1.10.25

OPINIÃO: Trump e Netanyahu


Vê-los a prometer a paz eterna ridiculariza qualquer filme de ficção científica feito ou por fazer. Vê-los, lado a lado, nos seus sorrisos triunfantes e apaziguadores, tem o mesmo efeito que imaginar Lázaro a escapar da tumba, Cunhal e Salazar aos abraços ou Cicciolina assumir a virgindade. Sei que não é de bom tom, que deveria estar a aplaudir o princípio de acordo que, a concretizar-se, será uma enorme notícia, mas observá-los a ser fotografados como se fossem celebridades luminosas, candidatos à exportação de girassóis e nenúfares, arrepia-me tanto como se visse André Ventura apaixonado por uma imigrante nepalesa ou por uma cigana prometida a Nininho Vaz Maia. É inverosímil, kafkiano, rebuscado, absurdo, arrepiante, é o Mundo ainda mais virado do avesso - é como se o Chuchas fosse inocente, o Fernando Mendes deixasse de fazer o "Preço Certo" ou o "Macaco" confessasse ser benfiquista desde pequenino. Até pode ser que sim, mas viram-nos? Donald e Bibi, lado a lado, bandeirinhas atrás, o som de passarinhos e pombas brancas, e uma jura de paz eterna, uma paz perpétua, talvez até a promessa de que milhares de cadáveres nas valas de Gaza tornarão à vida, que milhares de crianças esfomeadas e sedentas poderão ser homenageados num banquete no paraíso controlado por eles, é claro. Pelos dois cavaleiros que vimos ontem na pele de anjos empanturrados das maçãs que Eva não chegou a comer.

·         Luís Osório – Escritor - 1 de outubro, 2025