16.4.20

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia (XVI)

SE FORES AO ALENTEJO 
Se fores ao Alentejo
não leves vinho nem pão:
leva o coração aberto,
e ao lado do coração
leva a rosa da justiça
e o teu filho pela mão.

Se fores ao Alentejo
não leves vinho nem pão:
leva o teu braço liberto
para abraçar teu irmão:
esse irmão que está tão perto
do teu aperto de mão
e que tão longe amanhece
nos campos da solidão.

Se fores ao Alentejo
não leves vinho nem pão:
leva a alegria de seres
irmão de quem vai parir
uma seara de trigo,
uma charneca a florir,
um rebanho e um abrigo,
e um amanhã que há-de vir
como se fosse outro amigo
dentro do sol, a sorrir.
Se fores ao Alentejo
não leves vinho nem pão:
leva o coração aberto
e o filho pela mão.
Eduardo Olímpio
Desenho de Manuel Ribeiro de Pavia