7.10.23

CRÓNICAS DA TABANCA: Um murro no APArelho

Em meados de Setembro, durante a inauguração da sede da CIMAA em Portalegre, Ceia da Silva, presidente da CCRDA, resolveu trazer à liça e criticar, o modelo de liderança tripartida da CIMAC - Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central. Não sabemos se o discurso foi antes ou depois do opíparo convívio gastronómico que, geralmente, costuma integrar este tipo de inaugurações. Mas, sabe-se que teve imediata resposta por parte de autarcas, inclusive, vindas do seu próprio partido. Ceia da Silva, talvez empolgado por tão sublime reflexão político-administrativa, foi mais longe e convidou  os autarcas da CIMAA a "unirem-se" e a darem um "murro na mesa" pela ponte internacional sobre o Sever. 
Na altura, ninguém identificou o "alvo" do murro na mesa, para mais sobre um tema que tem feito as delícias dos autarcas socialistas do concelho de Nisa. Ele são milhões para aqui, visitas ministeriais para ali, cortejos de técnicos, pareceres, ofertas de terrenos, em barda, propagandeadas até à exaustão pela máquina idalinista, como se estivéssemos no território de um mundo novo, solidário e desinteressado, cheio de benfeitores e sem interesses imobiliários escondidos. 
Gente que apenas quer o "progresso" e por ele abdica, generosamente, de grandes extensões de terrenos e propriedades, o que equivale a dizer, de milhares, muitos milhares de euros.
Nunca se tinha visto no concelho de Nisa, uma coisa assim e ninguém consegue explicar este verdadeiro surto de benemerência, em pleno século XXI.
Nós acreditamos, claro, nas boas intenções. Como sabemos, agora, que o "murro na mesa" tinha um destinatário. Como sabemos, também, agora, que as "favas contadas" da inauguração da ponte do "futuro", em pleno ano eleitoral de 2025, sofreu atrasos consideráveis, de mais de um ano, situações que não têm passado para a comunicação social devido à estratégia de "contenção" comunicacional - sic - da presidente da Câmara de Nisa.
Este aspecto é aterrador. Como é possível que, uma mulher que faz tudo para dizer que existe, que propagandeia o que faz e não faz e que quer fazer de cada munícipe "a voz da dona", se tenha fechado em cópas e nada tenha dito sobre os atrasos na preparação de tão importante obra, a ser paga pelo PRR da União Europeia?
O que quis dizer Ceia da Silva, presidente da CCRDA, preterido na eleição pela idalinal figura, recorde-se, com o "murro na mesa"? 
Um "murro na mesa" faz aparecer, de um momento para outro, como num "golpe de magia", peças importantes, documentos imprescindíveis, na apreciação dos impactes de uma obra de tal envergadura?
Se, sim, porque não manda Ceia da Silva dar "um murro na mesa" e concluir o famigerado IP2, retirando o trânsito dentro de localidades como os Fortios, Estremoz ou Évora?
Se, sim, porque não manda Ceia da Silva dar um "murro na mesa" e concluir as não menos famigeradas obras do Tribunal de Portalegre? Ou parar, de uma vez, os abusos cometidos, pela autarca nisense sobre o património e a arquitectura de tantos sítios e lugares?
Se um "murro na mesa" resolvessem os problemas estruturais do país e da região, há muito que a "puta" da fonte estaria no seu lugar primitivo.
Para bom entendedor...
Mário Mendes