9.10.25

OUTUBRO, MÊS DA MÚSICA - Banda Filarmónica de Montalvão

 


Já não existe. Foi a 16 de Outubro de 1946 que aconteceu o seu primeiro ensaio. Em 1947, a 7 de Setembro, apresentou-se ao público pela 1ª vez.

Fez um arraial com o auxílio da banda de Castelo de Vide, dado ser uma banda inexperiente. No dia seguinte, tocou na procissão de Nossa Senhora dos Remédios. O padre Manuel Jorge baptizou a banda e Nª Srª ficou como sua madrinha.

É esta a Banda Filarmónica de Montalvão. Uma banda cujos instrumentos se foram buscar à estação de Castelo de Vide, vieram de comboio... a espera era inquieta na aldeia.

Eram cerca de 26 elementos "tudo malta da escola". A primeira viagem foi a Arez, viajaram de carroça. Em 1951 foi a primeira vez que muitos elementos da banda viram um comboio, numa deslocação a Benquerenças.

Francisco Belo, hoje com 77 anos, entrou para a banda por gosto. Da tropa foi para a polícia e aqui foi sempre músico, vindo depois tocar para a Banda de Montalvão e Nisa. Foi um dos responsáveis pela formação da Banda de Montalvão, tinha ele 23 anos. O aparecimento da banda "foi um delírio" para a população de Montalvão. Apto a todos os instrumentos de palheta, Francisco tocava sinfonias que jamais esquecerá.

Por esta banda passaram regentes tais como Joaquim de Magalhães, João Gualberto, Luís Matias Félix e António Raposo de Castelo de Vide que se deslocava a Montalvão duas vezes por semana.

Uma deslocação a Barrancos foi das melhores que Francisco já teve. Era com a farda de cotim militar que tocava e vivia momentos inesquecíveis... Numa saída a Perais, o Mestre António Raposo tinha proibido os músicos de beberem vinho. Não foi o facto de irem de carroça que os impediu de beber, encheram o caldeiro de dar água ao animal com vinho... o resultado foi o esperado. A música saia sempre bem, não era o vinho que os atrapalhava, aliás, "de qualquer Domingo fazíamos uma festa".

Era uma banda com problemas monetários pois, ao contrário de hoje, vivia do povo. O tempo passou e a banda terminou, os músicos dispersaram-se nos seus diferentes modos de vida.

Largos anos mais tarde surge uma segunda banda, 1 de Agosto de 1983, data da sua apresentação.

O mestre da Sociedade Musical Nisense, António Maria Charrinho, ia a Montalvão ensinar e ensaiar os músicos juntamente com Manuel Mourato, hoje com 52 anos e residente em Montalvão. Surgiu assim uma banda jovem com mais de 20 elementos.

Para a compra dos instrumentos tiveram ajudas da Câmara Municipal de Nisa, Ministério da Cultura e da Junta de Freguesia. A Montalvão "nasceu-lhe assim uma grande alma". Ainda hoje os idosos quando vêem a banda de Nisa em Montalvão 2é terrível", expressam um enorme gosto pela banda, banda que Montalvão já não tem.

Ao contrário da primeira, esta segunda banda não enfrentava problemas monetários, sofria sim, de falta de músicos.

Os próprios músicos constituíam a direcção da banda, que fazia parte das comissões de festas.

Durou 4 anos! Os instrumentos dispersaram-se. O dinheiro que possuía foi entregue à Santa Casa da Misericórdia.

"Aqui? Não acredito!", expressão de Manuel Mourato sobre uma possível banda em Montalvão. Esta aldeia tem apenas 4 crianças na escola. Os tempos são outros e os jovens saem em busca de vidas melhores. Antigamente os músicos eram os alfaiates e sapateiros, eram os ricos, agora é ao contrário.

Francisco Belo afirma que a banda "é todo o meu ser". tem saudades da sua jovialidades naquele tempo.

Ficam na história duas bandas que em tempos passados deram vida à aldeia de Montalvão.

  • Patrícia Porto in "Revista Cultural" - CMNisa - 2001