30.11.15

NISA: Presidente da Câmara escreve ao Primeiro-Ministro (Setembro de 1990)

A Carta do Presidente da Câmara
Exmo Senhor Primeiro-Ministro, Professor Cavaco e Silva
Excelência
Dirijo-me a V: Exª por na altura em que tive o prazer de o receber nos Paços do Concelho de Nisa ter afirmado estar permanentemente disponível (e até interessado) para lhe apresentarmos as reclamações do concelho, em particular as que assumissem mais gravidade em áreas de responsabilidade de sectores da Administração Central.
Efectivamente, este Verão tivemos no concelho de Nisa em termos de assistência médica às populações uma situação deveras gravosa, com largas semanas sem quaisquer tipo de cuidados em muitas das nossas vilas e aldeias, abrangendo esta lacuna, num processo que já não ocorria há dezenas de anos, localidades com mais de 2000 utentes.
A par do sofrimento humano e do reforço da dependência social das populações, assistiu-se a um fenómeno de auto-consumo de medicamentos sem controlo médico algum, mesmo esse só possível pela colaboração permanente de utentes, funcionários e farmácias locais.
Parece-me uma situação injusta para as populações do concelho sujeitas a tão desumana privação, tanto mais grave quando se acaba de publicar uma Lei de Bases de Saúde que privilegia os cuidados primários de saúde e nos queremos integrar plenamente na Europa.
Em termos comparativos seria como se o Município (por absurdo) nos meses de Verão, em que há mais resíduos sólidos (e em que também há mais população) deixasse de recolher o lixo nas diferentes localidades e obrigasse os munícipes a vir depositar os contentores à sede do concelho, suportando os custos do transporte a partir da sua localidade.
Trata-se de uma situação que me parece desumana e que é desejável não se repetir em próxima ocasião em que se repitam as mesmas circunstância.
O (legitimíssimo) direito a férias em qualquer estrutura da administração não pode acarretar automaticamente o sacrifício da generalidade da população utente.
O caso é tanto ou mais caricato quando no actual momento, em termos municipais, em processo realizado em colaboração frutuosa com sectores dependentes do Governo a que V. Exª preside, estamos a implementar um processo de descentralização, modernização e desburocratização que aproxima serviços das populações, evitando-lhes deslocações, sacrifícios, despesas desnecessárias.
Espero, por razoáveis serem as questões colocadas, o empenho efectivo de V. Exª.
Acredite que ao intervir na denúncia do que nos parece francamente mal, o faço com o mesmo sentido positivo dos vários apoios que concedemos no Município a organismos (mesmo estatais) que intervêm na Acção Social em benefício das populações.
Aproveito a ocasião para convidar V. Exª a regressar ao concelho de Nisa, em caso de nova deslocação à nossa região na qualidade de Primeiro-Ministro.
Com os melhores cumprimentos,
O Presidente da Câmara
 José Manuel Semedo Basso
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A deficiente prestação de cuidados de saúde no concelho de Nisa no Verão de 1990 levou o Presidente da Câmara Municipal de Nisa a escrever ao Primeiro-Ministro, Prof. Cavaco Silva, em Setembro de 1990.
O documento foi tornado público na altura, desconhecendo-se qual a resposta e o impacto que o mesmo teve na resolução dos problemas apresentados e na consequente melhoria dos serviços de saúde.
Há 25 anos, o alerta foi lançado. A saúde no concelho de Nisa estava doente. E doente continuou por muitos e bons anos, até aos dias de hoje, com as histórias, algumas tristes que se conhecem, entre estas a perda de camas e dos serviços de internamento, a redução de horários no Centro de Saúde, a ida ao Hospital de Portalegre por um qualquer "arranhãozinho".
Hoje, a “menina dos olhos” dos políticos locais é a construção de um novo Centro de Saúde. Mais uns largos milhares de euros na criação de uma infra-estrutura, sem a correspondente dotação de meios técnicos e humanos, em número e qualidade suficientes para acudir, com eficiência e em tempo útil, à população do concelho, cada vez mais envelhecido e desertificado.
Mudam-se os tempos; (não se) mudam as vontades...
Mário Mendes

26.11.15

AVIS: 33ª Corrida de S. Silvestre

A 33.ª Corrida de S. Silvestre de Avis é uma prova de atletismo (estrada) e realiza-se no dia 26 de Dezembro de 2015 (Sábado), entre as 15h00 e as 17h00, organizada pela Associação Desportiva e Recreativa “Amigos do Atletismo de Avis” e pelo Município de Avis, com a colaboração técnica da Associação de Atletismo do Distrito de Portalegre (AADP).
A prova destina-se a atletas filiados na AADP.
A prova é aberta à participação de todos os cidadãos naturais de um país da União Europeia (atletas federados e não federados) que, pelo facto de se inscreverem, aceitam as normas regulamentadas. Atletas de outras nacionalidades poderão participar, desde que convidados pela AADP.
Cada participante é responsável pelo seu estado de saúde. A organização subscreveu um
Seguro Desportivo, de acordo com a lei em vigor.
Escalões etários / Distâncias:
Benjamins A Masc. e Fem. (2007, 2008 e 2009) - 200m
Benjamins B Masc. e Fem. (2005 e 2006) - 800m
Infantis Masc. e Fem. (2003 e 2004) - 800 m
Iniciados Masc. e Fem. (2001 e 2002) - 1600m
Juvenis Masc. e Fem. (1999 e 2000) - 3300m
Juniores Masc. e Fem. (1997 e 1998) - 6600m (Masc.) e 3300m (Fem.)
Seniores Masc. e Fem. (1996 e antes) - 6600m (Masc.) e 3300m (Fem.)
Veteranos A Masc. (35 a 49 anos no dia da prova) - 6600m
Veteranos B Masc. (50 ou mais anos no dia da prova) - 6600m
Veteranos Fem. (35 ou mais anos no dia da prova) - 3300m
Os atletas filiados na AADP para a época 2015/2016 participam com os dorsais associativos, encontrando-se automaticamente inscritos.
Pressuposta a aceitação do regulamento, toda e qualquer pessoa elegível, não filiada na
AADP, poderá inscrever-se até ao dia 23 de dezembro de 2015 (quarta-feira), até às 18h00, pagando a taxa de 1 euro.
Os atletas não federados deverão mencionar o facto na ficha de inscrição, para efeitos de seguro desportivo. Todas as inscrições deverão ser efetuadas junto da Associação de
Atletismo de Distrito de Portalegre - Avenida de Badajoz, 1 - 7300 - 306 Portalegre,
- telefone: 245 202 133
Os atletas juniores e veteranos devem definir, no ato de inscrição, a prova em que

pretendem competir, a do seu escalão ou a de seniores. Caso não o façam, a Organização inscreve-os no Escalão a que corresponde a sua idade.

25.11.15

NISA: União de Freguesias revive Festa de Santo André

A União de Freguesias de Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão, em colaboração com a Diocese de Portalegre e Castelo Branco e a Associação Nisa Viva promove no próximo sábado, dia 28 de Novembro, a festa litúrgica de Santo André na ermida próximo da Central da Bruceira (Nisa), com a realização de uma missa solene pelas 11 horas e para a qual a União de Freguesias disponibiliza a carrinha de 9 lugares para as pessoas interessadas em assistir a este acto religioso.
Antes, pelas 9,30h com saída das Portas de Montalvão, tem lugar uma Caminhada com organização da Nisa Viva e que se dirigirá ao Santo André. A participação é livre e gratuita, bastando comparecer no local de partida.

24.11.15

Bom Dia Alentejo, Alpalhão, Menir dos Saragonheiros, a concelho de Nisa


O dólmen e menhir de Saragonheiros são dois monumentos que fazem parte de um grupo maior de monumentos funerários megalíticos, localizado entre Nisa e Alpalhão, no distrito de Portalegre…
E falando do menir, assim mes compadres e minhas comadres, menir tem uma forma fálica da seção subquadrangular, com uma grande fractura no sentido longitudinal.
Estes monumentos, vos direi assim, a poderem ser visitados em 4 km ao norte de Alpalhão, a oeste da estrada de Nisa…
NOTA: Jordanos dá vida a um blog que retrata o Alentejo nos seus múltiplos aspectos desde a história ao património, às lendas e tradições, as suas gentes. Fá-lo com uma escrita e linguagem alegre e curiosa, de que o pequeno texto acima é um exemplo, desta vez tratando de dois monumentos de Alpalhão, no concelho de Nisa.
O texto e as fotos estão em http://aletradeumalentejo.blogspot.pt 

23.11.15

OPINIÃO: Reabilitar a Pessoa com Lesão Medular

A lesão medular é uma das situações mais dramáticas que pode surgir na vida de uma pessoa. Em muitos casos instala-se de forma súbita após um traumatismo, por vezes minor, como uma queda em casa, noutros casos instala-se de forma insidiosa, ao longo de semanas ou meses. De qualquer forma, condiciona mudanças importantes no modo de viver e de realizar as tarefas do dia-a-dia, com impacto não apenas no próprio individuo, mas também na família. A Reabilitação, através de uma abordagem multiprofissional, contribui de forma decisiva para maximizar as capacidades funcionais, promover a autonomia e a participação social.
O CMR Alcoitão, desde a fundação em 1966, tem um Serviço destinada à reabilitação de Lesões Medulares. A equipa de reabilitação, constituída por terapeutas, enfermeiros, psicólogos, dietista, ortoprotésicos e técnicos de serviço social, é coordenada pelo médico Fisiatra, que é também o interlocutor privilegiado com as outras especialidades médicas ou cirúrgicas.
O programa de reabilitação é abrangente e global, incidindo sobre todos os aspetos do funcionamento do individuo, não só as incapacidades motoras, mas também as características individuais, sejam psicológicas, culturais ou de envolvência social. Deste modo, o programa de reabilitação é individualizado, sendo estabelecidos objetivos nas diversas áreas de intervenção, pela equipa em conjunto com o doente. O fim último é sem dúvida promover a participação da pessoa com lesão medular na sociedade.
À luz dos conceitos da funcionalidade humana, a tecnologia (enquanto produto de apoio) é um dos fatores do ambiente que pode facilitar a participação. As pessoas com lesão medular dependem de uma variedade de produtos de apoio para manter o seu estado de saúde e para realizar as atividades diárias. À medida que o mundo se torna tecnologicamente mais avançado, fica também mais acessível em muitos aspetos para pessoas com mobilidade reduzida. Contudo, num futuro próximo, colocam-se alguns desafios. O primeiro prende-se com o financiamento: o desenvolvimento tecnológico promete aumentar as capacidades das pessoas com lesão medular; mas será que o acesso aos novos produtos não será limitado por questões económicas? Como garantir a equidade? Que formas de comparticipação na atribuição de produtos de apoio? Outra questão a considerar refere-se à importância de envolver os utilizadores no processo de desenvolvimento do produto, design e fabrico. Os produtos de apoio devem ser concebidos em resposta a necessidades concretas e adaptados ao que os indivíduos que os vão utilizar realmente pretendem; a visão do engenheiro/designer nem sempre coincide com o ponto de vista da pessoa que vai usar esse produto no seu dia-a-dia; é por isso fundamental a participação dos utilizadores desde o início do processo, para que se adequa às suas efetivas necessidades.

Reabilitar significa tornar a habilitar, ou seja, promover a capacitação para aumentar a participação. Estamos certos que a tecnologia irá desempenhar um papel relevante nesse caminho.

Este é um dos temas que estará em debate no I Simpósio Ibérico em Lesões Vertebro-Medulares, uma iniciativa conjunta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho (ICVS/3Bs) e da Associação Salvador, que decorre de 30 de novembro a 1 de dezembro, no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.
* Dra. Filipa Faria - Diretora de Serviço de Reabilitação de Adultos no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão

20.11.15

Sporting de Nisa promove Corrida de S. Silvestre 2015

Dando persecução e conclusão ao Plano de Actividades para o ano de 2015, vai o Sporting Clube de Nisa, em parceria com a União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão, organizar no próximo dia 30 de Dezembro, pelas 20H30, a Corrida São Silvestre de Nisa, recuperando uma tradição que se foi perdendo no tempo.
Os mais pequenos não foram esquecidos e temos por isso corridas para todas as idades. 
Pelas CORRIDAS e pelas TRADIÇÕES, não falte... PARTICIPE e traga um AMIGO!!!
1. NOTA INTRODUTÓRIA
A “Corrida São Silvestre de Nisa” é uma prova de atletismo (estrada) e realiza-se no dia 30 de dezembro de 2015, entre as 20h30 e as 22h00, na Praça da República de Nisa, organizada pelo Sporting Clube de Nisa e pela União de Freguesias do Espirito Santo, Nossa Senhora da Graça e São Simão, e com o apoio da Câmara Municipal de Nisa e a colaboração técnica da Associação de Atletismo do Distrito de Portalegre.
2. NORMAS REGULAMENTARES
A prova destina-se a atletas filiados na AADP para a época 2015/2016, sendo no entanto aberta à participação de todos os cidadãos naturais de um país da União Europeia (atletas federados e não federados) que, pelo facto de se inscreverem, aceitam as normas regulamentadas. Atletas de outras nacionalidades poderão participar desde que convidados pela AADP.
Os participantes devem reunir condições de saúde necessárias à prática desportiva. Após a inscrição assumem que se sentem fisicamente e psicologicamente preparados para o esforço físico inerente à prova em que vão participar. A organização da prova assegura aos inscritos um seguro de Acidentes Pessoais, conforme previsto na Lei do Seguro Desportivo (D.L. 10/2009). A organização não se responsabiliza por situações que não estejam abrangidas por este seguro.
3. ESCALÕES ETÁRIOS
4. PERCURSO, DISTÂNCIAS e HORÁRIO
A corrida desenrolar-se-á num circuito urbano com a extensão aproximada de 8 km (3 voltas de 2650 m), com Partida na Praça da República em Nisa, seguindo pelo Largo Dr. António Granja, Praça da República, Rua Júlio Basso, Rua Sidónio Pais, Zona de Atividades Económicas, Rua 25 de Abril, Largo Heliodoro Salgado, Estrada Nacional 18 e Chegada à Praça da Republica, no mesmo local da partida.
Prova 1 - 20h30 - Benjamins Masculinos e Femininos * 500 m
Prova 2 - 20h35 - Infantis Masculinos e Femininos ** 1000 m
Prova 3 - 20h45 - Iniciados Masculinos e Femininos - 1 volta 2650 m
Prova 4 - 21h00 - Juvenis Masculinos e Femininos -  2 voltas 5300 m
Prova 5 - 21h30 Jun., Seniores e Veteranos Fem e Masc. -  3 voltas 8000 m
* 1 volta circuito pequeno
** 2 voltas circuito pequeno
5. INSCRIÇÕES
Os atletas filiados na AADP participam com os dorsais associativos, devendo no entanto confirmar a sua inscrição até às 18h00 do dia 28 de dezembro (segunda-feira).
Pressuposta a aceitação do regulamento toda e qualquer pessoa elegível não filiada na AADP poderá inscrever-se até às 18h00 do dia 28 de dezembro (segunda-feira). Estas inscrições devem ser feitas junto da: Associação de Atletismo de Portalegre – Avenida de Badajoz, 1 - 7300-306 PORTALEGRE - portalegre@fpatletismo.org - Fax – 245 202 133.
A inscrição terá um custo de 3€ (só para adultos), com direito a t’shirt, banho e seguro (para os não federados). Para os atletas naturais ou residentes no concelho de Nisa a inscrição é gratuita.
Para os atletas que não estejam filiados na AADP na presente época desportiva o dorsal terá o custo de 1€.
6. CLASSIFICAÇÕES
Serão estabelecidas classificações individuais por escalão e sexo.
Será ainda estabelecida uma classificação coletiva pelo cômputo geral dos escalões, atribuindo pontos (5 – 4 – 3 – 2 – 1) aos 5 primeiros classificados de cada escalão etário e sexo definidos no ponto 3 do presente regulamento. Vence a equipa que somar mais pontos.
7. PRÉMIOS
Medalhas aos 3 primeiros de cada escalão e sexo.
Taças às 3 primeiras equipas pelo cômputo geral dos escalões.
T’Shirt a todos os participantes.
Prémios monetários:
8. SEGURANÇA E CONTROLO
A organização, com a colaboração das autoridades competentes, procurará evitar ao máximo o trânsito no percurso utilizado, não se responsabilizando, no entanto, por qualquer acidente ou danos sofridos ou provocados pelos participantes, para além daqueles que são cobertos pela apólice do seguro desportivo.
Nalgumas ruas do percurso o trânsito fruirá no sentido contrário, pelo que os atletas deverão utilizar a faixa da direita.
É rigorosamente proibido o acompanhamento de atletas por qualquer veículo com ou sem motor. A não observância desta medida implicará a imediata desclassificação do atleta.
9. CASOS OMISSOS
Serão resolvidos em obediência ao Regulamento Geral de Competições da FPA em vigor.

13.11.15

NISA: O Papa Francisco na arte de José Reisinho Serra




Uma pintura com a imagem do Papa Francisco, foi um dos trabalhos realizados ao vivo pelo artista nisense José Maria Reisinho Serra, aquando da sua participação na Exposição "Três Olhares Diferentes", a convite da associação Magenta e que aquela associação cultural promoveu no CAE (Centro de Artes do Espectáculo) da Figueira da Foz, no início de Outubro.
A pintura do quadro com o Papa Francisco pelo nosso conterrâneo suscitou, naturalmente, grande curiosidade não só da parte dos artistas presentes como, principalmente, dos inúmeros visitantes que acorreram àquela manifestação artística e cultural realizada na cidade foz do Mondego.

DO ALTO DO TALEFE (3) - Mal comparado

Este meu gosto pela escrita! Este meu gosto pela leitura! Este meu gosto pelas estórias! Mas comparado, é como o prazer que um gato sente quando se rebola no chão.
Fazer rodopiar as letras, dançar as palavras, e dos parágrafos sentir a brisa de uma dança de roda!
Mal comparado, é como o prazer que um pardal sente, quando adivinhando a chuva, se banha num covacho de areia.
Ouvir uma estória, contada com o fim de encantar quem ouve, é tão ou mais interessante que ouvir aquele som de acordeão que ressoa na memória da juventude!
Mal comparado, é como o prazer que a carpa sente, quando se esfrega na areia, no tempo da desova.
Ler um livro de fio a pavio, não descolando do enredo, agarrado à melodia e à musicalidade das palavras! Mal comparado, é como o prazer que a adolescente sente, quando percebe que é o centro de atenções dos indivíduos do sexo oposto.
Escrever! Ah! Escrever! É um desalmado de um prazer! Mal comparado, é como o prazer que a mulher sente, quando depois de ter um filho olha pela primeira vez para ele.
Letras pequenas, grandes, redondas, engraçadas, tristes, escritas com máquinas ou simplesmente desenhadas à mão. Juntas na escrita, ou juntas na oralidade, estabelecem a comunicação.
Na escola do Rossio, em tempos que já lá vão, a professora desenhara no quadro negro, duas letras com o imaculado giz branco e virando-se para o aluno indaga, confiante na resposta: Um nê e um u, lê-se:
- Pilacho, senhora professora -, responde de pronto o jovem nisorro, fazendo abanar de contentamento a perna, e simultaneamente a sandália, de grossa sola de pneu.
Alguns anos mais tarde, outro professor, o dr. Abel Monteiro em resposta a uma questão mal respondida por outro aluno, retorquiu:
- Oh, Armando! Vê lá, toma cuidado! Não troques o gerúndio pelo particípio do passado!
Que prazer imenso este, de usar letras e juntá-las. Juntá-las em Português. Mal comparado, é como o prazer que a perdiz sente, quando se passeia ufana com os seus perdigotos, pelos campos floridos do meu Alentejo.
Os afazeres agrícolas e uns achaques próprios deste Inverno, retiraram-me um tempo de convívio com os leitores, mas esta semana ao passar pelo “penôco” do talefe, deu-me uma saudade! Saudade, de juntar as “léteras”, de brincar com elas, de dançar numa “nuve” de palavras. Mal comparado, é como o prazer que o autor quando jovem sentia, quando de pé descalço, corria assobiando, atrás de um arco com uma gancheta na mão.
Perdoem-me os leitores este devaneio de prazer pela escrita. Mal comparado, é como o prazer de um pombo arrulhado àquela espantosa pomba que lhe surgiu no quintal.
Zé de Nisa in "Do Alto do Talefe" - Jornal de Nisa nº 28 (1ª série) 3/3/1999

12.11.15

OPINIÃO: E agora, Senhor Presidente?

Não é verdade que o Presidente da República, depois da rejeição parlamentar do programa do Governo na passada terça-feira, tenha como opção nomear ou recusar a nomeação de António Costa como primeiro-ministro. Demitido este Governo por força de norma constitucional explícita (alínea d), n.º 1 do artigo 195.º), cabe ao Presidente encetar novas diligências para encontrar uma solução governativa que satisfaça os critérios a que sempre está vinculado mas cuja leitura fica agora drasticamente simplificada. Com efeito, cerca de dois terços dos eleitores, através dos seus representantes eleitos, recusaram a continuidade das políticas de austeridade que o Governo recém-empossado se propunha assegurar e, chegado o momento de avaliar as suas propostas, manifestaram com clareza o seu repúdio e, na mesma ocasião, o seu apoio a uma alternativa política liderada pelo Partido Socialista.Aquilo que distingue o chamado sistema "semipresidencial" adotado pela Constituição portuguesa de outros modelos de democracia parlamentar em cuja família se integra são, precisamente, as atribuições do Presidente na formação do Governo. A latitude destes poderes, formulados com grande amplitude - como convém à redação da Lei Fundamental da República - está também ali delimitada com suficiente rigor. A definição das "principais orientações políticas" e as "medidas a adotar ou a propor nos diversos domínios da atividade governamental" (artigo 188.º da Constituição) devem constar do programa de Governo que tem de ser previamente apreciado pela Assembleia da República, sem qualquer possibilidade de interferência do Presidente. E só depois de a Assembleia da República ter debatido e aceitado o seu programa, assume o Governo a plenitude das suas funções ou então, cai como caiu! De facto - e de direito! - a larga margem de apreciação dos resultados eleitorais de que o Presidente gozava anteriormente - sobretudo, neste quadro parlamentar em que nenhuma força política obteve a maioria absoluta - fica agora condicionada pela interpretação feita pelos próprios representantes eleitos, do sentido do mandato que receberam. Não pode o Presidente sobrepor os seus critérios ou preferências aos critérios e preferências dos próprios representantes, enunciados no lugar soberano da representação democrática e certificados por entendimentos escritos e declarações públicas.Como é bem sabido, a missão específica que o Presidente da República cumpre na nossa democracia constitucional - o que justifica, aliás, a sua eleição por sufrágio universal e lhe permite até, em circunstâncias excecionais, demitir o Governo e dissolver o Parlamento - é "assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas" (n.º 2 do artigo 195.º). Seria absurdo que tal poder fosse subvertido pelo seu próprio titular e que o Presidente se transformasse no principal fator de perturbação "do regular funcionamento das instituições democráticas" que justamente lhe cabe proteger! Seguramente que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não o fará.
Pedro Bacelar de Vasconcelos - "Jornal de Notícias" - 12/11/2015

Os Verdes defendem reactivação da Linha de Leste

Portalegre - Amanhã - 13 de Novembro - Conferência de imprensa do PEV e debate
Realiza-se amanhã, pelas 15.00h, na Estação de comboios de Portalegre, uma conferência de imprensa de Os Verdes onde será apresentada a iniciativa legislativa do PEV relativa à reativação da Linha do Leste e às matérias acordadas entre PEV e PS sobre ferrovia e mobilidade.
15.00h – Conferência de Imprensa (na Estação de comboios de Portalegre) - Esta conferência terá lugar à chegada do único comboio com saída do Entroncamento, no qual virá Manuela Cunha
De seguida, às 18.00h, terá lugar na Biblioteca Municipal de Portalegre a “Conversa Ecologista”, um espaço de debate informal que pretende abordar a atual situação do país decorrente do resultado das últimas eleições legislativas, nomeadamente as que poderão vir a ter impacto no Distrito de Portalegre.
18.00h – “Conversa Ecologista” na Biblioteca Municipal de Portalegre – conta com a participação de Manuela Cunha, dirigente nacional de Os Verdes que foi a cabeça de lista da CDU por Portalegre nas últimas eleições legislativas.
Para mais informações, os senhores e senhoras jornalistas poderão contatar “Os Verdes” através do número 914 506 348 (dirigente nacional do PEV, João Gordo Martins).

O Partido Ecologista “Os Verdes”

10.11.15

.. E a Coligação de Direita Páááááfffffffffffffffffff... foi ao ar!


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
*********************
Houve festa na cidade
Em véspera de S. Martinho
A Esquerda deu as mãos
E a Direita foi de carrinho

E agora, cavaquinho
O que irás inventar?
A treta dos mercados
Prá direita abocanhar?

Ou o “terror” da estabilidade
E das agências de notação?
Sê, por uma vez, Presidente
E decide-te pela razão!

Dá posse ao novo governo
Com maioria parlamentar
Deixa em paz, a política
Vai pró Algarve descansar!

Antes, ainda vais à Madeira
O país já não é urgente.
Na república da bananeira
Quem se lixa é a gente.

4.11.15

OPINIÃO: O perigo de sepultar os rios

A ribeira chama-se agora Avenida da Liberdade e nesta metamorfose está a explicação, ou parte dela, do que se passou no domingo em Albufeira. Sepultar um curso de água, ou o local onde em tempos correu um ribeiro, é um ato criminoso. E mais criminoso se torna se feito por quem teria obrigação de não ignorar, de desenvolver os conhecimentos técnicos necessários para avaliar as consequências.A população de Albufeira sabe do que se trata. No domingo, vários populares, ouvidos pela Comunicação Social, apontavam o dedo às obras da sociedade Polis que terão aterrado a ribeira. Aqui a responsabilidade não se atribui a um qualquer autarca inculto, apologista do betão: a obra partiu do Ministério do Ambiente, de quem depende a sociedade Polis. A crer nos relatos vindos a público, na refrega das inundações que deixaram um rasto de destruição e lama na turística Albufeira, na intervenção foram usadas manilhas para as águas pluviais de capacidade inferior às instaladas anteriormente.Aconteceu em Albufeira, no Algarve, poderá repetir-se em qualquer outro ponto do país. Entubar ribeiros, devido a interesses vários, turísticos ou agrícolas, é prática corrente de norte a sul. A solução - perigosa, como se vê - dura até ao dia em que a Natureza mostra a sua força e arrasta nas enxurradas o erro praticado. E, enfim, é tarde para emendar a mão.Emparedar o curso de água, por certo, não será a única explicação para a situação caótica vivida, domingo, na Baixa da cidade de Albufeira. A precipitação foi anormalmente intensa, o solo está impermeabilizado e, é provável, como também já se tornou normal, os bueiros estariam obstruídos, por limpar.Os mesmos responsáveis, lembre-se, que transformaram um rio numa avenida, própria para a circulação de automóveis em vez de água, são os mesmos que subscrevem acordos diplomáticos internacionais com vista a mitigar as consequências das alterações climáticas. Eles têm obrigação de saber, está escrito nesses documentos, o seguinte: "A precipitação tenderá a ocorrer mais sob a forma de precipitação intensa, por exemplo, "superior a 10 mm/dia, amplificando de modo significativo o risco de cheias". Os cenários para as alterações climáticas deixaram de o ser. A realidade está aí - e só não vê quem não quer. E não ponham a culpa em Deus "que nem sempre é amigo", como ontem fez questão de dizer o novo ministro da Administração Interna, numa estreia patética de tão beata.
Paula Ferreira in “Jornal de Notícias”3/11/2015

Verdes apresentaram no Parlamento as 10 primeiras iniciativas legislativas a discutir no início desta legislatura

Os Verdes apresentaram hoje na Assembleia da República o seu primeiro pacote legislativo, um conjunto de 10 iniciativas legislativas sobre matérias que consideram prementes e urgentes para discussão no início desta XIII Legislatura, questões marcantes com as quais o país se confronta e que urge solucionar: 
Projeto de Lei 11/XIII/1 - Alarga as famílias com capacidade de adoção, alterando a Lei nº 9/2010, de 31 de maio e a Lei nº 7/2001, de 11 de maio – O PEV espera a aprovação deste Projeto de Lei que alarga as famílias com capacidade de adoção a casais do mesmo sexo, em benefício das crianças institucionalizadas e contribuindo, ainda, para eliminar descriminações em função da orientação sexual
Projeto de Lei 12/XIII/1 - Redução de resíduos de embalagens – Com esta iniciativa, Os Verdes pretendem a regulação do mercado de embalagens no sentido de se evitar o desperdício que algumas delas representam, dando particular atenção ao nível da redução da sua produção, beneficiando o consumidor, quer ao nível financeiro, quer ambiental.
Projeto de Lei 13/XIII/1 - Preferência pela produção alimentar local nas cantinas públicas – O PEV considera que é preciso acabar com a dependência do exterior em matéria alimentar e, nesse contexto, dar especial atenção ao processo produtivo, nomeadamente ao escoamento de produtos alimentares, e, por isso, propõe que nas cantinas públicas sejam adotados, preferencialmente, produtos nacionais e locais.
Projeto de Lei 14/XIII/1 - Revoga a Lei nº 134/2015, de 7 de setembro, e a Lei nº 136/2015, de 7 de setembro, de modo a combater o aborto clandestino e a respeitar a dignidade das mulheres que decidem interromper voluntariamente a gravidez – Esta iniciativa legislativa visa corrigir o absurdo aprovado por PSD/CDS na anterior legislatura, de implementação de taxas moderadoras na IVG, e propõe a retoma do regime anterior, um regime bem-sucedido no combate ao aborto clandestino, motor de assistência e informação para as mulheres e, sobretudo, de um respeito que lhes era devido.
Projeto de Lei 15/XIII/1 - Estabelece o princípio da não privatização do setor da água, através da alteração à Lei nº 58/2005, de 29 de dezembro (que Aprova a Lei da Água), com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 60/2012, de 14 de março e pelo Decreto-Lei nº 130/2012, de 22 de junho – Face à importância que tem este recurso essencial à vida, é fundamental que a água se mantenha na esfera pública e, por isso, é importante integrar na Lei o princípio da não privatização da água proposto pelo PEV
Projeto de Lei 16/XIII/1 - Estipula o número máximo de alunos por turma – Foram utilizadas pelo anterior Governo razões economicistas para despedir professores, o que levou à criação de turmas sobrelotadas com maiores dificuldades de aprendizagem. Para o PEV, é fundamental diminuir o número de alunos por turma, promovendo um ensino melhor e mais personalizado
Projeto de Lei 17/XIII/1 - Impede o cultivo e a libertação deliberada em ambiente de organismos geneticamente modificados (OGM) – O risco dos transgénicos para a saúde levou já a que muitos países da União Europeia tenham recusado o cultivo de OGM. O PEV apela a um olhar sério sobre este assunto, para que Portugal não fique de brases cruzados e não se converta num “paraíso” da Monsanto, rejeitando, também ele, o cultivo de culturas transgénicas que comportam enormes riscos de contaminação de culturas tradicionais e biológicas
Projeto de Lei 18/XIII/1 - Reposição das 35 horas de trabalho semanal na Administração Pública – É urgente colocar um ponto final nesta medida penalizadora dos trabalhadores, que os levou a trabalhar mais horas sem o devido acréscimo remuneratório, um retrocesso social de uma profunda injustiça levado a cabo pelo anterior Governo. Para o PEV, a reposição das 35h de trabalho semanal terá repercussões positivas na criação de emprego e na melhoria da qualidade do serviço prestado pela Administração Pública às populações
Projeto de Lei 19/XIII/1 - Repõe a taxa do IVA na restauração em 13% (Adita as verbas 3 e 3.1 à Lista II Anexa ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, aprovado pelo Decreto-Lei nº 394-B/84, de 26 de dezembro) – É imperativo corrigir a subida do IVA na restauração, uma medida do anterior Governo que trouxe enormes problemas ao setor como o encerramento de empresas e o despedimento de trabalhadores. Para o PEV, a reposição da taxa do IVA em 13% traria enormes benefícios e criaria maior sucesso no setor da restauração
Projeto de Resolução 3/XIII/1 - Plano Ferroviário Nacional – O setor ferroviário tem sido o parente pobre da mobilidade e o PEV quer por fim a esta situação com a criação do Plano Ferroviário Nacional, um Plano importante na promoção de meios de transporte menos poluentes, com um contributo indispensável no combate às alterações climáticas. Para Os Verdes, é urgente implementar uma lógica de investimento na ferrovia como forma de combate às assimetrias regionais e de promoção de um desenvolvimento sustentável.
O Gabinete de Imprensa de “Os Verdes”

2.11.15

NISA: "Dê-nos a Esmolinha dos Santos"


É assim todos os anos, nas véspera e no dia 1 de Novembro (Dia de Todos os Santos), no reviver de uma tradição que durante anos esteve quase a extinguir-se e que agora, com novos cambiantes, se renova, emprestando às ruas da vila o colorido de outros tempos.
Grupos de crianças vão de rua em rua, sacolas na mão e, tal como antigamente, pedem a "Esmolinha dos Santos", ou, noutras terras, o "pão de Deus".
Nas bolsas e sacolas já não "caem" os feijões pretos, as passas de figo, os frutos secos (nozes e castanhas) ou as romãs. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, isto é, os hábitos e os gostos. As guloseimas, os chocolates, bolos, e outros bens alimentares são as ofertas ou "esmolas" de cada casa onde ainda se preserva a lembrança da "Esmolinha dos Santos". Transcrevemos, a propósito, o texto de José Francisco Figueiredo que descreve a forma como este dia era vivido em Nisa na primeira metade do século passado.
O Dia de Todos os Santos *
"A comemoração dos Santos, prescrita pela Igreja em 1 de Novembro, tem nesta vila carácter simultaneamente festivo e lutuoso.
Como no Domingo de Páscoa, as ruas povoam-se de crianças que a casa dos padrinhos vão pedir o bolo. E, de porta em porta, ranchos de mulheres e garotos andam todo o dia a pedir esmola dos Santos, enquanto alguns matulões, embriagados, importunam com a mesma litania quem suponham dispostos a fomentar-lhes o vício.
Também costumam os rapazes e raparigas – quando o dia é pleno das belezas do veranito de S. Martinho – ir à Senhora da Graça, S. António ou outro local próximo, onde fazem os seus magustos e jovialmente se divertem.
Mas o fúnebre dobrar dos sinos – que começa logo depois do meio-dia e se prolonga por toda a parte – espalha no ambiente a tristeza de mestas recordações com a saudade dos Fiéis Defuntos, cuja comemoração se faz no dia seguinte e os campanários vão anunciando.
O culto pela memória dos antepassados está profundamente radicado na alma de todos os nisenses, motivo por que, no Dia de Finados, as três missas que, segundo o rito, os eclesiásticos podem celebrar, são extremamente concorridas.
Também nesse dia, e de ano para ano com maior incremento, grande parte da população visita o cemitério a fim de cobrir de flores a sepultura dos seus queridos mortos."
* José Francisco Figueiredo - Monografia da Notável Vila de Nisa (1956)

PÓVOA E MEADAS: Jantar convívio de S. Martinho