15.4.20

NISA: Memórias Municipais (VIII) -1858 (3)

Roubo na Capela
Carta ao Delegado Interino do Procurador Régio d´esta Comarca de Nisa - 24 Fevereiro 1858
Tenho ahonra de levar à presença de Vª Exª o incluso auto de investigação aque procedi em virtude da participação que me dirigio no officio adjunto de 7 de corrente o actual Presidente d´esta Camara Municipal, o Dr. António Bibiano Biscaia e Hortas, á cerca do arrombamento e roubo do dinheiro da caixa de esmolas da capella de Stº António sita nos suburbios d´esta villa, e que o mesmo Presidente indiciou como autores do mesmo arrombamento e roubo, João xxxxx e José xxxxx, para os quaes solicitou castigo.
À vista de tal participação e ser voz publica que os dois indivíduos indicados eram os cumplices n´este delito, fiz conduzir debaixo de costodia a esta Administração os implicados no arrombamento e roubo, os quaes confessaram de pleno todo ofacto que vai designado no referido auto; havendo toda a presumpção que o mancebo João xxxx foi quem seduziu o segundo José xxxxx, para este crime, por isso na acariação que lhes fiz o primeiro não contestou a accusação que este ultimo lhe fazia.
Sobre este acontecimento não posso deixar de submeter à consideração de Vª Exª a copia legal do meu officio nº 573 de 29 de Outubro do anno findo que acompanhou um auto inquerito aque procedi, e que remeti ao Ministerio Publico d´esta Comarca, contra o primeiro dos mancebos João xxxx, por haver dado com uma pedra na cabeça da sua propria Mãi: tão certo é que um abismo prepara outro, e ainda mais que a impunidade é sempre procursora de grandes crimes. Sobre aquelle incidente nada mais direi; e sobre o que hoje nos occupa pelo facto do arrombamento e roubo do dinheiro da Caixa das Esmola de Stº António tenho muita fé que Vª Exª e o meritissimo juiz que nos vem honrar n´esta Comarca saberão apreciar com a devida justiça o crime perpetrado por dois mancebos que no princípio da sua vida já revelaram o que poderão ser, se a justiça os não punir. = Depois de uma confissão tão authentica, julguei faze-los recolher à cadeia d´esta villa.