18.1.12

MISERICÓRDIA DE AREZ: Restaurar para preservar o património

Misericórdia de Arez investe na restauração da sua Igreja, preservando um património de séculos.
A Santa Casa da Misericórdia de Arez iniciou em Agosto as obras de restauração da sua Igreja, que habitualmente é utilizada pela população desta localidade como casa mortuária.
Este edifício do século XVI estava já um pouco degradado e a instituição estava ciente da necessidade que havia de serem feita obras, sobretudo no que se refere ao telhado, por ser o que estava em pior estado, no entanto, e como nos explica o provedor, José Fazendas, a Misericórdia tinha outras prioridades, daí que só recentemente tenha decidido avançar com a obra.
«Estávamos bastante empenhados no projecto da construção de um Lar, o que representaria um grande investimento por parte da instituição, e por isso sabíamos não ter capacidade para avançar também com a restauração da Igreja», esclarece.
Entretanto, e por diversos motivos, a Misericórdia acabou por desistir do projecto da construção do Lar e avançou com a recuperação da Igreja, onde inicialmente estava apenas previsto a substituição do telhado, mas «uma vez que íamos começar com obras, e porque queremos dar as melhores condições possíveis aos Irmãos e a quem usufrui deste espaço, decidimos fazer uma recuperação completa», conta o provedor.
Para tal, e porque em dois dos três altares no interior da Igreja se encontram pinturas antigas, também bastante degradas, a Misericórdia pediu a colaboração de especialistas do Instituto de História da Arte, da Faculdade de Letras de Lisboa, que avaliaram o património artístico e se comprometeram a recuperar essas pinturas, tendo ainda aconselhado a instituição sobre o que seria importante fazer, preservar e os materiais a utilizar.
Conforme relata José Fazendas, a primeira fase da obra consistiu na substituição total do telhado, numa segunda fase foram então feitos os arranjos ao nível do edifício, nomeadamente nas paredes interiores e exteriores, e a substituição do pavimento. Já numa terceira fase será então feita a recuperação das pinturas dos altares, bem como a pintura da Igreja.
«Fizemos uma recuperação de fundo da nossa Igreja, e estamos convictos de que se trata de um investimento a pensar no futuro, ou seja, em que estamos já a preservar o património da Misericórdia para os próximos anos. Esperamos que as pessoas gostem e que percebam que a nossa intenção foi fazer o melhor possível, mas sem descaracterizar o já existia», sublinha o provedor, que orgulhosamente nos revela que fizeram questão de manter o coro.
A recuperação da Igreja representa um investimento que deverá rondar os 50 mil euros, e de acordo com José Fazendas foi importante poderem recorrer as materiais que, mantendo as suas características, tornaram o espaço «mais acolhedor e com condições para receber condignamente quem dele usufrui», e que ao mesmo tempo vão permitir a sua preservação durante mais tempo. José Fazendas revela ainda que, tudo indica que obra deverá estar concluída ainda em Janeiro.
Construída em 1618, a Capela do Divino Espírito Santo, ou Igreja da Misericórdia como é conhecida, foi o local onde foi fundada a Irmandade da Misericórdia de Arez.
* Patrícia Leitão in "Alto Alentejo" - 11/1/2012