A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical
Nacional (CGTP) e a União Geral de Trabalhadores (UGT) estão juntas contra a
proposta de reforma laboral do Governo.
O projecto, denominado Trabalho XXI, tem sido criticado em diversas
frentes; o Governo é acusado por retirar direitos aos trabalhadores.
CGTP e UGT estão, por isso, a preparar uma greve geral. Será a primeira
desde 2013, os tempos da troika.
De acordo com Expresso, a paralisação vai acontecer na primeira
quinzena de Dezembro; e a greve geral já é dada como certa, embora ainda
estejam a decorrer conversas com sindicatos.
Aliás, na semana passada, Mário Mourão, secretário-geral da UGT,
avisou: “Entre escolher um mau acordo ou uma luta nas ruas, escolhemos a luta
nas ruas”.
O anúncio formal de greve geral pode surgir daqui a poucos dias.
Numa carta aberta assinada por dirigentes e ex-dirigentes sindicais,
lê-se que a proposta de reforma laboral “mina alicerces fundamentais do direito
do trabalho, da contratação colectiva, do pleno exercício do direito à greve,
dos direitos das mulheres trabalhadoras, de pais e de mães, fragilizando as
relações laborais, liberalizando na prática os despedimentos, criando a figura
do “eterno precário” ao permitir a contratação a prazo de forma continuada para
quem nunca teve contrato permanente”.
A mesma carta apela a que os dirigentes sindicais e outros
protagonistas sociais se entendam e “conduzam a uma greve geral convocada por
todos os sindicatos e, em processo unitário, pelas duas centrais sindicais
portuguesas”.
Para este sábado, a CGTP realiza em Lisboa uma marcha nacional contra o
pacote laboral, juntando trabalhadores de vários pontos do país. É a segunda em
três meses.
Montenegro não percebe
Do lado do Governo, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma
Ramalho, já avisou que as conversas em concertação social não se vão arrastar;
garante que o projecto de reforma laboral vai mesmo avançar.
Já neste sábado, Luís Montenegro disse na sexta-feira que não percebe
porque as centrais sindicais querem realizar uma greve geral.
“Não há razões objectivas para haver um movimento de contestação, um
protesto dessa dimensão. Nós vivemos num país, seguramente, onde há muitos
desafios laborais. A proposta que nós estamos a discutir com os parceiros
sociais está em discussão precisamente com os parceiros sociais”, lembrou o
primeiro-ministro, que está no Brasil.
“Eu acho muito difícil de compreender que haja uma greve geral num
contexto onde Portugal foi, no último ano, o país no seio da OCDE onde o
rendimento dos trabalhadores mais subiu, por via da diminuição dos impostos
sobre o rendimento do trabalho e do aumento dos salários”, completou
Montenegro, que ao mesmo tempo “respeita” os sindicatos.
Nuno Teixeira da Silva – Zap - 8 Novembro, 2025
