30.4.19

EM ABRIL, POESIAS MIL


Abril
Era uma vez, num país distante,
que ficava muito para além do mar,
onde o sol era um pássaro errante
e as rosas desabrochavam, ao luar.
Onde a água, nas fontes, murmurava
canções de amor e de bem-querer
ao ouvido de que se debruçava,
nelas,
para beber.
Onde as estradas eram avenidas
bordadas de miosótis e alecrim
e, em cada recanto,
havia esculpidas
estátuas de jade e de marfim.
Onde a noite, sempre que caía,
abria,
generosa, as mãos e delas
escorregavam miríades de estrelas
tão brilhantes, tão luzentes,
que o tombar da noite parecia
o reacender de um arrebol,
pois até a doce cotovia
entrava em dueto com o rouxinol
julgando que era já dia
e que a luz, que, então, havia,
era a luz do próprio sol.
Onde as árvores, em profusão, plantadas
(cada canteiro tinha mais de mil)
estavam, sempre, em flor,
lançando no ar lavado,
o perfume delicado
da beleza e da cor.

Era uma vez... E era, outra vez, Abril.
Carlos Tomás Cebola

Concentração Ibérica em Cedillo pelo fecho da Central de Almaraz


A AZU, Associação das Zonas com Urânio, como membro do MIA, apoia a concentração em Cedilho no próximo dia 11 de Maio, realizada por associações portuguesas e espanholas. Tendo em conta o recuo do governo espanhol ao aceitar a imposição das empresas Iberdrola e Endesa ao pretenderem a renovação da continuação da central nuclear de Almaraz. Pondo em causa a segurança de Portugal com um eventual acidente nuclear, por a data limite de vida da central ter já sido largamente ultrapassada.
Todos a Cedilho.
Não Ao Nuclear!
Por um Tejo Limpo e Vivo!

Cartoon de António criticado como anti-semita após publicação no The New York Times.

“Um espectáculo triste”. Cartoon de António censurado nos EUA após críticas de anti-semitismo.

NATALIDADE: Há 28 freguesias em Portugal onde não nascem bebés há pelo menos cinco anos

Existem, em Portugal, 28 freguesias distribuídas por duas dezenas de concelhos – quase todos no interior do país e dois nos Açores -, em que, nos últimos cinco anos, não nasceram bebés.
Os números são avançados pelo jornal Público esta segunda-feira, tendo por base dados das Estatísticas Vitais do Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o INE, houve um aumento no total de nascimentos registados no ano passado em todo o país. Nascera 87.020 bebés, mais 866 do que em 2017. Contudo, este aumento não se regista em todo o território nacional.
Para compreender o que se passa nas freguesias onde não nascem bebés há pelo menos cinco anos “é preciso perceber se lá existem mulheres em idade fértil”, explicou a demógrafa e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, Maria João Valente Rosa, em declarações ao diário.
“Se forem localidades muito envelhecidas, tendo em conta que as mulheres têm uma idade limite [para engravidar] — que em termos estatísticos vai até aos 50 anos —, é muito natural que os nascimentos não venham a acontecer”, sustentou.
 Além da idade fértil, explica, “os movimentos migratórios são um contributo muito importante para os nascimentos”, quer à escala nacional como regional. As “regiões atrativas recebem mais pessoas nas idades férteis”. E o contrário acontece nas regiões mais interiores, que acabam por perder mulheres em idade fértil.
“O interior é aquele que é mais fustigado com a saída das mulheres em idade fértil e, por conseguinte, com a redução da natalidade”, diz Maria Filomena Mendes, ex-presidente da Associação Portuguesa de Demografia, em declarações ao matutino.
Alguns dos concelhos mais afetados pela escassez de nascimentos são Chaves, Bragança, Idanha-a-Nova, Nisa, Montalegre, Guarda, Oleiros e Almeida.
in www.zap.aeiou.pt

PORTALEGRE: Detido por cultivo de plantas de cannabis

O Comando Territorial de Portalegre, através do Destacamento de Trânsito de Portalegre, dia 28 de abril, deteve um homem de 35 anos, por cultivo e tráfico de estupefacientes, em Portalegre.
No decorrer do patrulhamento rodoviário, os militares aperceberam-se de uma viatura que circulava com plantas no seu interior. De imediato, efetuaram a abordagem e respetiva fiscalização ao veículo, tendo detetado cinco plantas cannabis sativa, entretanto apreendidas, bem como diverso material para o cultivo e desenvolvimento das referidas plantas.
O suspeito foi constituído arguido e sujeito a termo de identidade e residência.

29.4.19

EM ABRIL, POESIAS MIL!


Ode ao Cantador Alentejano (1955)

A terra deu-te cansaços,
prendeu-te as mãos à charrua,
lavrou-te em sulcos o rosto.
E tu, cantador, de braços
abertos à luz da lua,
quentes pelo sol de Agosto,
sentes na dor que te espanta
subir-te a alma à garganta,
à cor morna do sol-posto.

E a canção nasce, e é tanta
a tristeza que a possui,
que em alma a dor se dilui
num monótono desgosto...

Pus-me a chorar saudades
ao pé da fonte, um dia...”
(Quem faz badalar Trindades
com tanta melancolia?)

Mais choravam os meus olhos
que água da fonte corria...”
(Calai vossas mágoas fundas,
sinos de Santa Luzia!)

Vamos, cantador, levanta
à lonjura que te aguarda
a voz colorida e nobre
- que é tua a Terra-Mãe parda
e o céu azul que te cobre!

Vamos, cantador, não temas:
soltar à planura deserta
a voz que não quer algemas,
serenamente liberta
na noite que te circunda:
que o coração é mais forte
e a seiva borbulha funda!...

A terra deu-te cansaços.
Mas na largueza dos prados,
sob os mudos sobreirais,
marcas ao som de compassos
e ritmos cadenciados
o ondular dos trigais,
a fundura dos cabeços
e o verde dos olivais!

E a canção, tornada ânsia,
passeia o cume dos montes,
galga o azul da distância,
enche os largos horizontes.
.......................................
Deus deu-te esta terra nua,
que é terra de todos nós,
e quando a mágoa te espanta
sobe-te a alma à garganta
e sai transmudada em voz!...

Domingos Janeiro (1955)
In A Planície, Ano V, nº 96, Moura, 1/7/1956
Foto: Salavessa (20/4/2019) - Mário Mendes

Caminhada do 1º aniversário do Centro de Marcha e Corrida de Póvoa e Meadas


AADP promove formação no dia 3 de Maio em Portalegre

Na próxima sexta-feira, 3 de Maio, a Associação de Atletismo do Distrito de Portalegre irá promover uma formação sobre Treino Funcional no Atletismo, pelas 20h30, na Sala Polivalente do Estádio Sousa Lima em Portalegre.
A iniciativa, com inscrições gratuitas, integra o Plano de Formações AADP e estará a cargo do fisioterapeuta Bruno Queirós.
Do programa da formação farão parte várias temáticas, entre as quais "lesões desportivas na prática de atletismo", "padrão postural em jovens atletas" ou "treino funcional e prevenção de lesões".

28.4.19

1ª Caminhada da Associação de Dadores de Sangue de Portalegre


PENICHE: 45 anos depois, a festa da libertação





Nomeai um a um todos os nomes. Lutaram e resistiram. A liberdade guarda a sua memória nas muralhas desta fortaleza.
Estas palavras de Borges Coelho, inscritas no memorial, foram o mote para as intervenções de Domingos Abrantes, em nome dos ex-presos políticos e da Comissão Instaladora do Museu, e da ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Perante alguns milhares de pessoas, de ex-presos políticos e das suas famílias, Domingos Abrantes, na sua intervenção, lembrou o dia 27 de Abril de 1974 e a «acção da população de Peniche, de muitos populares e de famílias dos presos vindas de longe, dos militares de Abril, e em particular do Comandante Machado dos Santos», na libertação dos presos do Forte de Peniche, os últimos a serem libertados, sem esquecer que, ao mesmo tempo que, «por todo o país, multidões imensas ocupavam as ruas e as praças para vitoriar a conquista da liberdade, o general Spínola decidia manter a PIDE, nomear um novo director para a sinistra instituição e manter nas cadeias os presos políticos, que só viriam a ser libertados no dia 27».
Domingos Abrantes, sublinhou o facto de hoje ser também um dia de Festa «com a inauguração da primeira fase do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, na Fortaleza de Peniche»que concretiza uma «muito antiga reivindicação dos antifascistas». «A preservação das instalações da antiga cadeia é uma vitória da liberdade, da democracia e honra a memória de todos aqueles que se sacrificaram para que tivéssemos um país livre, acrescentou, chamando a atenção para a afirmação de Borges Coelho, inscrita no memorial: «a Liberdade guarda a sua memória nas muralhas desta Fortaleza».
Para o ex-preso político e actual membro do Conselho de Estado, este «não é ainda o Museu definitivo», considerando que «o dia de hoje assume a maior importância e desencadeia um enorme sentimento de regozijo se nos lembrarmos que em Outubro de 2016 muitos de nós aqui estivemos para manifestar o protesto, que foi apoiado por milhares de democratas, contra a ideia de fazer desaparecer este símbolo da repressão e da luta de resistência que é a cadeia do Forte de Peniche». Trata-se, não de saudosismo ou veneração, mas do «resgate da memória de antifascismo, para que as jovens gerações saibam o que significou o regime fascista, porque são marcas indispensáveis a uma política de educação dos valores democráticos e da liberdade».
Por fim, aproveitando a presença da ministra da Cultura, Domingos Abrantes colocou a questão «de se erguer um monumento nacional, num local público e digno e não num escuso átrio do Metro, em honra da luta pela liberdade, em memória dos muitos milhares que passaram pelas cadeias fascistas, dos que foram assassinados, dos que lutaram ou morreram na Guerra de Espanha, na Resistência francesa, nos campos de concentração nazis. Portugueses que ao lutarem contra o fascismo noutros países, lutaram pela nossa liberdade e resgataram o nome de Portugal do opróbrio fascista. Um objectivo que, a concretizar-se, seria uma muito boa forma de comemorar o 50.º aniversário do 25 de Abril».
A ministra da Cultura, depois de saudar todos quantos participaram e contribuíram para esta realidade que hoje já podemos ver, falou da prisão política de Peniche como «um símbolo maior da resistência ao fascismo» que «há 45 anos esperava por esta inauguração», um processo de construção que terá de «ser contínuo, como também o é a defesa da liberdade». «Um Museu Nacional, nosso, para todos nós, não como um lugar de peregrinação mas um lugar de ensinamento e conhecimento», acrescentou.
Graça Fonseca, depois de evocar o 25 de Abril e a conquista da liberdade e da democracia, manifestou a sua satisfação por este dia, sublinhando «o papel dos homens e mulheres que fizeram a história deste museu».
in www.abrilabril.pt

27.4.19

Nisa recebe finais da Taça de Iniciados e Juvenis da ADP


ALPALHÃO: "Art and Walking Festival" em preparação

Festival de Artes e Caminhadas de Alpalhão 2019
Ver em https://bit.ly/2DI9MBN
O Alpalhão Art & Walking Festival – Festival de Artes e Caminhadas de Alpalhão vai ter a sua segunda edição de 15 a 24 de Novembro de 2019.
Este ano será feita uma forte aposta na promoção territorial dos Percursos Pedestres do Alto Alentejo, tendo sempre como base a Rede Alentejo Feel Nature, com dois fins de semana bem completos com caminhadas
Como novidade haverá uma jornada dedicada ao Turismo Acessível e Inclusivo.
O evento terá também as componentes de Promoção Territorial e de Reflexão Territorial sobre a temática do Turismo de Natureza e do Desenvolvimento e Povoamento dos Territórios de Baixa Densidade.
Será assim uma festa integradora dos diversos parceiros do turismo, públicos e privados, no território do Alentejo.
O PROGRAMA ESTÁ EM PREPARAÇÃO E SERÁ ANUNCIADO DE FORMA COMPLETA NO INÍCIO DE JUNHO DE 2019.
Bem Vindos a Alpalhão!

26.4.19

OPINIÃO: Portugal é um estado de direito, doutor Moro…

Chamar “criminoso” a um cidadão que não foi julgado nem condenado é um abuso que revela a verdadeira natureza de Sérgio Moro.
É, no mínimo, um desplante. E no máximo um desplante no limiar do agravo diplomático que um ministro da Justiça estrangeiro venha até nós chamar “criminoso” a um ex-primeiro ministro que nem sequer foi condenado em primeira instância.
Que José Sócrates seja um espinho cravado na ética republicana, que acumule um pecúlio de suspeitas capazes de legitimar o estatuto de político que todos amam odiar, que se tenha transformado no ícone maior dos vícios do regime, é uma coisa; que seja apelidado de “criminoso” na praça pública sem que a sua sentença tenha transitado em julgado (sem que se saiba até se vai haver julgamento), é outra coisa completamente diferente. Caso o juiz Sérgio Moro tenha esquecido, num Estado de direito existe a presunção de inocência. A menos que…
A menos que Sérgio Moro tenha definitivamente despido a toga de juiz para se vestir com a pele de justiceiro, uma suspeita que a forma como geriu alguns processos da Operação Lava Jato legitima junto de muitos observadores.
Porque, é óbvio, um juiz tem o dever de ser minucioso na atribuição de estatutos a terceiros. Tem de conservar a prudência e o recato sobre processos em investigação, principalmente quando está num país estrangeiro. Tem de ser capaz de manter a elevação do seu cargo e da sua responsabilidade e saber resistir às acusações como as que José Sócrates, na sua delirante visão do mundo, lhe dirigiu. Tem, finalmente, de respeitar a independência da Justiça nos países que visita, abdicando de condenar sumariamente pessoas que nem sequer começaram a ser julgadas.
Sérgio Moro tem toda a legitimidade em defender as suas ideias sobre as virtudes do sistema penal brasileiro sobre o português, incluindo os méritos da delação premiada ou essa acumulação de funções que concedem ao juiz de instrução a responsabilidade de ser também o juiz que preside aos julgamentos dos suspeitos. Pela dignidade do seu cargo e pelo prestígio que acumulou antes de acelerar o julgamento de Lula para impedir a sua recandidatura, antes de produzir uma condenação que muitos observadores internacionais consideram ser forçada face à fragilidade das provas, antes de aceitar ser ministro do mais polémico presidente do Brasil das últimas décadas, Moro seria sempre bem-vindo a Portugal para fazer a apologia das suas ideias de justiça. O que disse sobre Sócrates foi muito para lá do tolerável e tornou-o uma persona non grata.
Estranha-se por isso a ruidosa teia de silêncio que se abateu sobre as suas lamentáveis acusações a José Sócrates. Não haver um juiz que lhe lembre o óbvio, um jurista que lhe aponte o atentado ou um governante que lhe denuncie o abuso é um triste sinal. Ninguém se quer colar a José Sócrates porque Sócrates é um activo tóxico, bem se sabe.
Mas o que está em causa é muito mais do que a ofensa a um ex-primeiro ministro sob suspeita. É um princípio básico do Estado de direito que foi atacado. É a credibilidade do sistema judicial português que é atingida – há um “criminoso” à solta, protegido pela impunidade? Logo, é um abuso de um ministro de um Governo presidido por um político cujas virtudes democráticas e valores humanistas se desconhecem por não existirem.
Chamar “criminoso” a um cidadão que não foi julgado nem condenado é um abuso que revela a verdadeira natureza de Sérgio Moro. Um juiz-político (ou um político-juiz) que nem num país que o recebe mostra perceber o que é o respeito diplomático. E, já agora, o que é um Estado de direito pleno. 
Manuel Carvalho - Público - 24/4/2019

Comemorar (também) em Portalegre o Dia Internacional dos Trabalhadores!


Avançar nos Direitos, Valorizar os trabalhadores!
É sob este lema que por todo o país os trabalhadores irão assinalar o Dia do Trabalhador.
Também assim será em Portalegre.
As Comemorações organizadas pela União dos Sindicatos do Norte Alentejano iniciar-se-ã com a concentração Frente ao Centro Comercial Fontedeira às 10,30, seguindo-se o desfile acompanhado pelos Bombalem, de Elvas, pela Avenida da Liberdade até ao Plátano onde decorrerá o comício e a confraternização com animação musical a cargo do DuoMarm de Nisa.
A Direção da USNA/cgtp-in convida a comunicação social a estar presente e acompanhar as comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores.
Pl’a Direcção da USNA/cgtp-in
A Coordenadora
(Helena Isabel Duarte Neves)

25.4.19

NISA: A Câmara anda a brincar às Medalhas?

A Câmara Municipal de Nisa atribuiu hoje, dia 25 de Abril, medalhas de Honra do Município, num processo confuso que não abona muito em louvor da instituição que o promove. Historiemos os factos:
1. Na sessão da Câmara de 6 de Março ( e não 5 como vem numa das minutas) e por deliberação tomada por unanimidade foi decidida a:
a) Atribuição da Medalha de Honra do Município de Nisa à Sociedade Musical Nisense (sic) por "tendo em conta as comemorações do 175º aniversário da fundação da mesma".
b) Atribuição da Medalha de Mérito do Município de Nisa ao cidadão António Maria Charrinho por (ver documento anexo).
Na reunião de 16 de Abril e após texto que publiquei na internet, a Câmara decidiu revogar a deliberação tomada no dia 6 de Março, na parte respeitante ao cidadão António Maria Charrinho, atribuindo-lhe, não a Medalha de Mérito, com a qual já tinha sido distinguido por anterior executivo camarário, mas a Medalha de Honra do Município de Nisa. Manteve, no entanto, exacta descrição da atribuição de Medalha à Sociedade Musical Nisense, atribuindo-lhe a data de fundação há 175 anos, a completar em Outubro (1844).
Ora, é sabido que em Outubro de 1844 foi fundada a Sociedade Phylarmónica Nizense e que em Outubro de 1994 em sessão realizada na Biblioteca Municipal, presidida pelo então Governador Civil, Dr. António Teixeira, se comemoraram os 150 anos dessa colectividade que se tem como a primeira criada em Nisa, conforme os documentos (foto e recortes) anexos.
A Sociedade Musical Nisense só veria a luz do dia em Abril de 1988, há 31 anos, tendo, desde a sua fundação, desenvolvido uma grande actividade cultural e de formação de novos músicos, alguns dos quais atingiram uma superior craveira a nível musical, pelo que não seria estranho para ninguém que esta colectividade, fosse distinguida. Mas, nunca, com o falso e errado pretexto de perfazer 175 anos de vida, numa demonstração pública de que semelhantes actos, que deviam primar pela nobreza e elevação, são, pelo contrário, tidos como meros ingredientes do calendário eleitoral de quem domina o poder.
Pior ainda é o facto de um dia depois de atribuídas as distinções municipais (Medalhas de Honra) o mesmo assunto ser presente à sessão da Assembleia Municipal para discussão e aprovação. Discutir e aprovar o quê? As medalhas não foram já atribuídas e entregues? O que se pretende, então, do órgão deliberativo, que a lei diz ser o principal, do Município? Que os eleitos abdiquem dos seus direitos e competências próprias, abanando a cabeça e dizendo Ámen?
Ou, então, que questionem, frontalmente, este tipo ditatorial de funcionamento do poder local, que não os respeita e pretende impor-lhes o papel de "lobos ou maus da fita": ou votam a favor e são "bons nisenses", ou votam contra (ou abstêm-se) e colam-se-lhes uma série de rótulos que, em ano eleitoral, daria um jeito danado a quem promove, por gritante falta de organização e de respeito institucional, este tipo de acções.
Ao contrário do que pensa a presidente da Câmara, não se trata de uma "mera formalidade" burocrática ou administrativa. O ser "justa" ou "injusta" a atribuição de uma distinção municipal, não lhe cabe a ela decidir, por isso o Regulamento obriga à participação do órgão Assembleia Municipal. Mas, antes e não depois do "facto consumado". As distinções (Medalhas de Honra ou Mérito) assim atribuídas deixam de ter um significado municipal (de participação de todos os eleitos e órgãos do Município) para terem uma conotação meramente pessoal, como se representassem o "pagamento" de um serviço e não, como é o caso, o reconhecimento, meritório, de uma actividade cultural e educacional. 
E isso é o pior que pode acontecer num Reconhecimento Institucional: a negação do espírito altruísta, da atitude social ou humanitária, da dedicação e devoção a uma causa de quem, individual ou colectivamente, é alvo de homenagem.
Mário Mendes       

EM ABRIL, POESIAS E MÚSICAS MIL


Enquanto a neve cobria os arvoredos
Um garotinho muito novo, à sua fé,
Mostrava ao outro as mãos cheias de brinquedos
Que o bom Jesus lhe pusera à chaminé:

– «Olha p'ra isto, que bonito que apanhei:
Este palhaço, este boneco, este carrinho!
Hoje é Natal e de manhã quando acordei
Tinha isto tudo no meu lindo sapatinho.»

Responde o outro garotinho a soluçar,
Amachucando um lenço velho entre os seus dedos:
– «Pois se eu não tenho sapatinhos para calçar
Como podia o bom Jesus dar-me brinquedos?

Não tenho pai, não tenho mãe, não tenho nada,
Cá vou vivendo sempre à custa dos demais;
Durmo num banco ou no degrau de uma escada;
A vida tem estes medonhos vendavais.»

– «Não digas mais, tuas palavras comoveram
Meu coração – responde o outro garotinho –,
Toma metade dos brinquedos que me deram
E desta forma também ficas contentinho.»

Rezaram bem o seu regime de gaiatos;
Se todos os homens procedessem com juízo
Não haveria tanta luta nem desacatos:
O mundo inteiro era um perfeito paraíso.

* José Luís Nobre Costa – guitarra portuguesa 
Pedro Veiga – guitarra portuguesa
Jaime Santos Júnior – viola
Joel Pina – viola baixo
Gravado e misturado no Edit Studio, Amadora

EM ABRIL, POESIAS MIL


HINO À RAZÃO 

Razão, irmã do Amor e da Justiça
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz do coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que poeira movediça
Dos astros e sóis e mundo permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe dos filhos robustos, que combatem,
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Antero do Quental
Evocação - Pintura de Augusto Pinheiro

22.4.19

NISA: Romaria da Senhora dos Prazeres


EUROPEIAS: PEV contra apoios comunitários ao eucalipto e pela restrição aos pesticidas

Os Verdes estão contra apoios comunitários ao eucalipto. Defendem alimentos livres de OGM e uma Política Agrícola Comum (PAC) que privilegie a agricultura familiar e biológica. E querem a restrição da utilização de fitossanitários. E querem acabar com todos os acordos internacionais de comércio.
As eleições pata o Parlamento Europeu realiza,-se a 26 de Maio de 2019. E o agriculturaemar.com vai passar a publicar os programas de cada partido, no que diz respeito ao mundo rural e à economia do mar. Hoje é vez do PEV — Partido Ecologista Os Verdes.
O PEV concorre integrado na CDU – Coligação Democrática Unitária – coligação formada com o Partido Comunista Português (PCP) e à qual se junta a Associação Intervenção Democrática (ID).
Promover a floresta autóctone
Para as eleições europeias de 2019, Os Verdes defendem uma floresta diversificada, combatendo a monocultura florestal com fins industriais.
“Consideramos estratégico o reforço dos meios financeiros e humanos para as florestas nomeadamente para a vigilância, planeamento e promoção das espécies autóctones, como o carvalho, o sobreiro, a azinheira, o castanheiro e o pinheiro manso”, dizem os ecologistas de esquerda.
E acrescentam que “só assim é possível a defesa da floresta contra os incêndios”. E recusam “a canalização de fundos comunitários para os eucaliptos e outras espécies de crescimento rápido ou culturas intensivas”.
Indústria da celulose
O programa do PEV ataca mesmo a indústria da celulose, afirmando que rejeita que a floresta portuguesa, a biodiversidade e a segurança das populações “estejam condicionadas aos interesses económicos ligados à indústria da celulose”.
“É preciso defender uma política florestal que salvaguarde o interesse público e que garanta as diversas funções da floresta, designadamente a nível ambiental, social, e económico, salientando a importância do sector da cortiça, entre outros”, acrescentam Os Verdes.
Protecção das abelhas
Por outro lado, o partido compromete-se a defender no Parlamento Europeu um reforço do investimento na recuperação e na conservação de habitats para a protecção de espécies da flora e fauna em perigo.
“É necessário também promover medidas que promovam a conservação da Natureza, protejam e fortaleçam a rede de áreas protegidas sob a gestão do Governo e impeçam a extinção de animais selvagens vulneráveis, como é o caso das abelhas ou do Lobo-ibérico”, dizem aqueles ecologistas.
Agricultura biológica e produção local
Por outro lado, defendem a produção e o consumo local, com base na agricultura biológica, como forma não só de dinamizar a economia local como também de promover práticas agrícolas mais amigas do ambiente, livres de pesticidas, promotoras de uma alimentação mais saudável para as populações e com uma reduzida pegada ecológica.
“Para tal é imperioso uma mudança radical na Política Agrícola Comum (PAC) para que dê prioridade ao investimento na agricultura familiar e nos mercados locais, que protejam as sementes e a cultura que encerram, dizendo não aos OGM e para que restrinja a utilização de fitossanitários, promovendo práticas que protejam os solos e os lençóis de água”, dizem Os Verdes.
Políticas ao serviço dos pequenos agricultores
No seu programa eleitoral, o PEV defende ainda “políticas que estejam ao serviço dos pequenos agricultores, designadamente garantindo preços justos pagos à produção, e dos consumidores, garantindo o seu direito a uma alimentação saudável e sustentável e não das multinacionais do agro-alimentar e da distribuição”.
Para aqueles políticos “esta é também uma forma de incentivar a produção não intensiva, local e familiar, que garanta o bem-estar animal e a segurança alimentar e contrarie o transporte de animais vivos em longas distâncias”.
Protecção das águas e dos mares
Na área do mar, dizem Os Verdes que defendem a eliminação dos plásticos descartáveis e a sua substituição por materiais biodegradáveis. “A utilização massiva de plásticos, micro-plásticos e descartáveis está a elevar os níveis de poluição para valores insustentáveis e a conduzir à degradação acelerada dos ecossistemas, nomeadamente marinhos”, refere o programa do PEV.
“Exigir a protecção dos nossos rios e mares é reduzir a utilização de plásticos e combater outros focos de poluição, que nos dias de hoje já não fazem sentido, mas que continuam a existir. Os Verdes continuarão empenhados em lutar por mais e melhores meios de monitorização, em exigir um melhor desempenho ambiental das as indústrias, suiniculturas ou ETAR’s que continuam a fazer dos nossos rios um esgoto a céu aberto”.
Renováveis
Os Verdes querem promover políticas de poupança e eficiência energética, de microgeração e de energias renováveis, limpas e diversificadas com particular incidência na energia solar. No processo de combate às alterações climáticas “é fundamental a eliminação gradual da energia fóssil. Defendemos o encerramento das centrais nucleares existentes e o abandono da energia nuclear”, acrescenta o programa.
“Da mesma forma recusamos a construção de mais barragens hidroeléctricas, nomeadamente a barragem do Fridão, com os seus fortes impactes negativos para as populações locais e para os ecossistemas envolventes”, salientam aqueles responsáveis.
Economia Circular? Só sem comércio livre
Os Verdes defendem igualmente a promoção da Economia Circular, aumentando o tempo de vida útil dos produtos ou garantindo que não têm apenas uma única utilização e que podem ser reutilizados, reparados ou transformados novamente em matéria para a criação de um novo produto, princípio fundamental para reduzir a exploração dos recursos naturais.
Mas dizem que “para que isto seja uma realidade consequente, Os Verdes recusam os Acordos Internacionais do Comércio (TTIP, CETA e outros) que comprometem o ambiente e as pequenas economias. Com estes acordos o progresso ambiental, social e a economia dos países são colocados em causa”.

21.4.19

A Páscoa no adagiário português

Na “Páscoa” os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação, que ocorreu na “Sexta-Feira Santa” (sexta-feira antes do Domingo de Páscoa), data em que é evocado o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus, através de diversos cerimónias religiosas.
O período de quarenta dias que antecipam o Domingo de Páscoa é conhecido por “Quaresma”. Esta começa na quarta-feira de cinzas (quarta-feira a seguir à terça-feira de Carnaval) e termina na chamada “Quinta-Feira Santa”, data da celebração da última ceia de Jesus Cristo com os doze apóstolos. Após a Quaresma, inicia-se o chamado “Tríduo Pascal”, que finda no “Domingo de Páscoa”. Este é precedido por um domingo conhecido por “Ramos” e sucedido por um domingo conhecido por “Pascoela”. 
É diversificado o adagiário português, onde é utilizada explicitamente a palavra “Páscoa”. Há adágios que têm a ver com a contagem do tempo:
- Do Carnaval à Páscoa vão sete semanas.
- Da Páscoa à Assunção, quarenta dias vão.
- Ana, Bagana, Rabeca, Fuzana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.
- Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.
- Depois de Ramos, na Páscoa estamos.
A observação do céu levou a criação de adágios relativos à astrologia do tempo, como é o caso destes:
- Não há Cinzas sem Lua vazia, nem Páscoa sem Lua cheia.
- Não há Entrudo sem Lua Nova, nem Páscoa sem Lua Cheia.
Os adágios tecem, por vezes, considerações de natureza meteorológica:
- Carnaval em casa e Páscoa na praça.
- Carnaval na eira, Páscoa à lareira.
- Cinza molhada. Páscoa ombrejada.
- Entrudo borralheiro, Natal em casa, Páscoa na praça.
- Entrudo borralheiro, Páscoa soalheira.
- Natal a assoalhar e Páscoa no mar.
- Natal a assoalhar, Páscoa ao luar.
- Natal à lareira: Páscoa na soalheira.
- Natal a soalhar, Páscoa à volta do lar.
- Natal ao lar. Páscoa a assoalhar.
- Natal ao Sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
- Natal em casa, Páscoa na praça.
- Natal em casa, Páscoa na praça; Natal na praça, Páscoa em casa.
- Natal em casa. Páscoa na rua.
- Natal em casa: Páscoa na praça.
- Natal na praça e Páscoa em casa.
- Natal na praça. Páscoa em casa, Espírito Santo em campo, faz o ano franco.
- Natal no lar e Páscoa em casa.
- No Natal à janela, na Páscoa à panela.
- Nos bons anos agrícolas, o Natal passa-se em casa e a Páscoa na rua.
- O Natal ao soalhar e a Páscoa ao lar.
- O Natal quer-se na praça, a Páscoa em casa.
- Para o ano ser bom, passar o Natal na rua e a Páscoa em casa.
- Por Natal ao jogo e por Páscoa ao fogo.
- Por Natal Sol e por Páscoa carvão.
- Páscoa a assoalhar: Natal atrás do lar.
- Quando pelo Natal vires verdejar, pela Páscoa à pedra do lar.
- Se a Páscoa é a assoalhar, é o Natal atrás do lar; Se a Páscoa é atrás do lar é o Natal a assoalhar.
- Se Natal é na praça a Páscoa é em casa.
- Se no Natal estás á janela, na Páscoa à volta da panela
- Se o Carnaval é na eira, a Páscoa é à lareira.
Alguns adágios têm a ver com o rendimento das colheitas:
- Os Ramos querem-se molhados.
- Páscoa e Pascoela em Abril, ditoso de quem a vir.
- Páscoa e Pascoela em Março, fome ou mortaço.
- Páscoa em Março, ano de mortaço.
- Páscoa em Março, faz o ano mortalaço.
- Páscoa em Março, fome no regaço.
- Páscoa em Março, muita fome ou mortaço.
- Páscoa em Março, ou fome ou cramaço.
- Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
- Páscoa molhada não dá boas nozes.
- Páscoas de longe desejadas, num dia são passadas.
- Páscoas passadas, moitas criadas.
- Quando a Páscoa cai em Março, ou muita fome ou mortalaço.
- Ramos molhados, anos melhorados.
- Ramos molhados, carros carregados.
- Ramos molhados, carros pesados.
- Ramos molhados, carros quebrados.
O adagiário, dá de resto, orientações relativas ao trabalho:
- Domingo de Ramos enxuga os teus panos, que o que vem, enxugará ou não.
- Na semana de Ramos enxuga os teus panos, que na semana maior ou choverá ou fará sol.
- Na semana de Ramos lava os teus panos, que na da Paixão lavarás ou não.
- Na semana de Ramos lava os teus panos, que na Ressurreição lavarás ou não.
- Na semana de Ramos lava os teus panos; na maior ou choverá ou fará sol.
- No Natal, fiar; no Entrudo, dobar; na Quaresma, tecer; e na Páscoa, coser.
Há de resto outros mais difíceis de sistematizar:
- A Quaresma é muito pequena para quem tem de pagar a Páscoa.
- A Páscoa à Ascensão ainda se dá do coração.
- De Ramos, só se aproveita mesmo o Domingo.
- Deus não se pôs na cruz por um só.
- Domingo da Ressurreição, carne no prato, farinha na mão.
- Judeus em Páscoas, mouros em bodas, cristãos em pleitos, gastam os seus dinheiros.
- Não é cada dia Páscoa nem vindima.
- Os Passos, para serem louvados, têm que ser molhados.
- Páscoa alta, chumbo na malta.
- Quando o Natal tem o seu pinhão, a Páscoa tem o seu tição.
- Sair a Páscoa à segunda-feira.
Hernâni Matos in https://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt

Gravura: Calvário (Primeiro quartel do século XVIII).
Painel de azulejos, fabrico de Lisboa.
Arquidiocese de Évora.