Foram milhões as pessoas que participaram neste sábado nas
manifestações “No Kings” convocadas por uma vasta rede de organizações que se
opõem ao presidente dos EUA, Donald Trump. Houve mais de 2.600 ações
organizadas por todo o país.
Esta é a segunda vez que um protesto ocorre sob este lema. Em junho
passado, mais de cinco milhões de manifestantes tinham saído às ruas dos EUA.
Dessa vez como resposta direta à parada militar organizada por Trump para
ostentar o seu poder. Agora a mobilização foi ainda maior, reivindica a
organização, que aponta para a presença de perto de sete milhões de pessoas.
A organização salientou o “desafio não-violento do autoritarismo e a
afirmação de que este nação pertence ao seu povo, não a reis”. Garantem que “a
América não será governada pelo medo, pela força ou pela tomada de poder de um
homem”.
Ao longo de perto de oito horas de emissão ao vivo no Youtube, vozes de
todo o país e de inúmeros setores e coletivos ergueram-se para dizer que o
poder pertence ao povo e para “salvar a democracia”. Temas como as intervenções
militares da Guarda Nacional ordenadas por Trump em cidades governadas pelos
democratas, o shutdown, a paralisação do Estado federal que dura há 18 dias,
afetando os serviços públicos e de deixando sem salários funcionários públicos
, e as “caçadas” aos imigrantes organizadas pela agência de imigração ICE
também foram sendo realçados.
Em muitas intervenções, houve quem respondesse ao chefe dos
republicanos na Câmara dos Representantes, Mike Johnson, que tratou as
manifestações como ajuntamentos de “ódio à América”, cheios de “apoiantes do
Hamas”, “antifas” e “marxistas”.
Em Washington, Bernie Sanders, o senador do Vermont, foi um dos que lhe
respondeu, garantindo que pelo contrário os protestos contra o autoritarismo se
faziam por amor ao país, invocando a sua história. Para além das críticas a
Trump, o ex-candidato presidencial quis salientar que não está em causa apenas
a “ganância de um homem, a corrupção de um homem ou o desprezo de um homem pela
Constituição” mas a de “um punhado das pessoas mais ricas do mundo que, na sua
ganância insaciável, sequestraram a nossa economia e o nosso sistema político
para enriquecerem à custa das famílias trabalhadoras de todo o país”,
confrontando diretamente multimilionários como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark
Zuckerberg.
Por outro lado, uma das principais organizações por detrás do protesto,
a Indivisible, por intermédio dos seus dois co-organizadores, Ezra Levin e Leah
Greenberg, destaca a importância da mobilização porque “os autoritários queriam
que acreditássemos que a resistência é inútil, mas cada pessoa que hoje
compareceu provou o contrário”.
No mesmo sentido, Deirdre Schifeling, dirigente da ACLU, União
Americana pelas Liberdades Civis, afirmou que “hoje, milhões de pessoas
demonstraram que nós, o povo, não seremos silenciados”. Para ela, “apesar das
ameaças da administração Trump, nenhum Presidente nos pode tirar esta pedra
angular da nossa democracia.”
E Robert Weissman, co-presidente da Public Citizen, acredita igualmente
que “a forma como nós, o povo, protegemos a nossa democracia e derrotamos o
autoritarismo de Trump é unindo-nos em grande número para exercer os nossos
direitos democráticos de forma vigorosa”.
19 de outubro 2025 –
Foto de LUKE JOHNSON/EPA.