As notícias que nos
chegam da Austrália, o primeiro país a colocar a proibição em prática, não
são animadoras. A
medida, proposta pelo primeiro-ministro, Anthony Albanese, e aprovada pelo
Parlamento, já entrou em vigor, mas revela-se pouco consistente. Sem surpresa.
Muitas crianças
conseguiram contornar a interdição de várias formas, pondo em causa os sistemas
de verificação de idade. Com VPN ou recorrendo a amigos e familiares,
continuaram a aceder às redes. São os primeiros sinais de que não adianta
proibir. Concordar ou não com o impedimento parece, portanto, irrelevante. Não
funciona.
No entanto, enquanto se
discutem proibições que se revelam difíceis de aplicar, a própria realidade
parece pôr em causa a necessidade de fechar as redes aos mais novos.
Referimo-nos ao posting zero, uma tendência que está a crescer nos EUA e que,
na prática, corresponde à redução quase total da presença online. Seja por
cansaço digital, seja por receio da exposição pública ou desconfiança, vários
indicadores mostram que os jovens estão a publicar menos, apesar de continuarem
a usar as redes. É uma espécie de desligar sem sair.
Serão, portanto, os
jovens a escolher uma forma diferente de estar online e não qualquer Estado a
determinar como devem fazê-lo. A verdadeira revolução nas redes sociais não
resultará de qualquer lei, mas, sim, das escolhas de quem as usa diariamente.
Manuel Molinos –Jornal de Notícias - 12 de dezembro, 2025
