2.9.25

Município de Reguengos de Monsaraz pede revisão urgente do financiamento dos conservatórios de música no interior


Marta Prates, Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, escreveu esta manhã ao Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, para “chamar a atenção para a situação grave que atravessa o Conservatório Regional do Alto Alentejo” e para pedir a revisão urgente das condições que regulam o financiamento dos conservatórios de música no interior do país. O Conservatório Regional do Alto Alentejo está sediado em Reguengos de Monsaraz e tem 98 alunos, com idades entre os 6 meses e os 67 anos, abrangendo cursos oficiais e cursos livres, respondendo às necessidades educativas e culturais de várias gerações e promovendo também a inclusão e o desenvolvimento comunitário de concelhos vizinhos, como Redondo, Borba, Vila Viçosa e Mourão.

Na missiva enviada para o ministro Fernando Alexandre, Marta Prates afirma que “o conservatório enfrenta um progressivo e severo desinvestimento, resultado de um contrato de patrocínio com o Ministério da Educação que não acompanha as necessidades reais da instituição. Desde 2015, o valor atribuído por aluno permanece congelado e o número de novos alunos financiados por ano é limitado, impedindo a resposta adequada à crescente procura por ensino artístico especializado na região”. 

A autarca sublinha que para o ano letivo 2025/26, o Conservatório Regional do Alto Alentejo “enfrenta uma situação crítica”, apesar do aumento significativo do interesse e das inscrições, sobretudo no regime oficial articulado, pelo que “a insuficiência de financiamento coloca em risco a sua própria sustentabilidade. Este cenário não só ameaça a continuidade do projeto educativo, mas coloca em causa a possibilidade de muitos jovens acederem a um percurso educativo estruturado e enriquecedor”.

 

Marta Prates dá como exemplo que “neste ano letivo há 14 novos alunos do ensino artístico especializado da música matriculados em regime articulado, para os quais não há financiamento garantido”. O conservatório pediu apoio à autarquia para estes alunos, tendo sido manifestada disponibilidade para, dentro das possibilidades, procurar uma solução que evite a exclusão dos jovens. No entanto, a autarca explicou ao governante “que os orçamentos municipais são limitados e têm um conjunto vasto de responsabilidades” e que “não é possível nem justo estarmos a suportar custos do Estado Central para evitar que jovens não tenham acesso à educação artística especializada que escolheram como percurso de vida. Senhor Ministro, não dispomos dos meios estruturais nem financeiros para assegurar de forma continuada e sustentável esta responsabilidade”.

 

A Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz refere ainda que “diante desta realidade preocupante, apelamos à revisão urgente das condições que regulam o financiamento dos conservatórios no interior, bem como à criação de mecanismos que valorizem e potenciem estas instituições estratégicas para o futuro do país, sobretudo numa perspetiva de igualdade de oportunidades para todos os jovens portugueses – os dos centros urbanos, mas também os das zonas interiores e rurais”. A finalizar a missiva, Marta Prates solicita uma reunião com os responsáveis do conservatório e com membros do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, bem como uma visita à instituição, “para que possam constatar diretamente os desafios que enfrentamos e o impacto que uma resposta adequada poderá ter para a região e para o ensino artístico em Portugal”.