Abril
Era
uma vez, num país distante,
que
ficava muito para além do mar,
onde
o sol era um pássaro errante
e
as rosas desabrochavam, ao luar.
Onde
a água, nas fontes, murmurava
canções
de amor e de bem-querer
ao
ouvido de que se debruçava,
nelas,
para
beber.
Onde
as estradas eram avenidas
bordadas
de miosótis e alecrim
e,
em cada recanto,
havia
esculpidas
estátuas
de jade e de marfim.
Onde
a noite, sempre que caía,
abria,
generosa,
as mãos e delas
escorregavam
miríades de estrelas
tão
brilhantes, tão luzentes,
que
o tombar da noite parecia
o
reacender de um arrebol,
pois
até a doce cotovia
entrava
em dueto com o rouxinol
julgando
que era já dia
e
que a luz, que, então, havia,
era
a luz do próprio sol.
Onde
as árvores, em profusão, plantadas
(cada
canteiro tinha mais de mil)
estavam,
sempre, em flor,
lançando
no ar lavado,
o
perfume delicado
da
beleza e da cor.
Era
uma vez... E era, outra vez, Abril.
Carlos
Tomás Cebola