14.2.22

UM POEMA DE AMOR, TALVEZ...

 

PESAROSO 
(No entusiasmo do primeiro beijo)
Ontem, quando beijei, num arroubo de amor,
Pela primeira vez, a tua face pura,
Que do jasmim possui a celestial brancura
E às rosas não inveja a purpurina cor,

Tu, surpresa, incendida em vívido rubor,
Disseste-me: Terás remorsos desta impura
Acção. – Que ingenuidade a tua, que candura!
Acaso julgarás, mimosa e casta flor,

Um crime vil beijar na ardência da paixão,
A eleita, a Deusa ideal do nosso coração?!
Remorsos não senti, digo-o sinceramente...

Isto é... para ser franco... eu devo confessar,
Aqui para nós, que tive e tenho um só pesar:
Não te ter dado mais do que um beijo somente.

F. Bagulho – “Correio de Nisa” – 24/12/1966