10.10.23

50 ANOS do 25 DE ABRIL: O Pacto de Paris (1973)

 
Em setembro de 1973, teve lugar em Paris um encontro entre delegações do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP) e do Conselho Diretivo do Partido Socialista (PS), incluindo os líderes de ambos os partidos, Álvaro Cunhal e Mário Soares.
Foi aqui que ficou decidido concorrer em listas únicas às eleições para a Assembleia Nacional que teriam lugar a 28 de outubro, apesar de considerarem tratar-se de uma "nova farsa eleitoral". Este acordo ficaria conhecido como «Pacto de Paris».
Segundo o comunicado conjunto posteriormente divulgado, a reunião decorreu "numa atmosfera de franqueza e de fraternidade antifascista” e permitiu aos partidos "uma larga troca de opiniões sobre a situação política portuguesa". Estes entendiam que a crise do regime fascista se tinha agravado e que o governo de Marcelo Caetano, "cada vez mais isolado nos planos nacional e internacional", se debatia "em contradições e dificuldades" que não conseguia superar.​
Nesse contexto, entendiam, era necessário que se conduzisse "uma campanha política tendo fundamentalmente em vista a mobilização de massas e o reforço da Oposição Democrática para continuar o combate depois das eleições".​
PCP e PS estavam ainda de acordo em relação aos "problemas nacionais, fundamentais e imediatos", que enumeraram no mesmo documento: "A liquidação da ditadura fascista e a conquista das liberdades democráticas; o fim da guerra colonial e negociações com vista à independência completa e imediata dos Povos de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique; e a libertação de Portugal do domínio dos monopólios e da submissão ao imperialismo".​
A Oposição Democrática acabaria depois por se recusar a apresentar-se a eleições, alegando não se verificarem "garantias mínimas de seriedade".​