19.10.16

TOLOSA: Quem acaba, de vez, com os atentados ambientais?



Em Torres Novas é o próprio governo, através do Ministério do Ambiente que permite o crime de lesa-populações e de destruição do rio Almonda, autorizando as descargas.
Em Tolosa (Nisa) já têm barbas, brancas e amarelecidas, as inúmeras e incontáveis violações das leis do ambiente no que respeita ao tratamento de águas residuais. Há anos, muitos anos, que ando a bater nesta "tecla", a denunciar um crime, quase constante e permanente, que é o lançamento de esgotos sem tratamento desde a ETAR (que sem fazer nada bem podia E(S)TAR fechada) na Ribeira da Carrilha e daqui para o Ribeiro de Sor, esse mesmo, um dos que "alimenta" a Barragem de Montargil.
Ao longo dos anos, os responsáveis camarários fizeram ouvidos de mercador. Prometeram obras de reconversão, requalificação e de outras palavras terminadas em ão, mas as obras concretas que até mereceram a visita com pompa e circunstância de um Secretário de Estado, em 2002, de nada valeram.
Ficou tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, porque o que era preciso fazer, imperioso e urgente, era a remoção (ou separação) dos resíduos das indústrias de lacticínios, familiares ou com outra dimensão, dos esgotos domésticos. Este foi um "filme" de muitos anos. Cheguei a ver, tantas vezes, correr "leite" (resíduos de lacticínios) na Fonte do Chabouco e noutras da povoação.
O problema dos esgotos em Tolosa, porventura o mais grave, não terminou, nem com o anúncio camarário de transferência dos resíduos industriais. A prova está à vista de todos: caem umas pingas de chuva e logo se aproveita para descargas de esgotos em grande escala, poluindo os ribeiros e terrenos agrícolas anexos.
Quem mora na Rua de Abrantes e proximidades da ETAR conhece, como poucos, a verdadeira odisseia que é suportar os maus cheiros e as invasões de mosquitos.
Sobre isto, os poderes públicos da freguesia e do concelho, nada dizem.
Vão dizendo e denunciando à boca pequena, os moradores, principais vítimas de uma situação vergonhosa que se arrasta há demasiado tempo e para a qual os responsáveis não sabem ou não querem, de forma decidida, pôr termo. As fotos são da semana passada. Voltarão a ocorrer - não tenho dúvidas - nas próximas chuvas. Há que aproveitar as "enxurradas" (como fazem, aliás, os industriais do Lis, do Lena ou do Ave, para só citar alguns) para despejar os indícios criminosos de práticas poluidoras, proibidas por lei e à revelia do respeito ambiental e das populações. O crime, pelos vistos, continua a compensar...
Há outra situação idêntica, mas em menor escala em Nisa e que também já por diversas vezes denunciei.
Falaremos nela numa próxima ocasião.
Mário Mendes
NOTA: Este artigo foi publicado como a data em cima indica em 19/10/2016. Passaram nove meses, tempo, mais que tempo, para a autarquia nisense ter dado uma solução, definitiva, ao problema. Prometeu-se a remoção e transporte dos resíduos "leiteiros" por uma empresa especializada e, com esta acção, tudo voltaria ao normal. O que é o "normal", neste momento em Tolosa, no que aos esgotos e seu tratamento diz respeito? O que fez, no concrreto, a Câmara Municipal? Desapareceram os maus cheiros, a infestação de mosquitos na Rua de Abrantes e adjacentes? Devolveu-se a Ribeira da Carrilha à sua função natural? A ETAR de Tolosa trabalha convenientemete e as lagoas de de depuração já cumprem as funções para que foram construídas? A Câmara e o seu dinâmico Gabinete de Informação e Imagem (principal e exclusivamente de imagem) têm alguma coisa a dizer às populações? 
Aguardemos...