31.1.16

OPINIÃO: A morte do rio Tejo

Na Ibéria existem poucos rios com esta dimensão, nasce lá bem no alto da serra de Albarracín a 1600 metros de altitude, no interior de Espanha, brotando da sua nascente água pura e cristalina.
Quando o seu leito inicia a descida pelas encostas, vales e planícies destes dois países, percorrendo cerca de 1007 km, até desaguar em Lisboa, estamos longe de imaginar que em pleno século XXI se possa matar assim um rio!  O segundo maior rio da península Ibérica, a seguir ao Ebro (Espanha).
São 1007 km de atentados ambientais que este curso de água sofre, tanto de um lado da fronteira como do outro, os criminosos continuam impunes, como sempre, em nome de um desenvolvimento, dizem!
Ao longo do seu percurso foram sendo construídas várias obras arquitetónicas (barragens, paredões, transvases), a que se juntam o vazamento de lixos de toda a natureza, esgotos de empresas e particulares (muitos sem qualquer tratamento), refrigeração de centrais nucleares e centrais termo elétricas, que vieram alterar seu normal funcionamento nestes últimos 50/60 anos de vida.
Como é possível em menos de meio século, 50 anos, o homem ter destruído o que a natureza levou milhares de anos a construir, como é possível? Onde outrora corria água cristalina e havia peixes em abundância, que dinamizava um sector importante nas economias das comunidades ribeirinhas, hoje temos um rio morto, sem vida, um autêntico esgoto a céu aberto, lançando um cheiro nauseabundo das suas águas escuras com espuma esbranquiçada.
Em Portugal o problema tem-se vindo a agravar, mas as autoridades responsáveis, mesmo sabendo quem são os autores destes crimes ambientais (tal com refere um recente relatório ambiental), nada fazem, dizem que não tem meios suficientes – declarações do próprio Presidente da Agência Portuguesa de Ambiente, na comissão parlamentar, por estes dias.
No plano regional, verificamos que foi constituída pelo Ministério do Ambiente, uma Comissão de Acompanhamento sobre a poluição no Tejo, que terá por missão avaliar e diagnosticar as situações com impacto direto na qualidade da água do rio Tejo e seus afluentes, fazendo parte os representantes da Agência Portuguesa do Ambiente, da Inspeção-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e do Centro, as Comissões Intermunicipais da Lezíria do Tejo, Médio Tejo, Beira-Baixa, e a GNR/SEPNA.

Parece-nos bem que seja constituída essa tal comissão de acompanhamento, só lamentamos que não existem representantes do Alentejo nessa mesma entidade, ora vejamos, se no concelho de Nisa o Tejo tem um percurso de 43 Km e no concelho de Gavião mais 15 km, são portanto cerca de 58 km (21%) de rio sub-representados nesta comissão, não foram convidados?
Sabemos que esta terça-feira, a presidente da Câmara de Nisa, estará presente, numa audição na comissão parlamentar de ambiente, em Lisboa, a qual de forma proactiva, como é seu hábito, não deixará certamente por mãos alheias, esta problemática situação que aflige toda esta comunidade ribeirinha.
Mas não ouvimos a posição da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), apesar de ter havido esta semana, em Portalegre, uma reunião com o Secretário de Estado do Ambiente Carlos Martins.
É urgente cumprir e fazer cumprir toda a legislação, acordos e tratados que existem para salvar o nosso rio.
Assinem a petição que está a correr por aqui:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT79516  - (Petição Contra a Poluição do Rio Tejo e seus afluentes).
Em nota de rodapé, só para recordar que em 2010, assinei um texto para este mesmo espaço com o título “Quem salva o Tejo?”, entretanto já passaram 5 anos, e nada.
Todos somos poucos, não podemos deixar morrer o Tejo!
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

POETAS NISENSES: Manuel Carita Pestana

As Cinco Fontes
Ó Nisa, que me estou lembrando
Das tuas ruas e montes.
Versos que estou a escrever
Dedico-os  às tuas fontes.

Fonte do Frade (local original)
As cinco que aí existem
Por essas calmas estradas
São velhas, mas bem prezadas
Pois alguém olha por elas.
Que as reparam das mazelas
Que os tempos lhes vão dando
Das tuas águas puríssimas
Ó Nisa eu me estou lembrando.
Fonte da Aluada
Quem as quiser visitar
Verá lindas raparigas
Que nestas fontes antigas
Lá se vão dessedentar.
A água deve provar
Destas tão saudosas fontes.
Ó Nisa, não mais me esqueço
Das tuas ruas e fontes.
Fonte da Pipa
Todas elas são antigas
Evocam tempos passados
Encontros de namorados
Que lá passam belos serões.
Cai a água aos borbotões
Para quem quiser beber.
Ai, como levam saudades
Versos que estou a escrever!
Fonte d´El Rei (Fonte Nova)
Bons tempos que já não voltam
Quando eu ia namorar
Levavam serões a bailar
Rapazes e raparigas
Ao som de lindas cantigas
Que ecoavam pelos montes.
Nisa, os versos que escrevo
Dedico-os às tuas fontes.

Fonte de Santo António (Fonte da Cruz)
Na Fonte do Frade eu estive,
Até alta madrugada
E na Fonte da Aluada
Na antiga Fonte da Pipa
Que em beleza se antecipa
E a todos nós seduz
Sem esquecer a Fonte Nova
E a velha Fonte da Cruz
Manuel Carita Pestana - in "Correio de Nisa" (1965)

30.1.16

Inijovem convida a "Caminhar em Nisa" todas as terças-feiras

A Secção de Caminheiros da INIJOVEM introduziu no seu plano de atividades para 2016 uma atividade regular a realizar todas as semanas, às 3ªs feiras, entre as 18h00 e as 20h00, designada de "Caminhar em Nisa", complementando o trabalho que já vem sendo feito, desde 2015, pelos companheiros da Secção de Trail Running!
A concentração será junto à sede da INIJOVEM, cada atividade terá uma duração de 2 horas, gratuita e aberta a toda a população que nutra o gosto pela caminhada ou que se queira iniciar na atividade pedestrianista.
EQUIPAMENTO ACONSELHADO:
- Roupa adequada à prática de caminhada, leve, confortável, respirável e de secagem rápida;
- Bota ou sapato ténis de caminhada;
- Mochila pequena com água e comida energética (barritas ou frutos secos).

Nota: até à mudança para a hora de verão, poderá ser necessário, em situações pontuais, o uso de frontal.

29.1.16

OPINIÃO: O Rio Tejo (há 50 anos)

O desporto em Portugal tem evoluído consideravelmente em todas as modalidades. E a pesca á linha adquiriu inúmeros adeptos. Ainda não há muito tempo, este desporto era quase desconhecido em muitas cidades e vilas, onde hoje conta com grande quantidade de praticantes. Mas os nisenses foram sempre apaixonados pela pesca.
As empresas hidro-eléctricas bastante contribuíram para o seu desenvolvimento. A modalidade estende-se a vários rios e afluentes. Desta prática alcança-se o conhecer do valor da fauna, do volume do caudal, da paisagem, do acesso.
Geralmente, os desportistas manifestam preferência por um rio ou albufeira.
Nós optamos pelo Tejo. Temos percorrido as suas margens, num exercício salutar que praticamos há muitos anos. Este rio, bastante rico, pela sua grandeza e extenso curso, pelas variadas espécies que o povoam, pela fertilidade das terras que banha, pelas actividades que absorve em explorações diversas, torna-se um factor de relevo na economia do país.
As suas belezas e encantos têm inspirado os nossos poetas de todos os tempos. Oferece este rio as melhores condições de pesca ao pescador mais exigente. Conhecemos o Tejo desde o Sever até Belver, e neste espaço existem três pegos dignos de referência. O Pego do Bispo, próximo de Salavessa, tem três quilómetros de comprimento e profundidade de quatro a doze metros. Abundam ali o barbo e a carpa, mas o seu acesso é muito difícil.
O Pego das Portas, de dimensões mais reduzidas, tem a profundidade de trinta metros e é povoado de grandes exemplares de barbos e carpas.
O Pego da Barca, a três quilómetros de Amieira, tem aproximadamente dois quilómetros de comprimento e profundidades de quatro a vinte metros. É muito rico nas já referidas espécies. Pelo seu acesso fácil é muito preferido.
A pesca já foi a maior riqueza deste rio. As espécies emigradas do mar como a enguia e a lampreia, o sável, o muge, povoavam o seu longo curso de novecentos quilómetros.
Na pesca destas apreciadas espécies ocupavam a sua actividade centenas de pescadores profissionais, que abasteciam muitas povoações.
O Tejo presenteia-nos ainda além do barbo e da carpa, com a boga e o Bordalo, em relativa abundância. A reprodução da fauna deste rio favorece todos os seus afluentes. Das espécies emigrantes, só a enguia por cá ficava, ocupando assim um lugar de mérito nos afluentes.
Já temos visto por várias vezes a subida desta espécie. Efectua-se no mês de Maio, preferindo as margens e mostrando-se à superfície. Seguem assim a longa viagem, assinalando a passagem por duas faixas, numa extensão de centenas de quilómetros. Dura isto de oito a dez dias.
Estes milhões de seres, com o comprimento de sete a dez quilómetros, infiltrou-se por todos os canais, mesmo nos de reduzido volume.
Este peixe, que foi tão abundante como apreciado, regressava ao mar, depois de adulto, com o peso a variar de dois a quatro quilos, favorecendo resultados compensadores àqueles que à sua pesca se dedicavam. Hoje, estas espécies não fazem parte da fauna do rio, a partir da Barragem de Belver.
Centenas de pescadores profissionais, que empregavam toda a sua actividade nesta parte do rio, têm-se queixado amargamente. A vasta área abrangida pelo desaparecimento da enguia é deveras considerável e muito se faz sentir na alimentação dos povos ribeirinhos e outros.
O maior rio do país encontra-se há muitos anos vedado totalmente à passagem do peixe e o mesmo se passa nos afluentes como a Ocreza, Ribeira de Nisa, Sever, Ponsul. Junto do enorme dique têm sucumbido milhões de enguias que o instinto natural conduziria ao repovoamento em todo o longo curso do Tejo.
Só uma estatística nos poderia elucidar concretamente e surpreender com números, do valor do peixe colhido na vasta extensão. É oportuno esclarecer que a empresa construtora e proprietária da barragem não descurou este importante assunto (escada de peixe ou passagem de peixe) encarregando um engenheiro italiano, experiente em obras congéneres, de estudar e construir uma passagem de peixe, mas uma vez concluída, verificou-se que não é possível a subida.
De lamentar que assim tivesse sucedido e que assim permaneça esta obra, e muitos esperam a rectificação, para que as águas do rio tornem a ser povoadas e enriquecidas com tão apreciadas espécies.
Aníbal Goulão“Correio de Nisa”13/11/1965

28.1.16

Começou hoje o Carnaval Alpalhoeiro

OPINIÃO: Prós e Contras

 Após alguns anos como colaborador de vários jornais que se publicaram em Nisa e na região, António Conicha, conhecido pelos seus escritos no "Cantinho do Emigrante", volta a dar-nos o prazer da sua presença e da sua "Escrita de Longe" trazendo ao perto temas que nos são caros e que continuam actuais. Saudamos o seu regresso, através da palavra e restabelecendo a ponte entre nisenses residentes e ausentes.
Como muitos nisenses, estou contente pela nossa Câmara ter mandado erguer o "Menir do Patalou", este, que jazia há bastantes anos no chão, sem que alguém até aqui lhe desse a menor importância. Agora sim! Está no local e de pé, assinalando assim, a presença de um povo pré-histórico nas terras de Nisa há milhares de anos, e que hoje podem ser lembrados de uma forma especial, num local que pode ser visitado e figurar num "roteiro turístico", juntamente com as antas, furdões, figuras rupestres e sepulturas", existentes um pouco por todo lado no nosso concelho e região.

Por outro lado, estou triste pelo facto de a "Fonte do Rossio" ter sido mudada do seu local de origem, sofrendo várias mutilações, para não dizer vandalismo, devido a alguma negligência. Não esqueço também a "Árvore das Mentiras", situada no "Jardim Público", que noutros tempos, foi local de culto romântico, onde se trocaram os primeiros beijos, na infância, na adolescência e na juventude!...
 Também queria aqui abordar um assunto, que a meu ver, merece toda a atenção, dado que foi edificado para interesse público, e que continua sem ter a utilidade que merece. Refiro-me à Estação Rodoviária, situada ao cimo da Rua Sidónio Pais (Devesa). Por que razão os emigrantes e outros passageiros que viajam para o estrangeiros, nomeadamente, França, continuem a "partir e a chegar", na Avenida D. Dinis, próximo do Tribunal, à chuva e ao vento e sem sanitários, em condições deploráveis e de grande insegurança, quando na na referida estação, ali bem perto, existem todos os confortos?
Pedia às entidades competentes, principalmente, à Câmara Municipal que resolva esta situação e que promova a transferência da paragem dos autocarros para as novas instalações, o mais urgente possível, indo ao encontro de um desejo e vontade, legítimos, dos nossos conterrâneos. 
Já agora e para terminar, aproveito para lembrar o nosso "Poder Local", que Nisa sempre foi e será uma "terra de emigrantes", enquanto não existirem estruturas, para impedir este flagelo, que é a partida não só para o estrangeiro, como também para a Grande Lisboa, de todos aqueles que procuram uma vida melhor. Por isso, continuamos a aguardar a erecção de um "Monumento ao Emigrante", tantas vezes referido  nas reuniões da Câmara Municipal de Nisa ou nas redes sociais, como o "Jornal de Nisa", mas sem que as entidades públicas passem das palavras aos actos.
Eu, sinceramente, não quero louros, por ter sido um pioneiro em defesa desta causa, mas, confesso, gostava sim, de não morrer, sem ver o meu sonho concretizado, o sonho de todos os nisenses que vivem fora do nosso torrão natal,  que rumaram para os quatro cantos do Mundo, procurando uma vida melhor, o pão que a terra e o país lhes negaram, ou sonho da dignidade e da liberdade.
Eu acredito, continuarei a acreditar que mais cedo ou mais tarde, as entidades públicas da nossa terra, irão concretizar num local central da vila, esta tão antiga como justa aspiração.
"Aqueles Que Por Obras Valorosas Daqui Partiram...Estão Sempre Presentes"..

António Conicha 

27.1.16

OPINIÃO: Povo que (já não) lavas no Rio

Ao longo de muitos anos, desde o 25 de Abril, principalmente, o rio Tejo tem sido alvo de muitos discursos e intenções, todos eles virados para as “potencialidades”, os “recursos endógenos” ou “o desenvolvimento sustentável”. Foi slogan publicitário e de divulgação do concelho de Nisa e, provavelmente, de muitos outros. Municípios que dizem adorar o Rio, as belezas naturais, a pesca, o lazer, o património, os monumentos, a possibilidade de constituir uma mais valia, fundamental, para o desenvolvimento dos seus territórios e das gentes que neles habitam.
O rio - traço de união entre dois povos e países vizinhos – foi sofrendo, durante décadas, os mais graves e despudorados atentados, perante a indiferença, quase generalizada de quem tinha  e tem, o dever defendê-lo e de lutar pela sua preservação ambiental, paisagística, qualidade e constância do caudal das suas águas.
Os reiterados transvases em território espanhol, ao arrepio das leis e tratados internacionais e o desrespeito, vergonhoso, pelo povo de um país vizinho e parceiro comunitário, constituem uma “espinha” cravada no direito internacional, quase tão grande como a portuguesa Olivença.
Os atentados só não foram mais longe porque cá e lá (Portugal e Espanha) tem havido organizações, chamem-lhe ambientalistas, da defesa da terra ou bairristas – tanto dá – que têm denunciado as constantes agressões que o rio tem sofrido.
As câmaras municipais -, mudas, quedas e caladas - têm-se limitado a discursos ou comunicados de circunstância, remetendo os problemas do rio para os vizinhos do lado, aparecendo em público quando o eco dos protestos ou o caudal das agressões ambientais chega à comunicação social e sentem que a sua posição pode ficar fragilizada.
Tem sido assim ao longo dos anos e não me parece que, neste aspecto, algo vá mudar.
O Tejo serve para um belo discurso (Queijo, Tejo, Termas, ou vice-versa), para um excelente décor ou como pano de fundo para um cenário pré e pós eleitoral.
Depois, a conversa da treta toma conta do agitar dos dias e das preocupações políticas das administrações dos concelhos ribeirinhos.
Unissem-se todos os municípios, portugueses e espanhóis, das duas margens do rio e “outro galo cantaria”. Assim, cada um para seu lado e defendendo a sua dama - uma “dama”, por vezes, contrária aos interesses do rio – não chegarão a lado nenhum.
O Tejo, o rio da minha aldeia, continuará a degradar-se e a ser cada vez mais, um esgoto a céu aberto com nome de rio.
Por nossa culpa!
Mário Mendes

NISA: Câmara preocupada com poluição no rio Tejo

 Presidente da Câmara tem Audiência Parlamentar na Assembleia da República
O estado de poluição em que o Rio Tejo se encontra no seu percurso de 43 km, no concelho de Nisa, tem vindo a ser alvo de preocupação da Presidente da Câmara Municipal de Nisa no sentido de identificar, denunciar e encontrar as soluções necessárias para resolução deste grave problema que a persistir influenciará decisivamente o modo de vida e sustento de pescadores e das suas famílias, que fazem do peixe o elemento principal da gastronomia local, em especial na freguesia de Santana e afectará a crescente prática de atividades de turismo e lazer em Amieira do Tejo.
No início de setembro, do ano transato, técnicos da Câmara Municipal deslocaram-se ao “Cais do Arneiro” freguesia de Santana, após denúncias relativas ao estado nauseabundo do caudal do rio. A cor escura das águas que, segundo os pescadores locais, deriva das descargas diárias das fábricas a montante do local de observação, ou seja das indústrias sediadas em Vila Velha de Ródão.
Das conclusões retiradas da observação, devidamente acompanhas de elementos ilustrativos foi enviado, em 28 de setembro 2015, ao Senhor Secretário de Estado do Ambiente, à Agência Portuguesa do Ambiente – ARH Tejo e Oeste e à Guarda Nacional Republicana – Destacamento Territorial de Nisa uma comunicação no sentido de alertar para esta questão problemática para o concelho de Nisa.
Esta nossa denúncia e preocupação foi igualmente comunicada às empresas AMS – Star Paper; Celtejo – Empresa de Celulose do Tejo e Centroliva – Indústria e Energia, das quais apenas recebemos da primeira um ofício que indica que aquela empresa “cumpre todos os requisitos legais ambientais” não se responsabilizando pelo estado de poluição em que encontra o rio.

Porque não poderíamos ficar indiferentes perante a gravidade do problema, cuja origem será previsivelmente no nosso concelho vizinho, afetando a nossa já débil economia local, solicitámos uma Audição à Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação na tentativa de ultrapassar os constrangimentos e impactos negativos que esta situação de poluição está a provocar no Concelho de Nisa.
Em resultado destas nossas démarches a Presidente da Câmara Municipal de Nisa irá ser recebida no próximo dia 2 de fevereiro, na Assembleia da República, para expor na Comissão Parlamentar a situação de catástrofe que atinge o rio Tejo bem como as implicações daí resultantes, quer na qualidade das águas para a pesca quer para a saúde das pessoas e para todo o concelho de Nisa.
CMNisa

24.1.16

MEMÓRIA DE NISA: As eleições locais em 1842

4 Novembro de 1842
Luís Vicente de Barros da Silveira,
Faço saber que o Conselho de Districto em conformidade do que lhe incumbe o artº 47 secção 4ª do Código Administrativo foi designado em sessão de 19 de Outubro último os dias em que se hade proceder à eleição dos corpos e auttoridades electivas que hão de servir no próximo biénio de 1843 a 1844 inclusive, hão estas levar-se a efeito nos dias e horas abaixo indicados.
* Primeiro no dia 13 do corrente mez se hade proceder em huma só Assembleia que se reunirá pelas 10 horas do dia na Parochial Igreja da Sª da Graça Matriz desta  villa de Nisa à eleição dos vereadores, juiz ordinário e seus substitutos.
* Segundo no corrente mez pelas dez horas da manhã na Parochial Igreja do Espírito Santo desta villa se hade proceder à eleição de Juiz de Paz e seus substitutos, de Districto da referida Freguezia.
* Terceiro no dia 27 do corrente mez pelas dez horas da manhã na Parochial Igreja da Sª da Graça Matriz desta villa se hade proceder à eleição de Juiz de Paz, Juiz eleito e Junta de parochia da referida Freguezia.
* Quarto no referido dia e de hora já indicada na Parochial Igreja da Sª da Graça Matriz desta villa se hade proceder à eleição do Juiz eleito e Junta de Parochia da referida Freguezia e annexo de S. Simão da Serra; e bem assim nas Igrejas Parochiaes de Espírito Santo, S. Mathias e Srª da Graça de Arez se hade proceder à eleição do Juiz eleito e Juntas de Parochia para cada huma das referidas freguezias.
E para que cheguem a todos mando passar o presente que será affixado em todas as Igrejas Parochiaes e lugares do estillo.
Guilherme da Costa Fragoso – Secretário da Câmara

23.1.16

RESPIGOS (3): Imagens e Notícias do Concelho





Convívios de "artilheiros", o reconhecimento devido a quem trabalha pela comunidade ou as actividades da então designada "Ocupação dos Tempos Livres de Jovens" (OTJ), bem como o registo de iniciativas e criação de novos equipamentos, constituíram, entre muitos outros, os destaques do acervo de textos enviados e publicados em diversos órgãos da imprensa regional e nacional.

22.1.16

Meu Super abre loja em Alpalhão

O Meu Super, franchising alimentar da Sonae MC, abre no próximo dia 22 de janeiro, a loja de Alpalhão concretizando assim mais um significativo contributo para o desenvolvimento económico e social da zona de Nisa.
Esta nova abertura da marca Meu Super insere-se na estratégia de expansão da insígnia na região e tem por objetivo o crescimento e o cimentar de um relacionamento estreito com a localidade onde está inserida, com base nas relações de proximidade e assegurando a melhor proposta de valor, caracterizada pela variedade e qualidade dos produtos, sempre aos mais baixos preços.
Com 128m2, a loja Meu Super Alpalhão reforça a qualidade de serviços e produtos nesta zona tão importante do país. O Meu Super conta agora com mais de 200 lojas, distribuídas pelos 18 distritos de Portugal continental e ilhas.
De forma a potenciar a experiência de compra dos seus clientes, o Meu Super passa agora a integrar em todas as suas lojas o Cartão de fidelização do Continente, o maior cartão de descontos do país com mais de 1.900 milhões de euros de descontos concedidos desde o seu lançamento.
O Cartão Continente, que conta já com mais de 3.4 milhões de utilizadores e continua a apostar no seu serviço de excelência e de satisfação dos portugueses permitindo-lhes aceder a um conjunto de ofertas cada vez mais abrangentes, transforma-se desta forma no mais recente aliado de poupança da rede de mercearias de bairro da Sonae MC.
Loja Meu Super Alpalhão
Largo da Devesa nº 23, 6050-030 Alpalhão
Segunda a Sábado das 09h00 às 13h00 e das 15h00 às 20h00; encerra Domingos e Feriados
O ‘Meu Super’ iniciou a sua atividade em 2011 e, no final de 2013, o ‘Meu Super’ contava já com 70 lojas em todo o país. No ano 2016 a insígnia soma mais de 200 lojas, traduzindo a abertura média de uma loja em cada 5 dias ao longo do ano.
Atualmente a insígnia representa mais de 900 postos de trabalho, sendo um sucesso ao nível da criação e manutenção de emprego em Portugal.
Sem fees ou comissões à entrada, o formato está disponível a interessados da pequena distribuição de proximidade, em moldes bastantes competitivos, bem como a empresários que se pretendam estabelecer de novo neste mercado. Os parceiros da Sonae no ‘Meu Super’ beneficiam do know-how do maior retalhista e líder em Portugal; têm uma garantia de preços competitivos para uma gama ampla de produtos, incluindo os de marca própria Continente; usufruem de uma logística e de sistemas informáticos eficientes; participam na construção de um conceito de loja apelativo para o cliente com uma proposta de valor assente numa dinâmica promocional e num plano de comunicação local da marca ‘Meu Super’.
Para mais informações, por favor, contacte:
GCI | Cátia Mesquita |cmesquita@gci.pt | 213 591 530 | 93 405 89 57

21.1.16

Exposição "A Cor do Alentejo" na Ordem dos Médicos em Portalegre

 O Conselho Distrital de Portalegre da Ordem dos Médicos tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª para a inauguração da Exposição de pintura “A cor do Alentejo” do médico António Sameiro Correia, que terá lugar no dia 28 de Janeiro de 2016, às 18h00, na sede da Ordem dos Médicos de Portalegre, na Rua de S. Bernardo, loja 2.
Segue-se um Cocktail.

António Manuel Sameiro Correia nasceu a 5 de Setembro de 1953 em Moura, distrito de Beja.
Licenciou-se em Medicina em 1980 pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.
Estagiou no Hospital de Portalegre de 1981-1985.Em Março de 1985 sediou-se em Elvas onde exerce Medicina Geral e Familiar na USF Amoreira – Centro de Saúde de Elvas.Desde criança que se notou a sua capacidade para as artes.
Depois de uma passagem pela escultura e pintura a óleo, em 1986 inicia a pintura em aguarela e participou em várias exposições.

Após uma pausa de 20 anos, retomou a pintura em 2015 com a exposição “A Cor do Alentejo” na Casa da Cultura de Elvas.

RESPIGOS (2): A promoção do Queijo de Nisa



20.1.16

"Encontros" - Espectáculo de Dora Maria em Nisa, no dia 6 Fevereiro


Alpalhão festeja no domingo o Mártir Santo (S. Sebastião)

Com organização da Paróquia de Alpalhão, Movimento Teresiano do Apostolado - MTA e do Grupo Ciclo Alpalhoense realizam-se no próximo domingo, dia 24, os festejos em honra de S. Sebastião (Mártir Santo).
O programa tem início às 11 horas com a celebração da eucaristia dominical na Igreja Matriz e prossegue pelas 12 horas com o Leilão dos Ramos e a abertura do Bar e do stand do MTA no Largo Detrás do Adro.
Às 16 horas haverá actuação da banda da Sociedade Filarmónica Alpalhoense e às 17 horas tem início a procissão entre a Igreja Matriz e a ermida do Mártir Santo na saída para Castelo de Vide, prosseguindo os festejos pelas 18 horas.

PORTALEGRE: Militares da GNR detidos por suspeita de corrupção

A GNR deteve, esta terça-feira, seis pessoas, das quais três são militares da GNR, por suspeitas da prática do crime de corrupção.
As detenções foram realizadas na zona de Portalegre e ocorreram na sequência de uma investigação conduzida exclusivamente pela GNR, através da Unidade de Acção Fiscal, e coordenada pelo Ministério Público (Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora).
Os três militares detidos, que segundo fonte oficial do comando geral da GNR são um oficial do comando de Portalegre e dos guardas da zona, um do destamento de Trânsito e outro do destacamento fiscal, faziam parte de um grupo constituído por mais três civis, que, alegadamente, recebiam subornos para violar os deveres funcionais a que os militares estavam obrigados.

Relativamente aos militares envolvidos, além do processo criminal, será ainda aberto o competente procedimento disciplinar.

19.1.16

IN MEMORIAN: Prof. Moura faleceu há 10 anos

Se ainda estivesse entre nós, o professor Moura completaria hoje, dia 19, setenta e dois anos de vida. Faleceu há 10 anos, a 11 de Janeiro de 2006. Partiu do nosso convívio um cidadão multifacetado, dinâmico, interveniente, dedicado à sua comunidade, à elevação dos padrões de qualidade de vida dos seus concidadãos e que nos deixou um raro exemplo de participação cívica e de trabalho em prol da dignificação do concelho e que hoje, aqui lembramos, na notícia que publicámos na edição de 18 de Janeiro do "Jornal de Nisa".
Desportista, professor, cidadão íntegro
José Maria Pinheiro Moura, 61 anos, professor aposentado, faleceu na passada quarta-feira, dia 11 de Janeiro, na sua casa em Alpalhão.
A notícia da sua morte inesperada colheu toda a gente de surpresa e passou a ser o tema de todas as conversas entre pessoas de todas as idades que se interrogavam, incrédulas, com o falecimento de uma figura popular, não só de Nisa, sua terra natal, como em Alpalhão onde residia há 40 anos e um pouco por todo o distrito e região, onde a sua acção como professor, desportista, dirigente associativo e autarca era conhecida.

Não constituiu, por isso, um acontecimento inesperado, os milhares de pessoas que de todas as partes do país vieram até Nisa na manhã do dia seguinte, quinta-feira, despedir-se do amigo, do antigo professor, do treinador, do colega de equipa ou de profissão, numa impressionante manifestação de dor e despedida que ficou assinalada como das maiores que se fizeram na terra que o viu nascer.
Crianças, jovens, adultos e idosos, gente de todas as condições e profissões, integraram o extenso e compacto cortejo fúnebre que desde a Igreja da Misericórdia, numa imensa mole humana que inundou, como se fosse um mar de gente, as ruas Direita, Porta da Vila, da Fonte e da Fonte Nova até ao cemitério municipal, acompanhando os restos mortais de professor José Moura, numa derradeira, comovente e dolorosa despedida.

José Maria Pinheiro Moura partiu e deixa muita saudade.
Pelo seu carácter, pelo seu empenhamento, pelo seu dinamismo, pela sua postura de homem vertical e democrata.
Na simplicidade de um adeus, dir-lhe-ei apenas: repousa em paz!
Mário Mendes

PORTALEGRE: Apresentação de livro sobre Sampaio da Nóvoa


18.1.16

RESPIGOS (1)- Salavessa: Uma luz para Bruxelas


A par do "Fonte Nova" e de outros jornais, colaborei durante anos com o "O Pregão", quinzenário que se publicava em Castelo de Vide. Eram artigos, pequenos, que, no essencial, alertavam para problemas e necessidades diversas, desde o arranjo das ruas à falta de iluminação pública ou, ainda, situações de lesa património como eram ( e continuam a ser, perante a passividade e o deixa andar dos poderes públicos) a vedação e a dominação de caminhos vicinais para uso exclusivo, particular, impedindo ilegalmente a passagem de veículos, pessoas e bens.
O texto de cima diz respeito à falta de iluminação pública numa rua de Salavessa (Nisa). Em geral, estes problemas eram prontamente resolvidos após a denúncia ou alerta público. O poder local e os serviços públicos, na altura, preocupavam-se com a comunidade, não estavam ainda dominados pela "estranha" concepção de que "nós é que somos e nós é que sabemos" que hoje, infelizmente, impera em tantos serviços que deveriam - devem - estar ao serviço do povo, única e principal razão, aliás, para a sua existência.
Mas vá lá meter isto em certas "cabecinhas pensadoras"... 

Divulgado o cartaz do NAOM 2016 - Norte Alentejano O´Meeting


17.1.16

NISA: 40 Anos de Poder Local - A Informação I


Em 2016 comemoram-se 40 anos sobre as primeiras eleições para os órgãos do poder local (12 de Dezembro de 1976) primeiro passo para a instituição da democracia local, após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Em 2016 comemora-se, também, um século (100 anos) de existência da corporação dos Bombeiros Voluntários de Nisa. São duas efemérides que merecem ser condignamente assinaladas e justificariam, que, a tempo e horas, quem de direito convocasse e reunisse as forças vivas para a elaboração de um programa comemorativo daquelas duas datas.
Pela nossa parte e aqui no "Portal" iremos dando algum destaque sobre aspectos do poder local no concelho que consideremos relevantes, nomeadamente, os obreiros e as principais obras deste grande "edifício" que começou a ser construído, em democracia, há 40 anos.

16.1.16

LUÍS COSTA - Entrevistado há 30 anos para o "Fonte Nova"

Há 30 anos (4 de Setembro de 1985) como colaborador do semanário "Fonte Nova" fiz a primeira entrevista de fundo ao atleta nisense Luís Costa, que em Dezembro último "apadrinhou" a Corrida de S. Silvestre, organizada pelo Sporting Clube de Nisa. A entrevista, descobri-a, há dias, num amontoado de jornais e revistas, papéis (e memórias) que teimo em guardar e agora partilho com os visitantes do "Portal".
LUÍS COSTA: Correr por desporto e com o "credo" na boca
Quem percorre com frequência as estradas que ligam a Portalegre, há-de já ter notado certamente num jovem franzino, que indiferente a quem passa e pela berma da estrada vai palmilhando a correr, quilómetros atrás de quilómetros, numa passada ligeira e num jeito muito seu. O seu nome é conhecido daqueles que se interessam pelo desporto e pelas chamadas “modalidades amadoras”.
O Luís Costa é um desses atletas amadores, sem aspas nem sufixos. Construiu a pulso e por si (sabe-se lá quantas raivas contidas, quantas lágrimas suspensas) uma carreira desportiva recheada de êxitos, bem demonstrativa das suas potencialidades.
Falámos com ele. Sentimos a sua amargura, desilusão e desencanto. Ouvimos histórias e episódios dos seus êxitos e de alguns fracassos. Do mundo subterrâneo que não devia ser o do Desporto. E ficámos-nos a perguntar: com um Desporto a sério, com apoios capazes, até onde iria este homem (atleta), caramba?
FN – Quando começaste a correr?
Luís Costa – Comecei a correr em provas populares, mais precisamente numa corrida de S. Silvestre em Nisa, tinha 13 ou 14 anos.
Nessa altura tinhas já algum “fraco” pelo atletismo?
Não, não tinha. Corri por correr, na brincadeira. Saí-me bem, pois logo pela primeira vez que corri e entre concorrentes mais credenciados fiquei em 2º lugar.
Depois disso não mais paraste?
A partir daí o senhor Tapadinhas convidou-me para uma prova na Festa dos Aventais em Portalegre, prova que ganhei e comecei a entrar noutras provas mais conhecidas em representação dos Pallés.
Estive no Grande Prémio de Alcanena e muitas outras provas de nível regional tendo vencido diversas. Comecei a entusiasmar-me e a acreditar nas minhas capacidades para o atletismo.
E começaste a dar nas vistas, não foi?

Fui ganhando várias corridas e naturalmente comecei a ser conhecido. Antes de despertar o interesse de alguns clubes, ainda passei as “passas do Algarve” para correr. Por exemplo, para participar no Grande Prémio do Bocage em Setúbal, fui de bolei até aquela cidade apenas com uma “sandes" no bucho. Ganhei a prova e recebi um convite do Vitória de Setúbal para representar o clube. Em representação do Vitória, participei no 1º Passo – importante torneio organizado pelo Sporting e por onde têm passado os melhores atletas portugueses – tendo sido a grande revelação do Torneio, pois ganhei a prova dos 3.000 metros num tempo que ainda hoje é record do Torneio.
Pelo Vitória participei em diversas provas das quais destaco o Cross das Amendoeiras e a S. Silvestre de Lérida (Espanha) onde fui o melhor português.
Depois veio o interesse do Sporting?
Sim, fui contactado por dirigentes do Sporting e passei a representar este clube em juniores. Participei no Nacional de Corta-Mato e fui campeão regional de Lisboa em corta-mato. Venci também o Torneio de Abertura e outras em representação do clube de Alvalade. Fiz uma época em juniores e passei seguidamente a sénior tendo voltado a Portalegre e aos Pallés.
Por que trocaste o Sporting – grande clube na modalidade – por um clube modesto como os Pallés?
Porque tinha muitas dificuldades. O Sporting pagava-me apenas o alojamento e a alimentação e isso não dava para eu estar em Lisboa.
Quais os teus maiores êxitos em representação dos Pallés?
Participei em muitas provas ao longo da época, tendo obtido muitas vitórias, quer individual, quer por equipas. Destaco as vitórias nos Grandes Prémios de Seia, Gouveia e Covilhã, onde participam atletas de bom nível, bem como 3 estafetas Castelo de Vide-Portalegre.
De seguida, novo regresso a Setúbal. Porquê?
Em Portalegre, apesar da boa vontade e carolice de alguns dirigentes, as condições para a prática da modalidade eram más. Um atleta não é só correr. Precisa de ajuda, de quem o compreenda nos momentos menos bons de forma. Precisa também de condições para treinar, para melhorar os resultados e atingir outros níveis na sua carreira desportiva. Além disso o Vitória oferecia-me emprego e por isso não recuei.
No Vitória, nova etapa na tua carreira?

É verdade. Comecei a treinar com mais entusiasmo para justificar o convite que me fizeram e isso durante um ano. Foi uma boa época em que consegui excelentes resultados, embora tenha ficado muito desiludido. O Vitória enganou-me durante uma época com a promessa do emprego e nada feito, tive de vir embora.
Qual o trajecto, a seguir?
Uma vez que tinha feito uma boa época, o Sporting convidou-me novamente, clube que representei durante duas épocas e nas quais alcancei as minhas melhores marcas nos 5.000 e 10.000 metros. Foi um período de que guardo grandes recordações, apesar de continuar em Lisboa com grandes sacrifícios. Fiz o 3º melhor tempo da Estafeta Cascais – Lisboa. Alcancei o 11º lugar nos Nacionais de Corta-Mato e fiquei a dois lugares de ser seleccionado para o campeonato mundial da especialidade. Fiz de “lebre” durante 3.000 metros na primeira tentativa de Fernando Mamede para bater o “record” mundial dos 10.000 metros.
Por que não ficaste no Sporting?
No Sporting, sucedeu o mesmo que no Vitória de Setúbal. Promessas de emprego, melhoria de condições que nunca vieram, o desengano. Entretanto, casei em Portalegre e com a nova situação não me podia manter em Lisboa.
E outra vez os Pallés, não é?
Sim, radiquei-me em Portalegre, pois não havia condições de ir para outro lado. Aqui, ao menos há gente conhecida que me tem apoiado e incentivado a prosseguir.
Com a experiência e os resultados no Setúbal e no Sporting, não achas que poderias ir mais longe?
Sinto-me com capacidade para ir mais além, mas sem condições o que poderei eu fazer?
Tenho a minha vida, com grandes dificuldades pois estou desempregado. É claro que, com 25 anos, gostaria de mostrar todo o meu valor para o atletismo e alcançar melhores marcas. Assim vou aguardando que as coisas mudem e correndo onde é possível, dando o melhor que posso.
Como é que tu treinas?
Treino sozinho. Faço diariamente uma hora a correr, alternando a estrada com pisos de terra batida. Isto no princípio da época. Depois de 2 meses de treino, aumento o volume do treino, fazendo dois treinos diários: um de manhã e outro de tarde, correndo aproximadamente duas horas e percorrendo entre 30 e 35 quilómetros.
Quais as provas que gostas mais de correr?

Gosto de correr os 5.000 e os 10.000 metros e também a meia maratona (22.000 metros). Gostaria de tentar a maratona e penso que daqui a 2 ou 3 anos, se as condições o permitirem, poderei tentar esta prova.
O que é que pensas do atletismo a nível do nosso distrito?
Penso que está ainda bastante atrasado. Não há pistas; poucos clubes com secções organizadas, a participar, e falta de condições. O que é pena, pois há bastantes valores nas corridas e que poderiam fazer umas “coisas” se lhes dessem condições.
Uma última pergunta. Ó Luís, como é isso de uma pessoa, um jovem, estar desempregado, com dificuldades e ainda ter “energia” e estímulo para treinar e competir?
É muito difícil esta situação. Só quem passa por uma situação destas é que pode avaliar e compreender. Por vezes vou a correr, num treino e pergunto a mim mesmo por que é que ando a correr, para quê tudo isto? O desânimo é muito grande e só uma grande força de vontade é que me faz andar a correr. Tenho sido muito apoiado pela minha mulher que me ajuda e me diz "vai treinando, não pares de correr que melhores dias hão-de vir".
Tenho também corrido em muitas provas, principalmente em Espanha, onde tenho sido muito acarinhado. É isso que me ajuda a prosseguir e a confiar que no atletismo ainda poderei mostrar todo o meu valor".
Luís Costa, 25 anos, jovem, desempregado, atleta amador. Um depoimento impressionante e um exemplo de querer, de confiança. Um exemplo, também, de como não deveria ser o desporto em Portugal. Em Portalegre, aqui e agora.
Um exemplo para reflexão! Estão as autoridades (entidades) desportivas, interessadas nisso?
Mário Mendes in "Fonte Nova" - nº 41 - 4 Setembro 1985