30.8.16

NISA: Cinema em Agosto de 1965


Esta madrugada (1,30h da manhã) fiz mais uma acção "meritória", a juntar às dezenas que, desde há anos, faço pelo mesmo motivo. As luzes do polidesportivo da Cevadeira estavam acesas, sem que ninguém beneficiasse daquela esplendorosa iluminação. A mesma fica cara, no entanto, à Câmara e as contas até são fáceis de fazer: todos os holofotes ligados (20x1000W) correspondem a 20 Kwh.
Esta situação acontece vezes sem conta e, diga-se em abono da verdade, não é típica deste mandato: já vem do mandato anterior, e só não se agravou mais porque o actual vereador teve o bom senso de mandar reduzir, para metade, os focos de iluminação. Mesmo assim há quem não entenda que a luz, a electricidade, a energia gasta tem de ser paga por alguém e neste caso, toca-nos a todos, munícipes. Bem sei que poderia fazer como outros, passar ao lado e não ligar, neste caso, desligar. Não estou já em idade - até por problemas de saúde - de praticar desportos nocturnos e em locais públicos, mas custa-me bastante que a actual geração de adolescentes e jovens com acesso a bens de cultura e desporto de "mão beijada", ao contrário do que sucedeu com a minha geração, não tenha um mínimo de respeito por essas infraestruturas quer desportivas quer culturais e por quem as disponibiliza, gratuitamente.
A redução dos consumos de energia, aplicando estes à utilização "de facto" do polidesportivo, passa por responsabilizar os seus utilizadores, não permitindo, de ânimo fácil, que qualquer criança chegue ali e "dê ao interruptor" iluminando um amplo espaço, bastantes vezes sem ninguém e "só para curtir".
As verbas que se poupariam com uma gestão regrada do polidesportivo dariam, por exemplo, para manter a sala de cinema em funcionamento durante os fins de semana, tal como acontecia, aliás, no distante mês de Agosto de 1965.
É que depois do Nisa em Festa (seria, mesmo, Nisa, que esteve em Festa?) os naturais e residentes não tiveram direito a mais nada: um espectáculo musical, de teatro ou de cinema, para animar as noites de Verão, como fazem, normalmente, muitas autarquias do Alentejo, geridas por partidos, de vários quadrantes políticos.
A nossa autarquia é pobre para uns, rica e de mãos largas para outros. Mas isso são contas de outro rosário...
Mário Mendes