9.2.24

NISA: Subsídios para a História das Colectividades

A Sociedade Artística Nisense – Notícia da fundação (1930)
No dia 18 de Fevereiro de 1930 na sede da Associação de Socorros Mútuos da Classe Operária Nisense, com sede na antiga capela de São Pedro, reuniram-se os artistas desta vila e mais alguns cidadãos, como sejam dois escreventes e dois distribuidores dos correios e comerciantes, criaturas estas que convivem de ordinário com a classe artística, a convite de Carlos da Graça Figueiredo e Luiz do Rosário Matias e por estes foi declarado que era de absoluta necessidade fundar-se nesta vila uma sociedade, a fim de os seus associados terem um local apropriado onde pudessem passar uns momentos em alegre convívio, sem para isso terem de recorrer aos usos da taberna e outros, reprovados pela boa educação. Reuniram-se ao todo sessenta e seis cidadãos nas condições acima referidas e aprovaram por unanimidade tal proposta, sendo marcada para o próximo dia 20 nova reunião a fim de se assentar definitivamente nas normas da sociedade a fundar. 



Foram autores desta iniciativa: Carlos da Graça Figueiredo e Luiz do Rosário Matias (Félix).
Aprovada a necessidade de constituição de uma colectividade de cultura e recreio em Nisa, os promotores, não deixaram adormecer a ideia e o entusiasmo, e dois dias depois, em reunião realizada no mesmo local (antiga capela de São Pedro), decidiram que fosse criada nesta vila a Sociedade Artística Nizense, a ser regida por uns estatutos que oportunamente seriam elaborados, sendo convidado para esse fim o distinto professor oficial de Niza,  senhor José Francisco Figueiredo, que da melhor vontade acedeu a tal convite.
Decidiram também que a jóia a pagar por cada sócio fosse de 30 escudos, a quota mensal de dois escudos e cincoenta centavos e que seriam sócios-fundadores todos os que se inscrevessem até ao dia 28 de Fevereiro.
Ainda nesta reunião foi eleita uma direcção para gerir a Sociedade durante um ano, sendo constituída por Manuel Mendes Filipe (presidente) Luiz do Rosário Matias (tesoureiro), Mário d´Oliveira Cativo (secretário) Carlos da Graça Figueiredo e Silvestre da Costa (vogais), todos votados por unanimidade. Nascia assim há 81 anos a SAN.
Cinco dias depois, em nova reunião, eram apresentados e aprovados os estatutos e a direcção resolveu arrendar ao senhor Manoel Pires Barreto, pela renda mensal de 25 escudos, a sua casa no antigo largo do Boqueirão, para se instalar a sociedade e que esta comece a funcionar nos princípios do mês de Março.
Ainda nesse ano de 1930 e na procura de melhores condições para os sócios, a sede da colectividade seria transferida para a Rua do Mártir.


Na reunião de Dezembro a direcção decidiu que se realizassem duas reuniões familiares para os sócios e suas famílias, as quais teriam lugar no Dia de Natal e no primeiro dia de Janeiro de 1931.
No início de 1933, a direcção dá a conhecer aos sócios a “ida á praça do edifício do antigo Teatro Nizense" e em 18 de Fevereiro desse ano, em sessão solene é inaugurada a nova sede da Sociedade no local onde hoje se encontra, na Rua Cândido dos Reis (Rua do Senhor).
A primeira direcção eleita era constituída por José Lourenço Pação (presidente), João de Oliveira Figueiredo (tesoureiro), Joaquim Queimado Carolo (secretário), Francisco Marquito Júnior e Abílio Diniz Porto (vogais). A Assembleia Geral tinha António Maria Gonçalves (presidente), António de Oliveira Correia (1º secretário), João Maria Esteves (2º secretário).
Mário Mendes
Fotos: Baile de Carnaval na SAN - 19.2.2012