26.12.25

COMUNICADO DO PCP - Sobre as notícias vindas a público relativas à possibilidade de instalação de uma fábrica de uma unidade da Embraer em Beja.


Face a notícias vindas a público relativas à assinatura de uma carta de interesse entre o Ministério  da Defesa Nacional e a Embraer SA “com vista à instalação de uma fábrica aeronáutica em Beja”  com “capacidade para o fabrico de aviões A-29N Super Tucano” o Executivo da Direcção Regional  de Beja do PCP, tendo em conta a reduzida informação disponibilizada, entende ser necessário  desde já sublinhar as seguintes questões:

1 – O PCP sempre tem defendido o investimento e a diversificação do tecido produtivo na região  Alentejo designadamente na sua vertente industrial. Dadas as características da região, o  investimento no cluster aeronáutico é desde há muito uma das possibilidades que o PCP vem  levantando, sempre associada ao aproveitamento e afirmação do Aeroporto de Beja como uma  importante infra-estrutura aeroportuária na região e no País.

2 – Pelo que é possível inferir das notícias e das próprias declarações do Ministro da Defesa este  investimento é destinado, sem se saber exactamente em que moldes, exclusivamente à produção  de um modelo de aeronaves militares – o A29NL SuperTucano - tal como acontece já com outras  unidades em produção na região, designadamente no Alto Alentejo, neste caso na área de Drones  para uso militar. Tal facto levanta a legitima questão de um afunilamento do cluster aeronáutico na  vertente militar, em contraposição com o necessário e possível investimento na aeronáutica civil,  área que garante mais e maiores mercados e maior estabilidade produtiva ao longo do tempo. 

3 – A instalação desta unidade será, como veio a público, ligada necessariamente à vertente de  voos de teste de aeronaves para uso militar e formação de pilotos. Este facto, associado a notícias  que levantam a possibilidade de o novo campo de Tiro da Força Aérea Portuguesa passar para  terrenos nos concelhos de Mértola e Serpa (decorrente do encerramento do Campo de Tiro de  Alcochete), levanta legitimas duvidas sobre as futuras condições de utilização do Espaço Aéreo na  Região Alentejo para a aviação civil. 

4 – Face ao anteriormente referido, e perante o silencio do Governo relativamente ao  aproveitamento e potenciação do Aeroporto de Beja, como uma importante infra-estrutura  aeroportuária civil para a região e para o País, o PCP entende ser necessário que o Governo  esclareça se a decisão agora tomada põe em causa e/ou condiciona tal projecto há tanto  reivindicado pelas populações do Alentejo.

5 – O PCP reitera a sua posição de que é possível e necessário aproveitar o Aeroporto de  Beja, ao serviço da região e do País, tirando partido de todas as suas possibilidades  incluindo a sua integração no cluster aeronáutico, encarando o aeroporto, com gestão  pública. O Aeroporto de Beja tem todas as condições, se houver vontade política para tal, e  se se abandonar o desinvestimento quer na própria infra-estrutura quer nas redes viária e  ferroviária na região, afirmar-se como um importantíssimo instrumento potenciador do  desenvolvimento do turismo na região. É igualmente fundamental para o desenvolvimento  de uma estratégia integrada de aeronáutica, carga, parqueamento, manutenção e transporte  de passageiros, a par com o desenvolvimento de uma fileira industrial e a criação de uma  plataforma logística que facilite o escoamento de produtos da região. É sobre este projecto  que se exige um posicionamento claro do Governo e das forças políticas com  responsabilidades na região. 

Beja. 19 de dezembro de 2025