31.10.16

OPINIÃO: Em Abrantes, tudo como dantes

Demorou, mas a verdade lá veio ao de cima: afinal, era mesmo um “contratado” de José Sócrates que escrevia o blog “Câmara Corporativa”, sob o pseudónimo Miguel Abrantes, com mais vigor entre entre 2005 e 2010 (o blog manteve-se até 2015, está parado desde então). Chama-se António Peixoto, e recebia, diz a imprensa, mais de 3500 euros mensais para postar textos em defesa do Governo, de Sócrates, e altamente agressivos para quem os criticava.
Surpreendia-me, mais do que a rapidez na resposta aos críticos, o volume de informação que tinha sobre os “adversários”. Conseguia encontrar contradições entre textos com anos de distância, parecia ter uma memória brutal, e certamente tinha quem o ajudasse na ciclópica tarefa de responder a tanta gente que cascava no Governo. Podia dizer-se tudo sobre Miguel Abrantes - menos que não era dedicado, empenhado, e altamente competente a desfazer aqueles que se metiam com o Governo da altura.
Quis entrevistá-lo na rádio, para desfazer o mito e perceber a figura. O facto de usar um pseudónimo era respeitável, e eu não tinha qualquer interesse em explorar esse facto, tanto mais que só tinha de “dar” a voz - queria antes entender o que o movia, e até que ponto era um porta-voz encapotado de José Sócrates na blogosfera.
Trocámos alguns e-mails, recusou o convite, mas o essencial do que me disse reduz-se a estas linhas:
“Se a minha presença no programa desfizesse o boato (de que era um braço “armado” de Sócrates), talvez se justificasse a ida a Lisboa. Acontece que logo eu seria encarado como o "porta-voz" do "grupo de assessores”. Um dia, se quiser, dou-lhe a minha opinião de como deveria ser feito um blogue de assessores. É estranho que um "blogue de assessores" não escreva uma linha a defender ministros como o da Saúde, a da Educação, a da Cultura e por aí fora, que estiveram sob fogo”.
Miguel Abrantes, o homem que não era assessor mas afinal recebia mais de 3500 euros por mês para escrever o blog, levava a sério a função ao ponto de se justificar desta forma - ou de me dizer, noutro e-mail, “algo me diz que deveria aceitar o convite, para de uma vez por todas acabar com as histórias de que sou um fantasma. Não sou”.
Mais do que um fantasma, Miguel Abrantes foi uma sombra e arma de arremesso a coberto de um pseudónimo, e um realíssimo aldrabão para pessoas de boa-fé, como foi o meu caso. Fácil, eficaz, e mais barato do que um contrato com uma agência de comunicação: usar as mesmas armas, mas sem dar a cara. Isto diz muito sobre a forma como José Sócrates encarou o poder, os media, e a opinião publica.
Infelizmente, não esteve sozinho - e quando se questionou a existência de tal blogger, uma jornalista militante da ética, da verdade e da deontologia, chegou-se à frente. Chama-se Fernanda Câncio e, no blog Jugular, no dia 22 de Fevereiro de 2008 - e posteriormente editado a 7 de Novembro de 2008, foi peremptória: “Eu, como a maioria das pessoas que escreveu no blogue “sim no referendo”, conheço o Miguel Abrantes. Vi-o, jantei com ele, sei onde trabalha. e sei que não é assessor do governo. Mas, sendo as coisas e as acusações o que são, este meu affidavit não deve servir de muito ao Miguel Abrantes (nem a mim, for that matter). Paciência -- é a verdade”.
Oito anos depois, começamos a perceber a noção de verdade que cercava Sócrates, o seu núcleo duro e alguns jornalistas ditos “de referência”. Não surpreende. Pior é quando alguém se lembra de ligar a ventoinha da memória mesmo em frente da lama…
Listas e mais listas…
Sempre gostei de listas. Seja de ricos ou de supermercado, de discos ou de países. Neste site, quem for como eu pode perder-se pelo infindável número de listas que se possa imaginar…
Lembrei-me de sugerir listas porque esta semana a revista Time, que já publica regularmente tabelas com os mais influentes ou os mais poderosos, avança para a invejável lista dos teenagers mais influentes de 2016. Deliciem-se e… surpreendam-se!
É verdade que a montanha terá parido um rato - mas o consórcio de jornalistas que trouxe para as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo os “Panama Papers”, não parou de trabalhar. No site oficial do ICIJ, listas não faltam…
Pedro Rolo Duarte

30.10.16

OPINIÃO: O Forrobodó eleitoralista

Há quem diga, a propósito do Comunicado da Presidente da Câmara, distribuído na 6ª feira, que começou a campanha para as eleições autárquicas de Outubro de 2017. Costumo dizer, com ou sem propriedade, que as campanhas eleitorais começam no dia seguinte às tomadas de posse dos órgãos autárquicos, seja em Nisa, no Crato ou em Cabeceiras de Basto.
O comunicado ou Nota da Presidência – como é mais fino dizer-se – está colocado, para leitura e análise, no Portal de Nisa. Como está, igualmente disponível no site, o comunicado dos vereadores da CDU.
Sobre um e outro não faremos, por agora, qualquer comentário. Os leitores que leiam e tirem as conclusões que melhor lhes aprouverem. Deixo, no entanto, duas ou três notas, porque distintos são os documentos e as fundamentações apresentadas.
1 A primeira nota, diz respeito ao acto de rejeição (votos contra) do Orçamento e Plano municipais para 2017. Não é nenhum terramoto ou calamidade pública, mas tão só, a possibilidade que a democracia representativa oferece de concordarmos ou não com o que nos é proposto. A Câmara Municipal, no caso de Nisa, é composta por 5 eleitos. Três deles não concordam – e justificam os porquês – com as propostas apresentadas.
Não acredito que seja por ignorância (é feio, muito feio e revelador de um espírito pouco respeitador e anti-democrático, acusar os parceiros da vereação, a cumprirem, todos, os três primeiros anos na função, de ignorância, quem, nas mesmas funções, cumpre um percurso de 11 (onze) anos).
Igualmente não acredito que os vereadores, ditos da Oposição, tenham rejeitado os documentos de ânimo leve e sem fortes e fundamentadas razões para o fazerem.
Paralisar a Câmara? Paralisar a acção da Presidente da Câmara? Mas a maioria PS não integra, ainda outro vereador? Por que motivo o mesmo não é referido, nem ao de leve? Não conta? Não é sujeito activo do trabalho municipal? A Câmara vive e respira, única e exclusivamente, pela acção de uma só pessoa?
2 – A segunda nota, alerta para uma situação de discriminação política que, mais tarde ou mais cedo, terá que chegar ao Tribunal Constitucional.
A Presidente da Câmara tem direito a difundir (nem vou escrever propagandear) as suas razões pela chamada via institucional. Utiliza os meios da autarquia (papel, máquinas de impressão, funcionários, na feitura e distribuição dos documentos) e a difusão no próprio site do Município. Site que tinha obrigação de ser isento e servir, pluralisticamente, todos os eleitos, porque todos – mesmo aqueles que, hipoteticamente, apenas querem paralisar o frenético trabalho da Presidente – o são de corpo inteiro e resultantes do voto popular.
Os vereadores da “Oposição” para responderem ou aclararem as suas posições, tomadas no órgão Câmara Municipal e em resultado da acção que desenvolvem enquanto eleitos, têm de fazê-lo a expensas próprias e utilização de meios particulares. Isto, meus senhores, não é democracia.
3 – Registo, em terceiro lugar, que da Nota da Presidência e da extensa listagem de obras ou projectos que apresenta como figuras de retórica eleitoral, já não constam as promessas de Reposição da Fonte do Rossio, nem a celebérrima Ponte sobre o Sever. Antes e depois de viagens empolgantes a Cáceres e a Madrid, a culpa era do PP que dominava o Governo Regional da Extremadura. Mas, as circunstâncias políticas mudaram e com o PSOE extremenho no lugar do PP, nem com varas rosas se vislumbrou a abertura do processo da construção da ponte. A euforia deu lugar ao silêncio e ao apagamento da questão.
A referência no comunicado ao “Nosso Rancho” é anedótica. O Rancho das Cantarinhas saiu de cena. Não participou nas comemorações do 25 de Abril e uma pergunta nossa sobre as razões da ausência foi respondida pelo mutismo. Ninguém sabe, ninguém diz nada. Falta uma “sede condigna” tal como há dois anos, por ocasião dos 50 Anos da Fundação do Rancho faltou um palco com um mínimo de dignidade para tão honrosa efeméride.
4 – O forrobodó eleitoralista e as reacções destemperadas, motivado por uma votação fora da expectativa, não me surpreendem. O que me surpreende, face ao estilo de trabalho deste executivo, baseado no egocentrismo (eu é que sei, eu é que mando, faz-se apenas o que eu quero) é que estas situações não se tenham verificado desde o início.
O Plano de Actividades e o Orçamento Municipal sendo os documentos previsionais nobres ou de excelência de uma autarquia, não são os únicos e deviam envolver, obrigatoriamente, todos os eleitos, todas as autarquias do concelho (assembleias e juntas de Freguesia) os serviços camarários, as instituições e colectividades e a população do concelho. O trabalho colectivo, em equipa, ouvindo todos os interessados – porque a todos afecta a gestão da coisa pública – seria um primeiro e importante (eu diria decisivo) passo para a elaboração de instrumentos de gestão e administração municipal que respeitassem prioridades e as mais sentidas aspirações de munícipes e fregueses.
Fazer o contrário, distribuir verbas e obras em função de votos e beijinhos, cria relações desiguais, clientelismo e discriminações.
E, como sabemos, compadrio não rima com essência democrática e muito menos com verdade.
Mário Mendes

29.10.16

NISA: Vereadores da CDU justificam Rejeição do Plano e Orçamento Municipal

VEREADORES DA CDU TRAVAM DEVANEIO ELEITORALISTA DA PRESIDENTE DA CÂMARA DE NISA EM ORÇAMENTO DESPESISTA E EMPOLADO EM MAIS DE 3 MILHÕES DE EUROS!
 Ao longo destes três anos a CDU tem dado o benefício da dúvida à Presidente da Câmara na gestão municipal! A ausência de estratégia, a prepotência, a incompetência e ilegalidade confirmam-se no atual orçamento! A pior das gestões que um presidente de câmara pode ter está aqui traduzida! Damos conhecimento da declaração de voto apresentada pelos vereadores da CDU, ao marcarem a sua posição CONTRA os Documentos Previsionais da Câmara Municipal de Nisa para o ano de 2017 – Orçamento Municipal e Grandes Opções do Plano: DECLARAÇÃO DE VOTO “Ao longo destes três anos a CDU deu o benefício da dúvida à gestão do executivo camarário PS verificando-se agora, neste Orçamento e GOP, a ausência de estratégia que o tem caracterizado. Passados três anos de negociações no âmbito do Programa Portugal 2020, constatamos que não foi presente a reunião de câmara nenhuma candidatura recorrendo aos necessários instrumentos de financiamento. Estranhamos, neste Orçamento que aqui nos é apresentado, uma receita FEDER de 3.148.186,52€ uma vez que não conhecemos os instrumentos de financiamento, não sabemos os valores contratualizados nem as ações aprovadas. Como não nos foram apresentados estes projetos e ações, os vereadores da CDU reiteram que não pactuam com o que classificam de empolamento deste orçamento, ao lhes ser apresentada a previsão de receitas de Fundos Comunitários e projetos que desconhecem.” Em democracia, as diferentes forças políticas têm de ser auscultadas e as suas propostas incluídas na elaboração do Orçamento! Nas reuniões dos dias 19 e 27 de outubro, em que o Orçamento e Grandes Opções do Plano foram discutidos, os Vereadores da CDU apresentaram propostas de reforço das verbas para intervenção na
área das atividades económicas e ambiente (criação de postos de trabalho em novas valências do complexo termal assim como a proposta de intervenções de pré-tratamento de efluentes industriais de Tolosa), no apoio a entidades no âmbito da ação social, educação, da cultura e do desporto. Salientamos que na reunião de dia 27 VIMOS REJEITAR LIMINARMENTE: - o pagamento do subsídio devido à ADN, de 160.000€; - o aumento de 30.000€ para 60.000€ para apoio à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa; - a atribuição de 100.000€ à construção do Centro social da Santa Casa da Misericórdia de Arez; ... PORQUE A PRESIDENTE DA CÂMARA ASSIM O QUIS! Mas fomos mais longe, defendemos ainda: - Garantir as refeições escolares a todos os alunos do Pré-escolar e 1º ciclo de escolaridade, do Concelho de Nisa;
- Garantir a gratuitidade dos manuais escolares para todos os alunos do 2º ciclo de escolaridade, do Concelho de Nisa; - Conceber um programa cultural descentralizado e integrado, com destaque para a utilização regular do Centro Cultural José Maria Moura, em Alpalhão, que se encontra subaproveitado; - Disponibilizar acesso à rede Wi-Fi na Praça da República;
- Requalificar o Centro Histórico de Nisa (incluindo a segunda fase do Museu), prevendo a aquisição de imóveis, pelo município, para recuperação e colocação no mercado de arrendamento ou de aquisição, a custos controlados, dando preferência aos mais jovens;
-Continuar as obras de remodelação de infraestruturas (águas e saneamento) e repavimentação, nas freguesias do Concelho;
- Requalificar a envolvente ao Calvário, em Alpalhão;
- Encontrar uma solução para a ETAR, em Tolosa, em articulação com as entidades competentes e os produtores locais;
- Requalificar a albergaria Penha do Tejo;
- Revitalizar/dinamizar as Termas da Fadagosa pelo investimento em novos postos de trabalho para a diversificação da oferta termal, incluindo a unidade de internamento;
- Retomar a NISARTES;
- Criar uma rota do megalitismo no Concelho de Nisa;
- Aderir à Naturtejo.
Em contrapartida, a presidente da câmara, que apregoa que está a gerir uma câmara falida, AFETA 400.016,00€ AO EVENTO NISA EM FESTA, DEPOIS DE TER GASTO MAIS DE 145.206,24€ NO NISA EM FESTA DESTE ANO, QUE SE SALDOU NUM PREJUIZO de 87.691,50€! Caros concidadãos, a CAMPANHA ELEITORAL ESTÁ NA RUA, e está na rua à conta do dinheiro de todos nós! ESTAMOS A SER ROUBADOS para que a presidente cumpra objetivos puramente eleitoralistas! Num momento em que deveria ser proativa e garantir o máximo de financiamento proveniente dos fundos comunitários, o que é que acontece? CONSTRÓI O ORÇAMENTO DE 2017 SOBRE MENTIRAS ATRÁS DE MENTIRAS! Como é possível apresentar um valor de comparticipação de Fundos Comunitários de 3.148.186,52€, sendo 2.429.926,32€ em capital e 718.260,20 em corrente, SEM UMA ÚNICA CANDIDATURA APRESENTADA PELO MUNICÍPIO? SEM UMA ÚNICA CANDIDATURA TER SIDO POSTA A APROVAÇÃO EM REUNIÃO DE CÂMARA E ASSEMBLEIA MUNICIPAL? Não questionamos a previsão de receitas e Fundos Comunitários, tal como está previsto no POCAL para a elaboração dos documentos previsionais, O QUE QUESTIONAMOS é que, chegados a 2017, com três anos decorridos sobre a negociação do Quadro PORTUGAL 2020, e conhecendo os instrumentos de financiamento ao dispor do Município, NÃO TER IDO A APROVAÇÃO PELO ÓRGÃO COMPETENTE, NEM O EXECUTIVO TER CONHECIMENTO dos projetos apresentados na EIDT (Estratégias Integradas de Desenvolvimento Territorial) e consequente aprovação em Pacto para o Desenvolvimento Territorial e respetivas ITI (Investimentos Territoriais Integrados), contratualizadas com a Autoridade de Gestão. A Presidente da Câmara FOI QUESTIONADA PELOS VEREADORES em diferentes reuniões da Câmara Municipal, sobre as candidaturas municipais e nunca lhes foram dados esclarecimentos! Nomeadamente um instrumento estratégico como o PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano) que terá sido contratualizado, mas que NÂO FOI SUBMETIDO À APROVAÇÃO DO EXECUTIVO, NEM DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL, o que se configura um ato ILEGAL e de total DESRESPEITO PELAS REGRAS ORÇAMENTAIS, pois os respetivos planos de ação, obrigam a calendarização das ações e de investimentos plurianuais. NÃO PASSÁMOS, NEM PASSAREMOS UM CHEQUE EM BRANCO À PRESIDENTE DA CÂMARA, relativamente a estes documentos previsionais, onde é evidente o EMPOLAMENTO DO ORÇAMENTO com PREVISÕES DE RECEITAS de FUNDOS COMUNITÁRIOS E PROJETOS QUE DESCONHECEMOS. Reiteramos: a Presidente da Câmara NÃO NOS DEU CONHECIMENTO das verbas contratualizadas em Investimentos Territoriais Integrados com a Autoridade de Gestão, NEM APRESENTOU EM REUNIÃO DE CÂMARA E ASSEMBLEIA MUNICIPAL OS PROJETOS/AÇÕES CONTRATUALIZADOS E RESPETIVOS MONTANTES! QUEM DEFINE A ESTRATÉGIA MUNICIPAL É O EXECUTIVO, NÃO É A PRESIDENTE DA CÂMARA! O QUE SE PASSA NESTE ORÇAMENTO É GRAVE E ILEGAL! Faremos chegar junto da Autoridade de Gestão, de acordo com os princípios dos regulamentos da União Europeia, de transparência e comunicação, a que estão sujeitos todos os beneficiários, O NOSSO PROTESTO E PEDIDO DE INQUÉRITO! NÃO! NÃO É A PRESIDENTE DA CÂMARA QUE DECIDE, ABUSANDO DO PODER QUE O POVO NELA DEPOSITOU E BLOQUEANDO O FUNCIONAMENTO DA DEMOCRACIA! OS VEREADORES DA CDU, DEMOCRATICAMENTE ELEITOS, APRESENTAM CARTÃO VERMELHO À GESTÃO DA PRESIDENTE DA CÂMARA DE NISA!
Os vereadores da CDU

NISA: Vereadores da CDU e PSD rejeitam Plano e Orçamento da Câmara para 2017

NOTA DA PRESIDÊNCIA
VEREADORES QUEREM PARALISAR A ACTIVIDADE MUNICIPAL
Na reunião de Câmara de ontem os Vereadores da CDU e do PSD VOTARAM CONTRA o PLANO e ORÇAMENTO da Câmara para 2017.
Esta atitude irresponsável demonstra que querem impedir que continuemos a fazer obra, a dar apoio social, a apoiar o comércio e a economia local, a promover a imagem de Nisa, a cultura e o desporto.
Querem impedir que continuemos a investir na qualidade de vida e no bem-estar de TODOS os munícipes do concelho.
Querem impedir que se construa o novo Centro de Saúde, que se requalifique o Centro Histórico, se recupere a Albergaria, se requalifique o Mercado de Tolosa, se construa uma Infra-Estrutura na Zona Industrial de Apoio aos Jovens Empresários, se apoiem as famílias com o Fundo Municipal de Apoio Social, se ponha em funcionamento a Oficina Móvel Social e a Teleassistência para Idosos;
Querem impedir que se recupere a Escola do Convento para Centro de Artes e Ofícios, que se recupere a Escola de Montalvão para Centro Museológico, se reabilite o Hospital Velho para dar condições aos trabalhadores da Câmara, se reabilite a Casa do Forno, o Largo dos Postigos ou se erga a Estátua ao Emigrante – estas obras estão por nós incluidas no Plano e Orçamento de 2017!
Sem qualquer respeito pelas populações do concelho, os Vereadores tudo fazem para boicotar o trabalho da Presidente da Câmara.
As propostas que apresentaram para o Plano e Orçamento estão integradas nestes documentos, mas mesmo assim, porque o seu objectivo não é o concelho nem as suas gentes, teimam em querer passar para a ADN 160.000 euros - é apenas esta a sua preocupação, uma Associação que quando chegámos à Câmara em 2013, tinha uma dívida de quase 2 milhões de euros, da qual não se conhece que desenvolva qualquer actividade no concelho e que deve à Câmara 107.784€.
Este foi o único argumento que o Vereador do PSD apresentou para justificar o seu voto contra. Os seus parceiros da “coligação” - os dois Vereadores da CDU – acrescentaram que deviam constar do Orçamento verbas a definir (e não definidas) em obras cujo financiamento comunitário já tratámos de garantir para as podermos executar em 2017, tanta ignorância, uma vez que as normas sobre contabilidade pública hoje em vigor, não permitem que nos Documentos Previsionais para 2017 constem verbas a definir, têm que estar definidas e foi isso que fizémos.
Mas não é apenas a ignorância, é a prepotência, é a vontade de paralisar quem, com muito esforço (apesar de ter herdado uma dívida de quase 10 milhões de euros) conseguiu equilibrar as contas do Município e apoiar quem mais precisa, e fazer obras que há demasiados anos foram prometidas e agora estão realizadas e à vista de toda a gente como o MERCADO MUNICIPAL, o CAMPO SINTÉTICO, as ENTRADAS DE NISA, de ARÊZ e de ALPALHÃO, ou o seu LARGO DO CRUZEIRO, o CENTRO INTERPRETATIVO DO CONHAL no Arneiro, o BAIRRO DA CEVADEIRA, a recuperação dos LAVADOUROS, das RUAS DAS NOSSAS ALDEIAS, a nossa FEIRA NA DEVESA, o CINE TEATRO a funcionar com REGULARIDADE e CONFORTO, os SUBSÍDIOS ÀS JUNTAS DE FREGUESIA pagos a tempo e horas bem como as COMPRAS NOS FORNECEDORES DO CONCELHO, SEDES COM DIGNIDADE para a NOSSA BANDA e para os BOMBOS DE NISA e brevemente para o NOSSO RANCHO, a AZINHAGA DO SANTO MENINO, a PINTURA DAS NOSSAS IGREJAS, a valorização do que é nosso desde as FLOREIRAS do antigo e bonito jardim aos PASSADIÇOS preservados junto ao NOVO PONTÃO DE TOLOSA sobre a Ribeira do Sôr, etc…etc..etc....em apenas 3 anos de trabalho ao serviço do povo do nosso concelho de Nisa.
DEIXEM-NOS TRABALHAR!
Nisa e Paços do Concelho, 28 de Outubro de 2016
A Presidente da Câmara Municipal
(Dra. Maria Idalina Alves Trindade)

28.10.16

Apresentação do livro "Dicionário do Falar Raiano de Marvão

Fruto de um longo e aturado trabalho de!investigação que tive o prazer de acompanhar enquanto orientadora do projectos de mestrado e de doutoramento de Teresa! Simão, o Dicionário do  Falar Raiano de Marvão oferece ao público um precioso repositório do património lexical desta região.
Sendo certo que a dinâmica das! línguas, que naturalmente acompanha a evolução das comunidades falantes, acelerada pelo impulso normalizador da escola e dos meios de comunicação, tende  a apagar as marcas de uma diversidade que constitui uma das maiores riquezas da língua, esta obra – rara no actual panorama científico, onde os trabalhos sobre as variedades dialectais portuguesas são quase inexistentes –afirma-se, pelo rigor  seriedade da investigação que lhe subjaz, como uma referência nos estudos
dialectológicos e como um importante contributo para a salvaguarda da vertente linguística do património imaterial da raia nortealentejana.
Ana Paula Banza (Professora da Universidade de Évora e Investigadora do CIDEHUSIUE)
Teresa Susana Bengala Simão –Natural dos Alvarrões –Marvão, cedo se apercebeu da existência de uma realidade linguística distinta da norma e que veio a explorar ao longo do seu percurso académico: Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas (Português /Alemão) na Universidade de Coimbra; pósgraduação em Língua, Cultura Portuguesa e Didática na Universidade da Beira! Interior, mestrado em Ciências da Linguagem e da Comunicação e doutoramento em Linguística na Universidade de!Évora.
Docente e formadora de Língua Portuguesa e Língua Alemã, sempre conciliou a atividade profissional com a investigação na área do Património Imaterial do Alentejo, em especial do concelho de Marvão e sua raia.
Colabora na Cátedra UNESCO' em Património Imaterial e Saber Fazer Tradicional e é membro integrado do CIDEHUS'– Universidade de!Évora.
Publicou artigos em diversos jornais e revistas, participou na obra Ibn' Maruán' n.º' 13' – São Salvador da Aramenha – História e Memórias da Freguesia, foi coautora do livro Marvão à Mesa com a Tradição e autora d’O'Falar de Marvão – pronúncia, vocabulário, alcunhas, ditados e provérbios populares.

Trabalhadores da Eurest nos hospitais de Portalegre e Elvas em greve na 3ª feira

Os trabalhadores ao serviço da Eurest nos hospitais de Elvas e Portalegre vão cumprir no próximo dia 1 de Novembro (3ª feira durante todo o dia, uma greve envolvendo todos os trabalhadores que garantem o funcionamento dos refeitórios e bares dos Hospitais distritais de Elvas e de Portalegre.

Esta luta foi decidida pelo Plenário Geral dos Trabalhadores a USNA/cgtp-in e na véspera da greve serão dados a conhecer em conferência de imprensa “as razões e os objetivos” da mesma. 

NISA: Poetas populares

O meu Cão
Criei-o de pequenino
Com muita estimação
Morreu já muito velhinho
Coitadinho do meu cão.
I
Era muito inteligente
Que às vezes por engano
Parecia um ser humano
Nem ladrava a toda a gente
Quando ia á minha frente
Com as orelhas a pino
E com o rabo curtinho
Quase sempre a dar a dar
Deixou-me quase a chorar
Criei-o de pequenino.
II
Nunca lhe dei um castigo
Nem ele me deu arrelias
Era assim todos os dias
Andava sempre comigo
Quero esquecê-lo e não consigo
E trago-o no coração
Admirava aquele cão
Também a sua esperteza
Até comia comigo à mesa
E com muita estimação.
III
Quando me estava a preparar
Para de casa sair
Começava eu a tossir
Começava ele a ladrar
Punha-se na porta a raspar
Dando latidos baixinho
E lá íamos devagarinho
Para mais uma jornada
E pró fim já se cansava
Morreu já muito velhinho.
IV
Quando ele me falhava
Ficava preocupado
Mas um dia fui informado
Que ele também já namorava
A cadela com quem andava
Já tinha outro e então
Armou-se uma confusão
E com bastante alarido
Apareceu-me todo mordido
Coitadinho do meu cão.
António Elias Estróia 

27.10.16

1916 – 2016 : Um século de vida ao serviço da Comunidade

Honra e Glória aos Bombeiros Voluntários de Nisa
É a mais antiga associação nisense em actividade e que completa, neste ano de 2016, um Século de existência.
A sua origem, documentada, remonta a 30 de Julho de 1916 quando se inscreveram os primeiros bombeiros voluntários. Antes, em Outubro de 1915, 
“um incêndio de grandes proporções e que destruiu uma dependência da casa agrícola do lavrador Augusto Serralha, impressionou a população da vila”, conforme relata José Francisco Figueiredo na “Monografia da Notável Vila de Nisa”.
Nessa altura, de acordo com o mesmo autor, “ a firma Almadanim e Bento tomou a iniciativa de angariar fundos para adquirir o material indispensável” para se criar uma Corporação de Bombeiros.
A ideia não morreu e teve em José Maria Diniz Vieira, Visconde do Vale da Sobreira, o seu principal paladino e dinamizador. Foi ele o primeiro presidente da direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Nisa, associação que devidamente formalizada enviou ao Governador Civil de Portalegre, em 9 de Novembro de 1916 uma carta na qual se dá conta da criação da Associação dos Bombeiros de Niza que tem por fim “socorrer e prover tudo quanto respeita a incêndios e calamidades”. Na carta, a que se juntou um exemplar dos Estatutos, se informa ainda que “a sede é no largo Heliodoro Salgado”. Foi aí, efectivamente, no largo do Boqueirão, num espaço que serviu de garagem aos Bombeiros até finais dos anos 70 e onde hoje está instalada a Caixa de Crédito Agrícola, a primitiva sede dos Bombeiros de Nisa.
Estas e outras informações já são conhecidas dos leitores do “Alto Alentejo”, em trabalho por nós publicado há quatro anos com o título “Bombeiros de Nisa: Honrar a História ou Apagar a Memória?” e no qual pretendíamos alertar as forças vivas de Nisa, bombeiros incluídos, mas também outras instituições, mormente as autarquias (Câmara e Juntas de Freguesia) para a necessidade de se unirem esforços com o objectivo de, a tempo e horas, se preparar um programa comemorativo dos 100 anos (um século de existência) dos nossos Bombeiros, com o brilho e a dignidade que estes, indiscutivelmente, merecem.
O apelo ficou em saco roto. Estivemos a pregar no deserto, porque ninguém com responsabilidades quis “mexer uma palha” que fosse, escudando-se na desculpa esfarrapada da falta de documentos ou de hiatos de tempo sem registo de actividades, como se isso não fosse uma situação normal e comum a outras instituições e colectividades com tão antigos historiais.
Recentemente, na sessão camarária de 6 de Outubro, os vereadores da CDU apresentaram a proposta que abaixo transcrevemos, no sentido de se celebrar o Centenário dos Bombeiros Voluntários de Nisa e, indo mais longe, propondo a atribuição da Medalha de Mérito Municipal (Grau Ouro) à Corporação dos Bombeiros de Nisa.
Ontem, em Fronteira, celebrou-se o Dia Distrital do Bombeiro. Tal efeméride constituiu uma excelente oportunidade (mais uma) para se evocar, enaltecer e homenagear, com toda a justiça e em cerimónia pública com um membro do Governo, os Bombeiros de Nisa pelos 100 anos de existência.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa completam um Século de Vida. Na imprensa, nas redes sociais, em todos os locais públicos e de viva voz irei continuar a lembrar este facto e continuar a alertar para esta dívida de gratidão, memória e reconhecimento que todos os nisenses têm para com os seus Bombeiros, principalmente para aquela plêiade de homens que no início do século XX se uniram e constituíram como “guarda avançada” no combate aos incêndios e outras calamidades, garantindo um serviço público a bem da Comunidade e com meios precários.
Temos o dever de Honrar a sua Memória e não apagar a História.
Mário Mendes
DOC. 2 (Acta da Sessão Ordinária da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Niza – 11/2/1917
Aos 11 dias do mês de Fevereiro de mil novecentos e dezassete n´esta villa de Niza e sala das sessões da Associação dos Bombeiros Voluntários, compareceram os Exmos  Srs Visconde do Valle da Sobreira, António da Graça Paralta, Aurélio d´Oliveira Alfaya, Albano da Cruz Biscaya e Aníbal Diniz da Graça Vieira, os três primeiros vogaes da direcção e os dois últimos respectivamente 1º e 2º comandantes da Corporação. Presidência do Exmo Snr Visconde do Valle da Sobreira.
Aberta a sessão pelo snr Presidente e depois de haver discussão deliberou-se, admitir interinamente para a corporação os bombeiros auxiliares, Leonardo Alvega de Mattos, João Diniz Correia e José do Rosário Bento, por falta de bombeiros activos e não haver bombeiros auxiliares em condições de satisfazerem as prescripções do nosso regulamento.
Mais se deliberou marcar dia para exame para chefes de viatura, mandar fazer três caldeiros para tirar água dos poços, fixar uma tabela de signaes de alarme e augmentar o ordenado ao contínuo em um escudo e cincoenta centavos, passando a receber mensalmente sete escudos e cincoenta centavos.
Não havendo mais nada que tratar o Snr Presidente encerrou a sessão da qual se lavrou a presente acta que depois de lida por mim em voz alta, vae por todos ser assignada. E eu, Aníbal Diniz da Graça Vieira, servindo de secretário a subscrevi e assigno.
Niza, 11 de Fevereiro de 1917 – Visconde Valle da Sobreira
DOC. 3 ( Acta da Sessão Ordinária da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Niza – 20/3/1917
Aos 20 dias do mês de Março de mil novecentos e dezassete n´esta villa de Niza e sala das sessões da Associação dos Bombeiros Voluntários, compareceram os Exmos  Srs Visconde do Valle da Sobreira, António da Graça Paralta, Aurélio d´Oliveira Alfaya, e Aníbal Diniz da Graça Vieira, os três primeiros vogaes da direcção e o último 1º  comandantes da Corporação. Presidência do Exmo Snr Visconde do Valle da Sobreira.
Aberta a sessão pelo snr Presidente e depois de haver discussão deliberou-se, nomear chefes de viaturas, o snr Júlio Pires Bento, António Henrique da Silva e Leandro Diniz Melato, chefe de ambulância João da Graça Reizinho, chefe de salvados, José da Graça Diniz Vieira, respectivamente bombeiros nºs 3,13,14,9 e 1.
Autorizar a compra de emblemas e uma corneta.
Concedendo 20 dias de licença ao Exmo 1º Comandante.
Admitir para sócios auxiliares os srs João Sebastião Alberto Tonilhas, José Filipe Mendes, o 1º com quota de $10 e os outros com quotas de $20, Manuel Pires Barreto e Joaquim António Videira com quota de $10. Nomear internamente bombeiros activos, os auxiliares Júlio Tavares da Silva e Francisco da Graça Zacarias.
Não havendo mais nada que tratar o Snr Presidente encerrou a sessão da qual se lavrou a presente acta que depois de lida por mim em voz alta, vae por todos ser assignada. E eu, Júlio Pires Bento, secretário a subscrevi e assigno.
Niza, 20 de Março de 1917 – Visconde Valle da Sobreira






Legenda das fotos 
1 - A primeira imagem, em cima, é a foto mais antiga que se conhece dos Bombeiros (formação) A foto é de 1922
2 - A segunda foto reporta-se a um recibo de 22 de Dezembro de 1917 referente ao do Jornal dos Bombeiro.
3 – A imagem do popular Vencedor, talvez a viatura mais emblemática dos Bombeiros de Nisa
4 - Acta da sessão da direcção de 11 de Fevereiro de 1917
5 - Acta da sessão da direcção de 20 de Março de 1917
6 - Jovens bombeiros (infantes e cadetes) na inauguração do heliporto - 25 de Abril de 2007
7 - Desenho de um aluno da escola sobre os Bombeiros.
8 - José da Graça. O carismático e popular Comandante Sena, figura incontornável da história dos Bombeiros de Nisa
9 - Desfile de Bombeiros na inauguração do heliporto (25/4/2007)
10 - A participação feminina foi sempre acarinhada . Jovens em 1960
11 - Factura de uma firma comercial de Nisa, a popular casa comercial "O Barateiro do Povo", passada em nome dos Bombeiros.
12 - Participação dos Bombeiros nas Comemorações do 25 de Abril.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 26/10/2016

25.10.16

Oficina "Quem Sou?" por Cristina Murteira na Biblioteca de Portalegre


SALAVESSA: Comissão de Festas 2017 promove almoço com a população

A Comissão de Festas da Salavessa 2017, propõe-se realizar um almoço convívio para toda a população da Salavessa e Amigos da Salavessa, no próximo dia 29 de Outubro de 2016, por volta das 13:00 Horas, na antiga escola primária da Salavessa.
Esse mesmo almoço servirá em primeiro lugar para que toda a População da Salavessa e todos os seus amigos possam confraternizar entre si, bem como servirá para que os elementos desta Comissão se possam apresentar como tal perante a mesma População e assim explicar pessoalmente os objectivos desta Comissão.
Pensamos que juntos poderemos ir mais longe, por isso convidamos Todos a estarem presentes, neste nosso primeiro evento.

A Comissão de Festas da Salavessa 2017         

ARNEIRO (Nisa): Passeio - Tejo, traço de união


24.10.16

VIDAS: João Caixado --- Ex-Salsicheiro

"Não havia enchidos com a qualidade dos nossos"
Quim quizé comprá
Paparrates à tjêla
Vã à casa do Ti Rindinhas
Que lá stam a vendê
(Esta parte do texto não fez parte do trabalho original. Lembrei-me dela, agora e do ti Relvas, que assim anunciava pelas ruas de Nisa, nos anos 60 e com os seus famosos pregões,  divulgava a excelência dos produtos tradicionais da nossa terra.)
João da Cruz Cebola Caixado, tem 77 anos, um terço dos quais dedicados à salsicharia tradicional. Foi alfaiate e merceeiro, mas os fracos proventos auferidos nestas actividades, levaram-no a enveredar pelo comércio de carnes frescas e de enchidos.
 "Cessei a minha actividade há oito anos. Estive à frente de uma salsicharia durante vinte e cinco anos. Era um negócio "caseiro", familiar, como quase todos os deste ramo na vila de Nisa. Comprava os porcos, levava-os ao matadouro, ajudava a matá-los e depois era eu que os desmanchava, em casa. A minha mulher, ajudada por outra, a "enchideira", encarregavam-se de migar a carne e proceder ao enchimento das tripas. Os enchidos eram, depois, colocados, em varas, no fumeiro, para o processo de "cura", com lenha de azinho. Era assim que, em minha casa e em mais de uma dúzia de salsicharias de Nisa, se trabalhava."
João Caixado, recorda esses tempos de azáfama, com um brilho nos olhos e fala dos enchidos de Nisa com indisfarçado orgulho:
" Naquele tempo quase todas as pessoas tinham o seu bacorinho para engordar. A furda, no quintal, ou a pocilga, no chão (tapada) serviam para aproveitar as viandas, e a engorda do porco representava uma grande ajuda para os magros proventos das famílias."
Os salsicheiros adquiriam a maior parte desses suínos, avaliados e pagos "à arroba", que conduziam ao matadouro municipal onde eram abatidos.
"No meu comércio, havia duas "matanças" por semana, às quartas e sextas-feiras, dois ou três porcos, às vezes menos, conforme a época, a oferta e a procura".
Os enchidos tradicionais de Nisa, como o chouriço, a cacholeira, a linguiça, a moura, a morcela e a farinheira, tinham grande procura, consoante o tipo de consumidores e de "bolsas". A lavoura tinha, ainda, um grande peso na actividade económica de Nisa e os trabalhadores rurais aviavam as suas "fatadas" onde não faltava o bocadinho de conduto: os enchidos. 
Foi assim até à década de 70. Depois, ao progressivo abandono dos campos e à imposição de novas regras e restrições no abate e comércio de gado suíno e ovino, juntou-se a avançada idade de grande parte dos salsicheiros de Nisa, que se viram remetidos para uma situação "entre a espada e a parede".
Prosseguir a actividade significava vultuosos investimentos em instalações e equipamentos, projectos, processos burocráticos para os quais faltava paciência, informação e ajuda.
O sector atravessava uma grande indefinição. À entrada na CEE, seguiu-se o encerramento dos matadouros municipais, uma das medidas que, aos olhos de Cavaco Silva, nos transformava em "bons alunos" da realidade europeia. Tal decisão significou, a nível local e regional, um profundo golpe numa economia de subsistência: o matadouro municipal foi, directa e indirectamente, a base de sustento de muitas famílias.
João Caixado, seguiu o caminho de outros salsicheiros nisenses: fechou as portas e acabou com o negócio. Uma decisão que não foi fácil e que ainda hoje recorda com algum pesar.
"Começou a haver concorrência, vinda de fora. O abate de gado fazia-se nos matadouros industriais, com grandes armazéns frigoríficos e estes vendiam aos comerciantes as partes dos porco que lhes pediam. Por um lado, era mais fácil e vantajoso adquirir só o que nos interessava, pois os ossos e os toucinhos, às vezes, eram para mandar fora. Fui mantendo, enquanto pude, a actividade. O pior foi a imposição de construir ou remodelar as instalações e com a idade que tinha pensei que o melhor era encerrar o comércio."
Hoje, olha para trás com alguma nostalgia. Tem saudades do matadouro, dos clientes, do movimento da casa, da procura dos bons enchidos de Nisa e revela-nos as razões de serem tão apreciados.
"A qualidade começava, em primeiro lugar, nos animais. A carne dos porcos de montado, alimentados a lande e a bolota, tinham, logo, outro sabor. Depois, era a escolha e preparação das carnes, de acordo com o tipo de enchidos. Os chouriços e as linguiças, eram de uma qualidade, as cacholeiras e as mouras, de outra, e por aí fora. Aspecto importante eram os temperos. O pimento de horta, o saber migar e "adubar", uma arte, centenária, das mulheres-enchideiras de Nisa, o tempo da carne em repouso, para tomar os temperos, enfim, parecem coisas sem importância, mas são aquelas que davam valor, qualidade e fama, aos enchidos de Nisa. Havia lá havia enchidos como os nossos...".
Mário Mendes in "Jornal de Nisa" - 2003
NOTA: João da Cruz Cebola Caixado (1926 - 2016), o ti Rendinhas, como era popularmente conhecido e com loja na Rua das Romeiras, faleceu no passado dia 11 de Outubro.
Aos filhos, Olinda, José de Jesus e João José e demais familiares expressamos as nossas sentidas condolências.

ALPALHÃO: 2º Convívio de BTT do Grupo Ciclo Alpalhoense


21.10.16

Moradores de Alpalhão em visita ao Alqueva


Alpalhão acolhe o 5º Encontro Interinstitucional de Idosos


Quercus apela à proteção do Carvalho em Portugal

Quercus apela aos Ministros da Agricultura e do Ambiente, e a todos os Grupos Parlamentares, para a criação de legislação de proteção dos Carvalhais em Portugal
A Quercus apresentou ontem um apelo à criação de legislação para proteção dos Carvalhais em Portugal, endereçado aos Ministros da Agricultura e do Ambiente e a todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da República. Paralelamente, decorre a petição pública que permite dar oportunidade a todos os cidadãos de manifestarem o seu apoio à criação de legislação para proteção dos Carvalhos e Carvalhais.
 Os Carvalhais de folha caduca que outrora cobriram por completo o Norte e Centro de Portugal, bem como algumas serras do Sul, desapareceram quase por completo da nossa paisagem por força da ação humana dos últimos milénios. Entre as espécies que compunham estes Carvalhais está o Carvalho-alvarinho ou roble (Quercus robur); Carvalho-negral ou pardo das beiras (Quercus pyrenaica) e Carvalho-português ou cerquinho (Quercus faginea), todas elas espécies nobres e de elevada importância cultural e ambiental.
Estas três nobres espécies estão agora reduzidas à insignificância de ocuparem menos de 2% da área florestal e cerca de 0,7% da área total de Portugal. São pois espécies severamente ameaçadas que sobrevivem apenas em alguns últimos redutos dispersos pelo país, tendo regredido 27% da sua área entre 1995 e 2010, segundo dados do Inventário Florestal Nacional.Para piorar a situação, já de si má, existe ainda uma pressão sobre os últimos Carvalhos e Carvalhais, causada principalmente pelos fogos florestais e pelo seu corte de árvores para lenha na utilização de uso doméstico. É importante referir que estas espécies são de crescimento lento e, por isso, com tendência a serem substituídas por espécies exóticas de crescimento rápido como o eucalipto, após existir um corte ou incêndio.Assim, a Quercus considera que é urgente a criação de legislação que proteja de forma eficaz os últimos exemplares e bosquetes destas espécies de Carvalhos autóctones. Estas espécies da flora autóctone portuguesa estão perfeitamente adaptadas ao nosso clima e às características dos nossos solos, representando uma mais-valia ambiental, uma vez que desempenham funções fundamentais como a melhoria da qualidade do ar, a preservação dos solos, a recarga de aquíferos, a estabilidade do clima, e a defesa da floresta contra os incêndios pela reconhecida resistência ao fogo e capacidade de regeneração.
A proteção destes Carvalhais irá refletir-se ao nível da conservação da natureza, em particular pela capacidade de promover a diversidade da fauna e da flora, estabelecendo um património natural e ambiental, que são a fonte de diferentes formas de vida essenciais e inteiramente imprescindível da riqueza do nosso país.

O principal problema do desaparecimento da nossa floresta autóctone deve-se principalmente ao abate de árvores com a ausência de uma reflorestação com espécies autóctones, à construção de infraestruturas e edificações, ao pastoreio excessivo, pela demora de crescimento, à substituição por espécies exóticas, como o eucalipto, ou até à ação e recorrência do fogo.
Os Carvalhais requerem especial atenção por parte da classe política e dos cidadãos pois, para além da sua raridade, criam habitats dos quais dependem inúmeras espécies de fauna e flora silvestre. Podem ter uma grande importância na prevenção dos incêndios tendo até já sido denominadas por alguns técnicos como “árvores bombeiras”, devido às suas características naturais de resistência ao fogo.
A Quercus apela assim a toda a comunidade para abraçar a causa da proteção dos Carvalhos e dos Carvalhais em Portugal, para que se possa criar legislação que conduza à sua proteção efetiva, que inclua a proibição do corte destas árvores sem licença expressa das autoridades competentes, à semelhança do que já acontece para o sobreiro e para a azinheira.
Lisboa, 20 de outubro de 2016
A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza

19.10.16

TOLOSA: Quem acaba, de vez, com os atentados ambientais?



Em Torres Novas é o próprio governo, através do Ministério do Ambiente que permite o crime de lesa-populações e de destruição do rio Almonda, autorizando as descargas.
Em Tolosa (Nisa) já têm barbas, brancas e amarelecidas, as inúmeras e incontáveis violações das leis do ambiente no que respeita ao tratamento de águas residuais. Há anos, muitos anos, que ando a bater nesta "tecla", a denunciar um crime, quase constante e permanente, que é o lançamento de esgotos sem tratamento desde a ETAR (que sem fazer nada bem podia E(S)TAR fechada) na Ribeira da Carrilha e daqui para o Ribeiro de Sor, esse mesmo, um dos que "alimenta" a Barragem de Montargil.
Ao longo dos anos, os responsáveis camarários fizeram ouvidos de mercador. Prometeram obras de reconversão, requalificação e de outras palavras terminadas em ão, mas as obras concretas que até mereceram a visita com pompa e circunstância de um Secretário de Estado, em 2002, de nada valeram.
Ficou tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, porque o que era preciso fazer, imperioso e urgente, era a remoção (ou separação) dos resíduos das indústrias de lacticínios, familiares ou com outra dimensão, dos esgotos domésticos. Este foi um "filme" de muitos anos. Cheguei a ver, tantas vezes, correr "leite" (resíduos de lacticínios) na Fonte do Chabouco e noutras da povoação.
O problema dos esgotos em Tolosa, porventura o mais grave, não terminou, nem com o anúncio camarário de transferência dos resíduos industriais. A prova está à vista de todos: caem umas pingas de chuva e logo se aproveita para descargas de esgotos em grande escala, poluindo os ribeiros e terrenos agrícolas anexos.
Quem mora na Rua de Abrantes e proximidades da ETAR conhece, como poucos, a verdadeira odisseia que é suportar os maus cheiros e as invasões de mosquitos.
Sobre isto, os poderes públicos da freguesia e do concelho, nada dizem.
Vão dizendo e denunciando à boca pequena, os moradores, principais vítimas de uma situação vergonhosa que se arrasta há demasiado tempo e para a qual os responsáveis não sabem ou não querem, de forma decidida, pôr termo. As fotos são da semana passada. Voltarão a ocorrer - não tenho dúvidas - nas próximas chuvas. Há que aproveitar as "enxurradas" (como fazem, aliás, os industriais do Lis, do Lena ou do Ave, para só citar alguns) para despejar os indícios criminosos de práticas poluidoras, proibidas por lei e à revelia do respeito ambiental e das populações. O crime, pelos vistos, continua a compensar...
Há outra situação idêntica, mas em menor escala em Nisa e que também já por diversas vezes denunciei.
Falaremos nela numa próxima ocasião.
Mário Mendes
NOTA: Este artigo foi publicado como a data em cima indica em 19/10/2016. Passaram nove meses, tempo, mais que tempo, para a autarquia nisense ter dado uma solução, definitiva, ao problema. Prometeu-se a remoção e transporte dos resíduos "leiteiros" por uma empresa especializada e, com esta acção, tudo voltaria ao normal. O que é o "normal", neste momento em Tolosa, no que aos esgotos e seu tratamento diz respeito? O que fez, no concrreto, a Câmara Municipal? Desapareceram os maus cheiros, a infestação de mosquitos na Rua de Abrantes e adjacentes? Devolveu-se a Ribeira da Carrilha à sua função natural? A ETAR de Tolosa trabalha convenientemete e as lagoas de de depuração já cumprem as funções para que foram construídas? A Câmara e o seu dinâmico Gabinete de Informação e Imagem (principal e exclusivamente de imagem) têm alguma coisa a dizer às populações? 
Aguardemos...