2.9.25

Câmara de Portalegre quer emergência médica a funcionar sem falhas


A Câmara de Portalegre quer total operacionalidade da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), que esteve inoperacional durante 480 horas nos primeiros sete meses do ano.

O pedido foi feito pela presidente do Município de Portalegre, Fermelinda Carvalho, numa reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Alentejo.

A autarca lamenta que a VMER esteja, por várias ocasiões, inoperacional e explica ter solicitado à administração da ULS do Alto Alentejo uma solução para o problema. “Infelizmente, esta situação da não operacionalização não é algo novo, já ocorreu ao longo dos anos, muitas vezes. Ultimamente, podemos dizer, em tempos médios, que está 10% do tempo inoperacional”, refere.

Fermelinda Carvalho adianta ter transmitido ao presidente do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo a exigência que “a VMER esteja em funcionamento 100% do tempo”.

Entre janeiro e julho, a viatura adstrita ao Hospital de Portalegre esteve inoperacional um total de 480 horas. A autarca indicou que o problema se relaciona com a escala dos médicos e com a colocação destes profissionais “em alguns horários”.

Fermelinda Carvalho acrescenta que a administração da ULS do Alto Alentejo vai pedir às entidades competentes a contratação de médicos, de forma a garantir a operacionalidade da VMER durante 24 horas por dia. “Aquilo que o presidente do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo vai pedir, em primeiro lugar, é que tenhamos disponibilidade de médicos, mas, sempre que isso não aconteça, que a VMER possa sair só com enfermeiros, porque consegue dar uma resposta”, afirma.

Ainda de acordo com a presidente da Câmara, a ULS “vai exigir” para o Hospital de Portalegre uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV). “Eu disponibilizei-me também para ajudar na compra desta viatura. Este equipamento, tal como a VMER, não serve só o concelho de Portalegre, mas como está sediada na nossa ULS acho que Portalegre poderá ter aqui uma responsabilidade acrescida”, acrescenta.

Recorde-se que a 29 de agosto, a SIC noticiou a morte de um homem de 56 anos em Marvão, vítima de paragem cardiorrespiratória, que foi assistido pelos bombeiros porque a VMER de Portalegre estava inoperacional. Segundo a estação de televisão, foi a segunda morte no distrito a coincidir com períodos em que a viatura não estava disponível.

Em comunicado, a ULS do Alto Alentejo reconheceu “os constrangimentos” operacionais da VMER de Portalegre, que “esteve inoperacional em diversos períodos durante o mês de agosto por indisponibilidade médica”. A mesma nota acrescenta: “Infelizmente, registaram-se duas ocorrências fatais em momentos em que a VMER não estava disponível, o que reforça a urgência de uma resposta estruturada e eficaz”.

Trata-se, segundo a administração, de um problema “estrutural e prolongado”, decorrente da escassez de médicos e da dependência de prestadores externos, “com custos elevados e sem garantia de continuidade” assistencial.

Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: D.R.