Balanço Ambiental 2011: O Melhor e o Pior
O Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, apresenta aqui alguns factos, que na sua opinião, marcaram positiva e negativamente o ano de 2011.
Ao nível do distrito de Portalegre em 2011, e de acordo com o trabalho desenvolvido, destacamos os seguintes factos:
O PIOR DE 2011
Supressão das ligações ferroviárias no distrito de Portalegre
O Plano Estratégico dos Transportes, apresentado pelo Governo Português, determina a supressão das ligações ferroviárias regionais da Linha do Leste e o encerramento do Ramal de Cáceres, que assegura actualmente a ligação entre Lisboa e Madrid. Esta decisão é injusta, incoerente e insustentável, indo prejudicar de forma irreversível a coesão territorial e também social, e afectando de forma muito significativa o distrito de Portalegre com um aumento do seu isolamento.
Vedações no Parque Natural da Serra de São Mamede
Ao longo do ano de 2011 tomamos consciência do grave problema que alastra na zona Norte do Parque Natural da Serra de São Mamede e que se prende com a implantação de vedações de grandes dimensões e em grandes extensões, que tem vindo a ocorrer dentro desta Área Protegida. Os impactos paisagísticos, ecológicos e culturais que podem ameaçar o Parque Natural da Serra de S. Mamede são demasiado grandes para serem ignorados e é necessário que as entidades competentes tomem medidas urgentes para resolver este problema.
Descargas industriais poluentes no Tejo
Em Agosto de 2011 foram detectados indícios fortes de descargas de origem industrial que contaminaram o rio Tejo na zona de Vila Velha de Ródão. Nesta ocasião o rio Tejo apresentava uma cor roxa e um forte odor a produtos químicos, tendo este problema afectado as vias respiratórias de cidadãos e levado à morte de muitos peixes.
Olivais intensivos no Alto Alentejo
À semelhança do Baixo Alentejo, o Alto Alentejo, sobretudo na zona de influência da Albufeira do Maranhão (concelho de Avis) continua a ser também alvo da instalação de monoculturas intensivas de olival. Quando a maioria das previsões aponta para num futuro breve existirem graves carências ao nível dos recursos hídricos disponíveis nas zonas a sul do Tejo, será questionável a aposta que está a ser feita nestas culturas de regadio, complementadas com utilização regular de fertilizantes químicos de síntese e agrotóxicos. Mais grave se torna a situação quando a expansão destas culturas é feita à custa de floresta autóctone, base da biodiversidade local, ou com o sacrifício de olival adulto e tradicional, bastante mais bem adaptado às realidades locais.
Controlo de vegetação nas bermas das estradas e terrenos públicos
Apesar de já muitas autarquias optarem por fazer o controlo da vegetação junto às bermas das estradas e em espaços públicos utilizando métodos mecânicos e/ou manuais, algumas outras insistem em continuar a usar herbicidas para realizar as mesmas tarefas. Os métodos mecânicos e/ou manuais apresentam claras vantagens relativamente ao controlo feito com recurso a produtos agrotóxicos, que são responsáveis por danos significativos ao Ambiente e à saúde pública. Será também de importância acrescida a preservação de algumas zonas verdes junto às bermas, principalmente onde o risco de incêndio seja reduzido dado que estas zonas são em geral bastantes ricas em biodiversidade e a sua conservação apresenta-se bastante importante num contexto da manutenção de corredores ecológicos e sobrevivência de algumas espécies.
Uso ilegal de venenos e produtos tóxicos
Esta prática ilegal, mas ainda em uso em determinadas zonas, continua a provocar graves danos nos ecossistemas. O uso de iscos envenenados e a falta de controlo sobre a venda e a utilização de muitas substâncias tóxicas comercializadas legalmente no mercado, são duas situações com sérias repercussões na fauna, em particular nas espécies silvestres, muitas delas seriamente ameaçadas por este problema. Além da ameaça existente para toda a biodiversidade, devido à entrada dos venenos nas cadeias alimentares, o problema também pode ser considerado grave ao nível da saúde pública.