O manifesto, intitulado "Sobre os serviços e cuidados de saúde a
que temos direito", denuncia que há centros de saúde no país que "já
não atendem os seus utentes ao telefone, que respondem ao correio eletrónico com
inaceitáveis demoras, e os informam que agora também não os atenderão em caso
de doença aguda", encaminhando os cidadãos para a linha SNS24.
Para os signatários, esta solução não é a indicada, uma vez que o
atendimento telefónico pode demorar "tempos insuportáveis", o
profissional de saúde não conhece o paciente, nem tem acesso à sua informação
de saúde. "Não foi para substituir a equipa de saúde familiar que a linha
SNS24 foi criada (...) Como experiências internacionais sugerem, é possível e é
preciso que o centro de saúde e as suas equipas profissionais, com aquilo que
conhecem dos seus utentes e com a informação ao seu dispor sobre eles, na base
da sua relação de confiança, orientem o seu acesso aos cuidados de saúde de que
necessitam", lê-se na missiva.
Os signatários, entre eles profissionais de saúde, economistas e
músicos, lembram ainda que os centros de saúde, criados há mais de 50 anos,
constituíram-se como um espaço de proximidade e de encontro com o Serviço Nacional
de Saúde. E destacam a importância da relação de confiança entre a equipa de
médicos e enfermeiros de família e os utentes. "É muito importante que as
pessoas sintam que numa aflição, numa doença aguda - não necessariamente uma
emergência médica -, podem beneficiar daquela relação de confiança, de cuidados
de saúde por profissionais que os conhecem, assim como de toda a informação de
saúde a seu respeito", vincam.
A terminar, os subscritores reclamam o "centro de saúde de
volta" e que não "seja substituído por 'postos de consultas',
presenciais ou à distância, públicas ou privadas, algures".
Foto: Maria João Gala / Arquivo
