28.10.16

NISA: Poetas populares

O meu Cão
Criei-o de pequenino
Com muita estimação
Morreu já muito velhinho
Coitadinho do meu cão.
I
Era muito inteligente
Que às vezes por engano
Parecia um ser humano
Nem ladrava a toda a gente
Quando ia á minha frente
Com as orelhas a pino
E com o rabo curtinho
Quase sempre a dar a dar
Deixou-me quase a chorar
Criei-o de pequenino.
II
Nunca lhe dei um castigo
Nem ele me deu arrelias
Era assim todos os dias
Andava sempre comigo
Quero esquecê-lo e não consigo
E trago-o no coração
Admirava aquele cão
Também a sua esperteza
Até comia comigo à mesa
E com muita estimação.
III
Quando me estava a preparar
Para de casa sair
Começava eu a tossir
Começava ele a ladrar
Punha-se na porta a raspar
Dando latidos baixinho
E lá íamos devagarinho
Para mais uma jornada
E pró fim já se cansava
Morreu já muito velhinho.
IV
Quando ele me falhava
Ficava preocupado
Mas um dia fui informado
Que ele também já namorava
A cadela com quem andava
Já tinha outro e então
Armou-se uma confusão
E com bastante alarido
Apareceu-me todo mordido
Coitadinho do meu cão.
António Elias Estróia