Fez um arraial com o auxílio da banda de Castelo de Vide, dado
ser uma banda inexperiente. No dia seguinte, tocou na procissão de Nossa
Senhora dos Remédios. O padre Manuel Jorge baptizou a banda e Nª Srª ficou como
sua madrinha.
É esta a Banda Filarmónica de Montalvão. Uma banda cujos instrumentos se foram buscar à estação de Castelo de Vide, vieram de comboio... a espera era inquieta na aldeia.
Eram cerca de 26 elementos "tudo malta da escola".
A primeira viagem foi a Arez, viajaram de carroça. Em 1951 foi a primeira vez
que muitos elementos da banda viram um comboio, numa deslocação a Benquerenças.
Francisco Belo, hoje com 77 anos, entrou para a banda por
gosto. Da tropa foi para a polícia e aqui foi sempre músico, vindo depois tocar
para a Banda de Montalvão e Nisa. Foi um dos responsáveis pela formação da
Banda de Montalvão, tinha ele 23 anos. O aparecimento da banda "foi um
delírio" para a população de Montalvão. Apto a todos os instrumentos de
palheta, Francisco tocava sinfonias que jamais esquecerá.
Por esta banda passaram regentes tais como Joaquim de Magalhães, João Gualberto, Luís Matias Félix e António Raposo de Castelo de Vide que se deslocava a Montalvão duas vezes por semana.
Uma deslocação a Barrancos foi das melhores que Francisco já
teve. Era com a farda de cotim militar que tocava e vivia momentos
inesquecíveis... Numa saída a Perais, o Mestre António Raposo tinha proibido os
músicos de beberem vinho. Não foi o facto de irem de carroça que os impediu de
beber, encheram o caldeiro de dar água ao animal com vinho... o resultado foi o
esperado. A música saia sempre bem, não era o vinho que os atrapalhava, aliás,
"de qualquer Domingo fazíamos uma festa".
Era uma banda com problemas monetários pois, ao contrário de
hoje, vivia do povo. O tempo passou e a banda terminou, os músicos
dispersaram-se nos seus diferentes modos de vida.
Largos anos mais tarde surge uma segunda banda, 1 de Agosto
de 1983, data da sua apresentação.
O mestre da Sociedade Musical Nisense, António Maria
Charrinho, ia a Montalvão ensinar e ensaiar os músicos juntamente com Manuel
Mourato, hoje com 52 anos e residente
Para a compra dos instrumentos tiveram ajudas da Câmara
Municipal de Nisa, Ministério da Cultura e da Junta de Freguesia. A Montalvão
"nasceu-lhe assim uma grande alma". Ainda hoje os idosos quando vêem
a banda de Nisa em Montalvão 2é terrível", expressam um enorme gosto pela
banda, banda que Montalvão já não tem.
Ao contrário da primeira, esta segunda banda não enfrentava
problemas monetários, sofria sim, de falta de músicos.
Os próprios músicos constituíam a direcção da banda, que
fazia parte das comissões de festas.
Durou 4 anos! Os instrumentos dispersaram-se. O dinheiro que
possuía foi entregue à Santa Casa da Misericórdia.
"Aqui? Não acredito!", expressão de Manuel Mourato
sobre uma possível banda
Francisco Belo afirma que a banda "é todo o meu
ser". tem saudades da sua jovialidades naquele tempo.
Ficam na história duas bandas que em tempos passados deram
vida à aldeia de Montalvão.
- Patrícia Porto in "Revista
Cultural" - CMNisa - 2001