20.4.20

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia (XX)


Poema para Florbela

Charneca de vida a vida
Tolhida de solidão
Névoa da água dos olhos
Triste coração pesado
Do coro de ganhões perdidos
Na sombra que cai do céu

Ladrões a comerem estradas
Entre cavalos da guarda
Para a cadeia das vilas
Bebedeira de malteses
Desgraçados e terríveis
Gritando facas de mola
Caminhos do Alentejo
Desde menino vos piso
No meu caminho para Beja

Ó navalhas de malteses!
Coro de ganhões perdidos
Emboscadas de ladrões
Ó urzes, cardos, esteveiras!
Terra bravia de fomes

Caminhos do Alentejo
Deixai-me passar em frente!
Que na Torre Alta de Beja
Florbela grita o meu nome
Sorrindo para os meus olhos
Com os seios tão redondos
Como duas rosas cheias!
Manuel da Fonseca