A Federação das Bandas Filarmónicas do Distrito de Portalegre (FBFDP) reuniu com as suas filiadas na noite de 12 de maio. Marcaram presença, virtualmente, 12 das 15 filiadas. A reunião contou com 11 maestros, 7 Presidentes de Direção, alguns Vice-presidentes e outros diretores (7) e 3 monitores.
A reunião tinha como objetivos colocar todos a dialogar acerca da sua atividade ou não durante o estado de emergência e o confinamento obrigatório, o pós estado de emergência e o retomar de alguma normalidade, as novas tecnologias ao serviço das bandas/orquestras/escolas de música e, muito importante, a questão da tesouraria e das perdas já existentes assim como as futuras. Para além disso, pretendia-se que todas venham a realizar um trabalho o mais homogéneo possível e que algumas menos ativas se inspirem nas atividades realizadas pelas mais dinâmicas.
A verdade é que um bom grupo de filarmónicas do nosso distrito acabou por não parar a atividade e especialmente a partir de início de abril começaram a realizar trabalhos via plataformas digitais e a publicar os mesmos no facebook e outras plataformas, assim como nas páginas internet. Houve quem continuasse e não parasse de dar aulas aos alunos das escolas de música recorrendo desde o início às aulas por Zoom e de outras formas, houve quem tocasse temas em casa e depois de elaborado o conjunto publicasse esses temas para que a comunidade se entretivesse e percebesse que a música não parou. Também se verificaram algumas bandas que pararam por completo a sua atividade. Outros, mandaram reparar instrumentos, fizeram limpezas das suas instalações, reorganizaram os arquivos de reportório, publicaram vídeos de músicos a tocar em casa, a limpar instrumentos, etc, etc.
Um dos trabalhos mais elaborados, foi o Projeto “Resistiré”, de iniciativa da Banda Municipal Alterense e do seu dinâmico maestro Virgílio Vidinha, que rapidamente de estendeu à Federação de Bandas e a todas as bandas e orquestras distritais tendo envolvido cerca de 120 músicos e 13 maestros. Este vídeo, dedicado a toda a linha da frente do combate à pandemia no nosso distrito, tem cerca de 15.000 visualizações em seis dias, incluindo cerca de 2.000 em Espanha, de onde veio a música e a autorização dos seus autores.
Relativamente ao período que vivemos, pós Estado de Emergência e de gradual desconfinamento, há de tudo um pouco. Existe uma banda que vai começar os ensaios presenciais no dia 15 de maio, salvaguardando as disposições legais e com o aval da Proteção Civil local e entidades da Saúde concelhia e porque dispõe de instalações adequadas; outras irão começar no início de junho e de forma gradual, com grupos pequenos; algumas manter-se-ão até ao final do período escolar no sistema de aulas e ensaios virtuais e realizando trabalhos em vídeo para assinalarem datas locais ou de relevo para a sua associação; muitas filiadas pretendem realizar ensaios a partir de junho em espaços exteriores das suas localidades, animando largos, praças e jardins, sempre no respeito das normas; algumas escolas de música irão arrancar ainda este mês com aulas presenciais, mas apenas com um aluno de cada vez e com horários devidamente ajustados para não se juntarem alunos nos mesmos espaços. Enfim, existe uma enorme vontade em juntar e ensaiar, em manter projetos e atividades dos planos anuais, mas a verdade nua e crua, é que boa parte deles irá deixar de poder ser feitos. Inclusivamente, é quase certo que não seja possível realizar este ano o festival Internacional de Bandas, que seria no Crato. Em julho não se realiza. Seguramente, e em meados de setembro, é uma enorme incógnita. Boa parte do planificado está a ser “empurrado” para o 4º trimestre e muitas atividades terão de esperar por 2021.
No que concerne à questão financeira, a quase generalidade das bandas e orquestra presentes na reunião continuaram a honrar os seus compromissos com maestros e monitores e as despesas de luz, internet e de manutenção de instalações, instrumentos e fardas mantiveram-se e mesmo as de águas ainda hão-de vir. Porém, as receitas foram nulas. Todas as bandas conseguiram suplantar estes dois meses, mas existe um receio generalizado após o verão. É do conhecimento geral que a Conferência Episcopal proibiu todas as festas religiosas, uma grande fonte de receita para as bandas, as festas de verão e festivais estão a ser continuamente suspensos e, desta forma, as receitas irão manter-se escassas ou nulas. A maior gravidade, virá no ano de 2021 visto que as receitas de um ano dão para estabilizar o ano seguinte. E com a falta de receitas em 2020 e as despesas sempre a caírem, afigura-se um ano muito crítico.
Por estas e todas as razões, espera-se que os municípios, os maiores “mecenas” das bandas e orquestras, continuem a atribuir os apoios normalmente assumidos, independentemente do maior ou menor número de atividades cumpridas. Esperamos que as bandas não tenham de despedir maestros, monitores e não percam músicos nem tenham de fechar portas. Também é tempo dos organismos como a CIMAA, a DRCA, a CCDRA, a SEC e a opinião pública estarem atentos às necessidades das bandas, orquestras, do teatro, da dança, enfim, de toda a cultura, porque esta também faz mexer o país, emprega muita gente e, no caso das bandas filarmónicas, tem todo um trabalho de ocupação de jovens e de dissuasor de comportamentos de risco.
A Direção da FBFDP