Obra da natureza, evoca isso mesmo que lhe chamam, vista do sul é impressionante, pelo tamanho, beleza e equilíbrio das formas.
Bem podem orgulhar-se os escultores de tão
magnífica peça, com certeza os mesmos que talharam muitas outras por aí, nos
afloramentos graníticos da Seiceira, Costa da Lapa ou Patalou, ou ainda nas
Mouzinhas, Lameirancha ou Fontaínhas. Autores? Naturalmente os elementos
naturais como o sol e o gelo, em eterna luta do dilata-contrai, mas
principalmente o movimento das areias empurradas pelo vento em trabalho
constante e coordenado como se de uma equipa se tratasse.
Tarefa árdua de certeza, provavelmente de milhões
de anos, mas que valeu a pena, saiu obra primorosa que nos convida contemplar.
Erigida junto a uma antiga via (Estrada da Ammaia),
outros povos em trânsito a terão contemplado desde à milénios e vá lá saber-se
quem de entre eles, Celtas e Lusitanos, Visigodos, Romanos ou Sarracenos lhe
adivinhou primeiro as formas e lhe chamou assim Menacha (1) prestando-lhe mesmo
um qualquer culto como se de uma deusa se tratasse.
No local, nada nos tolha em redor a visão da linha
do horizonte, é como se estivéssemos no epicentro do nosso concelho, local de
encontros de muitos caminhos que conduziam às povoações nossas vizinhas.
No sítio são muitos os testemunhos de um passado
longínquo dos quais há a destacar o que resta (muito ainda) do Furdão da
Pelada, que há pouco tempo foi testemunha passiva de um almoço especial
promovido por um grupo de amigos e consumido à sua sombra.
Especial almoço só pode ter sido lagosta ou da
família, será o exercício de adivinhação de alguns, mas olhem que não, também
aqui se recuou no tempo, ao encontro de hábitos, sabores e aromas antigos que
se vão perdendo sem que daí advenha algum bem, antes pelo contrário. E porque a
experiência resultou vai repetir-se, diferentes serão os locais e os sabores.
A fechar foi a visita à "Pedra": para a próxima outras pedras haverá e se quiser passe por lá, fica o convite.
(1) - Menacha, órgão genital feminino, na linguagem
popular de Nisa.
* João Francisco Lopes
