1.5.20

CRÓNICAS DA TABANCA: O mistério da Francisquinha

Sente-se uma brisa matreira
Lá prós lados da Francisquinha
Um vento podre chegou à Marfeira
Soprado pela política mesquinha.
Francisquinha e Marfeira são duas herdades ou prédios rústicos situados no concelho de Nisa e propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Nisa.
Ambos foram objecto de um processo para a instalação de centrais foto-voltaicas (solares), para o que foram elaborados e apresentados à Câmara Municipal, os respectivos pedidos de parecer de localização.
Os processos foram presentes a reunião da autarquia realizada no dia 7 de Abril, a primeira realizada, no âmbito das restrições impostas pela pandemia, por skype ou vídeo conferência. 
A presidente da Câmara faltou à reunião, justificando a falta com um dia de gozo de férias, em linguagem netiana "skaipou-se" da sessão, pelo que os dois processos, de tamanha importância para o concelho, foram deixados nas "mãos" dos dois vereadores "repescados" (ambos ascenderam à vereação após os pedidos de renúncia ao mandato dos dois vereadores eleitos) a quem a presidente passou a "batata quente" da decisão. Os vereadores socialistas votaram contra, sem justificarem, objectivamente, as razões de tal decisão, tendo remetido para uma declaração de voto, declaração essa que os vereadores da CDU (oposição) garantem não ter sido apresentada. E como ninguém viu tal documento, nem na reunião seguinte, em 21 de Abril, deduz-se que a mesma, só será conhecida, no melhor dos cenários, lá para meados de Maio - mais de um mês após o "chumbo" socialista, uma vez que na OT da próxima 3ª feira, dia 5, não consta a aprovação da acta.
Não querem energia limpinha
Já há muita, dizem, neste chão
E vão sustentando a ladainha
Sem mostrar do voto, a declaração.
Para quem tanto apregoa o desenvolvimento do concelho, o investimento de milhões e um cenário miraculoso da criação de emprego, o "chumbo" dos dois projectos e, principalmente, a forma pouco transparente como  a decisão foi tomada, não abona em favor do executivo municipal, mormente dos seus vereadores em efectividade de funções.
Dir-me-ão que a Câmara não é "obrigada" a aprovar tudo e mais alguma coisa. Mas manda a lei, no respeito pela transparência e na defesa dos interesses dos cidadãos, singulares ou colectivos, que justifique, preto no branco, as opções tomadas.
Nos casos em apreço, não se conhecem as motivações do duplo chumbo. Se são (ou foram) de ordem técnica, paisagística, territorial, ambiental ou outras, de natureza mais "subterrânea". E, na ausência destas informações fundamentais para o esclarecimento dos munícipes, que deviam ser prestadas em tempo oportuno, será lícito que estes tirem as ilações que melhor lhes aprouverem.
O que se sabe, de concreto, é que tais deliberações, prejudicaram enormemente - como se pode ler no comunicado que noutro local publicamos -  uma instituição secular, criada há 500 anos, instituição que, caricaturalmente, a Câmara se preparava para homenagear no 25 de Abril. 
Que bela homenagem iriam prestar à Santa Casa da Misericórdia de Nisa! Que bela forma de enaltecer, publicamente, uma vida de tantos anos em prol da assistência social.
Castelo de Vide aproveita
O bom vizinho, aqui ao lado
Um investimento que deleita
Quem sabe ser aproveitado!
Mário Mendes