O desemprego no complexo industrial de Sines atingiu mais de 700 trabalhadores e deixou-os em situações dramáticas. Exigem a reversão dos despedimentos e o investimento na produção.
O protesto organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul/CGTP-IN), que contou com a participação de 300 trabalhadores do complexo industrial de Sines, foi organizado por forma a garantir o cumprimento de todas as recomendações impostas pelas autoridades.
Em dois cordões, os trabalhadores estavam à distância de dois metros durante o percurso que separa o Jardim das Descobertas do Jardim da República (Rossio), onde os lugares estavam marcados no chão.
Em declarações ao AbrilAbril, Hélder Guerreiro, da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, referiu que, com esta marcha, os trabalhadores exigem a reintegração de todos os que foram despedidos e a retoma dos planos de investimento por parte das empresas do complexo industrial.
Sobre a precariedade que está na origem da situação dramática que agora vivem, Hélder Guerreiro lembra que as empresas de trabalho temporário só existem para ceder trabalhadores às grandes empresas, «que usam e abusam quando precisam deles e depois os descartam».
A mão-de-obra torna-se, assim, um elemento rotativo consoante vão surgindo projectos que exigem mais trabalhadores do que os quadros «mínimos» efectivos. Para este dirigente, trata-se de uma manobra de evasão fiscal que só beneficia os patrões. «Os trabalhadores não descontam segundo os salários reais porque o vínculo é precário e agora estão numa situação de grande dificuldade», referiu.
Na marcha exigiu-se igualmente que as refinarias assumam as suas responsabilidades. «Estas empresas não deviam ter rescindido os contratos com as empresas de manutenção e deveriam ter garantido os contratos de prestação de serviços», afirmou.
Um outro problema, fruto da subida do desemprego, é que estas empresas «intermediárias» se preparam para baixar agora ainda mais os valores pagos. «E o desespero, que a luta organizada pretende combater, leva ao aumento da xenofobia, porque tende a culpar os trabalhadores estrangeiros pela falta de trabalho», referiu.
A «Marcha pelo Emprego» contou com a presença solidária da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha. Estiveram também presentes o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
AbrilAbril 21/5/2020