28.1.12

NO RASTO DA MEMÓRIA - Janeiro de 1992

 6 – Alunos e professores da escola Secundária de Nisa cantaram as janeiras pelas ruas da vila, em solidariedade com Timor Leste.
11 – Morre em Évora, vítima de acidente de viação, o dr. António Louro Carrilho, natural de Salavessa, docente na Universidade de Évora e com diversas obras publicads no domínio da filosofia e da pedagogia.
11 e 12- Decorre nas instalações dos Bombeiros, a 1ª Feira do Mel de Nisa.
18 – O presidente do Instituto Português do Livro e da leitura visita as obras da Casa da Cultura, em Nisa.
19 – Resultados preliminares dos Censos 91, dão ao concelho de Nisa, entre 1981 e 1991, uma ligeira diminuição da população e um aumento do número de alojamentos e de edifícios.
25 e 26 – Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico de Nisa promove exposição de pintura e artes decorativas.

27.1.12

NISA: Festival de cinema "Urânio em Movimento"

Nisa acolhe durante dois dias - 12 e 13 de Fevereiro -  o Festival Internacional de Cinema alusivo ao tema "Urânio em Movimento". A iniciativa pretende sesibilizar a população para os malefícios da extracção do urânio e suas consequências a nível ambiental e da saúde. O programa do Festival "Urânio em Movimento" é dirigido também à população escolar e contempla a realização de debates  com especialistas e os realizadores Norbert G. Suchanek e Márcia Gomes Oliveira.
 PROGRAMA  (2 dias):
Domingo - 12 Fev. - 16 h
* YellowCake- Brock Williams
* Urânio em Nisa, Não! - Norbert G. Suchanek
 2ª Feira - Dia 13 - 15 h
* Sede do Urânio por Água - Norbert G. Suchanek e Marcia  Gomes Oliveira
Depois dos filmes haverá debate com a presença dos realizadores do 2º e 3º documentário e especialista.
YELLOWCAKE - Sinopse
Da exploração à produção de combustível, este documentário relata a contaminação, o alto consumo de água, a geração de resíduos tóxicos e radioactivos, os custos do contribuinte americano com os subsídios do governo a esta exploração, os impactos na saúde e as emissões de CO2 que são causados pelo ciclo do combustível nuclear. Cada fase tem o seu próprio impacto de devastação ao meio ambiente e à população em redor, nos aspectos socioeconómicos, saúde e segurança. Este filme lança um olhar mais profundo sobre factos que são frequentemente deixados de lado. Os EUA estão no caminho do Yellowcake. Diante desta informação devemos fazer a pergunta necessária: É isto o que realmente queremos? Este pequeno documentário foi criado por Boxcar Films, em 2009, para explorar o “front-end” da produção de combustível nuclear. A curta foi financiada pelos Cidadãos do Colorado Contra Lixo Tóxico.
Ficha Técnica
Titulo Yellowcake
Realização Brock Williams
Género Documentário
Duração 10’ / cor
Áudio inglês/legenda português
Nacionalidade EUA
Ano de Lançamento 2009
* URÂNIO EM NISA; NÃO! - Sinopse
Nisa é um exemplo de resistência a uma ameaça à sustentabilidade local.
Nesta pequena vila, ao norte do Alentejo, cidadãos e cidadãs se manifestaram contra a ameaça da mineração de urânio, antes que ela viesse a se concretizar. O filme é uma homenagem a este movimento de prevenção exemplar para o mundo, em um dos países onde começou a era atômica. As primeiras minas de mineração de Portugal forneceram a matéria prima para o Laboratório de Marie Curie, em Paris, e aos laboratórios criadores das bombas atómicas nos Estados Unidos e Inglaterra.
Realização: Norbert G. Suchanek,
Produção: Marcia Gomes de Oliveira,
Género Documentário
Nacionalidade Alemanha/ Brasil
Duração 20’ / cor
Ano Lançamento: 2012.
Estreia Mundial.

A SEDE DE URÂNIO POR ÁGUA - Sinopse
 Este documentário é sobre a mineração e prospecção de urânio na Namíbia, os seus efeitos sobre a população local, o meio ambiente e a escassez de água no Vale Kuiseb. A Namíbia tem duas minas de urânio, outras dez estão em plano. A exploração está a acontecer no território do povo Topnaar-Nama. Os seus recursos naturais e as suas próprias vidas estão em perigo. A mineração de urânio não apenas produz poeira radioactiva, também desperdiça enormes quantidades de água, destruindo a terra natal dos Topnaar-Nama. O foco do filme é as aldeias Nama ao longo do Vale Kuiseb e o Rei Nama Samuel Khaxab que iniciou uma campanha para informar o seu povo sobre os riscos ambientais e da radioactividade causados pelas minas de urânio. Queremos parar a mineração de urânio, diz ele.O povo indígena Nama é parente dos San, no Kalahari. Eles compartilham a mesma família linguística com base nos sons de estalos click-clack. Situados ao sul da África, entre Angola e África do Sul, os Nama (chamados também de Hottentot) foram primeiro explorados pelos colonizadores britânicos e alemães que os expulsaram da maior parte das suas terras ao longo da costa da Namíbia, devido à grande quantidade de diamantes que possuíam. Depois, foram colonizados pela África do Sul e seu aparthaid. Hoje, expulsos de quase totalidade de seu território em nome da conservação da natureza. O que lhes resta é o Vale Kuiseb.
Ficha Técnica
Titulo A Sede do Urânio por água
Realização Norbert G. Suchanek & Marcia Gomes de Oliveira
Género Documentário
Duração 27’ / cor
Áudio inglês/legenda português
Nacionalidade Brasil/Alemanha
Ano de Lançamento 2010

26.1.12

NISA: Detenção pelo crime de extorsão

COMUNICADO DA GNR
"Tendo sido recolhida informação de que um cidadão residente em Nisa era vítima de extorsão por parte de um outro, também ele residente em Nisa, o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) do Destacamento da GNR de Nisa deu início à necessária e competente investigação desse crime.
Apurou-se então que após uma promessa de negócio, em que havia a oportunidade de comprar alguns produtos a um custo muito inferior ao de mercado, foi subtraída à vítima uma quantia significativa em numerário, acabando no entanto por se gorar esse mesmo negócio. Algum tempo depois a vítima foi novamente abordada, sendo-lhe dito que teria de entregar mais dinheiro, isto porque o negócio era ilegal e se ele não pagasse seria denunciado e acabaria preso. Nessa altura, a vítima entregou ao outro individuo nova quantia em dinheiro, pensando que assim resolveria a questão.
Novamente passado algum tempo, de novo recebeu as mesmas ameaças, sendo que acabaria por confessar à Guarda a situação de inquietação e tormento em que vivia.
Assim, ontem dia 25JAN12 foi delineado pelo NIC um esquema de marcação de notas do BCE com um reagente fluorescente invisível, próprio para o efeito, num total de 1000 €, que seriam entregues ao suspeito e que ficaria assinalado por estas.
Montada vigilância ao local, que fora previamente acordado, pelos militares do NIC, acabaria por ser detido o suspeito, do sexo masculino e de 27 anos de idade, depois de já se encontrar na posse dos 1000€.
Após a detenção verificou-se, ainda, que o individuo tinha em seu poder 7,3 gramas de Haxixe.
Presente ao Tribunal Judicial de Nisa, ainda ontem ao fim do dia, foi-lhe aplicada, em sede de primeiro interrogatório judicial de arguido detido, a medida de coação de permanência na habitação fiscalizada por vigilância eletrónica (pulseira).
O Comando Territorial de Portalegre alerta e aconselha todos os cidadãos que sejam vítimas ou lesados de algum crime a denunciar esse facto à Guarda, que tomará todas as medidas no âmbito das suas capacidades e atribuições para que cesse a ação criminosa, e possam ser presentes os suspeitos à autoridade judiciária competente."

DORA MARIA entrevistada pelo "O Mirante"

Dora Maria, a fadista com raízes nisenses, deu uma interessante entrevista ao semanário "O Mirante", um dos mais importantes órgãos de comunicação da imprensa regional e particularmente do Ribatejo.
Aqui deixamos registada as impressões da nossa conterrânea, com a devida vénia ao jornal "O Mirante".
Dora Maria é uma fadista que gosta de cantar o mar e o amor e que já se desiludiu da aventura na política
A professora de Abrantes que canta o fado a dançar
Dora Maria, 36 anos, lançou em Abril do ano passado o seu primeiro trabalho: “Mar de Tanto Amar”. No domingo, 29 de Janeiro, pelas 16h00, é este espectáculo que leva a todos os que acorrerem ao Cine-Teatro da Chamusca, terra natal de dois dos seus acompanhantes, Bruno Mira, na guitarra portuguesa, e João Chora, na viola de fado. Pretexto para conhecermos um pouco melhor esta professora de Abrantes que dá aulas em Alpiarça e canta o fado a dançar, espontaneamente.
Começou a ouvir a mãe a cantar fado para os amigos e para a família. Aquilo soava-lhe bem aos ouvidos. Dora Maria, voz rouca a emoldurar um rosto bonito, diz que sempre gostou de cantar, fosse fado ou outro género musical. Fez parte de um coro da igreja, participou em festivais da canção infantil, enfim, em tudo o que metia música à mistura.
Apesar de ter renegado o fado na adolescência, nos anos 80, “porque era foleiro os jovens cantarem o fado”, havia de se render à arte mais tarde, quando foi estudar Português-Francês para Beja. Com a música sempre a palpitar no coração, entrou para a Tuna Académica, da qual fez parte cinco anos. “Havia alguns fados no repertório e, como viram que tinha algum jeito para a coisa, puseram-me como solista. Lembro-me que cantava Dulce Pontes, que era uma nova forma de cantar fado”, conta a O MIRANTE numa sala da Casa Museu dos Patudos, em Alpiarça, vila para onde se desloca todos os dias de Abrantes para dar aulas de ensino básico.
Foi com 18 anos que se apercebeu que não podia viver sem cantar fado. “Aquilo sai-me com toda a alma e procurei cantar numa casa de fados em Beja, chamada Ufos, por onde passaram nomes como Ana Sofia Varela e o António Zambujo”, recorda.
Na altura, apesar de ser mais nova, a razão falou mais alto que o coração. Não querendo descurar os exames, uma vez que se encontrava no último ano do curso, lamenta ter rejeitado o convite de um grupo que ia actuar no Pavilhão da Argentina, durante a EXPO’98. “Ouviram-me e consideravam que seria interessante aliar o tango ao fado. Mas não aceitei. Se calhar teria sido uma experiência única”, reconhece.
Amor e mar
Não é que desgoste de ser professora mas é a cantar fado que se sente realizada, até porque é uma actividade que respeita os seus horários de noctívaga assumida. “Gosto de viver de noite e dormir de dia. Gosto da noite e custa-me imenso levantar cedo. Mas as coisas não estão fáceis e tenho que empurrar as minhas duas vocações, os meus dois barcos”, atesta.
A linguagem empregue remete para o nome do seu primeiro álbum, lançado em Abril de 2011, que se chama “Mar de Tanto Amar”. Dora Maria gosta de cantar o mar e o amor, unindo-os em metáforas. Foi ela que escreveu o poema que dá nome ao CD, que pode ser comprado após os seus espectáculos ou através da página de fãs que tem no facebook. Ao todo canta 14 temas alguns dos quais com sonoridades originais emprestadas pela arte do acordeão de André Natanael Teixeira ou pela flauta transversal de Ricardo Alves.
Tem em Amália Rodrigues, Fernando Farinha, Fernando Maurício as suas referências musicais, admirando ainda alguns fadistas da sua geração como Kátia Guerreiro ou Ricardo Ribeiro.
“A minha política é a música”
Dora Maria Valente Caldeira nasceu em Lisboa a 19 de Junho de 1975 mas com sete meses os pais mudam-se para Abrantes, numa tentativa de aproximação às suas raízes alentejanas de Nisa, Portalegre. Nunca actuou nas festas do concelho de Abrantes mas já subiu ao palco do Cine-Teatro S. Pedro. Recorda que antes de começar a cantar com a nova formação de músicos (Bruno Mira e João Chora) pertenceu, durante alguns anos, a um grupo de fados amador de Abrantes mas pouco se passava na cidade.
“Abriu um restaurante na cidade e desafiei para que se fizesse lá uma noite de fados pelo menos uma vez por mês. Neste momento, tem havido noites de fados em Abrantes em restaurantes, associações ou salões”, conta satisfeita por ter espoletado a rotina de fado em Abrantes.
No seu trajecto, a fadista abrantina conta ainda com uma passagem pela política que a desencantou. Numa altura em que quis ter uma participação mais activa como cidadã concorreu nas últimas autárquicas à presidência da Junta de Freguesia de Alferrarede pelo PSD. Perdeu para o candidato socialista, acabando por ser eleita membro da assembleia de freguesia.
Apesar da desilusão não se arrepende. “Foi uma experiência pela qual me dei de alma e coração mas, sinceramente, não tenho vontade de continuar. Vou cumprir o mandato até ao fim mas depois saio. A minha política é a música”, atesta.
Uma tarde de fados na Chamusca
O espectáculo “Mar de Tanto Amar” que sobe ao Cine-Teatro da Chamusca no domingo, 29 de Janeiro, realiza-se de tarde para ir ao encontro das pessoas desta terra. Ao longo da tarde vão ser cantados 17 ou 18 fados de compositores tradicionais, dois originais (com composição de José Horta, músico do Tramagal e poemas de José Alberto Marques, um poeta de Abrantes).
Em cima do palco, André Natanael Teixeira (acordeão) e Ricardo Alves (flauta transversal), emprestam sonoridades diferentes ao fado. Na guitarra portuguesa está Bruno Mira e na viola ao fado João Chora que é convidado para cantar alguma coisa. No contrabaixo vai estar Rui Santos. “Há ainda um momento de poesia, por Raúl Caldeira, porque o trabalho dos poetas é muito importante para os fadistas”, refere Dora Maria.
E se o público está à espera de ver em cima do palco uma fadista estática, a sentir de olhos fechados as palavras, desengane-se. É que Dora Maria não consegue cantar o fado sem ondular a cintura, como se essas palavras a serpenteassem, coreografando o que canta. “Aquilo sai-me espontaneamente, não é premeditado. Se não fossem as pessoas a dizerem-me que o faço, não tinha reparado mas tenho uma vocação para a dança”, refere.
E, por este motivo, os olhos de Dora Maria falam com entusiasmo da estreia do espectáculo “Fados de corpo e alma”, onde João Chora participa com voz, no dia 25 de Fevereiro, no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, onde bailarinos de danças de salão vão coreografar fados.
in "O Mirante" – 26/1/2012

D: ROSA FELÍCIO: Um século de vida

Completou no passado dia 20 de Janeiro (Dia de S. Sebastião) 100 anos de vida, a senhora D. Maria Rosa Felício, natural de Arez e mãe da prof. Celeste Felícia Marques Alvega de Matos e da drª Leonilde Felício Marques. À feliz centenária e seus familiares endereçamos os votos de Parabéns.

NISA: A Festa do Mártir Santo 2012









25.1.12

ESCRITORES DO CONCELHO (7) -Festa na Aldeia

HOUVE FESTA NA ALDEIA
Este ano não há festa religiosa
Disse certa vez um padre autoritário
A vossa conduta não tem sido famosa
Palavras firmes vindas da boca do vigário
A sentença acabava de ser declarada
O povo não entrou em pânico nem em guerra
E a festa continuava a ser preparada
Pela juventude daquela terra
As lamentações surgiram de toda a população
E ninguém queria acreditar
Vamos nós fazer a procissão
Já que o padre não quer participar.
Houve silêncio, respeito e alegria
Houve fé e emoção participada
E toda a gente daquela terra dizia
Que o padre não fez falta para nada.
Jorge Pires

24.1.12

CULTURA: António Estaco, pintor alentejano

António Teixeira Estaco, de nome completo, nasceu em Alpalhão, concelho de Nisa, distrito de Portalegre no ano de 1895 e faleceu em Abrantes em 1956.
Distinguiu-se muito cedo pelo seu talento verdadeiramente precoce. Os seus quadros caracterizam-se pelo seu sentimento profundo, aliado á natureza, captando bem a atmosfera alentejana numa interpretação sem artifícios, enquadrando esteticamente as imagens do Alto e Baixo Alentejo.
Fiel aos panoramas figurativos, em toda a obra pictórica reside uma expressão de colorido, incluindo numa nota de sensível lirismo poético, através de uma policromia onde os aspectos criativos apresentam um acervo de perspectivas plásticas.
A sua paixão pelo Alentejo vive com certo fulgor nos temas representados a ele referente.
Alberto de Sousa, pintor aguarelista que a Évora dedicou uma grande parte do seu génio criativo, a António Estaco se refere em certa passagem num artigo de sua autoria.
“António Estaco foi um génio no verdadeiro sentido da palavra. As cores que imprimiu nos seus quadros traduzem uma extraordinária riqueza nas imagens conseguidas, quer pelo efeito da luz, quer pela subtileza do traço manifestado”.
De facto, António Estaco projectou nos seus trabalhos como aguarelista, uma singular beleza nos temas que criou.
Beja, Portalegre, Alpalhão, Vale do Peso, Avis, Monforte, Amieira do Tejo, Elvas, Arronches, Nisa, Castelo de Vide, Évora e outros pontos do Alentejo ele com a sua paleta de arte soube recolher.
Conheço algumas obras de Estaco em reproduções impressas num antigo álbum sobre pintores naturais do Alentejo.
Mário Elias
Nota: Agradeço ao senhor Francisco Dionísio Montes o subsídio para apoiar este artigo. Obrigado

Câmara quer resolver situação dos caminhos públicos

Tendo completado o levantamento e caracterização de todos os caminhos vicinais públicos existentes na área do concelho e por que permanecem muitas situações de abuso e de uso indevido desses caminhos por parte de proprietários rurais, a Câmara de Nisa através de edital publicado no dia 13 de Janeiro deu a conhecer as diligências a que irá proceder para o completo restabelecimento da normalidade.
Numa primeira fase, a autarquia através do Gabinete de Fiscalização e Controlo irá contactar os proprietários dos terrenos confinantes ou atravessados pelos caminhos vicinais em que se continuam a verificar situações de obstrução e de alteração do traçado desses caminhos, no sentido de regularizarem essas situações e que os mesmos voltem a ter plena fruição pública. Após o contacto com os proprietários rurais e caso não seja possível o entendimento quanto à necessidade de corrigir essas situações, a Câmara reserva-se o direito de tomar outras medidas e recorrer a outras entidades para que os caminhos retomem a sua vocação inicial, de vicinais e públicos.

23.1.12

MONTALVÃO: Comemorações dos 500 anos do Foral

Evocação do poeta João de Matos Rico

O CASTELO DE AMIEIRA
Mote
É um castelo sem par
O castelo de Amieira
A muitos faz recordar
O D. Nuno Álvares Pereira
É um monumento tão belo
O qual é para admirar
Por isso o nosso castelo
É um castelo sem par!
Para quem vem de Álvaro Gil
Fica ao cimo da Ribeira
É cheio de encantos mil
O castelo de Amieira.
É uma jóia perdurável
Que todos devemos estimar
A fama do Condestável
A muitos faz recordar.

Uma personagem da História
Nele esteve em Amieira
Que a ninguém sai da memória
O D. Nuno Álvares Pereira.
- João de Matos Rico (poeta popular de Amieira, já falecido)

21.1.12

AREZ: Valorização do património da Misericórdia *



Em Setembro de 2009 no I Encontro Internacional de Investigadores de História Moderna surgiu o primeiro contacto para a salvaguarda da Igreja da Misericórdia de Arez. Ponto comum entre a comunicação de Joana Pinho sobre a Arquitectura das Misericórdias quinhentistas e a tese de mestrado de Ana Leitão, estudo monográfico de Arez.
Desta dinâmica resulta a redacção deste texto como relato de boas práticas e forma de sensibilização para a preservação e valorização do património cultural das Misericórdias.
Destacando atitudes fundamentais na intervenção em património cultural: a interdisciplinaridade que assegura uma intervenção coerente, o diálogo entre técnicos e dono de obra, o envolvimento e participação da comunidade; um conhecimento académico credível que servirá de base às decisões e opções da intervenção.
Arez é actualmente uma freguesia do concelho de Nisa, com c. 56 km² e 256 habitantes. Foi vila e sede de concelho do séc. XII a 1836, comenda da Ordem de Cristo e teve foral por D. Manuel em 1517. Do seu património edificado destacam-se: Igreja Matriz e ermida de Santo António que sofreram campanhas de obras no séc. XX que alteraram significativamente as suas características. E também o edifício sede da Misericórdia de Arez composto por igreja, sacristia e outras dependências. Originalmente foi capela do Espírito Santo e com a fundação da Misericórdia de Arez em 1592 sofreu uma intervenção que se prolongou até ao séc. XVII. A planimetria, volumetria e características arquitectónicas do edifício integram-se numa corrente maneirista-chã de cariz regional. Do património móvel e integrado destacam-se o retábulo-mor, a escultura da Santíssima Trindade e as pinturas murais. As da nave, duas campanhas principais, representam retábulos fingidos seguindo modelos da retabulística nacional em madeira entalhada. Da primeira campanha fazem parte os retábulos com frontão contracurvado e colunas com capitéis coríntios, de finais do séc. XVIII. Já os retábulos de perfil neoclássico, com frontões triangulares e emblemas marianos,
pertencerão a uma campanha mais recente, talvez do séc. XIX.
Neste projecto desde o início foi considerado prioritário o envolvimento das várias áreas disciplinares relacionadas com o património. Nos inícios de 2010, as duas investigadoras e Patrícia Monteiro, que desenvolve tese de doutoramento sobre pintura mural do Alto Alentejo, realizaram uma visita ao edifício. A investigação resultante de trabalhos académicos produz conhecimento, em si mesmo de inegável valor, mas que ganha nova valia ao reverter para um caso concreto, torna-se conhecimento aplicado e com impacto na comunidade.
A nível técnico foram também contactadas a Direcção Regional da Cultura do Alentejo e o Gabinete do Património Cultural da União das Misericórdias Portuguesas.
Em Junho de 2011 realizou-se nova visita ao edifício com alunos do Curso de Especialização Tecnológica em Conservação e Restauro do Instituto de Artes e Ofícios da FRESS e o professor Joaquim Caetano que, além de ter constituído motivo de estudo, teve como objectivo delinear uma estratégia para a conservação das pinturas murais existentes na igreja.
O grupo foi recebido pelo Provedor José Fazendas e outros membros da Mesa Administrativa e do diálogo resultaram três ideias fundamentais: isolar o telhado com subtelha, evitar o uso de novos revestimentos à base de cimento e conservar e restaurar as pinturas murais pois, independentemente do seu valor estético, são testemunho do gosto de uma época.
Fez-se uma sondagem na parede fundeira da capela-mor onde se detectou pintura decorativa simulando silhares de azulejo enxaquetado do séc. XVII.
O diálogo estabelecido entre promotores da obra, técnicos de conservação e restauro e historiadores da arte evidencia os bons resultados que procedimentos deste tipo proporcionam, devendo servir como exemplo a outras intervenções.
Seguidamente procurou-se sensibilizar a comunidade local para a importância do património cultural, da sua conservação e o seu envolvimento no projecto; mobilizando-se a Comissão de Festas de Arez de 2011 para a angariação de fundos que reverteram para a intervenção.
Após este processo, no verão de 2011, iniciou-se a intervenção nos telhados, rebocos e pavimentos que estará concluída no início de 2012 e definiram-se projectos futuros para o património cultural da Misericórdia de Arez: novas sondagens na capela-mor e a instalação do recuperado arquivo histórico da Misericórdia numa das dependências do edifício.
* Ana Santos Leitão, Joana Balsa de Pinho, Joaquim Caetano e Patrícia Monteiro
- Texto publicado no mensário “Voz das Misericórdias” – Dezembro 2011

19.1.12

OPINIÃO: À FLOR DA PELE

Evocação de António Louro Carrilho nos 20 anos da sua morte
Já era tempo do home(m) / Já era tempo também / De dar pão a quem tem fome /Trabalho a quem o não tem. (1)
Domingo, 11 de Janeiro de 1992. Évora, cidade, acordara com um manto frio de neblina a inundar-lhe os poros. Em Nisa, no extremo norte do Alentejo, decorria a 1ª Feira do Mel.
É aqui, na plena agitação de um dia de feira que a notícia surge, a um tempo, seca, brutal e inesperada: morreu o António Louro Carrilho!
Um trágico acidente de viação roubara, em segundos, a vida de um jovem professor universitário, culto, determinado, irreverente, nascido em Salavessa (Nisa).
Lembro-me como se fosse ontem do impacto que a notícia causou, a tristeza e a comoção, a revolta e indignação por uma despedida da vida tão precoce como injusta.
O António Louro Carrilho não era uma pessoa qualquer. Aos 37 anos, percorrera, já, um longo e penoso caminho, cheio de obstáculos que ele ia torneando com a simplicidade e o voluntarismo, a mestria e a determinação de quem sabia que a felicidade tinha que ser conquistada.
De origem simples, rural, cedo compreendeu o esforço dos pais, emigrantes, para lhe darem uma vida melhor. Estudou no liceu em Castelo Branco, onde a sua presença, não passou despercebida, antes pelo contrário. Soube granjear amigos sem nunca se despojar das suas convicções. Na década de 70, em pleno período revolucionário, torna-se na voz e imagem das reivindicações estudantis na cidade albicastrense. As suas vindas à aldeia natal e a Nisa são sempre pretexto para intermináveis discussões sobre os “caminhos da Revolução”. Adepto da “Revolução Cultural” chinesa e das ideias maoístas, António Carrilho, de longas barbas e cabelo revolto é a imagem inacabada do Che, com um poder de argumentação sempre vivo e acutilante. Não desprezava, antes estimulava, uma boa discussão, quando os interlocutores se lhe mostravam à altura.
A pretensa dureza e rigidez do seu discurso, escondiam o homem e futuro universitário que através do estudo da filosofia e da pedagogia iria debruçar-se como lema de vida, nas questões centrais da liberdade, da razão e da existência.
O revolucionário dogmático deu lugar ao militante do espírito, da compreensão do mundo, do humanismo, numa abordagem multidisciplinar e plural que nunca abandonou.
Frequenta a Universidade de Coimbra onde conclui a licenciatura em Filosofia (1979) e mais tarde (1988) o Mestrado com uma tese “Filosofia e pedagogia no pensamento de Delfim Santos” que obteve a classificação de Muito Bom. A Universidade de Évora acolhe-o como professor assistente e desde logo o seu espírito trabalhador e metódico é notado, tendo iniciado uma carreira académica plena de sucesso.
O seu talento de investigador é premiado como bolseiro da Gulbenkian tendo efectuado diversos trabalhos de investigação na Universidade Católica de Lovaina (Bélgica).
Dessa estadia em Louvaina, Mário Mesquita oferece-nos, num breve relato, alguns aspectos da personalidade de António Louro carrilho, seu companheiro de investigação.
“O que me surpreendia no António era a forma exemplar como conjugava a disciplina no trabalho académico com as outras mil e uma questões a que dedicava atenção e interesse: desde o desporto (jogou futebol na terceira divisão) à apicultura… Era bem curiosa a forma ágil como mudava do registo exigente da reflexão inerente ao seu trabalho universitário para o não menos exigente discurso acerca das pequenas questões do quotidiano … “.
António Louro Carrilho não esgota as suas preocupações unicamente no trabalho universitário. A filosofia e o fenómeno da comunicação levam-no a publicar livros sobre Antero, Régio, Delfim Santos e Sartre e a produzir diversos artigos tanto em revistas da especialidade como a “Vértice” ou a “Economia e Sociologia”, como em jornais, desde ”O Giraldo” ao “Ecos do Sor” e à revista cultural de Portalegre “A Cidade”.
Na área da Pedagogia publica “A formação de professores na Universidade de Évora”  na Revista Portuguesa de Pedagogia e “Quem tem medo da Filosofia no ensino secundário” n´O Jornal da Educação – Suplemento do Jornal de Letras.
António Louro Carrilho preparava o doutoramento com um trabalho de investigação sobre “Filosofia, Comunicação e Pedagogia – Por uma Pedagogia de Relação Interlocutiva”.
Muito apegado à sua aldeia, Salavessa, António Carrilho dedicava-se à apicultura, pretexto para as constantes visitas que fazia ao concelho de Nisa e na quais aproveitava não só para os trabalhos com as abelhas e as colmeias, mas para se embrenhar e participar como cidadão activo e empenhado nos problemas da sua terra.
Do seu esforço persistente e recolha sobre a obra do poeta popular José António Vitorino – o Ti Zé do Santo - nasceu o livro “Terra Pousia”, e nele escreveu António Carrilho, no prefácio:
“A cultura popular é a mais simples, a mais pura, a mais verdadeira, porque nasce de uma relação espontânea do homem com a natureza, a vida e a sociedade. Não está contaminada pelas vontades dos barões da crítica, não é forjada segundo o estilo das bigornas dos catedráticos, não se passeia pelos salões das academias”.
E remata, como falando de si próprio: “Faz-se com a mesma humildade, empenho e vigor com que o homem agarrado à rabiça do arado, rasga a terra pousia para nela lançar as sementes geradoras do pão de cada dia”.
António Louro Carrilho era um homem frontal e solidário, um professor que prestigiou com o seu trabalho, a Universidade. Um cidadão comprometido com os problemas da sua terra, da sua região e do seu país. O concelho de Nisa perdeu, há vinte anos, um filho e um professor de mérito, cuja memória aqui evocamos e que vai perdurar pelos tempos fora.
(1)     – Vitorino, José António – in “Terra Pousia” - 1996
António Louro Carrilho – A Obra
Filosofia
1 – “Sartre – a liberdade e o indivíduo como imperativos éticos” – Ecos do Sor – 12/5/1980
2 – “Coordenadas filosóficas no pensamento de José Régio” – A Cidade – Outubro de 1984
3 – “Antero do Quental e o Socialismo – Subsídios para a compreensão do seu pensamento político” – Edição de Autor – Évora, 1985
4 – “A técnica sob a alçada da teoria crítica em Jurgen Habermas” – Economia e Sociologia – Évora – nº 41 – 1986
5 – “O problema da liberdade na filosofia de Sartre” – Economia e Sociologia – Évora nº 47 – 1989
6 – “Delfim Santos e a filosofia portuguesa” – Vértice – Lisboa, II Série nº 12 – 1989
7 –“ Je zappe donc je suis ou a televisão na afirmação do eu pela via do telecomando” – Vértice, Lisboa, II Série, nº 47 – 1992
Educação
8 – “A formação de professores na Universidade de Évora” – Revista Portuguesa de Pedagogia – Coimbra, 1984
9 - “A formação de professores na Universidade de Évora” – Informação Interna – U. Évora – 15 Fevereiro 1985
10 – “O estudo epistemológico da pedagogia em Delfim Santos” – revista Portuguesa de Pedagogia – Coimbra, 1988.
11 –“ Quem tem medo da filosofia no ensino secundário?” (1) – “O Giraldo” – Évora – 9/3/1988
12 –“ Quem tem medo da filosofia no ensino secundário?” (2) – “O Giraldo” – Évora – 24/3/1988
13 –“ Quem tem medo da filosofia no ensino secundário?” (1) – O Jornal da Educação – Supl. Nº 2 ao JL - Jornal de Letras – 26 de Março a 4 de Abril de 1988
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 18/1/2012

MONTALVÃO: Espanhóis avançam com construção de ponte sobre o Tejo

A Junta da Estremadura espanhola vai avançar com a construção de uma ponte que ligará Cedillo (Cáceres) a Montalvão, no concelho de Nisa, num investimento de 3,5 milhões de euros, revelou hoje o autarca da povoação alentejana.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Montalvão, António Belo, adiantou que o concurso público para adjudicação da obra deverá ser lançado em Abril.
De acordo com o autarca, o Ayuntamiento de Cedillo está actualmente a estudar o local para a construção da ponte sobre o rio Tejo, existindo as possibilidades de uma passagem a norte, ao centro ou a sul de Montalvão.
«Eles agora vão escolher a melhor localização e também o projecto que ficará mais em conta, pois das três hipóteses (pontes) que estão em cima da mesa existem umas que ficam mais caras em relação às outras», explicou.
António Belo afirmou que o Governo português «já tem conhecimento» da iniciativa e que a aldeia de Montalvão vai «beneficiar» com esta obra, que deverá ficar concluída em 2013.
Com um investimento de 3,5 milhões de euros, o projecto conta com uma comparticipação da União Europeia (UE) de 75 por cento, ao passo que caberá à Junta da Estremadura os restantes 25 por cento.
De acordo com o autarca alentejano, as entidades espanholas «comprometeram-se» também a criar, do lado português, os acessos à ponte, através da aldeia de Montalvão.
A obra, uma «velha aspiração» das populações de ambos os lados da fronteira, vai permitir que os habitantes se desloquem com mais facilidade num troço de apenas 15 quilómetros, contra os cerca de 150 quilómetros que são obrigados a percorrer actualmente.
Há vários anos, que a ligação entre as duas povoações se faz apenas aos fins-de-semana pela ponte da Barragem de Cedillo, mas nem sempre possível de transitar, uma vez que a empresa Iberdrola explora o aproveitamento hidroeléctrico e por vezes fecha o espaço para efectuar vários trabalhos.
Lusa/SOL
NR - Há uma série de erros nesta notícia, cujo texto revela falta de conhecimento sobre a zona em apreço. A ponte a ser construída e a ligar Cedillo a Montalvão só poderá ser feita sobre o rio Sever, fronteira natural entre as duas regiões e países, e não sobre o Rio Tejo, pois as margens deste rio, a montante da Barragem de Cedillo, encontram-se em território espanhol (margem esquerda) e português ( margem direita e território dos concelhos de Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Idanha-a-Nova). Logo, uma ponte sobre o Tejo unindo Portugal e Espanha seria, sempre, entre a Extremadura espanhola e a Beira Baixa. As  "dúvidas" sobre o local e referência a "sul, centro ou norte" de Montalvão também carecem de rigor e só tem algum sentido se aplicadas em relação ao Rio Sever.
A questão central (económica) estará, porventura, mais ligada ao perfil do rio e a sua conexão com os acessos rodoviários às duas povoações (Cedillo e Montalvão) já existentes, o que não significa que não possam ser alterados se os custos do projecto apontarem nesse sentido.

18.1.12

MISERICÓRDIA DE AREZ: Restaurar para preservar o património

Misericórdia de Arez investe na restauração da sua Igreja, preservando um património de séculos.
A Santa Casa da Misericórdia de Arez iniciou em Agosto as obras de restauração da sua Igreja, que habitualmente é utilizada pela população desta localidade como casa mortuária.
Este edifício do século XVI estava já um pouco degradado e a instituição estava ciente da necessidade que havia de serem feita obras, sobretudo no que se refere ao telhado, por ser o que estava em pior estado, no entanto, e como nos explica o provedor, José Fazendas, a Misericórdia tinha outras prioridades, daí que só recentemente tenha decidido avançar com a obra.
«Estávamos bastante empenhados no projecto da construção de um Lar, o que representaria um grande investimento por parte da instituição, e por isso sabíamos não ter capacidade para avançar também com a restauração da Igreja», esclarece.
Entretanto, e por diversos motivos, a Misericórdia acabou por desistir do projecto da construção do Lar e avançou com a recuperação da Igreja, onde inicialmente estava apenas previsto a substituição do telhado, mas «uma vez que íamos começar com obras, e porque queremos dar as melhores condições possíveis aos Irmãos e a quem usufrui deste espaço, decidimos fazer uma recuperação completa», conta o provedor.
Para tal, e porque em dois dos três altares no interior da Igreja se encontram pinturas antigas, também bastante degradas, a Misericórdia pediu a colaboração de especialistas do Instituto de História da Arte, da Faculdade de Letras de Lisboa, que avaliaram o património artístico e se comprometeram a recuperar essas pinturas, tendo ainda aconselhado a instituição sobre o que seria importante fazer, preservar e os materiais a utilizar.
Conforme relata José Fazendas, a primeira fase da obra consistiu na substituição total do telhado, numa segunda fase foram então feitos os arranjos ao nível do edifício, nomeadamente nas paredes interiores e exteriores, e a substituição do pavimento. Já numa terceira fase será então feita a recuperação das pinturas dos altares, bem como a pintura da Igreja.
«Fizemos uma recuperação de fundo da nossa Igreja, e estamos convictos de que se trata de um investimento a pensar no futuro, ou seja, em que estamos já a preservar o património da Misericórdia para os próximos anos. Esperamos que as pessoas gostem e que percebam que a nossa intenção foi fazer o melhor possível, mas sem descaracterizar o já existia», sublinha o provedor, que orgulhosamente nos revela que fizeram questão de manter o coro.
A recuperação da Igreja representa um investimento que deverá rondar os 50 mil euros, e de acordo com José Fazendas foi importante poderem recorrer as materiais que, mantendo as suas características, tornaram o espaço «mais acolhedor e com condições para receber condignamente quem dele usufrui», e que ao mesmo tempo vão permitir a sua preservação durante mais tempo. José Fazendas revela ainda que, tudo indica que obra deverá estar concluída ainda em Janeiro.
Construída em 1618, a Capela do Divino Espírito Santo, ou Igreja da Misericórdia como é conhecida, foi o local onde foi fundada a Irmandade da Misericórdia de Arez.
* Patrícia Leitão in "Alto Alentejo" - 11/1/2012

15.1.12

Montalvão deu início às comemorações dos 500 Anos do Foral

As associações Vamos à Vila e Salavessa Viva estão a organizar as Comemorações dos 500 Anos do Foral de Montalvão, que se assinalam em 2012, com diversas actividades de carácter cultural e histórico, que tiveram o seu início ainda em 2011.
No domingo, dia 8, a vila de Montalvão, outrora importante e cheia de vida, de tal modo que mereceu a atribuição de tão importante documento régio, vestiu-se com o traje dos dias festivos para receber a visita do Bispo da Diocese, D. Antonino Dias e abrir o livro das comemorações dos 500 anos da sua segunda carta de alforria.
Rui Correia, presidente da Associação Vamos à Vila (Montalvão) em declarações ao “Alto Alentejo” deu-nos conta dos objectivos destas Comemorações, do que foi já feito e das iniciativas previstas para 2012.
“As comemorações dos 500 anos do Foral de Montalvão são organizadas pelas associações “Vamos à Vila” e SalavessaViva, com o apoio da Câmara Municipal de Nisa, Junta de Freguesia e Santa Casa da Misericórdia de Montalvão e da ADN.
Tiveram o seu início em 2011 com a apresentação do vinho comemorativo dos 500 Anos do Foral, uma série de 500 garrafas numeradas e com rótulo próprio aprovado pelo Centro de Rotulagem dos Vinhos do Alentejo, feita em Salavessa por ocasião das festas de S. Jacinto e a segunda em Montalvão, em 26 de Agosto, numa noite de fados que promovemos na Praça da República. A venda deste vinho tem em conta a obtenção de fundos para fazer face às despesas da organização destas comemorações.
Realizámos duas sessões de esclarecimento em Salavessa e Montalvão em que contámos com a colaboração da drª Carla Sequeira e que no essencial procurou explicar às pessoas o que era a Carta de Foral e o significado destas comemorações. No mesmo sentido editámos mil folhetos onde fazemos uma breve descrição do foral.
Ontem, dia 7, houve uma distribuição simbólica de pão, nas duas localidades da freguesia e hoje damos, digamos assim, o “pontapé de saída” para as iniciativas a realizar durante o ano. Temos de enaltecer e agradecer a boa receptividade do senhor Bispo, que celebrará a missa solene, seguindo-se um almoço e convívio aberto a toda a população e mais à tarde um concerto musical pela OTINHA – Orquestra Juvenil da Orquestra Típica Albicastrense.”
Rui Correia fez questão de destacar a receptividade do Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, ao reconhecer “o interesse cultural do projecto Programa de Comemorações dos 500 Anos de Montalvão – 2011/2012” para efeitos de Mecenato Cultural, o que abre a possibilidade de eventuais mecenas que contribuam para a realização do projecto, poderem usufruir dos benefícios fiscais que a lei lhes confere.
Montalvão: do apogeu à decadência
António Belo, presidente da Junta de Freguesia de Montalvão realçou a importância destas comemorações que “atestam o valor e a importância, quer económica, quer estratégica que Montalvão teve ao longo dos séculos” em contraste com a situação actual de decadência sentida pela freguesia, nomeadamente, “com a falta de condições para a criação de emprego e fixação de população, uma população cada vez mais envelhecida e reduzida, que não dispõe, sequer, de uma simples mercearia”.
O autarca montalvanense diz-se de “corpo e alma com a iniciativa que pode fazer despertar os naturais e ausentes para a história da sua freguesia e sentirem orgulho nas suas raízes”, embora lamente os meios de que a Junta dispõe para poder dar melhor resposta aos problemas do dia a dia.
“Os meios da Junta são precários, há falta de verbas até para manter em funcionamento os dumpers. Temos uma rede de caminhos vicinais extensa e que é necessário manter operacional. Há muitas casas devolutas, algumas a ameaçarem ruína e esta situação preocupa-nos pois não temos meios, nem é da nossa competência restaurá-las.
Os antigos postos da GNR e da Guarda-Fiscal, este, um edifício do Estado, estão abandonados, vamos fazendo o que pudermos e temos apoiado com trabalhos de recuperação alguns dos edifícios públicos da freguesia como a Casa do Povo.”
A finalizar, António Belo mostrou-se esperançado na construção da ponte internacional sobre o Sever ligando Montalvão a Cedillo.
“Sabemos que os nossos vizinhos espanhóis não têm estado parados e talvez brevemente haja novidades sobre o lançamento do projecto”.
Um projecto que o presidente da freguesia de Montalvão acredita, “poder trazer algumas mais valias e movimento não só para a freguesia como também para o concelho de Nisa”.
Um ano cheio de iniciativas
500 anos de Foral representam um acontecimento ímpar na história desta antiga vila e sede de concelho da raia, no extremo norte do Alentejo.
Por isso, as duas associações envolvidas na organização deste evento não param e avançam para novas iniciativas inseridas no simbolismo das Comemorações dos 500 anos.
Assim, a 18 de Fevereiro, na Herdade da Fonte da Feia, terá lugar uma demonstração de Falcoaria por Sebastien de Redon. A 21 de Abril, em Salavessa, haverá uma conferência com Jorge Rosa e um concerto musical na Igreja, ainda sem confirmação do grupo que irá actuar.
Em Montalvão, a 12 de Maio, nova Conferência com Jorge Rosa, seguindo-se um concerto musical na Igreja Matriz, pelo Conservatório Regional de Castelo Branco.
Em Novembro, mês de que está datado o Foral de Montalvão, as Comemorações atingirão o seu ponto alto com a publicação da Carta de Foral Traduzida e Comentada e a implantação de um mural alusivo a tão importante evento.
As associações Vamos à Vila e a Salavessa Viva têm previsto também a realização de Festas Populares em Junho e Concertos de Natal em Dezembro, estando a acertar os pormenores dessas iniciativas, que em devido tempo serão divulgadas.
NOTÍCIA HISTÓRICA
Em 22 de Novembro de 1512, o rei D. Manuel I concedeu Carta de Foral a Montalvão, reconhecendo, assim, a importância desta vila.
O Foral era o documento concedido pelo rei aos vizinhos de uma povoação e que estabelecia direitos e deveres, incluindo a criação ou o reconhecimento oficial de órgãos de administração local.
O Foral outorgado por D. Manuel insere-se na política de reforma dos forais levada a cabo por este monarca e veio reformular o primitivo Foral de Montalvão, doado nos inícios da nacionalidade, pelo Mestre da Ordem dos Templários.
As gentes de Montalvão e do seu termo ficava, assim, com um documento sancionado pelo rei, que estabelecia as regras com que a Ordem de Cristo e o Comendador podiam administrar as terras, bem como os direitos que cabiam ao povo através do Concelho, evitando os abusos e a usurpação de direitos de que o povo era, por vezes, vítima.
O Foral de Montalvão é, hoje, um documento que ajuda a descobrir o modo de vida da população de há 500 anos.
O ano de (quase) todos os Forais
Durante o reinado de D. Manuel I (1495-1521), Portugal assistiu a uma autêntica Reforma Administrativa sob a forma de concessão de Cartas de Foral, designados por Forais Novos, para se distinguirem dos primeiros forais.
Nisa, Alpalhão, Amieira do Tejo e Montalvão (1512) Arez e Tolosa (1517) foram as vilas que mereceram a concessão de Foral por parte de D. Manuel I.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 11/1/2012