(No
entusiasmo do primeiro beijo)
Ontem, quando beijei, num arroubo de
amor,
Pela primeira vez, a tua face pura,
Que do jasmim possui a celestial
brancura
E às rosas não inveja a purpurina
cor,
Tu, surpresa, incendida em vívido
rubor,
Disseste-me: Terás remorsos desta
impura
Acção. – Que ingenuidade a tua, que
candura!
Acaso julgarás, mimosa e casta flor,
Um crime vil beijar na ardência da
paixão,
A eleita, a Deusa ideal do nosso
coração?!
Remorsos não senti, digo-o
sinceramente...
Isto é... para ser franco... eu devo
confessar,
Aqui para nós, que tive e tenho um só
pesar:
Não te ter dado mais do que um beijo
somente.
F.
Bagulho – “Correio de Nisa” – 24/12/1966