O templo romano de Évora, mais resistente do que se esperava
e erroneamente conhecido como templo de Diana, foi construído em homenagem ao
imperador Augusto, que era venerado como um deus durante e após o seu reinado.
O tempo de Diana não é, afinal, da filha de Júpiter, deusa
da caça. Essa lenda, criada no século XVII pelo jesuíta Manuel Fialho, foi desmontada
na sequência de trabalhos arqueológicos realizados no templo, em Évora, e no
fórum de Ebora Liberalitas Iulia, nos anos 90 do século XX, pelos arqueólogos
alemães Theodor Hauschild e Felix Teichner.
Segundo o Público, a publicação Laudator conclui que a
intenção era “claramente de o dedicar ao culto imperial”, mais concretamente o
imperador Augusto que foi venerado como um deus.
O templo, construído entre os séculos I e II d.C., foi
modificado nos dois séculos que se seguiram (II e III d.C.) e destruído em
parte no século V, quando os povos bárbaros invadiram a Península Ibérica. Com
o passar do tempo foi sofrendo várias alterações na sua utilização prática.
No século XIV, adianta o diário, serviu de casa-forte ao
castelo da cidade de Évora e, até ao século XIX, foi matadouro municipal. No
século XIX ficou exposta a sua estrutura original.
Os trabalhos arqueológicos realizados no templo em 1870 removeram os muros entre as colunas e todas as estruturas medievais anexas, abrindo assim a possibilidade de se realizar uma documentação detalhada da sua aparência, além de um estudo da superfície do pódio, fazendo o registo das peculiaridades da sua construção.
Os trabalhos arqueológicos realizados no templo em 1870 removeram os muros entre as colunas e todas as estruturas medievais anexas, abrindo assim a possibilidade de se realizar uma documentação detalhada da sua aparência, além de um estudo da superfície do pódio, fazendo o registo das peculiaridades da sua construção.
As escavações, que foram realizadas entre 1982 e 1990,
revelaram “surpreendentes” dados relativos ao historial da cidade de Évora
entre o Império Romano e a Idade Moderna.
Segundo os investigadores, o templo romano é descrito como
“um dos mais grandiosos e mais bem preservados templos romanos de toda a
Península Ibérica”, tendo sido considerado Património Mundial pela UNESCO em
1986.
Contudo, na altura da remoção das estruturas, a sua
estrutura original ficou exposta aos agentes erosivos e à atividade sísmica.
Ainda assim, o templo “será muito mais resistente do que à partida se poderia
supor”, refere ao Público Rafael Alfenim, técnico superior da Direcção Regional
de Cultura do Alentejo (DRCA).
Fugir ao inevitável é (na maior parte das vezes) impossível.
Assim, os sinais de degradação evidenciaram-se durante uma visita ao templo,
quando os investigadores deram conta da presença de uma pedra com quase 20
quilos que estava num local onde antes não se encontrava.
A pedra terá caído de um dos 14 capitéis coríntios.
“Tínhamos de reagir com celeridade por se tratar de uma situação de
emergência”, diz a diretora regional de Cultura do Alentejo, adiantando que se
temia que a queda de pedras pudesse, além de fragilizar a estrutura, colocar em
causa a segurança de quem passava nas proximidades.
Em 2017, no âmbito dos trabalhos efetuados no templo romano,
foi confirmada a existência de lesões de vário tipos, sobretudo nos capitéis.
“Encontrámos inúmeros fragmentos que ainda não estavam separados” devido à
colonização biológica que cobria grande parte das estruturas trabalhadas em
mármore de Estremoz, adiantou Nuno Proença, técnico de conservação e restauro.
Mais de 250 fragmentos e lascas, a maioria de mármore, foram
colocados nos seus pontos de origem. Atualmente não há perigo: o templo, que
afinal não é dedicado a Diana, está mais seguro – ainda que continue a exigir
constantes trabalhos de monitorização.in zap.aeiou.pt