Maëlle, uma jovem de 18 anos, partilhou com os autores do relatório um
período da sua vida em que quase não ia às aulas e se arrastava, "sem
força para fazer nada", passando horas no Tik Tok. Para descrever esses
tempos, afirma que se sentia com "a cabeça debaixo de água". O
impacto na saúde mental dos mais novos é precisamente o ângulo central do
relatório, que desafia as autoridades a intervir.
Apesar da recente declaração conjunta dos Estados-membros da UE
defendendo medidas para proteger os menores online, os 25 estão profundamente
divididos sobre o caminho a seguir, nomeadamente no que diz respeito à
proibição do uso das redes. Proibindo ou não, impõe-se educar seriamente para o
digital e sobretudo estabelecer objetivos claros quanto à fiscalização dos
conteúdos. Comparativamente com a regulação dos espaços físicos, os gigantes
digitais continuam a gozar de incompreensível impunidade. Parecemos fingir não
ver tanta gente submersa e com manifesta falta de ar.
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Inês Cardoso – Jornal de Notícias - 22 de
outubro, 2025