As exaltações com a
União Europeia duram há um ano, mas Donald Trump não vai acabar 2025 sem
vociferar mais ameaças a este lado do Atlântico. Não me atreveria a dizer que
sofre da síndrome de Hulk, mas há a evidência de o presidente dos EUA procurar
permanentemente o conflito, apesar de se autoproclamar um homem de paz - a FIFA
conseguiu até o feito de criar um prémio à medida para destacar esse seu lado
apaziguador, para espanto de tantos. A imposição de tarifas alfandegárias a
parceiros e a rivais é exemplo de uma luta permanente, tendo sido a guerra com
o bloco comunitário um folhetim de verão cuja agressividade foi difícil de
acompanhar, e de digerir pelos estados-membros. Alguns dos sintomas desse
comportamento explosivo intermitente que se descreve na ciência podem, por
vezes, ser vislumbrados numa ou noutra ação do magnata americano, que alguns
descrevem como estratégia. Trump impôs tarifas à Europa depois de negociações
crispadas, mas quer mais, quer impor ideologia política, e demonstra
dificuldade em aceitar a liberdade que existe nos 27. A nova estratégia de segurança
nacional dos EUA coloca a Europa em risco de "extinção
civilizacional", critica a postura humanista do bloco em relação às
migrações e a linha de total apoio a Kiev na guerra com a Rússia. A aproximação
de Trump a Moscovo será sempre um risco para Bruxelas, que depende de si e só
de si para se defender, como concluiu Ursula von der Leyen. Mas, a Europa está
asfixiada e encurralada nas decisões a Este. Agora, o republicano ataca noutra
área, a dos direitos digitais. Desagradado com as multas impostas às
plataformas milionárias de redes sociais como o X, de Elon Musk, por
incumprimento de normas de segurança, a administração Trump mete o dedo no
gatilho: ou param, ou sofrem consequências. Já ouvimos isso.
·
Joana
Almeida Silva - 18 de dezembro, 2025
