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9.11.16

Bombeiros de Nisa comemoram 1 Século de existência

O próximo sábado, dia 12 de Novembro, vai ser de festa, júbilo e justificado orgulho para os Bombeiros Voluntários de Nisa, que, neste ano de 2016 completam 100 Anos (1 Século) de existência, ao serviço das populações e da Comunidade em geral.
A direcção da Associação Humanitária que dirige os "Soldados da Paz" nisenses elaborou um programa de comemorações, que se anexa, com início pelas 8,30h no Quartel dos Bombeiros e a Recepção aos Convidados.
Seguir-se-á o Hastear da Bandeira e um Desfile pelos locais da vila onde esteve sediada a Corporação.
Às 10 h haverá uma Romagem ao Monumento aos Bombeiros Falecidos no Cemitério Municipal, seguindo-se uma Missa Solene na Igreja Matriz em memória dos Bombeiros e Sócios da associação falecidos.
Pelas 12 horas no Cine Teatro de Nisa terá lugar a sessão solene evocativa da História dos BVN e uma cerimónia de Promoção de Estagiários a Bombeiros de 3ª Classe.
Mais tarde, no Mercado Municipal terá lugar um Almoço durante o qual se procederá à entrega do Medalhão Comemorativo do Centenário da Corporação aos bombeiros presentes (Activos/Quadro de Honra).
*****************************
NOTA: Com esta iniciativa, meritória, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa cumpre um desígnio, um dever de evocação e homenagem, reconciliando os Bombeiros de Nisa com o seu passado, com a sua História e, principalmente, honrando com a dignidade que merecem, a Memória de todos aqueles que, abnegadamente, serviram a Corporação ao longo da sua já longa existência.
Esta iniciativa pode e deve ser, ainda, dignificada, dando seguimento às recomendações que já foram feitas nesse sentido, nomeadamente:
a) Atribuindo a Medalha de Mérito Municipal (Ouro) à Corporação dos Bombeiros de Nisa, pelos relevantes serviços prestados à causa pública;
b) Exigindo da Federação Nacional de Bombeiros e da Secretaria de Estado da Administração Interna (Protecção Civil) o reconhecimento oficial deste Século de Existência e as atribuições honrosas que lhe são devidas;
c) Solicitar aos proprietários dos prédios onde a Associação esteve sediada, a autorização para a afixação de placa alusiva;
d) Propor à Câmara Municipal de Nisa a atribuição do nome dos Bombeiros Voluntários de Nisa a uma das artérias da vila.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa completam um Século de Vida. Fico feliz ( o meu pai foi Bombeiro durante muitos anos) por, finalmente, a razão e o bom senso terem triunfado.
Fico feliz pelo José Murta, pelo senhor Tomás Mariano (que já não está entre nós) e por todos aqueles que, desde que tomaram conhecimento da documentação existente, tudo fizeram para que este dia, este momento de exaltação e memória, e de festa, também, pudesse acontecer.  
Fico feliz, imensamente feliz, pelos nossos Bombeiros Voluntários de Nisa, ao completarem 100 Anos de Vida. Os primeiros, os de ontem, os de hoje, voluntários e corpos directivos, tantas "Vidas Por Vidas" em suor, esforço, dedicação, sentimento do dever cumprido.
Esse é um bem inestimável que honra e enche de orgulho toda a Comunidade e os nisenses, justo é reconhecê-lo, sempre tiveram pelos seus Bombeiros um sentimento de Simpatia, Apreço e Gratidão.
Mário Mendes

9.10.16

BOMBEIROS DE NISA: Imagens de um Século de Vida








São imagens da vida dos Bombeiros Voluntários de Nisa e que atestam a sua existência ao serviço público da Comunidade, há 100 anos.
* A primeira imagem, em cima, (que melhor certidão comprovativa se podia arranjar?) é da capa do semanário nisense "As Férias", com data de 17 de Setembro de 1916, na qual se mostra, em destaque, a notícia da criação dos nossos Bombeiros.
* A segunda foto é a mais recente daquelas que aqui mostramos e foi tirada numa das comemorações do 25 de Abril e aquando da inauguração do heliporto na saída para Alpalhão.
* Por aqui se vê, 3ª imagem, que qualquer pedaço de papel servia para apontamentos. Este, azul, regista a presença dos bombeiros que combateram o incêndio no dia 9 de Junho de 1920 (dia de feira em Nisa) no palheiro do sr. Africano (José da Cruz Nunes), enquanto na imagem seguinte - a história também se faz destes documentos - se dá uma achega sobre a vida comercial de Nisa na 2ª vintena do século XX. Uma factura da casa comercial José d´Oliveira Ramos, datada de 19/3/1925 e passada em nome da Corporação dos B.V.de Niza.
* Foto alegre e bem disposta, com muita gente conhecida, a maior parte já falecida. A foto é dos anos 60 e a menina ao colo do pai (Isaac Araújo Baptista, popular comerciante) é a Maria Emília, que foi enfermeira e prestou serviço no Centro de Saúde de Nisa.
* Mais dois documentos. O 1º é um  rascunho com registo de presença de bombeiros no incêndio ocorrido no dia 1 de Junho de 1920, na rua da Deveza, em Nisa. O 2º é um Recibo passado pela Federação dos Bombeiros Portugueses (que melhor prova, oficial, se poderia apresentar como Atestado da longa existência da nossa Corporação de Bombeiros?) em 15 de Setembro de 1924 e relativo à inscrição de 16 bombeiros de Nisa como bombeiros federados.
* A última foto, de certo modo recente, é anterior a 2005 (ano da "célebre" inauguração dos desmandos praticados no Jardim Público de Nisa) e reporta-se a um incêndio que ocorreu na residência do senhor Lavadinho (já falecido).

20.8.16

Bombeiros de Nisa: UM SÉCULO DE VIDA

Mais dois "Subsídios" para a sua História
Andamos por aqui, há mais de dez anos (desde 2006) a alertar para o Centenário da fundação dos Bombeiros Voluntários de Nisa, comprovando a sua existência e criação com numerosos documentos, documentos esses que, em tempo oportuno foram também entregues à direcção da Associação Humanitária para que pudesse preparar um programa comemorativo que assinalasse, condignamente, tão meritória como honrosa data, a da criação dos nossos Bombeiros e o centenário da sua existência.
Uma comemoração de uma vida, UM SÉCULO, que neste ano da graça de 2016 se completa e que, a dois meses de Outubro, parece ser uma data condenada a ser esquecida e apagada do rol do registo das vivências associativas, forma grotesca de alijar responsabilidades.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa completam, em Outubro, 100 anos de existência.
Aos documentos já aqui, no Portal, mostrados, juntamos, hoje, mais dois: duas pequenas notícias do semanário “O Concelho de Niza”, edição de 22 de Abril de 1920.
Leiam-nas e tirem as conclusões que entenderem.

9.5.15

BOMBEIROS DE NISA: A notícia da sua fundação

O semanário nisense "As Férias" noticiava, na edição de 17 de Setembro de 1916 e como acima se mostra, a criação dos Bombeiros Voluntários de Niza. Há muito que tínhamos conhecimento deste jornal que, supomos, ter sido o primeiro a ser publicado em Nisa. Foram publicados vinte números nos anos de 1916 e 1917 e só em Setembro do ano passado (2014) tivemos acesso ao conjunto de exemplares de "As Férias".
Por sua vez, o 1º número do  "Jornal de Nisa" saiu a público em 21 de Janeiro de 1998, ou seja, sete anos depois da data em que foi criada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa que substituiu a Corporação de Bombeiros Voluntários e Municipais até aí existente.
Não se conhecia e só muito mais tarde veio a saber-se da existência de inúmeros documentos - em grande parte depositados nos arquivos da Câmara Municipal - que atestavam a criação dos Bombeiros de Nisa, em 1916, ou seja 21 anos antes da data até então tomada como a "oficial" (1937).
Os elementos da Comissão Instaladora, que eu próprio integrei, não podiam conhecer o que não era do conhecimento público (nem privado) logo, não podiam tomar de ânimo leve, uma decisão respeitante à data de fundação que, a ser tomada, com conhecimento de causa, seria, forçosamente, de ânimo pesado, pensada e reflectida.
O actual presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Nisa, sabe isso, mas, usando de má fé, vem responder em local impróprio e diferente dos sítios (internet e jornais como o "Jornal de Nisa" e Alto Alentejo") onde os mesmo têm sido dados à luz, desde há mais de dez anos, sentindo-se incomodado com textos que não visam nem nunca visaram a sua pessoa (basta dizer que é presidente da direcção dos Bombeiros apenas desde Janeiro de 2015), antes procuram apenas e tão só que seja reposta a verdade e a justiça.
Os Bombeiros Voluntários de Nisa vão fazer 100 anos de vida! Já o escrevi e comprovei vezes sem conta; já o escreveu e comprovou por A+B o Dr. José Dinis Murta; igualmente apresentou nos serviços dos Bombeiros, há já alguns anos, um dossier com os documentos disponíveis, o senhor Tomás Mariano, entretanto falecido, solicitando, do mesmo modo, o reconhecimento de um acto que é de toda a justiça. E, acrescente-se, o senhor Tomás Mariano, não pertencia à Comissão Instaladora que de "animo leve"  aceitou a data de 1937 como a da criação dos Bombeiros.
Não pretendemos qualquer polémica acerca deste assunto. Queremos apenas e tão só a verdade e o reconhecimento da idade dos nossos Bombeiros. Aliás, nem sequer e ao contrário do que afirma o presidente da direcção da AHBVN temos dado demasiada ênfase ao assunto. O texto publicado no dia 7/5/2015  no "Portal de Nisa" remonta a Maio de 2007. Há um outro, mais completo e recente, publicado o ano passado no semanário "Alto Alentejo" (À Flor da Pele - Bombeiros de Nisa: Honrar a história ou apagar a memória?) a que os seguidores do blog podem aceder clicando na figura colocada na coluna do  lado direito e no qual com diversos detalhes se faz mais luz sobre os primeiros anos de existência dos Bombeiros de Nisa. O título, tal como foi publicado era bem mais "provocante" e exigia uma resposta ou uma tomada de posição dos responsáveis dos Bombeiros, que nunca aconteceram.
Tal como nada disseram ao longo destes anos sobre os artigos que foram sendo publicados sobre o assunto.
Temo que, do mesmo modo, em mais de dez anos, nunca tivessem "mexido uma palha" sobre uma questão tão importante na vida da instituição.
Mas, escreve-se e publica-se que " todos os contributos para repor a história dos Bombeiros de Nisa é sempre de acarinhar". Como? Pedindo licença a Suas Excelências, a quem de direito. 
E, por que não divulga, publicamente,  a direcção dos Bombeiros, todas as diligências feitas ao longo destes anos para repor, junto das entidades competentes,  a verdade histórica, o reconhecimento da data de fundação da Corporação?
Por mim, continuarei a escrever sobre este tema, com verdade e sem má fé, sem atribuir a outros, actos e atitudes que não tiveram, visando, única e exclusivamente, que a justiça seja reposta e os nossos Bombeiros possam, legítima e publicamente, comemorar no próximo ano o 1º CENTENÁRIO DA SUA FUNDAÇÃO.
Mário Mendes

7.5.15

BOMBEIROS DE NISA: Quase a perfazerem um SÉCULO de existência

Bombeiros de Nisa - 27 de Março de 1922
Não sei se incomodo alguém ou não: é-me indiferente, mas a verdade histórica, baseada em inúmeros documentos, não deixará de vingar, de fazer luz e acordar as (in)sensibilidades adormecidas que teimam em não querer ver o que é óbvio e salta à vista. Os Bombeiros Voluntários de Nisa têm quase UM SÉCULO (100 anos) de existência. Foram fundados em Outubro de 1916. Uma vez mais - e, serão tantas as vezes, quantas as necessárias -  aqui estarei, neste e noutros locais, a proclamar e a exigir o que é de direito para a nossa terra, principalmente para os familiares daqueles que há cem anos formaram o Corpo de Bombeiros Voluntários de Nisa.
Não apaguem a MEMÓRIA! Não destruam a HISTÓRIA de uma das mais prestigiadas instituições de Nisa e do concelho. Comemoremos, com a dignidade, o orgulho e a justiça que merecem, no próximo ano (2016) o CENTENÁRIO da fundação dos BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE NISA.
Mário Mendes
Teor do ofício ao Governador Civil (9 de Novembro de 1916)

Exmo Senhor Governador Civil no Districto de Portalegre
O abaixo assignado communica a Vª Exª para os devidos effeitos que está constituida uma Associação de Bombeiros Voluntarios, que tem por fim socorrer e prover tudo quanto respeita a incendios e outras calamidades e que a sua séde é no largo Heliodoro Salgado.
Junto um exemplar dos nossos Estatutos e regulamento.
Saúde e Fraternidade
Niza, 9 de Novembro de 1916
O 1º Commandante
Anibal Dinis da Graça Vieira

Bombeiros de Nisa foram fundados há 90 anos
Na história das colectividades, principalmente daquelas criadas pela vontade dos homens há muitos anos, existem sempre campos por preencher, lapsos de tempo, em que a memória colectiva, já sem o suporte dos elementos humanos que lhe deram origem, pode vacilar. O que não significa, de modo algum, que se deva, pura e simplesmente, apagar. O caso da fundação dos Bombeiros Voluntários de Nisa é uma daquelas situações que, por tão evidente, não conseguem justificar.
Os Bombeiros de Nisa foram fundados há 90 anos, em 1916. Os documentos que aqui apresentamos, por amável cedência do Dr. José Dinis Murta, apagam qualquer dúvida que, por hipótese, ainda houvesse sobre a criação dos nossos Bombeiros, uma das Corporações mais antigas do distrito. Os dois documentos - e muitos outros que existem sobre o assunto - atestam-no, de forma insofismável.

Há documentos escritos, actas de reuniões, listagem de pessoas que serviram nos Bombeiros, regulamentos e, pasme-se, até fotografias, como aquela que mostramos, tirada em 1922.
A direcção e o comando do Bombeiros de Nisa sabem, conhecem, a existência destes documentos, como sabem que a Corporação de Nisa, dentro de nove anos, será centenária. Pelo bom senso, justiça e razão, apenas por isso e porque a história não pode ser destruída.
Sócios da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa, alguns bastante antigos e ex-bombeiros, têm procurado sensibilizar os corpos directivos para que seja reposta a verdade e a justiça.
Têm deparado com uma barreira e mutismo quase intransponível, num tempo em que, julgavam, não deveriam existir mais verdades absolutas e inquestionáveis.
Nos Bombeiros, parece que não é assim. Em 1937 é que é, é que foi e ponto final.
Tudo isto, dias depois de, em discursos oficiais, se criticar o passado, a repressão e a clausura da liberdade. É irónico, no mínimo.
O que está em causa não é, apenas, uma data e vinte anos de actividade, esquecidos. É mais, muito mais do que isso e, parece, ninguém ainda o entendeu.
O que está, verdadeiramente, em questão, é o esforço, o trabalho, a dedicação de uma geração de homens a uma causa, a dos Bombeiros e esses homens de Nisa, da primeira vintena do século passado, foram os nossos primeiros Bombeiros. Querem nomes? Eles aí vão: Aníbal Diniz da Graça Vieira, 1º comandante; Albano da Cruz Curado Biscaia, 2º Comandante; Júlio Pires Bento, chefe de viatura; Leandro Dinis Melato, chefe de viatura; José Diniz da Graça Vieira, chefe do corpo de salvados; João da Graça Reizinho, chefe de ambulância; Leonardo Alvega de Matos, José Alves Mouzinho Almadanim, Francisco da Graça Zacarias, José Araújo Baptista e muitos mais, Bombeiros.
Esquecê-los, apagar vinte e um anos da História dos Bombeiros de Nisa é um duplo “crime”: contra Nisa e os próprios Bombeiros, e contra os familiares destes homens abnegados que, no início do século passado, abraçaram, como poucos, a causa do voluntariado.
Os Bombeiros de Nisa, actuais, ficarão mais ricos, mais fortes e nobres, honrando a memória daqueles que, há 90 anos os precederam e escreveram uma brilhante página do associativismo nisense.
É tempo, mais do que tempo, de lhes fazermos justiça!
Mário Mendes - 
(Texto de Opinião publicado no "Jornal de Nisa" - nº 231 - 9/5/2007)

8.8.14

BOMBEIROS DE NISA: Prestes a completar 100 anos de existência!




Por muito que custe a alguns, factos são factos e contra estes não há argumentos. Os Bombeiros Voluntários de Nisa completam um século (100 ANOS) de existência em Outubro de 2016, data da criação oficial. Como se dá conta nesta notícia publicada no primeiro jornal editado em Nisa, "As Férias" - nº 7 de 17 de Setembro de 1916, com rectificação no nº seguinte - nº8 de 24 de Setembro do mesmo ano-, rectificação que acrescenta os nomes de alguns dos principais obreiros da Corporação.
Estes e outros documentos, muitos deles entregues há anos na Corporação dos Bombeiros Voluntários de Nisa fazem prova mais do que cabal sobre um facto, histórico, o do nascimento dos Bombeiros da nossa terra e da sua idade avançada - 100 anos - a pedirem, a exigirem dos actuais responsáveis, a preparação a tempo e horas das comemorações a que os briosos "Soldados da Paz" têm direito,  direito esse a ser reconhecido também pelas entidades oficiais. 
Os nisenses nunca quiseram o que por lei e história lhes não pertencesse. Mas não permitirão que por causa de uns "papéis" e de argumentos fúteis lhes tirem o que é de inteira justiça: a data de fundação e o centenário de existência da sua Corporação de Bombeiros.
Honra e Memória aos Bombeiros e dirigentes que puseram de pé, na primeira vintena do século passado, esta prestigiosa instituição que tem por lema "Vida por Vida".
Não deixem que lhe tirem esse passado tão glorioso!
Mário Mendes

29.6.12

TEXTOS DE AUTORES NISENSES (1) - Mário Mendes - Bombeiros de Nisa: Honrar a história ou apagar a memória? (I)

Os Bombeiros Voluntários de Nisa receberam, recentemente, um louvor do Governo, a propósito dos 75 anos de existência. O acto público de reconhecimento, justo, peca, no entanto, por residir num erro histórico, que sucessivos elencos directivos desta Associação Humanitária não têm querido rectificar. Uma vez mais e para alertar consciências "adormecidas", aqui deixamos, devidamente documentada, a história da fundação dos Bombeiros Voluntários de Nisa, uma associação que nasceu em Outubro de 1916, estando a 4 anos de completar um centenário de existência.
A história dos Bombeiros Voluntários de Nisa é rica em acontecimentos e exemplos de dedicação. Há 96 anos, mais de três dezenas de homens metia ombros à tarefa de criar uma associação voltada para o socorro e a protecção de pessoas e bens, uma iniciativa que, para a época, foi uma verdadeira aventura colectiva.
Notícia da fundação dos Bombeiros de Nisa
José Francisco Figueiredo, na sua "Monografia da Notável Vila de Nisa", aponta como razões para a criação dos Bombeiros, "um incêndio de grandes proporções, ocorrido a 18 de Outubro de 1915 e que muito impressionou a população da vila". O fogo destruiu uma dependência da casa agrícola do lavrador Augusto Serralha e de imediato, de acordo com o mesmo autor, " a firma Almadanim e Bento tomou a iniciativa de angariar fundos para adquirir o material indispensável a tais corporações".
Uma iniciativa que mereceu o melhor apoio, de tal modo que "em Setembro de 1916, já os Bombeiros de Nisa recebiam instrução, ministrada por um técnico da Corporação de Portalegre".
Nessa altura e de acordo com José Figueiredo, foi comandante e seu imediato, respectivamente, Aníbal da Graça Vieira e Albano Curado Biscaia. E, poucas mais informações, adianta sobre os Bombeiros de Nisa, além de tecer elogios à sua acção ao longo de mais de três décadas, até 1951, ano da morte do autor da "Monografia".
Documentação não falta, no entanto, para atestar a fundação e actividade dos Bombeiros de Nisa, nos primeiros anos da sua existência. Conhecemos o teor (e reproduzimo-lo, aqui) da carta enviada ao Governador Civil de Portalegre em 9 de Novembro de 1916 e na qual se dá conta da criação da Associação dos Bombeiros de Niza que tem por fim "socorrer e prover tudo quanto respeita a incêndios e calamidades". Na carta, a que se juntou um exemplar dos Estatutos, se informa ainda que "a sede é no largo Heliodoro Salgado". Foi aí, efectivamente, no largo do Boqueirão, num espaço que serviu de garagem aos Bombeiros até finais dos anos 70 e onde hoje está instalada a Caixa de Crédito Agrícola, a primitiva sede dos Bombeiros de Niza.
Em Outubro de 1916 e no auge do entusiasmo com a criação desta associação, o maestro Joaquim Augusto da Silva Aveleira, dedicava-lhe uma obra sua "Hino dos Bombeiros Voluntários de Niza", como "homenagem à briosa Corporação dos Bombeiros Voluntários de Niza"
Quem foram os primeiros bombeiros 
Bombeiros Voluntários de Nisa - Março de 1922
À excepção dos indivíduos assinalados, os restantes elementos que integraram a Corporação dos Bombeiros Voluntários, tem registada a data de admissão em 30/7/1916. Nesta data, há 96 anos, nasciam, no terreno, os Bombeiros de Nisa. A fundação oficial remonta a Outubro de 1916. Aqui ficam os seus nomes:
Aníbal Dinis da Graça Vieira, proprietário - 1º Comandante; Albano da Cruz Curado Biscaia, proprietário - 2º Comandante; Júlio Pires Bento, comerciante - Chefe de Viatura; Leandro Diniz Melato, sapateiro - Chefe de Viatura; António Henriques da Silva, comerciante - Chefe da Viatura; José Dinis da Graça Vieira, proprietário - Chefe do Corpo de Salvados; João da Graça Reizinho, barbeiro - Chefe de Ambulância.
Bombeiros Activos
: Leonardo Alvega de Matos, empregado (1); José Alves Mouzinho Almadanim, regente agrícola; Francisco da Graça Zacarias (2); José Araújo Baptista, comerciante; António Tremoil, empregado público; António Bernardo Duarte Tonilhas, proprietário; António Rosário Figueiredo, sapateiro; Adelino Henriques da Silva, alfaiate; Júlio Tavares da Silva (o Marzia) (2); Joaquim Maria Pereira, alfaiate, João Diniz Correia, empregado (2); José Maria Thomaz, seleiro; Manuel Carita Gomes, alfaiate, Carlos da Graça Figueiredo, sapateiro, José Bizarro Serra (Ranisca), jornaleiro; António da Graça Maia, alfaiate, Adelino da Cruz Salgueiro (Canatário), António Maria Gonçalves, comerciante; Francisco Marquito Júnior, proprietário; João Maria Grave, proprietário - 1º Clarim (corneteiro); João Emílio Figueiredo Salgueiro - 2º Clarim (corneteiro) (3); Alberto Thomaz de Faria, empregado público; Aníbal Goulão (4); Manuel da Graça Charrinho (Bonita), jornaleiro; Jeronymo da Cruz Pimpão, albardeiro; José Maria Grave (4), Joaquim Dinis Bagulho(4), José Fernandes Grave(4) e Viriato Dinis Correia. (5)
Notas
(1) - Admitido a 11/2/1917 ; (2) - Admitidos a 12/6/1917; (3) - Admitido a 15/12/1917; (4) - Admitidos a 2/2/1920; (5) Admitido a 1/6/1924
Bombeiros por profissões
Entre os primeiros homens de Nisa que integraram a Corporação de Bombeiros, num total de 35, a maior representação (6) é de proprietários rurais, o que não será de estranhar, tendo em conta que a actividade agrícola era a principal actividade económica do concelho e que ocupava a quase totalidade da força de trabalho. Seguem-se as profissões de "artistas" como os alfaiates (4), sapateiros (4) comerciantes (4) empregados públicos (3) e um barbeiro. Há ainda 2 jornaleiros, 1 regente agrícola, um seleiro e albardeiro, para além de 8 indivíduos sem indicação, específica, da ocupação.
Os meios de intervenção dos Bombeiros
Na listagem do material de intervenção dos Bombeiros de Nisa, encontrámos:
- Carro da Bomba; Carreta, espia de lança, estrado, machado de arrombamento, quatro lances de mangueira, dois francalotes para suster os archotes, corpo de bomba, braços de picotas, dois varaes das picotas, duas correntes para suster o braço das piscotas, uma escada de ganchos, dois francalotes para suster a escada de ganchos, quatro archotes, um tubo aspirador, um ralo de cobre, duas chaves para as rodas das carretas.
Notícias de Incêndios
Nos documentos consultados há notícia dos seguintes incêndios:
Rua da Devesa, em 1 de Junho de 1920; Palheiro do sr. José da Cruz Nunes (Africano) em 9 de Junho de 1920; Palheiro do sr. António Tonilhas em 26 de Setembro de 1920; Casa do sr. Joaquim Mendes Lopes em 8 de Janeiro de 1923; Forno do sr. Visconde em 19 de Abril de 1924.
Receitas e despesas dos Bombeiros
Nos primeiros anos de vida, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Niza (esta era grafia da época) quase se bastava a si própria, muito por força dos jogos na sede (e para os quais se regista a compra de tremoços) do voluntariado, puro, dos seus elementos, da escassa quotização que não chegava á centena de sócios, e ainda das contribuições monetárias de alguns proprietários rurais, os mais atingidos pelos incêndios.
O apoio da Câmara e das Juntas de Freguesia (Paróquia) era, no início, irrisório e foi aumentando gradualmente, à medida que os Bombeiros iam adquirindo novos equipamentos e viaturas. Como curiosidade e como elementos que mostram aspectos da sociedade nisense dos anos 20, publicam-se alguns dados relativos a receitas e despesas.
As curiosidades não terminam por aqui. No mapa de receitas de Maio de 1917, constata-se que a receita foi de1.308$70,5 para uma despesa de 1.209$67,5, registando-se o saldo de 99$03. Neste ano, assinala-se ainda uma "despesa da mudança com a sede da Corporação" no valor de $20. Imagine-se, por aqui, o valor do dinheiro no início do século passado...
No ano seguinte (1918) a Câmara garantia o subsídio anual (24$00) e regista-se como receita a "venda de um balcão à Cooperativa Nisense", no valor de 20$00. Em 1919, há uma oferta extraordinária (pelo valor) aos Bombeiros. Por ofício de 16 de Agosto, regista-se "uma oferta do sr. Aníbal Diniz da Graça Vieira - 1º commandante d´esta Corporação", no valor de 120$00.
Esta atitude, por exemplar, não pode deixar de ser assinalada. Além de servir a Corporação como comandante, com todas as responsabilidades inerentes a tal cargo, Aníbal Vieira, ainda contribuía, do seu bolso e com elevadíssimo montante, para o sustento da Corporação que comandava. Além do lema "Vida por Vida", estes eram exemplos de bombeiros que punham bem alto, um outro, "Servir e não servir-se", como os princípios éticos da época.
No início de 1920 (Janeiro) a Corporação devia ter mais do que uma viatura, a avaliar por uma despesa de 14$760 de "pintura das viaturas, tintas e trabalho". A juntar ao subsídio da Câmara, há ofertas de Francisco da Cruz Gaspar e de José da Cruz Nunes, ambas de 20$00.
Atentos à sua missão humanitária, os Bombeiros não esqueciam a sua própria limpeza e registavam: "uma mulher caiando a sede da Corporação e um pincel 1$500; 5 Kg de cal branca 1$500."
Em 1923 o subsídio da Câmara aumenta para 100$00. Esta verba não chegou para pagar a despesa feita com a representação dos Bombeiros de Nisa aos festejos do Barreiro. O contínuo começa a receber pela percentagem da cobrança de quotas realizada.
Em 1924 há registo do pagamento da assinatura do Jornal dos Bombeiros e a quota da Federação dos Bombeiros Portugueses, no valor de 16 escudos que correspondiam a 16 bombeiros federados
De 1923 a 1931 não encontrámos documentos de receita e despesa. A falta destes elementos pode indiciar um período de relativo apagamento dos Bombeiros Voluntários de Nisa, embora no livro de actas da direcção ("Hade servir este livro para se lavrarem as actas das sessões da Corporação dos Bombeiros, assinado em 1 de Janeiro de 1923 pelo secretário, Leandro Diniz Melato, se possa ler que, relativo ao ano de 1924, foi apurado um saldo de 933$92, os "quaes foram entregues ao novo tesoureiro, sr. Júlio Pires Bento."
É este mesmo tesoureiro que, a 29 de Abril de 1931, "fará entrega da quantia de seiscentos cinquenta seis escudos noventa dois centavos, saldo existente nesta data, da antiga Corporação dos Bombeiros Voluntários de Nisa, em virtude da referida Corporação passar a ser municipalizada."
Há, também, aqui, um hiato de seis anos (1931-1937) dos quais pouco se sabe sobre os Bombeiros, agora, já, municipais.
Honrar a memória dos Bombeiros
Os valorosos "soldados da paz" de Nisa prestam um serviço inestimável, nem sempre reconhecido e às vezes, até, mal reconhecido pelos seus semelhantes. A sua coragem e determinação, a sua disponibilidade para acudir, seja a quem for e em que condições forem, merecem os maiores louvores e a homenagem devida.
Motivo ainda mais extraordinário para que não se lhes encurte e apague a sua história, ou se lhes diminua um período de existência em que a sua actividade, por não estar documentada, nem por isso, pode deixar de ser enaltecida.
Nas primeiras décadas do século vinte, as condições em que exerceram a sua acção, não podiam, nem de longe ser comparadas com as existentes nos dias de hoje.
Os homens que serviram os Bombeiros de Nisa, há quase um século, não podem ser esquecidos, apagados da memória e da nossa história colectiva.
Cumpriram o seu dever, deram o melhor de si enquanto bombeiros e cidadãos desta terra, desenvolveram uma abnegada acção humanitária de que os seus conterrâneos e familiares se podem orgulhar.
Só por isso, temos o dever de os respeitar, enaltecer e dar-lhes o lugar que merecem na história de Nisa.
Nada mais se pede, aos homens que parecem não ter memória...
Mário Mendes
Nota: Agradeço ao José Dinis Murta, a disponibilidade e colaboração na cedência dos documentos "Carta ao Governado Civil" e capa do "Regulamento dos Bombeiros", ambos de 1916

22.7.11

NISA: Direccão dos Bombeiros Voluntários apreensiva

“REDUÇÃO DRÁSTICA DO TRANSPORTE DE DOENTES PODE LEVAR AO DESPEDIMENTO DE PROFISSIONAIS”
- José Isabel, presidente da direcção dos Bombeiros de Nisa
A direcção dos Bombeiros Voluntários de Nisa está indignada com a redução drástica dos serviços de transporte de doentes prestados pelos bombeiros, resultante da aplicação do Despacho 19264 de 29 de Dezembro de 2010 do Ministério da Saúde e pela voz do seu presidente da direcção, José Perfeito Isabel não cala a revolta.
“Um dos grandes serviços que os bombeiros prestam à população do concelho é o transporte de doentes. Tem sido a prestação desses serviços, para os quais investimos na formação de motoristas e maqueiros, que vinham garantindo à Corporação, os meios financeiros que permitiam o equilíbrio das contas.
Desde o princípio do ano houve uma redução drástica do número de serviços prestados pelos Bombeiros, a nosso ver, pela execução cega das orientações contidas no referido despacho e que não salvaguardam, sequer, as situações de excepção.
A redução dos serviços prestados no transporte de doentes chegou a 80 por cento e em Maio, por exemplo, foram passadas apenas três credenciais.”
Para José Isabel, esta situação é “muito grave, não apenas para os Bombeiros, mas sobretudo para as populações, principalmente aquelas de mais fracos recursos e que ficam sem acesso aos elementares cuidados de saúde”.
Tal facto reside, segundo o presidente da direcção dos Bombeiros de Nisa, numa “obstinada atitude de negação de passagem de credenciais para transporte, mesmo em casos em que a situação de carência económica e social dos doentes a tal obrigaria”.
Se a situação se mantiver, alerta José Isabel, “vamos ter que pensar seriamente em reduzir o número de profissionais, pois não conseguimos fazer face às despesas.
“Nós temos um fundo de maneio par acudir a algumas situações de emergência e que neste momento está quase descapitalizado. Por outro lado, comprometemo-nos com uma candidatura para aquisição de um carro de combate a fogos urbanos, um investimento de mais de duzentos mil euros e não queremos desistir desse projecto.”
A direcção dos Bombeiros Voluntários de Nisa já analisou a situação e pela voz do seu presidente considera que” o serviço de saúde é o ganha-pão e que não havendo esses serviço não há dinheiro”, uma vez que “só para incêndios não precisávamos de tantos profissionais”.
São 18 os profissionais pagos pelos Bombeiros, alguns com mais de 20 anos de trabalho permanente. Dezoito famílias que dependem do funcionamento da prestação de serviços de saúde por parte dos Bombeiros.
“Nós temos despesas de fardamento, pagamento de salários, férias, segurança social, aquisição de equipamentos, ferramentas, reparações de veículos. Vivemos do trabalho e se este nos continuar a ser tirado, como poderemos manter estes homens que têm sido de uma dedicação, a todos os títulos, excepcional?”, questiona José Isabel.
Com uma frota de 9 ambulâncias, uma das quais do INEM, os Bombeiros de Nisa tinham previsto a colocação de mais dois profissionais, para uma melhor prestação de serviços.
Agora, a direcção está apreensiva e indignada com estas decisões do Ministério da Saúde, directrizes que, consideram, “vai pôr em causa o socorro à população do concelho e restringir, dramaticamente, o acesso aos cuidados de saúde”.
José Isabel lembra que “alguns serviços que temos efectuado, têm sido por intermédio de outras Corporações, como a de Portalegre e de Gavião. De contrário, a situação seria ainda bem pior.”
A terminar, o presidente dos Bombeiros de Nisa deixa um apelo às entidades públicas do concelho e da região.
“Esta situação é prejudicial para os Bombeiros, mas, acima de tudo para as pessoas que têm mais necessidades e que não tem meios nem posses para se deslocarem. Não é justo empurrarem para cima dos Bombeiros, uma situação negativa sobre a qual os mesmos não têm qualquer responsabilidade. Não é assim, de um dia para o outro, que se corta a torto e a direito, cegamente, sem atender às situações dos doentes”
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 20/7/11