São lindos, coloridos,
vistosos, bordados por mãos de artista e de fina sensibilidade, os trajes de
Nisa. Estavam a entrar em desuso, a passarem quase despercebidos nas
manifestações colectivas mais importantes do burgo, entre estas o Carnaval
onde, nos anos 60 eram as peças de vestuário mais utilizadas, vestidas e
mostradas com verdadeiro prazer e orgulho. Depois, quase desapareceram.
Parecem ressurgir,
agora, em força, os trajes de Nisa, “bandeiras”, tal como a olaria e os
bordados - onde foi buscar muita da sua inspiração – desta terra de encantos.
Não admirou, por isso,
que as marchas de Santo António tenham despertado tanto entusiasmo e
curiosidade. Foi pena que o trajecto do desfile, entre o Pavilhão Desportivo e
o recinto de festas fosse tão curto e não desse para mostrar a toda a vila, a
beleza de conjunto destes trajes que são o orgulho da nossa terra.
O mais importante foi
conseguido: que dos baús e arcas fossem retiradas as peças - saias, blusas, xailes – e que estas, vestidas
por crianças, jovens e adultos, voltassem à transmitir às pessoas e aos
lugares, um pouco do fulgor por que esta Nisa de “tanta gentinha vivendo nela”,
passou.
Mário Mendes in “Jornal
de Nisa” – Junho 2008