Comemorar o 25 de Abril e a sua revolução pacífica é sentir docemente que o povo português continua a trilhar o caminho do progresso comum da Humanidade.
Mas não só. Sobretudo que a guerra colonial ou outro tipo qualquer de guerra deixou de ser a maior façanha positiva de um Povo para ser uma proeza estúpida e digna de desprezo.
E como em todas as convulsões sociais e militares, os oficiais competentes ficam esquecidos, em que o acaso desempenha um papel mil vezes maior que o cálculo.
Bem se poderá relembrar que o acaso ocorreu com a passagem do cabo que tinha sido mandado disparar contra as forças militares comandadas pelo capitão Salgueiro Maia, mas que não só o não fez como aderiu ao Movimento de Capitães.
(Des)lembranças do momento determinante da Revolução dos Cravos!
Naturalmente que não só a ambos, mas sobretudo a eles,consciente ou inconscientemente, lhe devemos ter a certeza de que triunfamos lentamente, muito lentamente, do que resta em nós do passado, de deixarmos a casca do isolamento e do nacionalismo colonialista, e todas as suas diferentes manifestações, para fazermos parte da História de toda a Humanidade, da Civilização, da Fraternidade entre os povos.
Nunca é demais relembrar que este é o ideal mais nobre do Movimento dos Capitães de Abril.
A quebra do isolamento nacional e do preconceito estúpido de desconfiança sobre os outros povos, para glorificar a Humanidade inteira.
* J. Oliveira Mendes in "O Pregão" - 30.4.1995