9.11.25

LABORAL: Vem aí greve geral, a primeira desde os tempos da troika


Cenário é dado como certo por UGT e CGTP, centrais sindicais unidas contra a proposta de reforma laboral do Governo.

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP) e a União Geral de Trabalhadores (UGT) estão juntas contra a proposta de reforma laboral do Governo.

O projecto, denominado Trabalho XXI, tem sido criticado em diversas frentes; o Governo é acusado por retirar direitos aos trabalhadores.

CGTP e UGT estão, por isso, a preparar uma greve geral. Será a primeira desde 2013, os tempos da troika.

De acordo com Expresso, a paralisação vai acontecer na primeira quinzena de Dezembro; e a greve geral já é dada como certa, embora ainda estejam a decorrer conversas com sindicatos.

Aliás, na semana passada, Mário Mourão, secretário-geral da UGT, avisou: “Entre escolher um mau acordo ou uma luta nas ruas, escolhemos a luta nas ruas”.

O anúncio formal de greve geral pode surgir daqui a poucos dias.

Numa carta aberta assinada por dirigentes e ex-dirigentes sindicais, lê-se que a proposta de reforma laboral “mina alicerces fundamentais do direito do trabalho, da contratação colectiva, do pleno exercício do direito à greve, dos direitos das mulheres trabalhadoras, de pais e de mães, fragilizando as relações laborais, liberalizando na prática os despedimentos, criando a figura do “eterno precário” ao permitir a contratação a prazo de forma continuada para quem nunca teve contrato permanente”.

A mesma carta apela a que os dirigentes sindicais e outros protagonistas sociais se entendam e “conduzam a uma greve geral convocada por todos os sindicatos e, em processo unitário, pelas duas centrais sindicais portuguesas”.

Para este sábado, a CGTP realiza em Lisboa uma marcha nacional contra o pacote laboral, juntando trabalhadores de vários pontos do país. É a segunda em três meses.

Montenegro não percebe

Do lado do Governo, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, já avisou que as conversas em concertação social não se vão arrastar; garante que o projecto de reforma laboral vai mesmo avançar.

Já neste sábado, Luís Montenegro disse na sexta-feira que não percebe porque as centrais sindicais querem realizar uma greve geral.

“Não há razões objectivas para haver um movimento de contestação, um protesto dessa dimensão. Nós vivemos num país, seguramente, onde há muitos desafios laborais. A proposta que nós estamos a discutir com os parceiros sociais está em discussão precisamente com os parceiros sociais”, lembrou o primeiro-ministro, que está no Brasil.

“Eu acho muito difícil de compreender que haja uma greve geral num contexto onde Portugal foi, no último ano, o país no seio da OCDE onde o rendimento dos trabalhadores mais subiu, por via da diminuição dos impostos sobre o rendimento do trabalho e do aumento dos salários”, completou Montenegro, que ao mesmo tempo “respeita” os sindicatos.

Nuno Teixeira da Silva – Zap - 8 Novembro, 2025