14.10.23

MONTALVÃO: A ponte é a passagem (ou a miragem).

Muito se falou e comentou a propósito da reportagem da jornalista Sandra Felgueiras no Jornal Nacional da TVI sobre a Ponte Internacional sobre o Sever e da única fronteira privada (e fechada). O tema da ponte, como diz o compadre Ezequiel, "é mais velhos que o cagar dos patos" e a ponte que assenta em território português, explorada pela empresa espanhola Iberdrola (que nada paga aos municípios de Vila Velha de Ródão (na margem direita do Tejo) e ao de Nisa nas margens esquerdas do Tejo e do Sever) que devia, moral e obrigatoriamente ser paga pelo Estado espanhol, vai acabar, ao fim desta "novel" de mais de 50 anos, por ser suportada pelo Estado português com fundos da UE. Tenho comigo variada documentação com promessas, declarações de intenção, custos de projectos, planos disto e daquilo e para os quais as verbas, em muitos milhares de euros, se esfumaram como por encanto. Acredito que a ponte será construída, se no sítio certo ou errado, não sei. Se com o propósito de agitar bandeiras eleitorais ou de servir populações de um e outro lado da raia, também desconheço as reais intenções. O que sei é que a ponte, em dois dos extremos do território luso-espanhol e em duas das regiões mais deprimidas e vergadas ao peso da desertificação, poderia, se tivesse havido vontade e visão política, contemplar o território a norte do Tejo, fazendo dessa infraestrutura uma importante via rodoviária que muito beneficiaria toda a região raiana. 
Pondo de perte todas estas considerações, deixo mais um documento, não diria "notável", porque se trata de um, entre tantos, produzidos pela Administração Central, num tempo em ainda não havia a preocupação com a poupança de papel. O Medina já fala em taxar (os governos são formados por taxistas, ou melhor, taxadores e já dizia uma amigo, falecido há dias: prometem o mel e dão-nos o fel.
O documento (notícia) tem meio século. Há cinquenta (50) anos, em Outubro de 1973, a "Revista Alentejana", órgão da Casa do Alentejo, anunciava a nova ponte, um "despacho" do Ministro das Obras Públicas (Rui Sanches, à época), uns "competentes projectos" na sua construção, que nunca saíram do papel. Já os Jáfumega cantavam, na sua "Ribeira": "A Ponte é uma passagem p'rá outra margem, desafio pairando sobre o rio, a ponte é uma miragem...".
A ponte que venha! As entidades envolvidas que cumpram (todas) as suas obrigações. Deixemos-nos de "donos" com o dinheiro dos outros, de birrinhas e de "murros na mesa" não vão estes atingir os "APArelhos" à hora da ceia.