18.4.20

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia (XVIII)

Já estou na Terceira Idade
JÁ ESTOU NA TERCEIRA IDADE 
CONTO QUEIXUMES DA VIDA
MAS LUTO P´LA LIBERDADE
NÃO TENHO A ESP´RANÇA PERDIDA

Eu fui ajuda de gado
Era ainda uma criança
Ficou-me bem na lembrança
Esse tempo amargurado
Cheio de frio e molhado
 Em dias de tempestade
Trabalhei depois mais tarde
Em companha de ganhões
Sempre a levar encontrões
JÁ ESTOU NA TERCEIRA IDADE.

Assim passei as semanas
Passei os meses e os anos
Nos campos Alentejanos
E a dormir pelas cabanas
Tantas pessoas humanas
Que morreram nesta lida
Tenho ainda a dor sentida
De tanto ser torturado 
Ao recordar o passado
CONTO QUEIXUMES DA VIDA.

A trabalhar noite e dia
Foi até que envelheci
Tão oprimido vivi
Qu´até nem falar podia
O Salazar assim queria
Ver toda a Humanidade
P´ra governar à vontade
Sem ninguém se revoltar
Já estou velho p´ra lutar
MAS LUTO PELA LIBERDADE.

Bento de Jesus Caraça
Lutou p´la educação
P´ra libertar a nação
Do atraso e da desgraça 
Há-de haver mais quem o faça
A luta não está esquecida
Será feito em seguida
Tudo o que ele pretendia
Que haverá Democracia
NÃO TENHO A ESP´RANÇA PERDIDA.

Anastácio Pires (Orvalhos)
“Há tanta ideia perdida...” – 28/5/1983