“Montalvão é uma
estrela / No seu cabeço a brilhar / Mirando a Beira e Espanha / Tens formosura
sem par.”
Montalvão esteve em festa no passado dia 31 de Maio, data
escolhida pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia para a celebração das
solenidades do dia alusivo à padroeira da instituição, mas também para a
inauguração das importantes obras de beneficiação e restauro de que foi alvo a
Igreja da Misericórdia. Nesse dia e tal como nos versos da poesia popular, o
edifício religioso consagrado ao Espírito Santo foi “uma estrela a brilhar”,
ressurgindo, pujante, da letargia a que foi, durante anos, forçada a suportar.
Perdem-se nas brumas do tempo as origens de Montalvão.
Sabe-se que a povoação é muito antiga e foi sede de concelho até finais do
século XIX.
Antiga e remontando ao século XVI é a sua Igreja da
Misericórdia, um imóvel religioso de inegável valor e que desde há muito
reclamava por obras de requalificação e restauro.
A Mesa Administrativa da Misericórdia liderada por Joaquim
Maria Costa meteu ombros e mãos à obra, pediu orçamentos, ouviu pareceres,
questionou as soluções técnicas e artísticas para o interior do edifício e
decidiu avançar com as obras.
O mestre Joaquim Francisco Lopes Martins, tomou a seu cargo
o delicado trabalho de restauração de talhas, capelas, altares e arte sacra.
Foi um trabalho paciente e metódico, permanentemente
“fiscalizado” pelo olhar experiente do Provedor da Misericórdia.
“Se temos que fazer o trabalho e suportar o investimento, as
obras têm que ficar bem feitas”, esta a máxima defendida por Joaquim Maria
Costa.
Diga-se, em abono de verdade, que quem assistiu às
solenidades do dia, sobre a orientação sacerdotal do padre José da Costa e
visitou depois, com um olhar mais atento, a “mudança” operada no interior da
Igreja do Espírito Santo, não sentiu defraudadas as expectativas e a
curiosidade que levava.
Prova disso, as inúmeras felicitações e votos de parabéns
expressos, de forma efusiva e sincera, ao mestre Joaquim Martins,
enaltecendo-lhe o trabalho realizado.
Investimento de 16 mil contos
O Provedor da Misericórdia de Montalvão, referiu que as
obras tiveram início há cerca de um ano e que para além do restauro e
recuperação de toda a arte sacra, houve intervenção em praticamente todo o
edifício, tanto no interior como no exterior.
“Foi desmontado e reposto todo o piso da zona do altar, a
parede exterior foi toda ela “picada” e rebocada de novo. O investimento foi de
16 mil contos e conseguimos, após muita insistência com a EDP, que os cabos
eléctricos da frontaria do edifício fossem removidos e a nossa Igreja já não
parece a mesma”.
A transformação é visível e deixou de ter sentido, ainda que
não totalmente, o alerta que fizemos na edição anterior do Jornal de Nisa. Os
cabos eléctricos foram removidos, mas permanecem os cabos telefónicos, bem como
um inestético “ponto luz” na esquina da igreja. Os dois expositores, um em mármore
e outro em alumínio, onde são afixados documentos da Junta de Freguesia e
outros, mantém-se na fachada principal do edifício, não ajudando, antes pelo
contrário, à manutenção de uma imagem condizente com o valor arquitectónico e
patrimonial de um imóvel que merece ser preservado e constitui uma mais valia
para Montalvão.
Após a celebração da missa na remodelada igreja, as pessoas
não arredaram pé, ficaram para ver e observar com atenção, ao pormenor, todo o
trabalho realizado, dando especial relevo à restauração feita na zona do altar
e sobretudo à pintura artística do tecto.
Seguidamente, nas modelares instalações do Lar da Santa Casa
da Misericórdia, teve lugar um almoço convívio, no qual participaram os
dirigentes e funcionários da instituição e pessoas convidadas, entre as quais o
padre José da Costa e o mestre Joaquim Martins e familiares.
Oportunidade para sentir a eficiência e qualidade de um
serviço dedicado especialmente aos idosos, por parte das funcionárias da
Misericórdia de Montalvão.
“Montalvão é vila
antiga / Do tempo de D. Dinis / Para confirmar, o diga / A nossa Igreja
Matriz.”
NR – A conversa com o mestre Joaquim Martins, pela sua
importância e extensão, será publicada no próximo número do JN.
Mário Mendes in "Jornal de Nisa" nº 257 - 11/6/2008