21.10.25

DEMOCRACIA: “No Kings”, milhões protestam contra Trump

 


“A América não será governada por medo, força ou tomada de poder de um homem”, salienta organização. Não se trata só da “ganância, corrupção ou desprezo de um homem pela Constituição” mas do “punhado dos mais ricos do mundo que sequestram economia e sistema político para enriquecer à custa dos trabalhadores”, acrescenta Bernie Sanders.

Foram milhões as pessoas que participaram neste sábado nas manifestações “No Kings” convocadas por uma vasta rede de organizações que se opõem ao presidente dos EUA, Donald Trump. Houve mais de 2.600 ações organizadas por todo o país.

Esta é a segunda vez que um protesto ocorre sob este lema. Em junho passado, mais de cinco milhões de manifestantes tinham saído às ruas dos EUA. Dessa vez como resposta direta à parada militar organizada por Trump para ostentar o seu poder. Agora a mobilização foi ainda maior, reivindica a organização, que aponta para a presença de perto de sete milhões de pessoas.

A organização salientou o “desafio não-violento do autoritarismo e a afirmação de que este nação pertence ao seu povo, não a reis”. Garantem que “a América não será governada pelo medo, pela força ou pela tomada de poder de um homem”.

Ao longo de perto de oito horas de emissão ao vivo no Youtube, vozes de todo o país e de inúmeros setores e coletivos ergueram-se para dizer que o poder pertence ao povo e para “salvar a democracia”. Temas como as intervenções militares da Guarda Nacional ordenadas por Trump em cidades governadas pelos democratas, o shutdown, a paralisação do Estado federal que dura há 18 dias, afetando os serviços públicos e de deixando sem salários funcionários públicos , e as “caçadas” aos imigrantes organizadas pela agência de imigração ICE também foram sendo realçados.

Em muitas intervenções, houve quem respondesse ao chefe dos republicanos na Câmara dos Representantes, Mike Johnson, que tratou as manifestações como ajuntamentos de “ódio à América”, cheios de “apoiantes do Hamas”, “antifas” e “marxistas”.

Em Washington, Bernie Sanders, o senador do Vermont, foi um dos que lhe respondeu, garantindo que pelo contrário os protestos contra o autoritarismo se faziam por amor ao país, invocando a sua história. Para além das críticas a Trump, o ex-candidato presidencial quis salientar que não está em causa apenas a “ganância de um homem, a corrupção de um homem ou o desprezo de um homem pela Constituição” mas a de “um punhado das pessoas mais ricas do mundo que, na sua ganância insaciável, sequestraram a nossa economia e o nosso sistema político para enriquecerem à custa das famílias trabalhadoras de todo o país”, confrontando diretamente multimilionários como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg.

Por outro lado, uma das principais organizações por detrás do protesto, a Indivisible, por intermédio dos seus dois co-organizadores, Ezra Levin e Leah Greenberg, destaca a importância da mobilização porque “os autoritários queriam que acreditássemos que a resistência é inútil, mas cada pessoa que hoje compareceu provou o contrário”.

No mesmo sentido, Deirdre Schifeling, dirigente da ACLU, União Americana pelas Liberdades Civis, afirmou que “hoje, milhões de pessoas demonstraram que nós, o povo, não seremos silenciados”. Para ela, “apesar das ameaças da administração Trump, nenhum Presidente nos pode tirar esta pedra angular da nossa democracia.”

E Robert Weissman, co-presidente da Public Citizen, acredita igualmente que “a forma como nós, o povo, protegemos a nossa democracia e derrotamos o autoritarismo de Trump é unindo-nos em grande número para exercer os nossos direitos democráticos de forma vigorosa”.

19 de outubro 2025 –

Foto de LUKE JOHNSON/EPA.