, o Pedro Inácio, como é conhecido em Nisa, prestes a completar 73 anos de idade. Bombeiro, dador de sangue, antigo combatente, sobre o Pedro não se pode dizer que "comeu o pão que o diabo amassou", mas na sua infância não faltaram as dificuldades.
"Nasci na freguesia de Nossa Senhora da Graça e tive uma infância triste. O meu pai, trabalhador rural, só vinha a casa nos domingos e eu fui criado pelas minhas tias. De alegre, só as brincadeiras no campo, o jogo do pincho e a escola. Fiz a 4ª classe com o prof. Belo e logo depois entrei como aprendiz de sapateiro na oficina do Ti Pação. Estive lá 3 anos, até ir para Vila Franca de Xira ao serviço da firma Pinto e Bentes, na altura uma das maiores empresas de construções eléctricas. Aí e antes de ir para a tropa, era para dar sangue, mas recusaram por não ter idade".
Lembranças da guerra colonial
À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.
Veio a exigência do serviço militar. Elvas, na recruta, Coimbra na especialidade de enfermeiro-maqueiro e depois Évora e Castelo Branco, onde seria mobilizado para Angola.
"Em Castelo Branco estive para ser castigado por ter dado sangue sem a autorização do Comando da unidade. Valeu-me um sargento que conseguiu "converter" uma punição em louvor. Foi a primeira vez que dei sangue. Fui para Angola, onde estive 27 meses na zona de Bessa Monteiro e Toto. Foi um período muito difícil, pois estava na Enfermaria da unidade e era destacado para as operações no mato. Numa das vezes, fomos buscar quatro mortos, um deles, casado e com dois filhos, estava nas vésperas de vir passar um mês de férias à Metrópole. Para além desta, a situação que mais me marcou foi a de um furriel dos Comandos, ferido em combate, numa operação e a quem demos sangue, enquanto esperávamos a evacuação. Apesar de todo o nosso esforço, não sobreviveu. As dádivas de sangue, perante estas situações, passaram a ser uma coisa "normal" na minha vida."
Terminado o serviço militar, Pedro Mourato regressa a Nisa. Para trás ficava a juventude encurtada pela guerra, o futuro sem grandes perspectivas, um preço alto "pago" por milhares de jovens portugueses. "Agarrou-se" ao que apanhou, trabalho sazonal como servente de pedreiro a que juntou, mais tarde, a de colaborador do Nisa e Benfica.
" Casei em 1975 e na altura o presidente do Nisa e Benfica era o senhor José Rodrigues que me convidou para limpar as valetas do campo de jogos. Comecei aí uma ligação ao clube que durou mais de 15 anos, como massagista, roupeiro e marcava o campo. Após o casamento fui trabalhar para a Câmara, como assalariado e só mais tarde, já efectivo, como servente de limpeza e coveiro na freguesia de S. Matias. Mais tarde fui para o Jardim Municipal onde estive até me reformar."
Vida por Vida ou a mística de ser Bombeiro Voluntário
'Stá na mão de toda agente
A felicidade, vê lá!...
E o homem só 'stá contente
no lugar onde não está.
" Sempre tive atracção pelos Bombeiros, gosto de ajudar e essa ligação começou ainda antes de ir para a tropa. Penso que teve influência na especialidade militar que me coube. Os Bombeiros são fundamentais na vida das pessoas e das terras, na ajuda ao próximo, embora muita gente não se dê conta disso. Estão sempre prontos para salvar vidas, seja de noite ou de dia. Estou ligado aos Bombeiros há mais de 50 anos, hoje no Quadro de Honra."
Ao serviço dos Bombeiros, sentiu Pedro Mourato, a vida por um fio. Um, dos muitos episódios "negros" da sua vida, de que só por insistência, nos fala.
" Foi um grande acidente, em Agosto de 1982. Íamos combater um incêndio em Alpalhão, a viatura de combate (GMC) capotou, voltou-se e eu fiquei debaixo de uma parede, tendo sido tranpsortado para Portalegre e daí para o S. José, em coma. Depois fui internado no Curry Cabral com fractura da bacia e vários hematomas. Mais tarde, deram-me 35% de desvalorização, tenho uma prótese e uma perna mais curta que a outra."
Sangue pode salvar vidas!
O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!
Se há pessoas conhecidas como dadores benévolos de sangue, Pedro Mourato é, sem dúvida, uma delas. São mais de 65 dádivas, oficiais, um historial de ajuda humanitária que ninguém pode ignorar e deixar de reconhecer. Tudo começou pela necessidade de ajudar um familiar e depois disso nunca mais parou, até ao dia em que as condições de saúde não lhe permitiam fazer o que mais gostava.
" Comecei a dar sangue muito cedo, o meu Batalhão tinha como lema "Queremos e Podemos" e ao regressar do Ultramar continuei a ajudar quem precisava. A primeira dádiva oficial foi em Agosto de 1976. A minha tia Isabel estava doente, precisava de muito sangue e sempre que era possível lá estava eu de braço estendido. Nas contas da Associação de Dadores são 65 dádivas, mas dei muito mais, fora das estatísticas. Deixei de dar porque me colocaram uma prótese em 2010, levei sangue e depois disso já não me autorizaram a doar."
Pedro Mourato abraçou a causa dos dadores de sangue e sente como ninguém os apelos que são feitos, frequentemente, para colmatar a escassez de sangue nos serviços de saúde, um problema que se agravou com a pandemia. Por isso, não entende a relutância dos jovens e população activa em darem sangue. Explica o seu ponto de vista.
" Não compreendo porque há tanta falta de sangue nos Hospitais. A juventude e outras pessoas em idade de poderem doar um pouco do seu sangue não percebem que um dia o sangue lhes pode fazer falta a eles ou a alguns dos seus familiares. Acho que seguem caminhos errados. Sempre doei sangue ao longo da minha vida, nunca tive qualquer problema. Sente-se uma "picada" no início e nada mais. Acho que o fantasma do medo é apenas uma desculpa para que muitas pessoas não cumpram esse dever cívico de ajudar os outros e, sobretudo, de salvar vidas. Por mim, pela minha experiência, Apelo a que dêem sangue. Não custa nada, criam-se amigos, grandes amizades e ficamos com a consciência de termos sido úteis e de ajudar o nosso semelhante."
Cuidador a tempo inteiro
Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram.
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.
Não tem sido fácil a vida de Pedro Mourato, em período de reforma. Um drama familiar, que enfrenta, resignadamente, todos os dias e assunto de que não gosta de falar, mas que se torna visível para quem o conhece.
"A vida tem sido difícil para mim, tanto na infância, como agora em que julgava poder passar uns dias mais tranquilos. O meu filho faleceu ainda jovem com 35 anos e essa morte foi como uma hecatombe que desabou na minha casa. Como pais sofremos de uma maneira atroz, especialmente a minha esposa. Nunca se recompôs e a sua saúde foi-se deteriorando de forma avassaladora. Tem uma deficiência de mais de 60 por cento, e sou eu que tenho de fazer praticamente tudo. Estou de prevenção 24 horas por dia e o facto de ter sido enfermeiro na tropa e bombeiro têm-me ajudado muito, mas é muito difícil nesta idade cuidar de uma pessoa dependente. Não baixo os braços, mas questiono-me se os serviços sociais e de saúde não poderiam dar uma maior ajuda, até como forma de reconhecimento a quem, como antigo combatente, bombeiro e dador de sangue nunca se poupou a esforços para ajudar os outros."
Reconhecimento da sociedade
E agora é o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!
O labor e dedicação de Pedro da Piedade Mendes Mourato, como trabalhador municipal, bombeiro, antigo combatente e dador benévolo de sangue, em prol da comunidade em que sempre viveu, foi alvo de reconhecimento por parte do Município de Nisa, que lhe atribuiu a Medalha de Mérito Municipal em 2010. Distinções foram-lhe igualmente atribuídas pela Associação dos Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Portalegre com as medalhas de bronze, prata e ouro e pelos Bombeiros Voluntários de Nisa com vários louvores e medalhas. Reconhecimentos de uma vida rica de exemplos de cidadania e de dádivas à Comunidade que, no entanto, não apagam a mágoa de um fim de vida passado em constante sofrimento e sobressalto.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 16/2/2022
Nota: Versos de António Aleixo

PORTO: Exposição: "Vozes" de Muhammed Muheisen

 
20 Janeiro a 20 Março
Fotografias sobre o quotidiano e desafios das pessoas refugiadas. Mais informações (link is external). https://cpf.pt/vozes-de-muhammed-muheisen/
Porto, Centro Português de Fotografia, 9h00 às 12h30; 14h00 às 17h30. 
VOZES, de Muhammed Muheisen, é uma seleção de imagens, captadas ao longo de mais de uma década, que documenta o quotidiano e os desafios que os refugiados e as pessoas deslocadas internamente enfrentam em diferentes partes do mundo. Mostra os seus périplos em busca de um novo lar seguro e o seu estabelecimento em novos ambientes.
Esta exposição é apresentada no Centro Português de Fotografia em colaboração com a Estação Imagem, integrada no Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra.

Moura, Sónia e Carreiras a 2 de Abril em Alpalhão

A Praça de Touros de Alpalhão receberá no dia 2 de Abril, por ocasião da feira dos Enchidos de Alpalhão, uma corrida d etouros.
Na lide de touros da ganadaria Monte Cadema vão estar em praça os cavaleiros, João Moura, Sónia Matias e Tiago Carreiras.
Em tarde de concurso de pegas vão estar em praça os grupos de forcados amadores de Portalegre, Arronches e Alter do Chão.