O Kim Il Sung não faria melhor...
31.8.16
30.8.16
NISA: Cinema em Agosto de 1965
Esta madrugada (1,30h da manhã) fiz mais uma acção "meritória", a juntar às dezenas que, desde há anos, faço pelo mesmo motivo. As luzes do polidesportivo da Cevadeira estavam acesas, sem que ninguém beneficiasse daquela esplendorosa iluminação. A mesma fica cara, no entanto, à Câmara e as contas até são fáceis de fazer: todos os holofotes ligados (20x1000W) correspondem a 20 Kwh.
Esta situação acontece vezes sem conta e, diga-se em abono da verdade, não é típica deste mandato: já vem do mandato anterior, e só não se agravou mais porque o actual vereador teve o bom senso de mandar reduzir, para metade, os focos de iluminação. Mesmo assim há quem não entenda que a luz, a electricidade, a energia gasta tem de ser paga por alguém e neste caso, toca-nos a todos, munícipes. Bem sei que poderia fazer como outros, passar ao lado e não ligar, neste caso, desligar. Não estou já em idade - até por problemas de saúde - de praticar desportos nocturnos e em locais públicos, mas custa-me bastante que a actual geração de adolescentes e jovens com acesso a bens de cultura e desporto de "mão beijada", ao contrário do que sucedeu com a minha geração, não tenha um mínimo de respeito por essas infraestruturas quer desportivas quer culturais e por quem as disponibiliza, gratuitamente.
A redução dos consumos de energia, aplicando estes à utilização "de facto" do polidesportivo, passa por responsabilizar os seus utilizadores, não permitindo, de ânimo fácil, que qualquer criança chegue ali e "dê ao interruptor" iluminando um amplo espaço, bastantes vezes sem ninguém e "só para curtir".
As verbas que se poupariam com uma gestão regrada do polidesportivo dariam, por exemplo, para manter a sala de cinema em funcionamento durante os fins de semana, tal como acontecia, aliás, no distante mês de Agosto de 1965.
É que depois do Nisa em Festa (seria, mesmo, Nisa, que esteve em Festa?) os naturais e residentes não tiveram direito a mais nada: um espectáculo musical, de teatro ou de cinema, para animar as noites de Verão, como fazem, normalmente, muitas autarquias do Alentejo, geridas por partidos, de vários quadrantes políticos.
A nossa autarquia é pobre para uns, rica e de mãos largas para outros. Mas isso são contas de outro rosário...
Mário Mendes
Templos antigos de Nisa: A Capela de Santa Catarina
A propósito da demolição desta
capela, que se erguia no lugar onde existe hoje a “Cruz das Almas”, diz-nos o
Dr. Motta e Moura na sua Memória Histórica:
“O primeiro templo que se demoliu
d´aquelles de que houvemos notícia, foi uma capellinha mui linda e aceada, que
havia a pequena distancia da villa, no caminho da fonte da Cruz, no largo, onde
se dividem os caminhos para Alpalhão, e para Gaffete, dedicada a Santa Catharina
e às Almas santas do Purgatório.
Ali concorriam annualmente as
raparigas da villa no dia 25 de novembro, em formoso e jovial prestito,
cantando e bailando com seu estandarte, a celebrar os louvores e triumphos da
filha de Costo, rei de Alexandria.
E tinham-se feito uma numerosissima
confraria, a que as mais opulentas pertenciam; e deixavam-lhe legados para a
sua festa e para as 25 missas, que ainda hoje lhe dizem nos dias que a precedem:
e no dia seguinte depois de terem bailado e cantado, rido e folgado, iam chorar
pelas suas amigas e parentes, que se haviam finado, porque tinha logar o officio
funebre pelas almas dos fiéis.
Acabou a devoção, e a capelinha
no anno de 1643, n´uma invasão de castelhanos, que a demoliram e arrasaram, e
sua dona refugiou-se na egreja do Espírito Santo, onde ainda annualmente se
festeja, mas sem concurso algum de donzellas, sem apparato de festa, sem
alegrias e folguedos da mocidade; antes com tal ingratidão e abandono, que n´alguns
annos nem irmãos concorrem para lhe pegar no andor na procissão, que lhe fazem.
E ainda no dia seguinte se canta
o mesmo officio das almas. Com seu sermão, e responsorios pelos defuntos da
villa, e no logar onde ella estava, collocaram uma bella cruz com tres degraus
de cantaria de roda, que ainda hoje se chama a cruz das Almas; aonde costumam
ir de passeio os cavalleiros e donzéis da villa por ser o mais aprazível, ameno
e concorrido.
Motta e Moura - Memória Histórica da Notável Vila de Niza - 1855
29.8.16
PAÍS: “A lei dos eucaliptos não pode continuar" - Catarina Martins (BE)
Catarina Martins ouviu as queixas
de habitantes de uma das aldeias afetadas pelos incêndios no concelho de Arouca
e defendeu uma política de gestão coletiva da floresta que garanta a
rentabilidade e previna incêndios. A política de eucaliptização do país tem de
acabar, afirmou a coordenadora bloquista.
Em declarações à comunicação
social na aldeia de Castanheira, no final de uma visita às áreas ardidas do
concelho de Arouca, no distrito de Aveiro, a coordenadora do Bloco afirmou que
o governo ainda “fez pouco” para melhorar a preservação da floresta nacional,
tendo elencado as medidas que quer ver implementadas para se evitarem fogos
descontrolados. A visita contou com a presença do presidente da Câmara de
Arouca, José Artur Neves, e dos deputados bloquistas Pedro Soares e Moisés
Ferreira.
"Parece-nos bem o governo
ter um cadastro da floresta para ter informação, mas o passo seguinte é a
gestão coletiva da floresta, para ela ser rentável e não arder - porque é
explorada, limpa, trabalhada", sublinhou, tendo acrescentado: "Percebemos
que o governo deu alguns passos, mas são muito poucos".
Para a dirigente bloquista
"é preciso ir mais longe" e, desta forma, recomenda legislação que
implemente "a gestão coletiva da floresta - uma espécie de condomínio em
que há responsabilidades comuns", como considera "essencial" num
país em que predomina o minifúndio.
"Ao contrário de outros
países em que a maior parte da floresta é pública, em Portugal a maior parte é
privada, o que exige um compromisso e obrigações diferentes", avançou.
Empenho legislativo
"Esse é o empenho
legislativo que é necessário neste momento: o da gestão coletiva da floresta,
para que ela possa ser rentável, para que haja obrigações sobre a forma como
essa se mantém e para se acabar com a mancha contínua de eucaliptos e também
pinheiros, e se ter espécies autóctones", sublinhou.
A coordenadora do Bloco disse
também que a "eucaliptização do país é um problema grave que tem de ser
tratado" e "este é o momento de todos os partidos da Assembleia da
República responderem com uma legislação bem diferente da que tem existido até
agora".
"Temos tido legislação para
permitir eucalipto e, portanto, temos que fazer diferente", disse tendo
ainda acrescentado que “há um compromisso assumido pelo governo que é
importantíssimo que vá para a frente: a lei dos eucaliptos, feita pelo PSD e
pelo CDS, não pode continuar”.
Em relação às medidas de carácter
mais urgente destinadas a apoiar as populações afetadas pelos incêndios, a
dirigente bloquista disse ser prioritária em Arouca a atribuição de apoios para
alimentação dos animais que ficaram sem pasto e para reconstrução dos
respetivos currais.
"Isso é muito premente e
basta ver como os animais estão magros e frágeis. Está a ser resolvido, mas, em
todo o caso, é preciso canalizar os apoios públicos possíveis, já, para estas
populações", sublinhou.
in www.esquerda.net
28.8.16
OPINIÃO: A floresta entregue aos bichos…
António Costa falou como se tivesse nascido
ontem para o problema. A floresta desaparece. O ‘negócio do fogo’ prospera.
Arrepia saber-se que a área
ardida em Portugal, até ao final da semana passada, ultrapassava os 100 mil
hectares de matos e floresta, cerca de metade da totalidade da área consumida
pelo fogo nos 28 países da União Europeia.
Este retrato descarnado é grave
demais para não se exigirem responsabilidades aos poderes públicos, a começar
pela ligeireza de governantes, que continuaram em férias, sem o menor
sobressalto.
As televisões reincidiram na
cobertura indecorosa, preenchendo horas a fio com diretos, fartos de labaredas
e de dramas de populações com o futuro interrogado. Um deprimente reality show.
A ‘indústria do fogo’ continua
ativa. Pudicamente, o atual secretário de Estado da Administração Interna fez
constar que «há quem diga que a indústria do fogo dá dinheiro a muita gente».
Pois dá. É por isso que se
repetem os achados de restos de engenhos explosivos, a par de outras histórias
que ilustram o ato criminoso de atear a floresta. Quase impune.
Há muito que se sabe que é uma
impossibilidade prática um incêndio deflagrar, pela madrugada, em várias
frentes. Mas voltou a acontecer.
Em Maio de 2006, era António
Costa ministro da Administração Interna, quando foi aprovada uma resolução
pomposamente intitulada Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.
Ficou no tinteiro.
Foi necessária uma tese de
mestrado, defendida em 2014 por Ascenso Simões – antigo secretário de Estado de
António Costa –, para dar a mão à palmatória e reconhecer o «erro grave» de não se ter modificado o
paradigma, privilegiando a prevenção em vez da concentração de recursos no
combate aos incêndios florestais.
Sem meias tintas, criticou então
a iniciativa política que «se mostrou voluntarista e descompensou um caminho
coerente de intervenção». Costa ficou com as orelhas a arder, mas só agora
reagiu, explicando, com santa inocência, que quis «comprar tempo» para que
fosse feita a reforma da floresta.
Ainda em 2014, a Assembleia da
República aprovaria, por unanimidade, um relatório sobre incêndios florestais,
do qual foi relator outro socialista, Miguel Freitas, produzido por um grupo
de trabalho parlamentar.
Logo no preâmbulo, o documento
defendia, taxativamente, que «os incêndios florestais representam a mais séria
ameaça ao desenvolvimento sustentável da floresta nacional, cujo risco de arder
é quatro
vezes superior ao dos países do Sul da Europa».
Invocavam-se dados estatísticos
terríveis: «Nos últimos 33 anos (1980-2013) arderam em Portugal mais de 3,5
milhões de hectares, dos quais cerca de 1,95 milhões nos últimos 14 anos, ou
seja, 55% da área ardida nos últimos 33 anos foi já no século XXI». Outro
estudo para a gaveta.
A «prevenção e o combate
continuam de costas voltadas», como concluiria melancolicamente o relator.
De facto, elaboram-se estudos,
aprovam-se planos, bate-se com a mão no peito perante a floresta devastada.
Governo após Governo, fazem-se juras com a fogueira atiçada, que se esquecem às
primeiras chuvas de Outono.
Em Agosto de 2013, escrevia-se
nesta coluna: «O país enfrenta – sem receio das palavras –, uma certa
forma de terrorismo, que não pode ser encarada, singelamente, como uma fatalidade de Verão, útil para
preencher largos espaços dos telejornais.
Há bombeiros mortos, há bombeiros
feridos e muitos haveres dizimados. Uma vida perdida é insubstituível e impõe
que os decisores políticos, os legisladores, os tribunais, as policias, parem
para pensar, adotando as medidas – preventivas e repressivas –, que se tornaram inadiáveis.
Reveja-se o ordenamento do
território e o funcionamento dos corpos de vigilantes e de guardas florestais.
Obriguem-se os particulares a
tomarem conta da sua floresta, e obrigue-se o Estado a fazer outro tanto. A
floresta não arde por combustão espontânea, salvo em circunstâncias muito
especiais. E agravem-se as penas por fogo posto, que tantas vítimas estão a
causar.
Se não houver, com urgência, uma
atuação decidida e concertada, envolvendo mudanças na lei e no modus operandi
de polícias e tribunais, a floresta continuará a arder. E tudo o mais é fogo de
vista...»
De então para cá, como em 2006 ou
em 2014, a
prevenção da floresta, a investigação dos crimes de fogo posto, a punição dos
autores e dos seus mandantes, deu num saco cheio de nada.
António Costa falou como se
tivesse nascido ontem para o problema. Timoratos, o PCP e o Bloco meteram a
viola no saco. A floresta desaparece. O ‘negócio do fogo’ prospera. A
desvergonha tornou-se viral…
Dinis de Abreu in sol.sapo.pt - 26/8/2016
27.8.16
SIRCA- QUERCUS defende sistema mais eficaz e que proteja a Biodiversidade
Aproveitando o facto de estar
suspenso o SIRCA, a Quercus volta hoje a alertar o governo e os Ministros da
Agricultura e do Ambiente, para a necessidade de ser revista a sua aplicação,
em especial nas zonas fronteiriças e zonas de montanha onde as aves necrófagas
ocorrem com maior frequência.
Uma decisão neste sentido
permitiria uma melhoria do sistema de poupanças significativas a todos os
consumidores e, ao mesmo tempo, reduziria um dos principais factores de ameaça
às espécies necrófagas – a escassez de alimento - contribuindo assim para o
cumprimento da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da
Biodiversidade e dos compromissos internacionais subscritos pelo Estado
Português.
SIRCA - Sistema de Recolha de
Animais Mortos nas Explorações - custa 23 milhões de euros e Governo pode
poupar muito se proteger as aves necrófagas
O SIRCA foi regulado pelos
Decretos Lei nº 76/2003 de 19 de Abril, nº244/2003 de 7 de Outubro, nº 19/2011
de 7 de Fevereiro e Resolução do Conselho de Ministros nº 119/2008 de 30 de
Julho, e dele são recolhidos das explorações pecuárias cerca de mil cadáveres
de ovinos, bovinos, equídeos e caprinos por dia.
Em Portugal ocorrem três espécies de abutres - o Grifo (Gyps fulvus), o Abutre-preto (Aegypius monachus) e o Abutre do Egipto (Neophron percnopterus), bem como outras aves com hábitos necrófagos, nomeadamente a Águia–imperial (Aquila heliaca adalberti) e o Lobo–ibérico (Canis lupus signatus ).
Em Portugal ocorrem três espécies de abutres - o Grifo (Gyps fulvus), o Abutre-preto (Aegypius monachus) e o Abutre do Egipto (Neophron percnopterus), bem como outras aves com hábitos necrófagos, nomeadamente a Águia–imperial (Aquila heliaca adalberti) e o Lobo–ibérico (Canis lupus signatus ).
À medida que as atividades
agro-pecuárias foram alterando os ecossistemas naturais, reduzindo a abundância
das presas destas aves (veado e o javali, entre outros), estas espécies
adaptaram-se às disponibilidades alimentares criadas pelo Homem, representando
os animais domésticos associados à agro-pecuária uma parte significativa da sua
dieta alimentar.
À medida que as regras sanitárias
se foram tornando cada vez mais restritivas, obrigando a que as carcaças dos
animais mortos fossem retiradas dos campos para serem eliminadas, criou-se um
problema grave de escassez de alimento para estas aves selvagens protegidas.
A Quercus apela para que sejam
novamente deixadas as carcaças nos campos em zonas de criação de gado
extensivo, previamente articuladas com a estratégia nacional de aves necrófagas
e salvaguardando as questões sanitárias, mantendo o SIRCA em funcionamento nas
explorações intensivas e ou onde existe necessidade de recolhas. As novas
regras da UE facilitam o processo, uma vez que países como Espanha já estão a
aplicar as novas diretrizes europeias, nomeadamente o "Regulamento (UE) nº
142/2011 da Comissão, de 25 de fevereiro de 2011, que altera o Regulamento (CE)
nº 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, e que se articula com a
Diretiva 97/78/CE do Conselho, de 18 de dezembro, fixando os princípios
relativos à organização dos controlos veterinários dos produtos provenientes de
países terceiros introduzidos na Comunidade.
A alteração mais significativa
tem impacte positivo na conservação destas espécies, pois possibilita a não
remoção do material de categoria1 do campo ou das explorações de gado, podendo
as carcaças dos animais mortos permanecer nos locais onde os animais morreram,
sempre que a autoridade competente assim o autorize e estejam acauteladas as
questões sanitárias.
O Regulamento (CE) n.º 1774/2002
permite a alimentação com matérias de categoria 1 de espécies protegidas ou
ameaçadas de extinção de aves necrófagas e outras espécies vivendo no seu
habitat natural para a promoção da biodiversidade. A fim de fornecer um meio
adequado para a conservação dessas espécies, essa prática de alimentação deverá
continuar a ser permitida ao abrigo do presente regulamento, em conformidade
com condições estabelecidas para prevenir a propagação de doenças.
Simultaneamente, deverão ser
estabelecidas regras sanitárias nas medidas de execução que permitam a
utilização das referidas matérias de categoria 1 para fins de alimentação
animal em sistemas de pastagem extensiva e de alimentação de outras espécies
carnívoras, tais como os lobos. Importa que as referidas regras sanitárias
tenham em consideração os padrões de consumo natural das espécies em causa, bem
como os objectivos comunitários para a promoção da biodiversidade.
O ICNF tarda em publicar a
estratégia Nacional de Conservação de Aves Necrófagas que já foi objecto de
discussão pública e com participação das ONGA. Neste documento estão previstas
algumas medidas para minimizar o grave problema da falta de alimento destas
espécies protegidas, como a constituição de uma rede nacional de campos de
alimentação de aves necrófagas. A Quercus apela a que este processo seja mais
célere e que incorpore as novas diretrizes europeias, pois a solução não
passará apenas pelos campos de alimentação. Sem a publicação deste documento
pelo governo a DGV ‘Direcção Geral de Veterinária’ não pode autorizar a
aplicação deste artigo da directiva europeia em território nacional.
Actualmente a Quercus mantém dois
campos de alimentação no Tejo Internacional e está a colaborar com alguns
municípios, zonas de caça e criadores de gado de forma a criar mais campos de
alimentação nesta região, onde existem populações importantes destas espécies
ameaçadas.
Lisboa, 26 de Agosto de 2016
A Direção Nacional da Quercus -
Associação Nacional de Conservação da Natureza
NISA: Requalificar é preciso, nos Postigos!
Constituindo uma das principais
necessidades urbanísticas da vila de Nisa, desde há muitos anos reclamada pelos
residentes naquele espaço urbano, tal como a Recuperação, Salvaguarda e Revitalização do Centro Histórico, a zona dos Postigos espera, há anos, que haja uma política camarária que "ataque" os verdadeiros problemas urbanísticos, na sua raiz e não que faça intervenções de cosmética, onde dá jeito e em tempo pré-eleitoral. Foi assim num passado recente e parece que a "lição" foi bem aprendida (pelo menos neste caso aprenderam alguma coisa) pelos actuais detentores do poder municipal.
Há quatro anos, na preparação para as Autárquicas apontava-se a intervenção na Cevadeira, "uma das principais necessidades urbanísticas da vila de Nisa" como uma acção urgente. A actual presidente da Câmara, na altura vereadora da Oposição, votou contra tal intervenção, pelos mesmos políticos motivos com que agora defende e apregoa a premência de tal acção. Cheirava-lhe, há quatro anos, que fazer obras na Cevadeira podia render votos aos seus adversários e concorrentes. Por isso, a um ano das eleições autárquicas, vão surgindo, no concelho, algumas obras estratégicas, daquelas que, mesmo não fazendo grande falta, estão bem situadas para encher o olho e regalar a vista de quem passa. As obras no largo do Cruzeiro em Alpalhão, são apenas um pequeno exemplo desta política de cosmética em curso.
Das Termas e do seu movimento - tão faladas ainda num passado recente - pouco ou nada se sabe. Da malfadada Albergaria Penha do Tejo, que alimentou tantos discursos inflamados e intenções meritórias, não se conhece uma única diligência tomada pelo actual executivo no sentido da sua recuperação e viabilização económica. Os eleitos na Assembleia Municipal que prometeram mexer e remexer este mundo e o outro, estão mudos e quedos, perante uma tal situação de laxismo e indiferença. Se não se fiscalizam a si próprios (há actas por aprovar há quase um ano) como podem fiscalizar a acção que a lei lhes incumbe, do órgão executivo?
É por isso que as obras, as ideias, um simples projecto para os Postigos - uma "gota de água" face a outras iniciativas mirabolantes deste executivo - pouco dispendioso, mas urgente, não avança. Há por ali poucos votantes, a principal razão de peso, para se fazer o que quer que seja. O Centro Histórico foi deixado ao abandono, degradando-se a cada dia que passa e esta não é, seguramente, uma zona considerada como "das principais necessidades urbanísticas da vila de Nisa" : E, se a bastide já tem oitocentos anos, pode esperar mais algumas dezenas. Que diferença fará?
Mário Mendes
26.8.16
NISA: Postais do Concelho
Os nisenses são, regra geral, práticos e tolerantes. Para além de terem um grande sentido de humor. Como o demonstra esta inscrição numa cancela de madeira, na qual se pintou um curioso aviso ao "invasor" da propriedade, que ali se deslocava para aliviar as suas "descargas intestinais".
POLÉMICA: Patrão convenceu jovem a pagar pelo estágio profissional
Olga Alves, 26 anos, residente em
Lisboa, foi recentemente confrontada com a proposta de pagamento do seu próprio
estágio, numa companhia teatral que "passava por muitas
dificuldades".
A jovem natural de Nisa,
Portalegre, acabou por não ser selecionada em detrimento de outro candidato,
mas admite que realizaria na mesma o estágio nestas condições, porque "não
há mais nada".
PATRÕES OBRIGAM ESTAGIÁRIOS A
DEVOLVER SALÁRIOS
No início do ano, depois de
responder à oferta de emprego na internet, foi a uma entrevista com outros
cinco candidatos. O empregador enumerou o que a esperava: viagens com estadia
paga, trabalho com artistas internacionais e outras coisas, que faziam com este
trabalho fosse visto como um sonho.
"ERA ISTO OU TRABALHAR DE
BORLA"
No final, foi-lhe apresentada uma
lista. Essa lista, em excel, detalhava sucintamente as despesas que a companhia
na área da Grande Lisboa ia ter ao longo dos nove meses do estágio
profissional, nomeadamente a comparticipação da empresa e a taxa social única
(TSU). "Antes de me apresentar a lista, o empregador mostrou que iria
ganhar muito boa experiência naquele trabalho, o que me convenceu a aceitar
estas condições que me foram apresentadas, já que a companhia passa por graves
dificuldades financeiras, disse-me ele".
O acordo, algo confuso, seria o
seguinte: Olga devolvia a parte do empregador depois de receber o salário
durante seis meses, mas não a contribuição para a Segurança Social. A partir do
sétimo mês, o dinheiro já nem lhe caía na conta. Era retido pelo patrão para
cobrir os custos com a TSU. A jovem ia para casa, ficava sem trabalhar, mas não
se podia candidatar a mais nada porque, oficialmente, estava em estágio
profissional.
"Sei que não seria legal,
mas aceitaria porque posso vir a fazer novo estágio quando acabar o mestrado,
porque seria uma boa experiência profissional e ao menos receberia cerca de 500
euros durante cinco meses", explicou-se.
Caso tivesse aceite essas
condições, a jovem nunca seria penalizada ao denunciar a situação junto do
IEFP, o que não fez. Artur Soveral de Andrade, especialista em direito fiscal,
refere que "por não ter obtido quaisquer vantagens patrimoniais neste
processo, a jovem não incorre no crime de fraude fiscal, se o caso seguisse
para tribunal judicial".
Francisco Matos in "Jornal de Notícias"
25.8.16
NISA: 40 Anos de Poder Local Democrático (1) - Curiosidades
Autto de arrematação dehuma sorte
de terra da tapada de D. catharina Mouzinho a Lage do Curral pertecente a
capella de Santa Anna arrematado a Joaquim Aniceto por 2:050 reis.
Anno do Nascimento de Nosso
Senhor Jezus Christo demil oitocentos quarenta equatro, aos quinze dias do mez
de Setembro do dito anno nesta Notável Villa de Niza e Secretaria da
Administração do Concelho da mesma aonde se achava prezente o actual
Administrador do Concelho Joze Manoel de Sampaio e Eça, mando o mesmo meter
apregão em hasta publica de arrendamento por tempo de hum anno de que se hade
pagar a sua renda pelo São Miguel de mil oitocentos quarenta e cinco huma sorte
de terra dentro da tapada de D. Catharina Mouzinho a Lage do Curral pertencente
a Capella de Santa Anna, e andando a mesma em praça teve varios lanços e o
ultimo foi o de dous mil e cincoenta reis que lhe poz Francisco Rodrigues
Carollo e deu o dito arrematante por seu fiador a Januário Farto e pelo
arrematante não saber escrever forão testemunhas prezentes Joaquim Mendes digo
Joaquim Gonçalves Prestello, e por João Rodrigues digo João Semedo Rovisco, que
todos assignarão, de que para constar se fez este auto que todos assignarão e
Eu.
*****
Em 1976, há 40 anos, realizaram-se as primeiras eleições para os órgãos das Autarquias Locais. Lembrando esta efeméride iremos divulgar algumas curiosidades acerca do nosso Poder Local, o mais recente (da República) e o mais antigo de simbologia monárquica.
1) O primeiro documento é do século XIX e "retrata" uma realidade social que se manteve até à primeira vintena do século XX: os filhos fora do casamento, designados por "enjeitados" e que geraram um outro fenómeno histórico, a Roda dos Expostos.
O Livro de Assentamentos foi uma (pequena) tentativa para controlar este autêntico flagelo social gerado pelo analfabetismo, o atraso e pela pobreza.
2) O segundo documento, já do século XX e da década de 30, porventura a mais repressiva do Estado Novo fascista, é uma Declaração ou Atestado de Bom Comportamento, documento indispensável, na altura, para um sem número de situações, desde a procura de emprego na função pública ou a obtenção de qualquer licença.
A administração local, no caso a Junta de Freguesia, arvorava-se, a mando da Administração Central, em polícia dos costumes e de juiz da sanidade mental e moral de um qualquer cidadão, que não era considerado como tal.
3) Terceiro documento, trata de um auto de arrematação, organizado pelo Administrador do Concelho, de uma sorte de terra, pertencente à Capella de Santa Anna, edifício que existia próximo do local onde está hoje o Cine Teatro e onde, até final do século XIX esteve instalado o cemitério. O templo religioso viria a ser demolido no início do século XX, depois de anos de ruína e de alguma polémica, registada em diversa documentação, sobre quem seriam os responsáveis a suportar os custos de tal demolição: a Câmara ou a Igreja.
24.8.16
23.8.16
OPINIÃO: A despedida (excerto de crónica inédita)
Era quase meia-noite e
o meu pai deslumbrava-se com o ardor dessa gente nova, de sangue na guelra, que
tinha sentado à sua volta, num entusiasmo patriótico de ímpetos ancestrais.
Quando o ponteiro do relógio da sala contígua se aproximou das 0 horas, alguém
se lembrou:
- E se fôssemos saudar
o novo ano de 1962 com uns tiros para o ar, ali no quintal?
- Nem é tarde nem é
cedo... – gritaram dois.
- É preciso cuidado,
vejam lá oque arranjam... – ponderou o meu pai. O tenente da Guarda anda por
aí...! Mas dêem fogo! Ali está a FN de cinco tiros.
Levantei-me, num ápice,
e agarrei a minha velha arma com redobrado carinho de caçador. Retirei da
cartucheira as cinco “bombas” de fulminantes cobertos e enchi a câmara e o
tambor. E quando as doze badaladas começavam a ouvir-se no relógio da torre da
vila, o trabuco despejou pausadamente as nossas salvas para o ar calmo dessa
noite de memória eterna. A essa hora, sem sabermos de nada, absolutamente nada,
o pronunciamento de Beja começava e o Monstro Colonial aproximava-se já de nós,
a passos largos, vomitando fogo e transpirando sangue.
Ah!, o Monstro que
viria, de rosto pintado de vermelho e negro, quando rufaram tambors ao longe e
as botas de tacões largos bateram nos
lagedos das praças dormentes de sol, onde lagartos dormiam à sombra milenária e
cómoda de hinos e heróis acumulados. A Pátria é “una e indivisível”! O “esforço
estóico” está aí, outra vez! E quem vai, quem vai? Vão os mancebos! Quem há-de
ir? ( E há que ir?!... Aos milhares?) Os mancebos! Os velhos mandarão e os
mancebos vão!
Os “velhos” só já têm
tempo para mandar e aos mancebos sobra-lhes tempo para tudo, ainda que seja
para morrer já. Resta a aura, a glória! E, além disso, fica-se sempre novo,
mesmo depois da morte, quando se é jovem. Que o digam certas velhas
fotografias...
- Eu já morri uma vez,
Pedro! – dizia-me o Alberto Diniz
- Tu sabes. A Mena
morreu naquele hediondo desastre de viação, ela e os pais, e eu também morri
nessa hora. Foi a minha primeira morte. Insuportável. Irreparável. Bem um final
de vida e, mais do que isso, de sonho. “Pelo sonho é que vamos...” como dizia o
Sebastião da Gama, o nosso poeta da pureza, mas eu não fui... fiquei, para
sempre, ali, presa naquela curva maldita onde o “Mercedes” novo era um destroço
de aço e sangue.
- Mas nego-me, nego-me
a morrer em Angola ou a 10 mil quilómetros daqui... Eu não vou! Tu vais, mas eu
não vou! Quero conhecer gente, quero conhecer os homens, conhecer mulheres, eu
ainda não conheço nada e já me querem tirar o Mundo? Já morri uma vez e ainda
não vivi. Agora quero viver e não morrer mais..., ao menos não morrer,
definitivamente.
Não morrer “definitivamente”,
dizia o Alberto Diniz em Abril de 1962, um outro Abril longínquo, em Nisa, a
meio da longa recta de Palhais, inundada de luar e cheiros de boninas, àquela
hora da madrugada em que nem sequer os galos cantaram, fazendo coro nessa
despedida rápida, com o carro do Passador ao fundo, silencioso, escondido numa
das gares laterais à estrada, quase à vista da famigerada curva do Padreca.
Tinha chovido há pouco
e a faixa do asfalto brilhava como largo rastro metálico, de prateado astral.
Era como que o caminho para uma outra galáxia, uma via sem fim, não sinuosa,
que se perdia no escuro dos longes que rumavam para lá da mancha negro-cinza,
fantástica e colossal da serra de S. Miguel.
Essa nossa serra, tão
familiar, mas enigmática e com alma. Tinha-o “desvendado” o Alberto num dia de
calor, em Junho, em que observávamos a montanha redonda e principal, o cabeço,
do alto da colina da Virgem da Graça.
Silêncio e calor. A
leve brisa castanho-esverdeado, postado naquela derradeira quietude estranha
que toca em misticismo bíblico quem a contempla em recolhimento.
- Estás a ver? –
sussurrava o Alberto. Este silêncio e aquela montanha! Que ternura! Descobri!
Eu “descobri”, Pedro!. Sabes porque é que o Dionísio Baco aqui parou e ficou,
esse tal lendário e primeiro conquistador das Espanhas, de que fala Motta e
Moura? Também condutor de homens a caminho de um paraíso imaginário, ele sentiu
aqui o seu Sinal, sim, como Moisés... Esta foi, com toda a certeza, a sua
montanha adorada. E Nísio, muito mais tarde Nisa, o rasto humano que ficou
dessa maravilhosa e profunda contemplação.
O motor do velho
Chevrolet de praça começou a ronronar. Passavam nuvens que que taparam a lua cheia, por momentos.
Íamos só os três,
caminhávamos em silêncio pesado, eu, o Alberto e a Mãe. De repente, ele parou e
disse:
- Não, minha Mãe, não
caminhe mais. A caminhada, daqui para a frente, é só minha, tem que ser só
minha.
Parámos, atónitos e
vazios, e ele seguiu em frente, sozinho. A Mãe esboçou um grito rouco, de
joelhos no chão:
- Meu querido filho!
Que Nosso Senhor te acompanhe!
Ele parou ainda uma
vez, além, a meio da faixa de prateado astral e olhou bem para nós. Depois
voltou-se e correu, como um louco, até desaparecer por completo na lomba do
Barracão.
Carlos Franco
Figueiredo
(Dedico aos meus
queridos Companheiros de Juventude: Manuel Francisco Semedo, João Pereira
Peleja, Emílio Figueiredo, Fernando da Mata Veiga, João Zacarias Curado, Manuel
Filipe, Emílio Ferreira, Victor Bonito, Jorge Cruz Miguel e António Neves
Isabel).
CANTINHO do EMIGRANTE: Eu, aqui, tão longe!...
E' triste emigrar, mas mais
triste é sentirmo-nos portugueses de "segunda classe", na terra que
nos viu nascer. Sim! Digo isto, porque nos cá longe vamos perdendo os hábitos e
os nossos costumes, até mesmo a expressão da nossa língua, porque o nosso
português é muito mal falado, não só porque a erosão do tempo nos foi apagando
as boas recordações, muito embora, nos desloquemos todos os anos, ao nosso
lindo país, a terra dos 3 éfes: Fátima, Futebol e Fados, como aqui é conhecido
Portugal...
Os emigrantes actuais, não são
nada menos corajosos do que os das décadas de 60/70, muito embora as
dificuldades de integração na sociedade sejam as mesmas, mas temos que
reconhecer, que os primitivos abriram o caminho, fazendo a viagem em condições
muito penosas, ao contrário de hoje.
Como a saudade me faz falar, digo
que 42 anos de emigrado não são 42 dias, por isso muita coisa aconteceu. O
nascimento dos meus filhos e dos meus netos, fizeram com que eu ficasse
“cortado” ao meio, entre a França e Portugal, pois não os quero abandonar,
apostando em ficar por cá, muito embora a todos os momentos sinta o meu coração
palpitar, quando se fala de Portugal, e este ano ainda mais, porque por motivos
de doença grave, talvez não possa ir matar saudades à minha querida terra,
desfrutar um pouco da minha casa que tenho em Nisa, ver a família e os
amigos...
"O sentir", é qualquer coisa que nos
atrai, como se fosse o aproximar do negativo à realidade, mas quando lá vou,
fico com o coração despedaçado, de não ver em lado nenhum, uma recompensa em
"Honra dos Emigrantes", isto é, num lado qualquer da vila, um sinal
alusivo à memoria de todos os emigrantes, pois quase todas as vilas e aldeias
já o fizeram. Que me desculpem se repito muita vez os mesmos argumentos, mas
nunca é de mais falar num assunto que julgo de interesse de todos os nisenses.
Por isso, uma vez mais, venho
lembrar à nossa autarquia, em especial à senhora presidente, Dra. Idalina
Trindade, que tem uma dívida para com os emigrantes, estes que labutam cá longe
e que ao longo de décadas têm contribuído para a divulgação e o desenvolvimento
da sua terra e país.
Em face do exposto, deixo aqui
três sugestões ao Município de Nisa, para que ao menos, possam concretizar uma:
1 - Homenagem ao Emigrante
(Monumento).
2 – Atribuição de nome a uma rua
da vila (Rua do Emigrante).
3 - Afixar uma lápide (Memória
dos Emigrantes).
Este reconhecimento, merecido,
contribuiria para devolver a dignidade perdida de todos aqueles que cá longe,
ajudam ou ajudaram a dignificar o nome de Portugal!
Lembro que, juntamente com outros
nisenses contribuí para que o sonho da geminação entre Nisa e Azay le Rideau se
tornasse realidade, pois esta vila foi como nossa mãe, que nos soube acolher de
braços abertos, onde muitos nisenses se instalaram e trabalharam, colaborando
na vida activa da região.
Só lamento o facto de “estar cá
tão longe", mas não estou arrependido, porque consegui o que talvez não
conseguisse em Portugal, desfrutando da minha reforma e da minha casa, junto da
minha esposa, filhos e netos, embora o estado de saúde actual, não seja
favorável, mas com a fé que eu tenho em Deus tudo se ultrapassará.
Despeço-me com um forte abraço
para todos vós, até à próxima!
António Conicha in "Alto Alentejo" - 18/5/2016
22.8.16
PORTALEGRE: 6º Festival One Man Band no CAE
16 e 17 SET. SEX. e SÁB 22H
6º Festival One Man Band
Blues / Rock | CC | 3€ | M/12 anos
10 anos de CAE Portalegre
A 6ª edição do Festival One Man
Band irá mais uma vez realizar-se no CAEP, no espaço do café-concerto.
Este ano, depois das colaborações
com Beja, Faro e Abrantes, é a vez da cidade “irmã” da Ponte de Sôr receber
também músicos vindos da Suécia, Alemanha, Chile e Itália, além de dois músicos
do nosso país.
Além dos regressos dos
portugueses Little Orange e Nick Nicotine ao One Man Band, este ano os
convidados do resto do mundo trarão a sua mescla de instrumentos e de perícia
musical, viajando pelo blues, country, garage, folk e, claro, o puro
rock’n’roll.
16 de Setembro (sexta)
BROR GUNNAR JANSSEN
(Suécia/Blues, Country, Garage, Folk)
Se o blues de Bror Gunnar Jansson
é áspero e primitivo, ele também sabe como ser mais suave e inebriante, com
belas baladas que por vezes fazem lembrar Tom Waits.
A música de Bror Gunnar Jansson é
cinematográfica, uma viagem intensa que não deixa ninguém indiferente.
Encantador e com uma presença em palco irresistível, o multi-instrumentista
sueco toca guitarra, banjo, bateria, teclado e saxofone, mas em palco
apresenta-se com a sua guitarra e bateria.
SPOOKYMAN (Itália / Country Blues, Soul,
Rock'n’Roll)
Spookyman é o projeto de Giulio
Allegretti, músico italiano nascido em Roma, no ano de 1986.
Depois de ter feito um percurso
que o levou a tocar em diversas bandas, foi aos 23 anos de idade que se decidiu
a dar início ao seu projecto one man band. Ao vivo, apresenta-se com voz,
guitarra, banjo, harpa, kazoo, stomp-box, etc.
NICK NICOTINE (Portugal /
Rock’n’Roll)
Podia ser um homem dos sete
instrumentos, mas rejeita o cliché. Nick Nicotine é um nome associado a
múltiplas bandas, múltiplos sons, múltiplos trabalhos. Sozinho, em formato
one-man band, Nick Nicotine toca guitarra, bateria, teclas, canta e ainda tem
tempo para bater palminhas, o que certamente acontecerá neste regresso à Quina.
17 de Setembro (sábado)
BANG BANG BAND GIRL (Chile / Rock’n’Roll)
Bang Bang Band Girl-One Lady Band
começou em 2011 em Valparaíso, no Chile. Uma amante de rock & rol, na sua
essência mais verdadeira e mais crua influenciada pelo rockabilly, surf,
garage, trash blues, ao vivo canta, toca uma guitarra vintage japonesa Teisco e
bombo.
THE DAD HORSE EXPERIENCE
(Alemanha/Keller-Gospel, European Underground with American Roots)
Foi aos 40 anos de idade que este
alemão começou a fazer música, com um banjo tenor que lhe foi oferecido.
Influenciado pela música de estilo “Appalachian” e pelos abismos da sua alma,
criou uma mistura genuína de country gospel, singer songwriter, punk rock e
“oompah-pah polka”, que foi catalogada de "Keller-Gospel."
Usando o nome de The Dad Horse
Experience desde 2008, tem viajado pelo mundo cantando as suas canções
misteriosas e sobrenaturais, com banjo, bandolim, pedal de baixo e kazoo.
LITTLE ORANGE (Portugal / Blues)
Alter-ego “esquizofrénico” de
Sérgio Laranjo, Little Orange é o verdadeiro bluesman, que penteia o braço da
sua guitarra com slide, permitindo respirar um pouco de missa numa qualquer
igreja, junto ao capim do Mississippi. Experimentalismo do verdadeiro blues,
com distorção e batida de Stomp-box, o regresso à Quina faz-se certamente numa
noite estrelada!
Morada: Praça da Republica nº 39,
7300-109 Portalegre - Tel: 245 307 498
21.8.16
ORIENTAÇÃO: Portugal "O" Meeting 2017 no Alto Alentejo
No próximo ano, o POM - Portugal
“O” Meeting 2017 regressa ao Alto Alentejo onde se funde com o evento
emblemático do Alto Alentejo, o Norte Alentejano “O” Meeting, que desaparece
assim do calendário.
Pela terceira vez no seu
historial, o Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos organiza este evento de 25 a 28 de Fevereiro em três
concelhos vizinhos que considera “com excelentes condições para o Turismo e
para o Desporto na Natureza (Portalegre, Alter do Chão e Crato) que dão as mãos
e unem esforços para realizar um evento inesquecível”.
O Portugal “O” Meeting é um
evento de Orientação pedestre, candidato a integrar o ranking mundial da
Federação Internacional de Orientação (IOF WRE) e o ranking da Taça de Portugal
da Federação Portuguesa de Orientação.
O POM 2017 é “aberto a pessoas de
qualquer idade, podendo participar nos escalões de competição ou nos escalões
abertos, individualmente, ou em grupo”. Os organizadores não esqueceram “a
componente inclusiva, organizando no dia 26 de Fevereiro uma etapa da Taça de
Portugal de Orientação “de precisão, disciplina vocacionada para pessoas com mobilidade
reduzida”.
O Portugal “O” Meeting será
constituído pelos seguintes eventos: provas de treino nos dias 23 e 24 de
Fevereiro de 2017, Prova de distância Média – Crato (na Aldeia da Mata), no dia
25, Prova de distância Longa – Crato (na Aldeia da Mata) e Invacare PreO em
Alter do Chão, no dia 26, uma Prova de distância Média – Candidata a WRE (NAOM
2017) a 27 de Fevereiro em Portalegre onde decorre no último dia outra Prova de
distância Longa.
20.8.16
Bombeiros de Nisa: UM SÉCULO DE VIDA
Mais dois "Subsídios" para a sua História
Andamos por aqui, há mais de dez
anos (desde 2006) a alertar para o Centenário da fundação dos Bombeiros Voluntários
de Nisa, comprovando a sua existência e criação com numerosos documentos,
documentos esses que, em tempo oportuno foram também entregues à direcção da
Associação Humanitária para que pudesse preparar um programa comemorativo que
assinalasse, condignamente, tão meritória como honrosa data, a da criação dos
nossos Bombeiros e o centenário da sua existência.
Uma comemoração de uma vida, UM SÉCULO,
que neste ano da graça de 2016 se completa e que, a dois meses de Outubro,
parece ser uma data condenada a ser esquecida e apagada do rol do registo das
vivências associativas, forma grotesca de alijar responsabilidades.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa
completam, em Outubro, 100 anos de existência.
Aos documentos já aqui, no
Portal, mostrados, juntamos, hoje, mais dois: duas pequenas notícias do semanário
“O Concelho de Niza”, edição de 22 de Abril de 1920.
Leiam-nas e tirem as conclusões
que entenderem.
FIGURAS POPULARES DE NISA: O Ti Camilo
(...) Meus avós moravam no prédio
número oito da Rua Dr. Mário Monteiro e, ali perto, a uns escassos vinte ou
trinta metros, fica o Largo dos Postigos – assim chamado devido a umas portas
que lá havia, no tempo das antigas muralhas.
Como todas as crianças, aquele
largo fascinava-me pela sua amplitude; ali podia brincar, correr e saltar,
livre e despreocupadamente.
Neste recanto da Vila, havia duas
garagens, pertença do senhor Aníbal Vieira e cujo motorista, o António Tomás,
abria diariamente; uma oficina de “carpinteiro de obra grossa”, de que era
proprietário o Ti Quintino e um palheiro cujo dono era o Ti Camilo.
Era este um homem de idade;
quando o conheci, já ele tinha bem mais de setenta anos.
Coabitava com um irmão: - O Ti
Tonho.
Vivia da agricultura, tendo por
isso muitos animais domésticos: - borregos, cabras e ovelhas, um cão a quem
chamava “Manjerico”, uma cadela que respondia pelonome de “Ligeira”, um macho
castanho e um burro preto a quem baptizara de “Jerico”.
Vendo tantos animais – o delírio dos pimpolhos
daquela idade – lá passava todo o tempo que podia e ao velhote me fui
afeiçoando.
Quem não gostava nada desta “camaradagem”
era os meus pais e avós, pois no regresso a casa, vinha sempre sujo, cheio de
palhas e com o pequeno corpo servindo de manjar às muitas pulgas que por lá
impunemente imperavam, descansadas por saberem que o Ti Camilo as não ia
molestar com o DDT ou qualquer outro produto químico inventado pelo homem, para
extermínio de tão incómodo quanto nojento animal.
Até a vizinhança me queria cortar
aquelas horas de prazer, alegando que não era próprio para um menino como eu, “filho
e neto de professores”, andar metido com um homem tão sujo como era o Ti Camilo
e, também, porque ia por lá aprendendo a dizer alguns palavrões, “nomes feios”,
como eles diziam.
Coitados, pensavam eles que a
diferença de nascimento é barreira intransponível para o bom relacionamento
entre os homens...
Estavam, como é evidente,
redondamente enganados e, se alguma coisa sei no campo da etnografia, a esse
homem simples devo parte dos conhecimentos, bem como a paixão que nutro pela
romântica e saudável vida campesina; quanto aos “nomes feios” que me valeram
algumas sovas e castigos sempre os viria a aprender, sabe Deus se noutro local
e com mais graves implicações.
Só o primo Fernando e a prima
Maria dos Remédios me “faziam capa”, chagando ao ponto de, antes de ir para
casa, passar pela residência deles, que era ali perto, no Largo do Município,
para me limparem o fato, lavarem a cara e porem álcool nas babas de pulga;
podia andar por lá à vontade, vir sujo, que eles resolviam o assunto e não
teria problemas ao reencontrar a família mais chegada.
Após o falecimento de meu avô,
veio minha avó residir para um prédio pegado com o deles e, em todas as férias
eu aqui passava uns dias completamente à vontade.
Posto isto, quem era, afinal, o
Ti Camilo?
João do Rosário Camilo Sena, de
seu nome completo, nascera em Nisa, ali crescera, vivera e envelhecera.
Não sabia ler nem escrever, que
nos tempos da sua meninice, os pais queriam era braços para o trabalho e não
mandavam os filhos “aprender as letras”.
Era magro, de pequena estatura, a
cabeça semi despovoada de cãs, sem vestígios de dentes a ornamentarem-lhe os
maxilares que já há muito tinham mirrado.
Só fazia a barba de oito em oito
dias.
Não tinha cama, dormia na palha,
em cima de umas sacas e, aparava as unhas dos quatro membros com a mesma
navalha que cortava o pão e o “conduto”.
Levantava-se com o sol.
Espreguiçava-se e dava uns
bocejos.
Como dormia vestido e calçado,
não tinha demoras a fazer a “toilette”.
Abria a porta do palheiro,
atravessava o Largos dos Postigos e ia ao “chão” – pedaço de terreno cercado de
paredes, onde tinha uma cabana para o gado pernoitar.
Aí ordenhava uma cabra, para
dentro da “ferrada”, quantas vezes cheia de pó, palha ou formigas, regressando
depois ao palheiro.
Sem ferver o leite,
adicionava-lhe um pouco de café e de açúcar, que guardava dentro de uma velha e
desconjuntada “arca” e deliciava-se a saboreá-lo, juntamente com um bocado de pão
com queijo, que ele próprio fabricava.
Em seguida, punha o cabresto ao
Jerico e, no dorso do mesmo animal, colocava umas sacas que faziam as vezes de
albarda; soltava as cabras, pedia a um vizinho ou transeunte que lhe”desse o pé”
para montar o pobre jumento e lá ia para as “tapadas” e os “bacelos” guardar a
sua cabrada.
Se era Verão, e porque tinha
muito medo do sol, levava um grande guarda-chuva aberto, qual João Semana de
trazer por casa.
Almoçava no campo, o pão com o
queijo e com morcela que levava dentro do “sarrão” e só voltava a casa ao sol
posto.
Nessa altura, era o encontro dos
dois irmãos.
O Ti Camilo que, montado no burro
voltava com as cabras e, o Ti Tonho, a pé, como nos tempos em que fora soldado
da Guarda Nacional Republicana, voltava com o rebanho de ovelhas.
Quando, no firmamento, apareciam
as primeiras estrelas, a anunciar aos homens que o dia cessara, lá eles se
encontravam tentando “derrotar” uma grande “bacia” de barro, cheia de sopas de
batata ou de feijão frade, acompanhada, à laia de sobremesa, por uma enorme “bóia
de toucinho” para cada um.
Comiam ambos da mesma malga, cada
um de seu lado da mesma.
E como tinham bom apetite!!!
Era um gosto vê-los saborear
aqueles manjares que a nós, homens quase deformados pelo excesso de civilização,
por certo causariam abundantes náuseas...
Muitas vezes montei o seu Jerico,
muitos tombos dele caí e muito ouvi ralhar por me arvorar no fiel companheiro
de D. Quixote de La Mancha.
Todavia, mereceu a pena; comecei
a interessar-me por aquela vida simples que aqui deixo mal descrita. Aprendi a
amar a natureza em toda a sua plenitude, e o que foi mais importante, aprendi a
conviver com as pessoas simples e despretensiosas, que são, afinal, quase
sempre as mais puras e sinceras.
Só uma vez aquele homem, que no
inverno vestia safões feitos de pele por ele curtidas, calçava botas grossas e
cardadas, feitas pelo Ti Passão punha pelas costas um pelico castanho e na
cabeça uma carapuça preta, me conseguiu causar certa repugnância.
Como sempre, foi ordenhar a cabra
vermelha que dava pelo nome de “Cardosa”, preparou o café da maneira que atrás
descrevi, provou-o com uma colher que previamente limpara às calças muito
surradas, deitou-o numa tijela de barro já muito desbeiçada e, por gentileza
que em infeliz hora lhe ocorreu, obrigou-me a bebê-lo.
Com sacrifício aceitei e a custo
engoli.
Porém, pouco depois, tive que
sair do palheiro e ir vomitar à azinhaga mais próxima.
É que o “menino João”, filho e
neto de professores, como dizia a vizinhança, naquele dia não conseguiu ter domínio
sobre o estômago esquisito e habituado a outros acepipes, servidos em melhores
condições.
Mas, é este um dos episódios que
mais me apraz recordar, cada vez que falo do Ti Camilo.
Homem honesto, senhor de alguns
bens de fortuna, jamais se adaptou ao progresso e às regras de higiene ditadas
pelo mundo em que vivia.
Talvez cansado da vida já longa,
talvez desiludido, acabou seus dias no mês de Agosto de 1969, dependurado de
uma “madre” do palheiro onde sempre vivera, sonhara e se veio a suicidar.
Paz à sua Alma, Ti Camilo!
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