22.7.11

NISA: Direccão dos Bombeiros Voluntários apreensiva

“REDUÇÃO DRÁSTICA DO TRANSPORTE DE DOENTES PODE LEVAR AO DESPEDIMENTO DE PROFISSIONAIS”
- José Isabel, presidente da direcção dos Bombeiros de Nisa
A direcção dos Bombeiros Voluntários de Nisa está indignada com a redução drástica dos serviços de transporte de doentes prestados pelos bombeiros, resultante da aplicação do Despacho 19264 de 29 de Dezembro de 2010 do Ministério da Saúde e pela voz do seu presidente da direcção, José Perfeito Isabel não cala a revolta.
“Um dos grandes serviços que os bombeiros prestam à população do concelho é o transporte de doentes. Tem sido a prestação desses serviços, para os quais investimos na formação de motoristas e maqueiros, que vinham garantindo à Corporação, os meios financeiros que permitiam o equilíbrio das contas.
Desde o princípio do ano houve uma redução drástica do número de serviços prestados pelos Bombeiros, a nosso ver, pela execução cega das orientações contidas no referido despacho e que não salvaguardam, sequer, as situações de excepção.
A redução dos serviços prestados no transporte de doentes chegou a 80 por cento e em Maio, por exemplo, foram passadas apenas três credenciais.”
Para José Isabel, esta situação é “muito grave, não apenas para os Bombeiros, mas sobretudo para as populações, principalmente aquelas de mais fracos recursos e que ficam sem acesso aos elementares cuidados de saúde”.
Tal facto reside, segundo o presidente da direcção dos Bombeiros de Nisa, numa “obstinada atitude de negação de passagem de credenciais para transporte, mesmo em casos em que a situação de carência económica e social dos doentes a tal obrigaria”.
Se a situação se mantiver, alerta José Isabel, “vamos ter que pensar seriamente em reduzir o número de profissionais, pois não conseguimos fazer face às despesas.
“Nós temos um fundo de maneio par acudir a algumas situações de emergência e que neste momento está quase descapitalizado. Por outro lado, comprometemo-nos com uma candidatura para aquisição de um carro de combate a fogos urbanos, um investimento de mais de duzentos mil euros e não queremos desistir desse projecto.”
A direcção dos Bombeiros Voluntários de Nisa já analisou a situação e pela voz do seu presidente considera que” o serviço de saúde é o ganha-pão e que não havendo esses serviço não há dinheiro”, uma vez que “só para incêndios não precisávamos de tantos profissionais”.
São 18 os profissionais pagos pelos Bombeiros, alguns com mais de 20 anos de trabalho permanente. Dezoito famílias que dependem do funcionamento da prestação de serviços de saúde por parte dos Bombeiros.
“Nós temos despesas de fardamento, pagamento de salários, férias, segurança social, aquisição de equipamentos, ferramentas, reparações de veículos. Vivemos do trabalho e se este nos continuar a ser tirado, como poderemos manter estes homens que têm sido de uma dedicação, a todos os títulos, excepcional?”, questiona José Isabel.
Com uma frota de 9 ambulâncias, uma das quais do INEM, os Bombeiros de Nisa tinham previsto a colocação de mais dois profissionais, para uma melhor prestação de serviços.
Agora, a direcção está apreensiva e indignada com estas decisões do Ministério da Saúde, directrizes que, consideram, “vai pôr em causa o socorro à população do concelho e restringir, dramaticamente, o acesso aos cuidados de saúde”.
José Isabel lembra que “alguns serviços que temos efectuado, têm sido por intermédio de outras Corporações, como a de Portalegre e de Gavião. De contrário, a situação seria ainda bem pior.”
A terminar, o presidente dos Bombeiros de Nisa deixa um apelo às entidades públicas do concelho e da região.
“Esta situação é prejudicial para os Bombeiros, mas, acima de tudo para as pessoas que têm mais necessidades e que não tem meios nem posses para se deslocarem. Não é justo empurrarem para cima dos Bombeiros, uma situação negativa sobre a qual os mesmos não têm qualquer responsabilidade. Não é assim, de um dia para o outro, que se corta a torto e a direito, cegamente, sem atender às situações dos doentes”
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 20/7/11