19.5.20

Novo Banco pagou os bónus mais elevados aos gestores (116% mais altos do que o BCP que teve lucros)

Os administradores do Novo Banco receberam prémios anuais de quase 2 milhões de euros pelo desempenho em 2019, ano marcado por um prejuízo de 1.058,8 milhões de euros na instituição. São bónus superiores aos pagos no BCP, no Santander Totta e no BPI que apresentaram melhores resultados financeiros.
Os bónus dos administradores do Novo Banco voltam a levantar a poeira provocada pela transferência de mais 850 milhões de euros dos cofres do Estado para a instituição, através do Fundo de Resolução.
A transferência provocou uma alegada “falha de comunicação” entre Mário Centeno e António Costa e tem dado muito que falar, especulando-se até que pode ter feito com que o Banco de Portugal se tenha tornado uma miragem para o ministro das Finanças.
Agora, para apimentar o cenário, surge a informação de que os administradores do Novo Banco receberam prémios diferidos de 1,997 milhões de euros, um valor que é “116% mais alto” do que no BCP, “35% superior ao do Santander Totta” e “cerca de 29% mais elevado do que o do BPI”, conforme avança o Correio da Manhã (CM).
Note-se que a equipa liderada por António Ramalho, presidente do Novo Banco, tem os salários fixos mais baixos, rondando entre os cerca de 350 mil euros anuais e os 275 mil euros. “BPI, BCP, CGD e Montepio pagam aos administradores-executivos remunerações fixas anuais que variam entre o máximo de pouco mais de um milhão de euros” e cerca de 250 mil euros, de acordo com o referido jornal.
No Relatório e Contas de 2019, o Novo Banco aponta que a atribuição dos prémios de 2019 foi “diferida e condicionada à verificação de diversas condições”.
Mas, apesar dos sete milhões de euros de prejuízos acumulados desde 2014, altura que marcou a fundação do chamado “Banco bom” que nasceu das cinzas do BES, os bónus foram pagos.
Em 2019, o Novo Banco registou um prejuízo de 1.058,8 milhões de euros, uma melhoria de 25% relativamente aos 1.412 milhões de euros de prejuízos de 2018. Foi esse prejuízo que motivou nova injecção de capitais públicos no banco, com os tais 850 milhões a saírem directamente dos cofres do Estado para o Fundo de Resolução.
in zap.aeiou.pt