12.8.16

ALERTA: A Ribeira de Nisa vai secar!

Os afluentes dos rios funcionam como viveiros, os peixes sobem as linhas de água quando o inverno termina e se aproxima a primavera. Aí depositam as ovas, vem o verão os peixinhos crescem, mantém-se até que a nova estação das chuvas ocorra e os leve para o rio. Assim devia ser, no caso da ribeira de Nisa o problema não é a poluição industrial, a alteração deve-se ao facto da mudança de uso, sem se pensar na hidrografia como uma rede complexa. A barragem da Póvoa e Meadas passou a ser mais importante fonte abastecimento de água para consumo humano de todo o distrito de Portalegre, é preciso libertar um pouco de água, especialmente no verão para a permanência de vida, equilíbrio, para que alguns pontos se mantenham com os recém nascidos peixes. Para diluir os esgotos domésticos recebidos das ETARs, senão a ribeira de Nisa não é mais que um esgoto onde proliferam as infestantes mimosas.
Os pescadores do Arneiro no concelho de Nisa pescam agora lagostins do Lousiana não somente por causa da poluição vinda da produção da pasta de eucalipto em Rodão, mas também porque carpas, bogas, barbos, achigãs e outros peixes não se podem reproduzir, é a mensagem, a de um habitante desta região, o senhor Silveiro.
Rio Tejo esgoto, não se deve somente às afrontas mais visíveis, aos efluentes das indústrias, aos transvases para a agricultura intensiva no sul Espanha, á Central Nuclear de Almaraz, aos esgotos de Madrid. Isso não quer dizer que é um problema sem solução, que a nossa agricultura passe a ser o eucaliptal, até porque temos um problema bem grave, que nos lembramos somente nesta altura os fogos. Há que olhar o Tejo como um sistema complexo e não somente um vector.

José Maria Moura