27.10.16

1916 – 2016 : Um século de vida ao serviço da Comunidade

Honra e Glória aos Bombeiros Voluntários de Nisa
É a mais antiga associação nisense em actividade e que completa, neste ano de 2016, um Século de existência.
A sua origem, documentada, remonta a 30 de Julho de 1916 quando se inscreveram os primeiros bombeiros voluntários. Antes, em Outubro de 1915, 
“um incêndio de grandes proporções e que destruiu uma dependência da casa agrícola do lavrador Augusto Serralha, impressionou a população da vila”, conforme relata José Francisco Figueiredo na “Monografia da Notável Vila de Nisa”.
Nessa altura, de acordo com o mesmo autor, “ a firma Almadanim e Bento tomou a iniciativa de angariar fundos para adquirir o material indispensável” para se criar uma Corporação de Bombeiros.
A ideia não morreu e teve em José Maria Diniz Vieira, Visconde do Vale da Sobreira, o seu principal paladino e dinamizador. Foi ele o primeiro presidente da direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Nisa, associação que devidamente formalizada enviou ao Governador Civil de Portalegre, em 9 de Novembro de 1916 uma carta na qual se dá conta da criação da Associação dos Bombeiros de Niza que tem por fim “socorrer e prover tudo quanto respeita a incêndios e calamidades”. Na carta, a que se juntou um exemplar dos Estatutos, se informa ainda que “a sede é no largo Heliodoro Salgado”. Foi aí, efectivamente, no largo do Boqueirão, num espaço que serviu de garagem aos Bombeiros até finais dos anos 70 e onde hoje está instalada a Caixa de Crédito Agrícola, a primitiva sede dos Bombeiros de Nisa.
Estas e outras informações já são conhecidas dos leitores do “Alto Alentejo”, em trabalho por nós publicado há quatro anos com o título “Bombeiros de Nisa: Honrar a História ou Apagar a Memória?” e no qual pretendíamos alertar as forças vivas de Nisa, bombeiros incluídos, mas também outras instituições, mormente as autarquias (Câmara e Juntas de Freguesia) para a necessidade de se unirem esforços com o objectivo de, a tempo e horas, se preparar um programa comemorativo dos 100 anos (um século de existência) dos nossos Bombeiros, com o brilho e a dignidade que estes, indiscutivelmente, merecem.
O apelo ficou em saco roto. Estivemos a pregar no deserto, porque ninguém com responsabilidades quis “mexer uma palha” que fosse, escudando-se na desculpa esfarrapada da falta de documentos ou de hiatos de tempo sem registo de actividades, como se isso não fosse uma situação normal e comum a outras instituições e colectividades com tão antigos historiais.
Recentemente, na sessão camarária de 6 de Outubro, os vereadores da CDU apresentaram a proposta que abaixo transcrevemos, no sentido de se celebrar o Centenário dos Bombeiros Voluntários de Nisa e, indo mais longe, propondo a atribuição da Medalha de Mérito Municipal (Grau Ouro) à Corporação dos Bombeiros de Nisa.
Ontem, em Fronteira, celebrou-se o Dia Distrital do Bombeiro. Tal efeméride constituiu uma excelente oportunidade (mais uma) para se evocar, enaltecer e homenagear, com toda a justiça e em cerimónia pública com um membro do Governo, os Bombeiros de Nisa pelos 100 anos de existência.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa completam um Século de Vida. Na imprensa, nas redes sociais, em todos os locais públicos e de viva voz irei continuar a lembrar este facto e continuar a alertar para esta dívida de gratidão, memória e reconhecimento que todos os nisenses têm para com os seus Bombeiros, principalmente para aquela plêiade de homens que no início do século XX se uniram e constituíram como “guarda avançada” no combate aos incêndios e outras calamidades, garantindo um serviço público a bem da Comunidade e com meios precários.
Temos o dever de Honrar a sua Memória e não apagar a História.
Mário Mendes
DOC. 2 (Acta da Sessão Ordinária da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Niza – 11/2/1917
Aos 11 dias do mês de Fevereiro de mil novecentos e dezassete n´esta villa de Niza e sala das sessões da Associação dos Bombeiros Voluntários, compareceram os Exmos  Srs Visconde do Valle da Sobreira, António da Graça Paralta, Aurélio d´Oliveira Alfaya, Albano da Cruz Biscaya e Aníbal Diniz da Graça Vieira, os três primeiros vogaes da direcção e os dois últimos respectivamente 1º e 2º comandantes da Corporação. Presidência do Exmo Snr Visconde do Valle da Sobreira.
Aberta a sessão pelo snr Presidente e depois de haver discussão deliberou-se, admitir interinamente para a corporação os bombeiros auxiliares, Leonardo Alvega de Mattos, João Diniz Correia e José do Rosário Bento, por falta de bombeiros activos e não haver bombeiros auxiliares em condições de satisfazerem as prescripções do nosso regulamento.
Mais se deliberou marcar dia para exame para chefes de viatura, mandar fazer três caldeiros para tirar água dos poços, fixar uma tabela de signaes de alarme e augmentar o ordenado ao contínuo em um escudo e cincoenta centavos, passando a receber mensalmente sete escudos e cincoenta centavos.
Não havendo mais nada que tratar o Snr Presidente encerrou a sessão da qual se lavrou a presente acta que depois de lida por mim em voz alta, vae por todos ser assignada. E eu, Aníbal Diniz da Graça Vieira, servindo de secretário a subscrevi e assigno.
Niza, 11 de Fevereiro de 1917 – Visconde Valle da Sobreira
DOC. 3 ( Acta da Sessão Ordinária da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Niza – 20/3/1917
Aos 20 dias do mês de Março de mil novecentos e dezassete n´esta villa de Niza e sala das sessões da Associação dos Bombeiros Voluntários, compareceram os Exmos  Srs Visconde do Valle da Sobreira, António da Graça Paralta, Aurélio d´Oliveira Alfaya, e Aníbal Diniz da Graça Vieira, os três primeiros vogaes da direcção e o último 1º  comandantes da Corporação. Presidência do Exmo Snr Visconde do Valle da Sobreira.
Aberta a sessão pelo snr Presidente e depois de haver discussão deliberou-se, nomear chefes de viaturas, o snr Júlio Pires Bento, António Henrique da Silva e Leandro Diniz Melato, chefe de ambulância João da Graça Reizinho, chefe de salvados, José da Graça Diniz Vieira, respectivamente bombeiros nºs 3,13,14,9 e 1.
Autorizar a compra de emblemas e uma corneta.
Concedendo 20 dias de licença ao Exmo 1º Comandante.
Admitir para sócios auxiliares os srs João Sebastião Alberto Tonilhas, José Filipe Mendes, o 1º com quota de $10 e os outros com quotas de $20, Manuel Pires Barreto e Joaquim António Videira com quota de $10. Nomear internamente bombeiros activos, os auxiliares Júlio Tavares da Silva e Francisco da Graça Zacarias.
Não havendo mais nada que tratar o Snr Presidente encerrou a sessão da qual se lavrou a presente acta que depois de lida por mim em voz alta, vae por todos ser assignada. E eu, Júlio Pires Bento, secretário a subscrevi e assigno.
Niza, 20 de Março de 1917 – Visconde Valle da Sobreira






Legenda das fotos 
1 - A primeira imagem, em cima, é a foto mais antiga que se conhece dos Bombeiros (formação) A foto é de 1922
2 - A segunda foto reporta-se a um recibo de 22 de Dezembro de 1917 referente ao do Jornal dos Bombeiro.
3 – A imagem do popular Vencedor, talvez a viatura mais emblemática dos Bombeiros de Nisa
4 - Acta da sessão da direcção de 11 de Fevereiro de 1917
5 - Acta da sessão da direcção de 20 de Março de 1917
6 - Jovens bombeiros (infantes e cadetes) na inauguração do heliporto - 25 de Abril de 2007
7 - Desenho de um aluno da escola sobre os Bombeiros.
8 - José da Graça. O carismático e popular Comandante Sena, figura incontornável da história dos Bombeiros de Nisa
9 - Desfile de Bombeiros na inauguração do heliporto (25/4/2007)
10 - A participação feminina foi sempre acarinhada . Jovens em 1960
11 - Factura de uma firma comercial de Nisa, a popular casa comercial "O Barateiro do Povo", passada em nome dos Bombeiros.
12 - Participação dos Bombeiros nas Comemorações do 25 de Abril.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 26/10/2016