1 – O PCP sempre tem defendido o
investimento e a diversificação do tecido produtivo na região Alentejo designadamente na sua vertente
industrial. Dadas as características da região, o investimento no cluster aeronáutico é desde
há muito uma das possibilidades que o PCP vem
levantando, sempre associada ao aproveitamento e afirmação do Aeroporto
de Beja como uma importante
infra-estrutura aeroportuária na região e no País.
2 – Pelo que é possível inferir das
notícias e das próprias declarações do Ministro da Defesa este investimento é destinado, sem se saber
exactamente em que moldes, exclusivamente à produção de um modelo de aeronaves militares – o A29NL
SuperTucano - tal como acontece já com outras
unidades em produção na região, designadamente no Alto Alentejo, neste
caso na área de Drones para uso militar.
Tal facto levanta a legitima questão de um afunilamento do cluster aeronáutico
na vertente militar, em contraposição
com o necessário e possível investimento na aeronáutica civil, área que garante mais e maiores mercados e maior
estabilidade produtiva ao longo do tempo.
3 – A instalação desta unidade será,
como veio a público, ligada necessariamente à vertente de voos de teste de aeronaves para uso militar e
formação de pilotos. Este facto, associado a notícias que levantam a possibilidade de o novo campo
de Tiro da Força Aérea Portuguesa passar para
terrenos nos concelhos de Mértola e Serpa (decorrente do encerramento do
Campo de Tiro de Alcochete), levanta
legitimas duvidas sobre as futuras condições de utilização do Espaço Aéreo
na Região Alentejo para a aviação
civil.
4 – Face ao anteriormente referido, e
perante o silencio do Governo relativamente ao
aproveitamento e potenciação do Aeroporto de Beja, como uma importante
infra-estrutura aeroportuária civil para
a região e para o País, o PCP entende ser necessário que o Governo esclareça se a decisão agora tomada põe em
causa e/ou condiciona tal projecto há tanto
reivindicado pelas populações do Alentejo.
5 – O PCP reitera a sua posição de que
é possível e necessário aproveitar o Aeroporto de Beja, ao serviço da região e do País, tirando
partido de todas as suas possibilidades
incluindo a sua integração no cluster aeronáutico, encarando o
aeroporto, com gestão pública. O
Aeroporto de Beja tem todas as condições, se houver vontade política para tal,
e se se abandonar o desinvestimento quer
na própria infra-estrutura quer nas redes viária e ferroviária na região, afirmar-se como um
importantíssimo instrumento potenciador do
desenvolvimento do turismo na região. É igualmente fundamental para o
desenvolvimento de uma estratégia
integrada de aeronáutica, carga, parqueamento, manutenção e transporte de passageiros, a par com o desenvolvimento
de uma fileira industrial e a criação de uma
plataforma logística que facilite o escoamento de produtos da região. É
sobre este projecto que se exige um
posicionamento claro do Governo e das forças políticas com responsabilidades na região.
Beja. 19 de dezembro de 2025
