Poema para
Florbela
Charneca de vida a vida
Tolhida de solidão
Névoa
da água dos olhos
Triste coração pesado
Do coro de ganhões
perdidos
Na sombra que cai do céu
Ladrões a comerem
estradas
Entre cavalos da guarda
Para a cadeia das
vilas
Bebedeira de malteses
Desgraçados e terríveis
Gritando
facas de mola
Caminhos do Alentejo
Desde menino vos piso
No
meu caminho para Beja
Ó navalhas de malteses!
Coro de
ganhões perdidos
Emboscadas de ladrões
Ó urzes, cardos,
esteveiras!
Terra bravia de fomes
Caminhos do
Alentejo
Deixai-me passar em frente!
Que na Torre Alta de
Beja
Florbela grita o meu nome
Sorrindo para os meus olhos
Com
os seios tão redondos
Como duas rosas cheias!
Manuel da
Fonseca