17.4.20

ABRIL: Da Liberdade e da Esperança - Poesia (XVII)

EU NASCI NO ALENTEJO... (1980)
Eu nasci no Alentejo
Descendo de camponeses
Usei calças remendadas
Passei fome muitas vezes.
Criança nunca pude ser
Nem me deram chocolates
Fui p´ra um monte ser ganhão
Guardei porcos a penates
Sou filho desta região.

Eu nasci no Alentejo
Mondei trigo e cevada
Comi migas e açordas
No Posto levei porrada.
Sei lidar c´uma parelha
Deitar belgas e semear
Trato bem de um alavão
Não me enrasco a ordenhar
Sou filho desta região.

Eu nasci no Alentejo
suportei ruim fadário
perdi a saúde no campo
e enchi a bolsa do agrário.
Apanhei muita azeitona
conheço bem a geada
trabalhei para o patrão
tive uma vida danada
sou filho desta região.
Pires Campaniço