29.12.20

AVIS: Casa das Artes inaugurou “Espaço Hélio Cunha”

Chama-se “Espaço Hélio Cunha” e “mora” no edifício da Casa das Artes, em Avis, uma casa de portas abertas a todos, para um encontro com a cultura.
Este novo espaço museológico, inaugurado, no passado dia 18 de dezembro de 2020, sem público, mas com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Avis, Nuno Silva, do pintor Hélio Cunha e da Diretora Regional de Cultura, Ana Paula Amendoeira, acolhe, em exibição permanente, parte do espólio do pintor Hélio Cunha, entre pinturas, desenhos e réplicas de objetos de valor histórico, resultante de uma doação do próprio à Câmara Municipal de Avis, bem como alguns dos prémios com os quais foi distinguido ao longo da sua atividade. Um artista de renome, numa sala que se assume como um novo centro de difusão de Arte Contemporânea, onde também desfilam trabalhos de nomes consagrados como Mestre Cruzeiro Seixas e o escultor Soares Branco.
A Casa das Artes, em Avis, um espaço multifuncional dedicado à atividade artística, aloja diversas valências e espaços de trabalho, nomeadamente a Escola de Música do Município de Avis. Tem uma programação plural (apenas interrompida pelo aparecimento da pandemia de COVID-19), onde se inserem exposições temporárias, programas educativos, sessões públicas, animações, apoios a atividades de interesse municipal e diversas iniciativas de natureza artística e cultural.
A Casa das Artes, em funcionamento, de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 20h00, surge agora reforçada com a abertura do “Espaço Hélio Cunha”, um lugar privilegiado que merece ser visto por todos, residentes e visitantes do Concelho de Avis.

28.12.20

Sines recebe 2021 com artistas locais em espetáculo online

 

O Município de Sines despede-se de 2020 e dá as boas-vindas a 2021 com o espetáculo online de passagem de ano "Que afastados estejamos mais juntos", composto por atuações de artistas da região.
O espetáculo, gravado sem público no auditório do Centro de Artes de Sines, será transmitido a partir das 21h30 de 31 de dezembro nos meios digitais do Município de Sines (www.fb.com/municipiodesines, www.youtube.com/cmsines ) e nas plataformas da Rádio Sines.
O presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, explica que o Município de Sines pretende com esta iniciativa «dar o mote para um ano de 2021 que possa ser de retoma não só para o setor da música, mas de todos os aspetos da nossa vida coletiva que a pandemia afetou. O ano de 2020 foi de extremas dificuldades para quem trabalha na cultura e nas artes do espetáculo em particular. Queremos com esta gala apoiar e valorizar o trabalho dos nossos artistas e oferecer a quem nos acompanhar um programa alternativo de fim de ano, tendo em conta as restrições impostas às celebrações físicas».
Participam 13 artistas e agrupamentos musicais de várias gerações, representantes de estilos de vão desde o fado ao rock, passando pela música tradicional, pelo canto coral, pelos sons do Brasil e pela música de dança.
A direção artística do espetáculo é do maestro João Rocha e o critério da escolha dos artistas foi a sua ligação a Sines e ao Alentejo Litoral.
Integram o alinhamento o Coral Atlântico Juvenil e o Coral Atlântico adulto (dirigidos pelo maestro Fernando Malão), Armando Casal, Joana Luz, Acordeão Fadista, Jorge Ganhão, O Bloco do Pintassilgo, Tanto Mar, Falando Cavaco, André Baptista, Sátira, Skalabá Tuka e Intrujas.
Além das atuações dos artistas, a gala inclui testemunhos de membros da comunidade local.
A gala de fim de ano é uma organização da Câmara Municipal de Sines, com produção da ApreciArte e apoio da Rádio Sines.

CONCELHO DE NISA: Boletim Epidemiológico - 28 de Dezembro

 


OPINIÃO: Como é possível que um dos maiores negócios do país não pague impostos?

É um escândalo que o Movimento Cultural da Terra de Miranda tem denunciado ativamente. Como é possível que o Governo tenha dado uma borla fiscal de tantos milhões à EDP, submetendo-se de forma tão servil aos interesses instalados da energética?
Foi o Paulo Meirinhos – o conhecido músico dos Galandum Galundaina, uma banda que há mais de 20 anos contribuiu para manter vivo o património musical das Terras de Miranda, seja através dos seus álbuns, do festival itinerante que organizam ou dos instrumentos que constroem, entre os quais o famoso “guitarro”, feito por Meirinhos a partir de velhas latas de óleo – quem primeiro me alertou para o problema. A questão pode agora resumir-se assim: há anos que as barragens no nordeste transmontano são uma enorme fonte de lucro para a EDP, mas cuja riqueza não é distribuída pelo território onde estão instaladas, entre outras razões porque os impostos são pagos considerando a sede da empresa, Lisboa; na semana passada, a EDP vendeu seis barragens num negócio avaliado em 2,2 mil milhões de euros, que precisou de autorização do Governo; esse negócio aconteceu sem que houvesse lugar ao pagamento de impostos; foi assim subtraída ao Estado, e portanto à comunidade, uma receita de 110 milhões de euros de imposto de selo, para além do que a EDP não pagará de IRC.
Movimento acusa ministro do Ambiente de dar “borla fiscal” à EDP
É um escândalo que o Movimento Cultural da Terra de Miranda tem denunciado ativamente(link is external). Como é possível que o Governo tenha dado uma borla fiscal de tantos milhões à EDP, submetendo-se de forma tão servil aos interesses instalados da energética, desprezando o interesse público e abdicando de recursos que seriam determinantes para uma região tão empobrecida? Irá ainda o Governo acionar uma cláusula anti-abuso (e tudo indica que pode fazê-lo, ao abrigo da Lei Tributária) e exigir o pagamento deste dinheiro? Ou a reunião com os municípios, agendada para o próximo dia 28, servirá apenas para anunciar mais umas “migalhas à conta do Orçamento do Estado”?
Óscar Afonso, presidente do Observatório de Gestão da Fraude e professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, publicou no Expresso, há uns dias, um artigo lapidar sobre este negócio, um dos maiores da história do nosso país. No seu texto, explica como “enquanto a EDP se engrandecia a Terra de Miranda foi definhando”, sublinhando o gritante contraste entre a lógica extrativa da empresa, que acumulou com estas seis barragens lucros de 7 mil milhões de euros à conta da exploração deste recurso natural ao longo das últimas décadas, ao mesmo tempo que as terras de onde essa fortuna foi extraída têm vivido um processo de empobrecimento, despovoamento e depressão económica e social. O economista faz um exercício elucidativo: os concelhos de Miranda e Mogadouro têm um PIB per capita que os coloca “nas posições 182 e 225 entre os 308 que o País tem”, mas se porventura fosse contabilizada a riqueza efetivamente produzida neste território pelas barragens, “o PIB per capita de Miranda passa para 5º do país e o de Mogadouro para 25º”.
O que se passa nas Terras de Miranda não é, infelizmente, muito diferente do que acontece noutros territórios em todo o mundo. Grandes empresas têm práticas extrativas dos recursos naturais, fazem um enorme lóbi junto dos Governos, acenam ao poder local promessas de desenvolvimento e de retorno económico que nunca se concretizam, e instalam os seus negócios sem contrapartidas, empobrecendo regiões inteiras com a cumplicidade dos Estados que deveriam garantir não apenas o pagamento de impostos mas a repartição daquelas mais-valias pelos territórios onde elas são feitas. O valor da borla fiscal agora dada à EDP, 110 milhões, pode ser uma pequena migalha para esta empresa, mas faria uma enorme diferença nestes concelhos, onde resistentes como Meirinhos e tantos outros lutam para que as escolas públicas funcionem, para que o conhecimento não se perca, para que uma tradição musical não desapareça, para que a economia não morra e para que haja país para além dos centros urbanos.
Como pergunta o Movimento Cultural da Terra de Miranda, como é possível que um dos maiores negócios da história de Portugal não pague impostos? É preciso que um escândalo como estes ganhe centralidade mediática para que o Governo atue? Não nos calemos então até que seja feita justiça.
José Soeiro - Expresso - 27/12/2020

25.12.20

COISAS DA CORTE DAS AREIAS (15): A Última Arruada

 

João Diogo Figueiredo, o “Ti João Diogo”, do Contrabaixo na “Música” de Nisa, viu chegada a sua hora e partiu para o outro lado da vida. Foi a 18 de Março último, dia da Procissão do Senhor dos Passos.
Tivesse o senhor João Diogo chegado à Igreja da Misericórdia um pouquinho mais cedo e teria “pressentido e ouvido” pela última vez, a “sua” Banda passar tão perto de si, interpretando fúnebres acordes.
Tinha 97 anos, o senhor João Diogo, feitos no dia 31 de Outubro e porque era um homem respeitável, sempre na “Música de Nisa” o tiveram em grande consideração e estima.
Apraz-nos recordar, aqui e agora, o teor de uma proposta apresentada em reunião de direcção da Sociedade Musical Nisense, de 6 de Janeiro de 2000, que viria a ser aprovada por unanimidade.
Homenagem – Ti João Diogo
Sobre ele, no nº 3 do “Notas e Notícias” de Março de 1997, alguém escreveu:
“Terá chegado a altura de também ele “dizer adeus” àquela Dama que amou e serviu com a dedicação de uma vida inteira, com a ternura e o carinho de quem vive um sonho lindo, com o entusiasmo de quem mantém aceso o fogo de uma paixão ardente.
(...) E, durante setenta e cinco anos, o tio Diogo serviu a Música. É bonito.
(...) O ti Diogo não voltará a envergar aquela farda que, tantas vezes vestiu, com o entusiasmo garboso de um jovem. 
(...) Terá chegado a ocasião de todas as referias gerações testemunharem, publicamente, o reconhecimento de que ele é merecedor.”

A proposta de homenagem, citada, aparece na sequência de uma crónica inserida no órgão informativo da Sociedade Musical Nisense, já referido em cima e que é da autoria do nosso conterrâneo e amigo, Carlos Tomás Cebola, sócio nº 413, a quem a “Música de Nisa”muito deve.
A homenagem proposta foi prestada no dia 28 de Outubro de 2000 e teve lugar no Cine Teatro de Nisa.
A “última arruada” fê-la o senhor João Diogo percorrendo ruas por demais suas conhecidas, só que, desta vez, infelizmente, sem a companhia do seu adorado instrumento musical, mas ainda assim e como derradeira homenagem, envolvido pela bandeira da Sociedade Musical Nisense e acompanhado pelo presidente e o maestro da associação, respectivamente, João Maia e António Charrinho, bem como por alguns músicos e alguns dirigentes do passado.
Descanse em paz, senhor João Diogo.
* João Francisco Lopes in "Jornal de Nisa" nº 228 - 28/3/2007 

OPINIÃO: Ataque à refinaria de Matosinhos não faz nada pelo clima

A decisão da Galp demonstra o erro de privatizar empresas lucrativas e estratégicas. O comportamento do Governo confirma a persistente proteção destes gigantes privados, em detrimento dos consumidores, dos contribuintes, dos trabalhadores e, também, do ambiente.
A Galp anunciou o fim da operação da refinaria de Matosinhos. O desfecho era temido pelos trabalhadores, sobretudo os afetados pela anterior suspensão das atividades, a quem a Administração informou que, durante a paragem, seriam descontados dias de folga, períodos de descanso compensatório e até os dias de férias.
Esta nova e mais drástica operação de contenção de custos põe em perigo os 700 postos de trabalho da refinaria (cerca de 300 efetivos e 400 prestadores de serviços). Apesar do alcance da decisão para a economia e para o emprego na Região Norte, o Governo (representante do acionista Estado com 7,5%) protege a Galp, alegando que estas decisões estão "alinhadas com os compromissos [ambientais] dos acordos de Paris". E vai mais longe, ao admitir que sejam mobilizadas verbas do Fundo para a Transição Justa para compensar as consequências sociais da escolha da petrolífera.
Ao justificar a decisão da Galp como um compromisso ambiental, o Governo não só aceita que o desemprego seja apresentado como contrapartida de uma suposta transição energética, como participa na propaganda que atribui a esta decisão um cunho ambientalista. É falso, perigoso até, tendo em conta a necessidade de mudanças reais para enfrentar as alterações climáticas e de apoio social para as fazer.
O encerramento de uma refinaria, sem alteração dos processos de produção poluentes ou das formas de mobilidade, não reduzirá a quantidade de emissões, mas apenas o local da produção do combustível que as vai gerar. No próprio Plano Nacional Energia e Clima 2030, aprovado pelo Governo, lê-se que "o aumento da capacidade de produção das refinarias nacionais, que permitiu dar uma maior resposta ao consumo interno, contribuiu também para a redução das importações de produtos de petróleo e, por consequência, reduzir o saldo importador".
A Galp já anunciou que pretende expandir a capacidade da refinaria de Sines e manter em Matosinhos as operações de importação e armazenamento. Trata-se, portanto, de uma decisão de gestão pura, com impactos no emprego, na autonomia do país e também na sua capacidade industrial (estão também em causa outras produções da Galp em Matosinhos).
Este ano, já depois de ter despedido (ou dispensado) centenas de trabalhadores em Sines, a Galp entregou aos acionistas, com a Sonangol e a Amorim à cabeça, 580 milhões de euros em dividendos. Em plena pandemia, a decisão não foi contestada pelo Governo, que agora quer compensar os efeitos deste encerramento com fundos públicos para a transição energética.
A decisão da Galp demonstra o erro de privatizar empresas lucrativas e estratégicas. O comportamento do Governo confirma a persistente proteção destes gigantes privados, em detrimento dos consumidores, dos contribuintes, dos trabalhadores e, também, do ambiente.
Mariana Mortágua in “Jornal de Notícias” - 22/12/2020

23.12.20

Os Verdes defendem que a nova linha de Alta Velocidade não pode prejudicar as ligações ferroviárias do interior

O Partido Ecologista Os Verdes ficou apreensivo aquando do anúncio feito pelo Governo de retoma do projeto de ligação ferroviária Alta Velocidade (AV) entre Lisboa/Porto, não por discordar no essencial da necessidade, hoje em dia, do reforço da capacidade instalada,  mas por considerar que estavam a ser equacionadas alterações nas funções da Linha do Norte que levariam a uma maior "litoralização" do país, e das quais discordam.
Os Verdes consideram inaceitável a possibilidade da nova linha AV, poder levar a uma "desqualificação" encapotada da Linha do Norte, ficando esta fundamentalmente vocacionada para serviços regionais, suburbanos e mercadorias, o que poria em causa as funções que hoje desempenha em relação aos distritos de Santarém, de Castelo Branco e de Portalegre e à ligação internacional (Elvas/Badajoz), na resposta que dá em transporte rápido de passageiros, na ligação ao Norte e ao Sul do país.
Perante a necessidade de sensibilizar o Governo para este problema, para o qual o PEV, já tinha alertado quando da  apresentação deste projecto, em 2008, e perante a necessidade de ver esclarecidas um conjunto de outras preocupações, decorreram, por iniciativa de Os Verdes, duas  reuniões com os membros da tutela, Ministro e Secretário de Estado das Infraestruturas, (em sede de conversações sobre o OE/2021 e posteriormente), durante as quais o PEV manifestou as seguintes posições:
1 - O  Partido Ecologista Os Verdes quer que o Governo se comprometa com a manutenção na Linha do Norte de uma resposta ferroviária rápida e funcional (Alfas/Intercidades) e a sua articulação com a Linha AV Lisboa/Porto, por forma a que as estações de Santarém e do Entroncamento continuem e melhorem o serviço rápido de transporte de passageiros, na ligação do distrito de Santarém, do distrito de Castelo Branco (ligação com linha da Beira Baixa), do distrito de Portalegre (ligação com linha do Leste) e  na ligação internacional (Elvas/Badajoz), a Lisboa e ao Porto;
2 - Os Verdes querem ainda que o Governo recoloque a construção da variante à cidade de Santarém,  retirada do PNI 2020/2030, como um investimento ferroviário prioritário, atendendo aos impactos negativos que o atual traçado provoca sobre as encostas do Planalto Scalabitano e  dos quais decorrem riscos para os moradores e monumentos ali existentes e  para a própria linha ferroviária. Estes impactos,  há muito referência  nos relatórios do LNEC e inúmeras vezes comprovados por derrocadas, tem origem na passagem dos comboios mais rápidos, com composições mais longas e mais pesados, nomeadamente os de mercadorias. Esta foi também uma das razões pelas quais, neste troço, a velocidade do  Alfa Pendular foi sempre reduzida.
3 – Os Verdes querem ainda que seja revisto o referido traçado à cidade de Santarém, visto que o traçado que em 2008 foi adotado pela REFER, tinha impactos negativos inaceitáveis sobre a malha urbana consolidada da cidade, em concreto na Portela das Padeiras, pondo em causa a qualidade de vida das populações ali residentes. Para além disso, a localização da nova estação, na Portela das Padeiras, poria em causa as funções que esta estação presta a outros concelhos ribatejanos, como Almeirim, Alpiarça ou Cartaxo, pela inadequação das acessibilidades a uma zona da cidade já bastante congestionada pelo trânsito automóvel.
4- Os Verdes consideram que o Plano Ferroviário Nacional, que vai ser elaborado este ano e que decorre da proposta do PEV aprovada em sede de Orçamento de estado para 2021, deve integrar todas estas preocupações e definir um calendário para a sua concretização.
Os Verdes continuarão disponíveis para dialogar mas não podem aceitar que um novo investimento no litoral do país seja causa ou pretexto para se desinvestir nos Distritos do interior, fragilizar e desequilibrar a rede ferroviária nacional como um todo e continuar a adiar a resolução de problemas de longa data, incluindo de segurança em passagens de nível e obras de arte, em vários pontos há muito identificados e com compromissos assumidos pela Administração Central para com autarcas e populações.
O Partido Ecologista Os Verdes
21 de Dezembro de 2020

PORTALEGRE: Câmara entrega tablets à Liga de Amigos do Hospital

 

A Liga de Amigos do Hospital recebeu hoje, dia 23 de dezembro, na Câmara Municipal de Portalegre, uma oferta de sete tablets, um por cada piso do Hospital Dr. José Maria Grande, uma forma de valorizar e agradecer também o trabalho feito por esta associação.
Segundo a Presidente da Câmara, Adelaide Teixeira, “esta será uma forma de permitir que os familiares possam minimizar o isolamento dos seus entes queridos, devido à pandemia da COVID-19, permitindo, nestes momentos de vulnerabilidade, uma ligação com as suas famílias, tão importante e tão significativa, nesta quadra festiva.
Esta oferta do Município irá permitir, graças às novas tecnologias, que o Natal e o Ano Novo sejam festejados em conjunto, mesmo que virtualmente e à distância, desejando que para o ano de 2021 esses encontros familiares sejam feito pessoalmente, em alegria, saúde e toda a segurança”.

Boletim Epidemiológico COVID-19 - Concelho de Nisa - 23 Dez.


 

VILA VELHA DE RÓDÃO: Concerto de Natal online nas igrejas das freguesias

 

Perante a impossibilidade de realizar os tradicionais concertos de Natal devido à pandemia de Covid-19, o Município de Vila Velha de Ródão vai promover a transmissão online, no dia 23 de dezembro, às 18 horas, de um pequeno concerto natalício pela Banda Filarmónica Retaxense, que conta com atuações em cada uma das igrejas das sedes de freguesia do concelho.
O objetivo desta iniciativa é evocar o espírito da época, fazendo da igreja de cada freguesia o cenário de uma música de Natal e encurtando distâncias através da sua transmissão online, em direto e em simultâneo, no Facebook do Município de Vila Velha de Rodão e da Beira Baixa TV. Após a emissão em direto, o vídeo das atuações será também disponibilizado no site e nas redes sociais do município.
Este é um evento inserido no Festival das Artes da Beira Baixa e decorre no âmbito do projeto Beira Baixa Cultural, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa em parceria com os municípios integrantes e cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e FEDER (Fundo Desenvolvimento Regional). 

PORTALEGRE: Inauguração da Escultura em homenagem a José Régio

Integrada nas comemorações da Evocação do Cinquentenário da morte de José Régio, foi inaugurada hoje, dia 22 de dezembro, uma escultura figurativa não realista, alusiva ao poeta, na Praça da República, entre a sua Casa e o antigo Liceu.
A cerimónia contou com a presença dos dois autores da obra, Maria Leal da Costa e José Luís Hinchado Morales, da Presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Adelaide Teixeira, do vereador João Nuno Cardoso, do responsável da Divisão da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Barbas, da responsável da Casa-Museu José Régio, Maria José Maças e da comissária das comemorações da Evocação do Cinquentenário, Maria José Ascensão, assim como de muitos munícipes, que se reuniram neste dia frio para homenagear o génio do autor da “Toada de Portalegre” .

21.12.20

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA


 Contagem decrescente - Cartoon de Henrique Monteiro in https://henricartoon.blogs.sapo.pt

RÓDÃO: Câmara pede nulidade do licenciamento de central termoelétrica

A Câmara de Vila Velha de Ródão intentou uma ação popular administrativa, a pedir a nulidade da licença de exploração da central termoelétrica da Bioenergy, alegando a defesa da saúde pública e do ambiente. 
Em comunicado enviado ao Diário Digital Castelo Branco, o Município explica que aquilo que está em causa, "é a defesa dos interesses da saúde pública, do ambiente e da qualidade de vida dos cidadãos residentes na área territorial do município, dos quais a autarquia entende ser titular, que são gravemente colocados em causa pelo funcionamento da central termoelétrica".
A contenda que envolve a Bioenergy, Bioe - Sociedade de Produção de Energia, S.A., anteriormente denominada Centroliva - Indústria de Energia, S.A, e o município de Vila Velha de Ródão arrasta-se há vários anos.
A empresa que se dedica à produção de energia elétrica a partir da combustão de biomassa (bagaço de azeitona e resíduos florestais) foi alvo de um despejo administrativo por parte da autarquia em janeiro de 2017, por terem sido detetadas irregularidades no processo de licenciamento.
Nesse ano, após a realização de cinco ações inspetivas e subsequente despacho da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), foi determinada a suspensão da atividade da fábrica.
Contudo, em novembro de 2017, a empresa interpôs uma providência cautelar com vista à suspensão dos despachos da IGAMAOT, que foi aceite pelo Tribunal Administrativo de Castelo Branco (TACB).
Já em janeiro de 2018, o TACB indeferiu também o recurso apresentado por parte do Ministério do Ambiente, permitindo que a Centroliva continuasse a laborar provisoriamente.
Agora, o município de Vila Velha de Ródão intentou uma ação popular administrativa, junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, tendente à declaração de nulidade do ato de licenciamento de exploração para a central termoelétrica pertencente a Bioenergy, Bioe - Sociedade de Produção de Energia, S.A., (antiga Centroliva), titulado pela licença de exploração.
A autarquia argumenta que, "tendo em conta os sucessivos e reiterados incumprimentos ao regime de prevenção e controlo de emissões para a atmosfera registados, pelas autoridades competentes, naquela central de produção de energia elétrica a partir de biomassa florestal e de bagaço de azeitona, o licenciamento da exploração deveria ser considerado nulo".
Esta ação surge na sequência de uma série de iniciativas desencadeadas pela Câmara de Vila Velha de Ródão nos últimos anos, nomeadamente, dois abaixo-assinados e várias diligências junto do secretário de Estado da Energia e do Ambiente e do ministro do Ambiente, "com o objetivo de resolver os graves problemas de poluição atmosférica que se verificam no concelho".
O município sustenta que, por diversas vezes, apelou às entidades com responsabilidades de tutela e fiscalização para que seja feito um reforço da legislação ambiental, que permita "pôr fim aos atentados à qualidade de vida e aos direitos dos cidadãos do concelho".
 in Diário Digital Castelo Branco - 20/12/2020


Apresentado estudo sobre o valor económico e social do património cultural classificado.

2020 culmina com um importante passo para o conhecimento e para o crescimento da valorização do património cultural português 
No passado dia 9 de Dezembro, foram apresentados na PATRIMONIO.PT os resultados do primeiro grande estudo realizado em Portugal sobre o valor económico e social do património cultural classificado.
O estudo Património Cultural em Portugal: Avaliação do Valor Económico e Social, promovido pela Spira - revitalização patrimonial, a Nova SBE e o Observatório do Património, com o mecenato exclusivo da Fundação Millennium BCP. 
Segundo o estudo, que pode ser consultado na sua versão integral ou sintetizada, o património imóvel classificado em Portugal pode gerar o dobro dos visitantes e o triplo da receita de bilheteira. O estudo baseia-se num universo de cerca de 4.500 bens imóveis classificados existentes nos 308 concelhos do país e estima ainda que este património poderia gerar 1 emprego a tempo inteiro por cada 25.000 visitantes/ano e por cada unidade patrimonial, assim como aumentar em cerca de 3% os empregos directos em hotelaria e as dormidas por município. 
Saiba mais em www.valordopatrimonio.pt

OPINIÃO: Gritarmos que vencemos

A covid-19 tem servido de escudo para se justificarem falhanços e abusos. Mas há uma questão em que ninguém pode arguir a covid-19 para desculpar comportamentos que pensávamos já banidos, desde que o 25 de Abril, quando acabou com a PIDE; refiro-me ao bárbaro assassinato de um homem às mãos de três autoridades do SEF que deixou Portugal envergonhado. E toda a lentidão do processo, no apoio às vítimas e na responsabilização deste crime é o sinal de um governo inflexível e de um Presidente da República conivente.
Foi uma brutal violação dos direitos humanos e só nove meses depois, foi prestada a atenção devida. É um episódio que não é novo, nem é único; a diferença, foi a morte do cidadão ucraniano, Ihor Homeniuk. Assistimos a mais do mesmo, com as desculpas esfarrapadas e as promessas adiadas. Um ministro que falhou não pode estar em funções e quem o protege, defende o falhanço.
Esta pandemia mostra-nos a incapacidade do capitalismo em proteger as pessoas e até o seu modelo. Aliás, é este modelo que destrói o planeta e as pandemias podem multiplicar-se, se não mudarmos os nossos hábitos de vida, principalmente na desenfreada indústria alimentar. O geógrafo, David Harvey mostra-nos como a covid-19, parece uma vingança por “anos de maus tratos grosseiros e abusivos da natureza" [1], assim como de hábitos perigosos. O capitalismo fóssil derrotou o Acordo de Paris e o planeta pode estar irremediavelmente perdido.
Ambientalistas e movimentos progressistas, alertam há muito para a forma errada como os governantes têm conduzido o mundo. Não é o apocalipse, mas vamos assistir a cenários de pós-guerra e vai ser necessário salvar as pessoas, em especial da fome, assim como, equacionar um planeta sustentável. Ao contrário, vamos ter um mundo ainda mais desequilibrado com os menos culpados a pagarem a “fatura” do lucro desenfreado. Nada será igual, mas não sabemos como será; as escolhas vão ter que ser feitas por nós, libertos de todos os populismos oportunistas e jogos de poder. É preciso acabar com a vergonhosa ditadura dos mercados financeiros e é urgente acabar com este mundo plastificado, que já entra assustadoramente no nosso organismo.
O vírus tem o apoio irresponsável dos negacionistas, da falta de consciência das pessoas, que deliberadamente não cumprem e das medidas tardias e incompletas do governo. O melhor exemplo deste país do faz-de-conta, é o que se passa nas Escolas e em especial na Saúde, com os envolvidos entregues ao salve-se quem puder. Nem este cenário de guerra, que causa tantas mortes, demoveu os apoiantes do recente O.E., que não reforça a frente de batalha do SNS e não investe nas trincheiras dos que são feridos no duro combate do desemprego. Só se salva a economia se salvarmos as pessoas e os governantes não percebem isso.
Ninguém está livre de sentir os efeitos da covid-19, de uma forma ou de outra, somos todos atingidos. O pior, é quando existe falta de solidariedade e apontamos os infetados como se tivessem lepra, mas quando nos bate à porta, o caso muda de figura. As pessoas que já perderam familiares, os empregos e os negócios, sabem que estamos em guerra; enquanto outros ainda brincam ao faz-de-conta nesta batalha desigual, mas com um inimigo comum que ataca tudo e todos.
Felizmente, também existem relatos dos importantes exemplos de solidariedade e vamos ter que apelar às consciências de que esses exemplos devem ser universais. Resta-nos isso e a esperança da vacina que finalmente está a avançar. A classe do coronavírus é reconhecida desde 1960, como também explica David Harvey, mas a indústria farmacêutica tem pouco apetite em investir na prevenção. Também não aprendemos nada com as outras variantes do SARS, identificadas desde 2003 e não podemos deixar de aprender com a covid-19.
É preciso investir no que é fundamental, apoiar as pessoas, garantir os máximos cuidados. Mas nesta luta que tem sido feita de altos e baixos, avanços e recuos, ficámos a saber que o vírus teve direito a uma prenda no sapatinho. António Costa anunciou uma trégua para o Natal e depois, com mais infetados e mais mortos, voltamos à luta.
Tenham paciência, façam o essencial, evitem encontros que podem alargar as cadeias de contágio. Sabemos que é difícil os avós não abraçarem os netos, é doloroso, os pais não abraçarem os filhos, mas é importante ultrapassar esta pandemia e gritarmos que vencemos.
Paulo Cardoso in Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre - 18/12/2020
[1] Texto publicado na revista Jacobin.    

20.12.20

COISAS DA CORTE DAS AREIAS (14)- Fábula: O falcão peregrino

Em dia impreciso, não recordamos se caía chuva ou brilhava o sol, olhámos o céu e demos por “ele”.
Envolto em auréola, qual Deus, por um momento pairou no espaço, agitando as asas e também o “rabo”, espreitando o chão.
Terá vindo do norte? Ou seria do sul? Bem tratado e emplumado ensaiou poisar. Agradava-lhe o sítio, de largos horizontes e sem concorrência à vista, logo anteviu caça abundante e vai dai, desceu.
Era um tempo em que todas as aves falavam e não só os papagaios, assim ninguém na vila estranhou que este falcão, recém-chegado, o fizesse com excessiva vivacidade até, diz quem o ouviu.
Insinuante para os da sua natureza, era um “duro”: estabelecia regras que adorava romper, ainda assim era tolerante porque temido, no fim de contas era um milhafre.
Caprichoso quando voava alto e para longe, nem cuidava dissimular sentimentos emergidos da alma (têm alma os falcões?).
Do crepúsculo ao ocaso, adorava ouvir músicas este falcão peregrino, fossem elas sopradas, cantadas ou dançadas.
De intelecto apertado, este passarão não era dado, antes detestava, voar em grupo. Ao voo elevado, sublime, preferia o rasante, que impunha porque arrogante, incapaz de ser pioneiro, construindo um qualquer ninho, comportava-se como os cucos, sacudindo borda fora os indígenas, semente construtora, aos quais exigia, pasme-se, lhe piassem louvaminhas  e pagassem tributo.
Nas suas deambulações pelo território, para poupar energias, tinha por hábito atrelar-se aos comboios já com estes a pleno vapor, não atinando depois com a “estação” certa para descer, viajando incomodado e incomodando.
A um papagaio seu conhecido, ouvimos nós dizer que era agora menos assíduo por aqui, que estará até perdendo o pio, bicadas já quase nenhumas, confessou até sentir-se menos apreciado, embora na mesma adulado.
Estará de regresso às origens? Muita sorte e votos para que conserve por muitos anos a “Plumagem”!

João Francisco Lopes in "O Distrito de Portalegre" - 18/3/2010

17.12.20

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA

 

Plano de vacinação |cartoon editorial da revista Sábado - Vasco Gargalo

VILA VELHA DE RÓDÃO: Exposição assinala o Dia da Eliminação da Violência Contra as Mulheres

 


Com o objetivo de assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, o CLDS 4G de Vila Velha de Ródão, um projeto cofinanciado pelo Fundo Social Europeu, em parceria com a Câmara Municipal e o Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão, levou até à Biblioteca do Agrupamento de Escolas a exposição “Aqui morreu uma mulher”, baseada no trabalho dos jornalistas Teresa Campos e José Carlos Carvalho da revista Visão.
Divulgada pela ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, esta exposição é disponibilizada no âmbito do projeto #Parar, Pensar, Agir pela Igualdade# e revela-se uma importante ferramenta de sensibilização para o fenómeno da Violência Doméstica no nosso país.
De forma a alertar e consciencializar os jovens para o facto de a violência doméstica continuar a ser um grave problema da nossa sociedade, a exposição é composta por painéis em tela que reproduzem a reportagem publicada na revista Visão, da autoria de Teresa Campos e José Carlos Carvalho. Este trabalho jornalístico revisita os lugares onde aconteceram femicídios (assassinato de mulheres, por serem mulheres, no contexto de relacionamentos de intimidade), reportagem que foi publicada pela revista, por ocasião dos 15 anos passados desde que a Violência Doméstica se tornou crime público na lei portuguesa. 
As visitas dos alunos à exposição serão acompanhadas pelos professores titulares de cada turma para que seja explicado o contexto da mesma.

PONTE DE SOR: Detido em flagrante por violência doméstica

O Comando Territorial de Portalegre, através do Posto Territorial de Ponte de Sor, ontem, dia 16 de dezembro, deteve em flagrante delito um homem de 67 anos, por violência doméstica, em Ponte de Sor.
Na sequência de uma denúncia de que estaria a ocorrer uma situação de violência entre um casal, os militares foram ao local e encontraram o suspeito a ameaçar de morte a vítima, uma mulher de 66 anos, tendo sido detido de imediato.
O homem, já com antecedentes criminais por ilícitos da mesma natureza, encontra-se neste momento a ser presente ao Tribunal Judicial de Ponte de Sor.

X Quinzena Gastronómica da Caça em Marvão

 

De 19 de dezembro a 3 de janeiro, os apreciadores vão poder degustar, em sete restaurantes aderentes do concelho de Marvão, os melhores pratos confecionados à base de lebre, perdiz, tordo, coelho bravo, javali ou veado, na décima edição da Quinzena Gastronómica da Caça.
Esta iniciativa, promovida pelo Município, pretende afirmar Marvão enquanto destino turístico e gastronómico de excelência, incentivar o consumo de produtos locais, divulgar a qualidade e diversidade da gastronomia marvanense, e dinamizar a economia local.
Açorda de perdiz, arroz de coelho, javali estufadinho, veado assado com castanhas, tordos fritos, almofada de pombo bravo com verduras salteadas e batatinhas, ensopado de coelho com lombardo, codornizes de escabeche e feijoada de lebre, são alguns dos pratos que vão estar disponíveis nas ementas dos restaurantes aderentes, até ao dia 3 de janeiro de 2021.
O calendário gastronómico de 2020 termina com a quinzena dedicada aos pratos de caça, depois da realização das Comidas d’Azeite, em fevereiro, e do Mês Gastronómico da Castanha, em novembro, e do cancelamento das Quinzenas do Cabrito e do Borrego (abril) e do Bacalhau (maio), devido à pandemia de COVID-19.
A autarquia sugere que seja efetuada a marcação prévia, de forma a evitar constrangimentos gerados pela limitação de lugares nos estabelecimentos, onde estão asseguradas todas as normas de segurança e proteção, emanadas pela Direção-Geral da Saúde.

16.12.20

OPINIÃO: O inimigo somos nós

Por causa de uns bilhetes de futebol e umas viagens, António Costa aceitou no passado demissões de membros do seu Governo. Por que espera agora?
“Encontrámos o inimigo, e o inimigo somos nós”, escreveu Paul Krugman há dias, na sua newsletter semanal. Justificava esta conclusão por razões económicas, porque “os conflitos de interesse dentro dos países são muito mais importantes do que os conflitos de interesse entre os países”, mas também por razões políticas. E concluía: “Eventos políticos recentes ensinaram os americanos, pelo menos, a temer o poder crescente de alguns grupos dentro deste país, mais do que tememos alguma ameaça hipotética do exterior.”
O terrível assassinato de Ihor Homeniúk e a grande desatenção que mereceu da maioria das instâncias políticas exige uma reflexão nacional. Como foi possível esta ignomínia e, pior ainda, a tentativa de a encobrir? Por que não nos mobilizámos de imediato para denunciar a barbaridade? Como pode uma democracia conviver com crimes hediondos como este?
Em 1978, Eduardo Lourenço já alertava para esta espécie de incapacidade colectiva de olharmos de frente para nós mesmos: “A regra do jogo, talvez até mais eficaz que no antigo regime, é a da desdramatização de todos os problemas nacionais. Uma Democracia não tem problemas e nós somos uma democracia.”
Mas a verdade é que continuamos a desdramatizar. Ninguém pode ignorar as terríveis consequências que este assassinato tem para todos nós. Ele revela-nos uma imagem repulsiva do funcionamento de um serviço público, inaceitável num regime democrático. As conivências e conveniências que tentaram abafar o caso são igualmente graves. O silêncio à volta dele, que só a insistência jornalística conseguiu quebrar e reverter, tantos meses depois, revela que a questão é bem mais funda. A democracia está a ser desconstruída, como Manuel Alegre tem denunciado em recentes entrevistas: “As democracias não estão a ser derrubadas com golpes de Estado, mas estão a ser minadas por dentro.”
Assistimos à corrosão de instituições que deviam suportar a razão de ser do nosso regime constitucional. Há uma estratégia internacional concertada para enfraquecer as democracias, não com ataques externos ou golpes militares, mas com infiltrações cirúrgicas nas forças policiais e em movimentos de protesto, já que razões para protestar não faltam. Portugal não é imune a essa estratégia. A única forma de a combater é a defesa permanente dos valores democráticos e a vigilância atenta contra todas as violações. A morte de Ihor revela que baixámos as guardas.
Perante este facto, não podemos satisfazer-nos com justificações processuais. A directora do SEF devia ter-se demitido na hora. Eduardo Cabrita devia ter actuado publicamente com a prontidão que uma tragédia exige. As explicações à Embaixada da Ucrânia não dispensavam uma pronta assistência à família de Ihor, que o Governo de António Costa só agora vem assumir. E Marcelo Rebelo de Sousa devia ter alertado os portugueses para esta morte que mancha a nossa Democracia.
O inimigo somos nós. Ou porque facilmente ignoramos o que “vemos, ouvimos e lemos”, ao contrário do que Sophia sempre fez. Ou porque mais facilmente ainda aceitamos desdramatizar o que não tem perdão. Ou ainda porque fechamos os olhos à forma sistemática como as forças anti-democráticas e iliberais estão a ocupar terreno e a minar os alicerces do regime. É tempo de enfrentar o declínio democrático, no mundo e em Portugal, erguendo a nossa voz, sem tibiezas, na condenação de toda a brutalidade e impunidade no exercício da autoridade do Estado. E exigindo, em nome da decência, que Governo e Presidente retirem as devidas ilações do que se passou. Por causa de uns bilhetes de futebol e umas viagens, António Costa aceitou no passado demissões de membros do seu Governo. Por que espera agora?Helena Roseta - Público - 13/12/2020

Município assinou protocolo para a instalação de Centro Qualifica em Ródão

 

A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão assinou, no dia 14 de dezembro, um protocolo de colaboração com a Petroensino – Ensino e Formação Profissional, Lda para a instalação de uma extensão do Centro Qualifica daquela entidade em Vila Velha de Ródão, com vista à melhoria das qualificações da população do concelho.
Esta extensão do Centro Qualifica em Vila Velha de Ródão funcionará num espaço cedido pela autarquia e disponibilizará oferta formativa nas áreas do reconhecimento, validação e certificação de competências adquiridas ao longo da vida, na sua vertente escolar, profissional ou de dupla certificação; e também nas áreas da formação modular e aprendizagem; educação e formação de adultos; desempregados de longa duração e orientação ao longo da vida.
Os Centros Qualifica são centros especializados em qualificação de jovens (denominados por NEET, isto é, entre os 15 e 29 anos, que não se encontrem a frequentar modalidades de formação ou de educação e que não estejam inseridos no mercado de trabalho) e adultos com idade igual ou superior a 18 anos, que têm como objetivo melhorar os níveis de qualificação da população e de empregabilidade dos indivíduos. Estes centros têm como premissas fundamentais a valorização das aprendizagens adquiridas pelos adultos ao longo da vida e a possibilidade efetiva de aumentarem e desenvolverem competências através da realização de formação qualificada.
O Centro Qualifica Petroensino tem como entidade promotora a Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal e o protocolo agora assinado prevê ainda o fornecimento de formação gratuita para os funcionários da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão e a manutenção permanente, em horário de expediente, nas instalações da extensão do Centro, de um funcionário cuja residência esteja fixada no município.

15.12.20

COISAS DA CORTE DAS AREIAS (13): Quem cala..., ou como subir o Tejo até à Idade do Bronze

Este é um título de reportagem, publicado no Diário de Notícias de 13/7/2006. Da impressão causada nos dois repórteres, passeando o Tejo é bem elucidativo o que então escreveram e nós reproduzimos.
O que aqui prende qualquer viajante e o fará seguramente voltar é a situação única de uma paisagem quase comovente”
Sabe-se, de Vila velha de Ródão, descendo o rio, os repórteres, ultrapassaram as Portas de Ródão, deliciaram-se com o “lago”, viram um pouco do Conhal, mas não o passearam, referem os abutres mas, adivinha-se, não os terem visto, deduz-se ainda que uma garça e outras espécies se expuseram à curiosidade dos visitantes.
Invertida a marcha, vão agora subir o rio, olhar as margens e os ribeiros que ali terminam a sua actividade. Aqui, o Enxarrique, “paredes-meias” com o Açafal na margem direita. Um pouco acima, na margem oposto o Fivelro e mais além, finalmente, o ribeiro de S. Simão, na freguesia de Montalvão, a dois passos do rio Sever, fronteira com a Extremadura espanhola. É aqui, nas imediações da foz deste ribeiro, que pode ser vista a maior concentração de figuras de arte rupestre não submersas (estação de S. Simão).
Vila de Ródão/Porto do Tejo é terra muito bonita e da qual muito gostamos, logo após, enquanto jovens e aos fins de semana, nós e outros amigos para lá rolávamos, pedalando e ali chegados, alguns teimavam em desafiar o rio a nado, tempos em que o dito, com correntes inconstantes e por vezes rápidas, não poucas vezes nos assustou.
Tinha, então, o Tejo,  belíssima e muito frequentada praia de areia fina, na margem esquerda, onde por perto vivia – e cremos que ainda vive – uma grande e bem sombreada nogueira onde aconteciam os lanches. Por perto e a montante algumas figueiras estiveiras que pelo S. João tinham por hábito “provocar-nos”, acabando por nos oferecer os seus saborosos e “arregoados” frutos.
Sempre o Tejo nos fascinou, ali ou na confluência do Sever; na Lomba da barca ou no Arneiro, na foz do Figueiró e também na Barca da Amieira. O Tejo é o elo de uma corrente
que não separa, antes une, duas províncias, dois distritos, dois concelhos, meia dúzia de freguesias no nosso território. Dois concelhos com uma história, em muitos aspectos, comum, que se espera ir continuar, pois ambos integram a Naturtejo, o Geoparque e ambos dividem, entre si, o recentemente classificado monumento natural Portas de Ródão.
A exemplo do acontecido com as referências à presença templária em Idanha, que abordámos num escrito anterior (ver “O Santo Graal”- 17/1/07), também neste caso estranhámos que em toda aquela curta mas bem conseguida reportagem, não estivesse presente uma única referência ao concelho de Nisa, tanto mais estranho se for tido em conta que a Arte Rupestre visitada se encontra na margem esquerda do rio, na freguesia de Montalvão (Nisa), o mesmo sucedendo com o Conhal em Santana, e que até os grifos referenciados “namoram” preferencialmente nos penhascos a sul, na Serra da Corga (S. Miguel), voltada ao Arneiro, onde muitos casais nidificam.
Mais justos foram os antigos contadores de histórias dos tempos idos, que souberam e quiseram interligar o território das duas margens, inclusive, através da “Lenda da Faiopa”, belíssima lenda que nos fala de “absorventes paixões” envolvendo mouros e cristãos.
Terminada a reportagem sobre o Tejo, que também é “nosso”, mas não parece, “sobrevoaram” Nisa os repórteres, passando por aqui como “cão por vinha vindimada”, a caminho de um concelho vizinho, mais a sul (1) onde abordaram (mas que atrevimentos!) a temática dos “Bordados”, de que Nisa – dizem “eles” por aí – é capital do Norte Alentejano.
Bons parceiros tem Nisa, mas a estas “maldades” bom seria denunciá-las. Endereçá-las para as calendas gregas é que não!
Mais do mesmo
“De um lado chove, do outro faz vento”. E nós aqui no meio... Quiseram os deuses colocar-nos bem nos extremos. Extremo sul da Naturtejo, extremo norte da Região de Turismo do Norte Alentejano.
Assim sendo, “nós aqui no meio”, seríamos “Centro”, lugar de convergência, semelhança... entre organismos..., tendência para um mesmo resultado.
Uma ova! Até parece, isso sim, voltarmos novamente à era do “salve-se quem puder!”, utilizando a velha fórmula de puxar cada vez mais “a brasa à sua sardinha”.
Em Janeiro deste ano, publicava o jornal Fonte Nova pela pena de António Barradinhas, uma reportagem sob o título “Castelo de Vide, Marvão e Portalegre – Triângulo Turístico”, onde se escreve que o conceito não é recente, “já vem dos anos 60”. 
Documentos dos anos 40 temos nós que atestam que já se usava e abusava da expressão, vinte anos antes. Sempre estranhámos o entusiasmo assumido na mensagem divulgada através dos tempos, como se nos restantes 12 concelhos do distrito pouco ou nada exista em termos turísticos, monumentais ou históricos.
Têm razão os “autarcas do Triângulo” quando referem que “o turismo e designadamente as regiões mais pequenas devem começar a ser vistas de uma forma integrada, já que só em conjunto é que poderá haver alguma expressão, alguma força”. 
Sendo esta uma grande verdade, há que praticar a coerência do discurso, além do mais foi esta a razão e o espírito que presidiu à junção de todos os 15 concelhos na Região de Turismo do Norte Alentejano. Ou não terá sido?
Diz-se estar nos plano do Governo acabar com as regiões de turismo, minguá-las em número e rebaptizá-las com outros nomes. Muito bem. Na nova fórmula, só podemos esperar ser tratados como iguais, pode até acontecer inventarem uma nova forma geométrica para o espaço e finalmente, possamos assistir, por mais justa, à promoção por igual de todos os concelhos que formam o distrito de Portalegre.
Como é sabido – pelos vistos, não por toda a gente – o Norte do Distrito começa no Tejo, nunca na Ribeira de S. João ou no Ribeiro do Sor. 
Quem de direito, deve estar atento e denunciar, tomar posição. Calar, não vale, pois, “quem cala...”.
Notas
(1) Castelo de Vide

EFEMÉRIDE
Em 23 de Fevereiro de 1927, segundo a “Revista Turismo – Janeiro/Março de 1947”, a Câmara de Nisa, sob a presidência do dr. Mourato Peliquito, celebrava festivamente a inauguração da luz eléctrica. Fez, agora, 80 anos.
João Francisco Lopes in "Jornal de Nisa" - nº 232 - 23/5/2007

VILA VELHA DE RÓDÃO: Crianças do concelho celebram Natal com vídeo de Boas Festas

De forma a celebrar a quadra festiva que se aproxima e desejar um Feliz Natal a toda comunidade escolar, o Município de Vila Velha de Ródão desafiou os alunos do Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão e as crianças que frequentam a creche da Santa Casa da Misericórdia local a darem largas à imaginação e criarem um vídeo de Boas Festas, que será transmitido nas plataformas sociais do município a 18 de dezembro.
Através desta iniciativa, a autarquia pretende de alguma forma minimizar o impacto
provocado pela impossibilidade de realizar as habituais festas que marcam esta época do ano, em particular, a tradicional Festa de Natal do Agrupamento de Escolas, um momento sempre muito aguardado pelos mais pequenos.
Procurou-se assim garantir a proteção de todos e estimular a sua imaginação para a
criação de novas formas de celebrar, através da elaboração de uma coreografia em vídeo que será transmitida no dia 18 de dezembro, no Facebook do Município Vila Velha de Ródão.

CRATO: Sorteio de Natal dinamiza comércio local

A Câmara Municipal do Crato lança, amanhã, 16 de dezembro de 2020, uma campanha de apoio ao comércio local na quadra natalícia denominada “Por tudo e por todos compre no comércio local”, incentivando ao consumo de produtos, bens e serviços de proximidade. 
Trata-se de um sorteio de prémios em que, para concorrer e habilitar-se ao prémio, o consumidor tem que preencher cupões que lhe são oferecidos no final das suas compras.
Por cada 10 euros em compras no mesmo estabelecimento comercial, o consumidor recebe um cupão que terá que preencher de forma legível e depositar num recetáculo no estabelecimento onde lhe foi atribuído o cupão. Deve guardar todas as faturas que estiveram na origem do preenchimento do sorteio para poder reclamar o prémio caso seja o contemplado.
Todos os cupões são depois reunidos junto do comércio local para sorteio de extração direta por parte da Câmara Municipal do Crato. Serão atribuídos 17 prémios a 17 diferentes consumidores (no caso de sair a uma mesma pessoa a extração repete-se), num valor crescente e num total de 2.500 euros por sorteio. Serão realizados seis sorteios a 22 e a 29 de dezembro e a 5, 12, 19 e 26 de janeiro de 2021. 
Os prémios para o sorteio de 22 de dezembro são:
1º prémio: Salamandra/recuperador de calor; 
2º prémio: Frigorífico combinado; 
3º prémio: Placa de indução;
4º ao 17º prémio: Cabaz de produtos no comércio local 
Consulte o normativo no seguinte link: https://bit.ly/3mgmJWI

14.12.20

ALPALHÃO: As fotos do Arquimino (I)

 



Fotos de Arquimino Rosa em Alpalhão

HOMENAGEM A UM GRANDE AMIGO DE ALPALHÃO: ARQUIMINO ROSA

Soube, à momentos, da morte do professor Arquimino Rosa, um amigo que conheci por ocasião do Carnaval Alpalhoeiro, interessado, tal como eu, no registo fotográfico e divulgação das festas e tradições alpalhoenses. A fotografia, ou melhor, a "conversa sobre as máquinas", puseram-me em contacto com um amante das tradições locais, da história, do património, do mundo rural. Arquimino Rosa tinha uma "queda" especial para a fotografia. Captava o instante ou o pormenor de ângulos imprevistos e o resultado era, invariavelmente, um rosto, um gesto, um requinte etnográfico que escaparia a qualquer olhar. Menos ao dele. Nesta página e noutras sobre o concelho de Nisa, tenho mostrado "As Fotos do Arquimino", ainda há poucos dias tinha aqui publicado uma. Não o sabia doente e a sua morte - cuja notícia partilhei da net - apanhou-me de surpresa, sabendo-o um pouco mais novo do que eu. Não conhecia muito bem o Arquimino, mas o suficiente para saber que era um Grande Amigo de Alpalhão, terra onde o encontrava na prática e no prazer da arte que o fascinava: a fotografia. E um grande legado, nesse aspecto, nos deixou. Fotos que continuarei a colocar aqui, a divulgar, agora, infelizmente, acompanhadas da lembrança dolorosa da sua morte. 
O Arquimino Rosa deixou-nos e Alpalhão perdeu um grande amigo. A todos os seus familiares e amigos expresso as minhas sentidas condolências. 
A NOTÍCIA
Arquimino Rosa, antigo professor em Tomar, morreu neste domingo, dia 13, no hospital da cidade, vítima de cancro, doença que o atormentava há cerca de cinco anos.
A informação foi avançada pelo seu irmão, Ludovico Rosa, também ex-professor.
Arquimino tinha 64 anos, era casado com Maria João Rosa e deixa dois filhos.
Foi professor na escola básica Infante D. Henrique e na escola de Valdonas.
As cerimónias fúnebres realizam-se nesta segunda feira, dia 14, a partir das 14h30, no crematório do Entroncamento.
À família apresentamos sentidas condolências.
in www.tomarnarede.pt


13.12.20

ÉVORA: Exposição fotográfica "Ilhéus" - Moira Forjaz

Horário: terça-feira a domingo | 10h00 >13h00 / 14h00 >18h00
Exposição patente ao público desde 19 setembro até 28 março
Localização: Centro de Arte e Cultura - Fundação Eugénio de Almeida
​Moira Forjaz exibe uma série de retratos fotográficos de habitantes da Ilha de Moçambique, cidade geminada com Évora desde 1997. A exposição convida-nos a um diálogo com essa distância, mediado pela cor e pela luz que dominam os retratos.
Informações Adicionais
​Contacto: +351 266 748 300/350 | geral@fea.pt
Site: http://www.fea.pt
Organização: Fundação Eugénio de Almeida
Preço: Entrada livre

OPINIÃO: Antes as lágrimas de Temido que o silêncio de Marcelo

São incompreensíveis as explicações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a sua tardia actuação no caso da tortura e assassinato do imigrante Ihor Homenyuk.
Anteontem, durante um discurso no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Marta Temido, a ministra da Saúde, emocionou-se, teve dificuldade em conter as lágrimas, ao falar do papel daquele organismo e dos seus profissionais durante o combate da pandemia. Apesar de o mundo continuar a ter uma quota não negligenciável de gente insensível, e por vezes mesmo imbecil, é com saudável naturalidade que se percebeu que a maior parte das reacções, mesmo de quem é crítico da actuação da ministra, foram de compreensão e apoio para com alguém que nos últimos meses tem arcado com a tensão de estar no centro do furacão.
Isto só torna mais incompreensíveis as explicações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a sua tardia actuação no caso da tortura e assassinato do imigrante Ihor Homenyuk e do seu silêncio com a família. Quem teve um mandato como “rei” dos afectos e dos telefonemas celebratórios deveria perceber que, sendo uma excepção no seu percurso, mais valeria assumir o erro do que procurar explicações na rebuscada ideia de que “não devia abrir uma excepção” quando havia “uma investigação criminal em curso”.
Este refúgio na atitude burocrática só vem reforçar a grave falha de empatia do Estado português, incapaz de entender que perante os contornos tão claros do horrendo crime cometido não deveria hesitar em confortar e amparar a família do ucraniano assassinado. Essa foi também claramente a falha do ministro Eduardo Cabrita, a que acresce a incapacidade de perceber que perante tão grave quebra nas obrigações do Estado a procura da culpa é curta, o mal não fica sanado sem que alguém assuma também a responsabilidade.
Mas não vale a pena acharmos que só “eles” (os políticos) falharam. Um pequeno exercício que não obriga a um grande esforço: quantos, nesses idos de Maio, se juntaram no coro de protesto por causa da morte do norte-americano George Floyd e palmilharam as redes sociais e as ruas imbuídos pelo espírito do Black Lives Matter e quantos o fizeram em nome de Ihor Homenyuk? Tal como agora fazem os políticos, é muito mais fácil deixarmo-nos ir na onda do que criar uma. Somos mesmo todos humanos, não somos? É bom que nunca o esqueçamos, especialmente nos momentos mais difíceis.
David Pontes - Público -13/12/2020
* Peso morto - Cartoon de Henrique Monteiro in https://henricartoon.blogs.sapo.pt

12.12.20

COISAS DA CORTE DAS AREIAS (12) : Pontes do Passado – Ligações ao Futuro (6)

Eis aqui um tema que já devia ter sido esgotado há uma boa meia dúzia de meses. Mas tal não foi possível, por motivos que não vêm agora ao caso. Vamos agora fechar esta figura das “Pontes do Passado”, testemunhos e guardiãs de acontecimentos e memórias já distantes no tempo, e por via disso, a caminho do esquecimento.
O Ribeiro de Fevelro tem uma ponte (entre outras) que referimos a seguir pela sua originalidade e antiguidade.
Vamos encontrá-la no antigo caminho do Pé da Serra para Salavessa, cerca de 200 metros a jusante do actual em serviço, na estrada que liga as duas povoações. Tem simples mas robustos pilares (2) que suportam, ou suportavam, o tabuleiro, como se vê nas fotografias que ilustram o texto. São construídos em pedra (xisto), razoavelmente altos, unidos por grossos troncos de madeira aparelhada em quadrado, quatro em cada arco.
É a típica ponte por aqui chamada de madeira, sendo certo não o ser na totalidade, bem pelo contrário.
Por aqui, o Fevelro corre sereno, em parte porque alguns açudes, bonitas e bem concebidas obras de arte, lhe refreiam a pressa, pressentindo já por perto a presença do majestoso rio Tejo, seu destino final, ali pertinho do “Buraco”.
Grandes pescarias se fizeram por ali, imediações da Foz, tanto maiores se contadas pelos próprios, sabidos pescadores da nossa terra que para o sítio se deslocavam, em bicicleta ou motorizada, ocasionalmente em grupo um qualquer “pó-pó” já idoso, gasolina paga por todos, recorrendo ao velho e sempre actual processo da “vaquinha”, contas feitas logo ali no Monte do José dos Santos.
Também nós algumas vezes, poucas, por lá andámos pescando, o que não acontecia mais a montante, sítios do Monte Queimado, do Pai Lázaro, do Pinheiro, onde também fomos parceiros na destruição de espécies como o Bordalo, menos espertos que as esguias enguias que nunca capturámos e que eram abundantes naquelas límpidas e espelhadas águas do Ribeiro de Fevelro.
Neste espaço existem dois pontões de pedra, bem pertinhos um do outro (70 metros), estreitos porque só para pessoas ou animais, estilo antigo, mas que nos garantem não ser bem assim (terão menos de 100 anos), informação que aceitamos, embora duvidando, ao menos, de um deles, já o outro garantimos até ter sido construído por alguém da família “Estudante” de Pé da Serra. Um deles tem tabuleiro, o outro, somente os pilares.
Ao longo do ribeiro, contemplando-o e às pontes, muitas “coisas do tempo dos mouros” por lá existem, espreitando quem por ali passeia, esperando alguns artefactos serem transferidos para um qualquer Museu Municipal de Nisa, que um dia nascerá.
Pontão do Vale da Boga
“Joinha”, assim lhe chama o professor Jorge de Oliveira, distinto arqueólogo da Universidade de Évora.
Finalmente restaurada em 2006, aguarda e agradece a visita dos apreciadores destas “coisas”. O ribeiro que sob o dito pontão corre é o da Bruceira, ou Vale da Boga, nome adquirido após a junção, ali pertinho e a montante, dos regatos das Romãs e do Retiro.
Tem este ribeiro, dois conjuntos de passadeiras (poldras) que se avistam mutuamente pela proximidade (80 metros).
O primeiro conjunto após o pontão e no sentido descendente serve a Azinhaga da Fonte do Cão, o outro situa-se na antiga via romana que ligava a antiga cidade de Ammaia (S. Salvador da Aramenha) ao norte de Portugal, descendo até aqui após passagem pela Fonte do cego, sendo que ambos os caminhos, tal qual o do pontão do Vale da Boga, feitos já um só, se encaminhavam para vários destinos após entroncarem na “Carreira Velha”. Das passadeiras descendo com o ribeiro, seguia vereda não pública, utilizada a “butes” pelos funcionários da Hidra (HEAA) que se deslocavam para as oficinas da Central da Bruceira.
O troço final desta caminhada diária de 3,5 Km era feito até à estrada para Montalvão pela tapada da Fonte da Bica, que tinha, não sabemos se ainda tem, uma fonte com este nome.
O pontão do Vale da Boga é muito bonito, estreito, um pouco arqueado, pena é que por ali corram as águas da ETAR de Nisa, não fosse isso e bem que o espaço poderia ser alindado e aproveitado para ali passear, “matando” um pouco do tempo que vai sobrando.
Junto à Foz, na Ribeira de Nisa, conhecemo-lo bem, a este ribeiro, andámos por ali 40 anos, vimo-lo correr somente águas provindas do céu, e era um espectáculo ver as bogas saltar junto à ponte e nadar apressadas corrente acima aquando da desova. Esta ponte que referimos, na Estrada para Montalvão, conhece-a o leitor? Quantas vezes, a transpôs? Provavelmente muitas e já parou para a olhar? Faça-o e vai ver que valeu a pena, tem muito mais de 100 anos e não resistimos a fazer-lhe referência pelo estilo, originalidade das linhas, é toda ela em granito, toda ela uma riquíssima obra de arte do património concelhio.
O pontão do Vale da Boga, sabe-se agora, no sítio não está só, faz-lhe companhia, uma outra valiosa peça do nosso património, um recém descoberto Menir no alto da colina volta a poente, descoberta que fica a dever-se aos arqueólogos João Caninas e Francisco Henriques, nossos vizinhos de Vila Velha de Ródão, menir que já visitámos na companhia  do professor Jorge de Oliveira que ali se deslocou a confirmar a autenticidade do achado.
Tem este menir, a que os autores da descoberta baptizaram da “Fonte do Cão”, cerca de metade do tamanho do outro, o do Patalou, sendo que ambos, fazendo jus à condição de bons alentejanos, teimam em permanecer deitados dormindo o sono dos justos.

João Francisco Lopes - “Jornal de Nisa” - 19/3/2008