A administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de São José «decidiu
encerrar» a neonatologia do Hospital Dona Estefânia e concentrar este serviço,
«supostamente», na Maternidade Alfredo da Costa, denuncia o SEP (CGTP-IN),
através de comunicado.
«Todos os profissionais foram confrontados com este anúncio, ontem, dia
17, materializado com a informação da não publicitação das escalas de trabalho
para aquele serviço», afirma o sindicato, salientando que o encerramento deste
serviço de referência para Lisboa, Sul e ilhas, levanta um conjunto de
preocupações.
Tendo como horizonte a abertura do novo Hospital Lisboa Oriental, o SEP
começa por indagar se a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital Santa Maria
terão capacidade física e de recursos humanos para responder ao aumento
previsível de bebés, nomeadamente do foro cirúrgico. Notícia divulgada pela
SIC, ao início da tarde desta terça-feira, admite que o Hospital de Santa Maria
«não dispõe de capacidade suficiente para receber os bebés transferidos» e que
a Maternidade Alfredo da Costa «não possui as condições necessárias, nem um
bloco operatório adequado para fazer cirurgias».
A par de querer saber a razão de não ter sido divulgado o plano de
concentração deste serviço e o consequente encerramento da neonatologia da
Estefânia, o SEP interroga se a ULS de São José tem intenção de articular com a
ULS de Santa Maria a utilização de serviços deste último. Em caso afirmativo, acrescenta,
«qual a razão do plano não ter sido discutido com os profissionais de saúde,
enquanto parte interessada?»
A estrutura sindical pergunta ainda se as ULS que têm como referência o
Serviço de Neonatologia do Hospital da Estefânia foram informadas sobre para
onde devem agora referenciar os doentes, e se esta é uma medida transitória.
«Se sim, o que está a ser adoptado por parte da ULS de São José para inverter
este encerramento e qual a previsão do espaço temporal para que aconteça?»,
questiona.
Os enfermeiros defendem que a chamada «reorganização e concentração» de
urgências e serviços especializados, preconizada pelo Ministério da Saúde e
pelo Governo, mas que na prática resulta no encerramento de serviços, em
virtude da falta de contratação/retenção de profissionais, «rapidamente
colocarão em causa» o acesso aos cuidados de saúde.
«Não esquecemos o encerramento do bloco de partos do Hospital Dona
Estefânia em 2011, com o argumento falacioso do número insuficiente de partos
por ano, com as consequências que hoje conhecemos nesta área», regista o SEP,
acrescentando que grupos económicos, «que têm aumentado o seu lucro de forma
exponencial», são «os únicos favorecidos» com o continuado encerramento de
serviços e camas hospitalares.
AbrilAbril1 - 8 de Novembro de 2025
